SÃO PAULO, 10 Out (Reuters) - O dólar caiu mais de 1 por cento nesta quinta-feira, no menor nível em quase quatro meses e abaixo de 2,20 reais, após o Banco Central sinalizar que o ritmo do aperto monetário mais intenso continuará, abrindo possibilidade de atrair mais investidores de fora.
A moeda norte-americana recuou 1,13 por cento, para 2,1815 reais na venda, menor nível desde 18 de junho, quando ficou em 2,1782 reais na venda. Segundo dados da BM&F, o giro financeiro ficou em torno de 1,5 bilhão de dólares, um pouco melhor do que o visto nos últimos pregões.
Mesmo com a forte queda, o BC continuou com seu programa de forte intervenção nos mercados de câmbio, vendendo a oferta total de 10 mil swaps tradicionais em sua atuação diária desta sessão. Os contratos, que equivalem a venda futura de dólares, vencem em 5 de março de 2014.
"O Brasil voltou a ter uma das maiores taxas (de juros) do mundo e isso atrai (dólar) para o país", afirmou o operador de uma corretora internacional que pediu para não ser citado.
Na noite de quarta-feira, o BC elevou a Selic em 0,5 ponto percentual, para 9,5 por cento, e indicou que deverá manter o atual ritmo de aperto, levantando expectativas de que a taxa básica de juros possa chegar a 10 por cento no fim do ano. A decisão torna os ativos brasileiros mais atrativos, favorecendo a entrada de dólar no país.
A queda desta sessão levou o dólar abaixo de 2,20 reais, considerado por parte do mercado como possível piso informal. A moeda norte-americana chegou a flertar com esse patamar nas últimas semanas, mas não foi capaz de consolidar sua posição abaixo desse nível.
Mesmo assim, analistas afirmaram que as cotações não devem se afastar muito dos patamares atuais, pelo menos enquanto a resolução do impasse orçamentário nos EUA não estiver definida.
"Hoje, essa queda forte foi pontual. O mercado está olhando para fora agora, esperando um acordo. Enquanto isso, o dólar deve flutuar em torno desses 2,20 reais", afirmou o operador de um banco nacional.
Nos Estados Unidos, a paralisação do governo federal chegou ao décimo dia, e investidores lembram que ela também contamina as discussões sobre a elevação do teto da dívida do país que, caso não seja aprovado até a próxima semana, pode levar a um default norte-americano.
De acordo com o secretário do Tesouro, Jack Lew, em 17 de outubro o país esgotará sua capacidade de empréstimo, com apenas cerca de 30 bilhões de dólares na mão.
No entanto, o dia trouxe boas notícias. Republicanos apresentaram um plano para elevar o teto da dívida por um breve período para dar tempo para as discussões. Contudo, o acordo não reativaria as operações do governo.
Para o estrategista-chefe do banco Mizuho, Luciano Rostagno, houve uma melhora no ambiente internacional, que contribuiu para o desempenho no mercado de câmbio. "O real está se valorizando na esteira do otimismo que está prevalecendo nos mercados, na expectativa de um acordo nos Estados Unidos para elevar o teto da dívida", disse Rostagno.
Fonte: Reuters Brasil
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