Economista, Especialista em Economia e Meio Ambiente pela Universidade Federal do Paraná e Graduando em Estatística, também, pela Universidade Federal do Paraná.

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Aumento da Selic terá pouco impacto nos juros de crédito

Anefac calcula que o esperado aumento da taxa Selic de 9% para 9,5% não causará alterações significativas nos custos das operações de financiamento ao consumidor

São Paulo - O quinto aumento seguido da taxa básica, a Selic, esperado para hoje, deve causar pouco impacto nos juros das operações de crédito, avalia o diretor-executivo de estudos econômicos da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel José Ribeiro de Oliveira. É consenso no mercado que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevará a Selic hoje de 9% para 9,5% ao ano.

"Por conta da maior competição no sistema financeiro após os bancos públicos reduzirem mais fortemente suas taxas de juros bem como a expectativa de redução dos índices de inadimplência é possível até que algumas instituições financeiras mantenham inalteradas suas taxas de juros como já ocorreu anteriormente", afirmou Oliveira.

Na avaliação do diretor da Anefac, o efeito da alta da Selic será pequeno também porque há um deslocamento muito grande entre a taxa básica e os juros cobrados dos consumidores, que na média da pessoa física atinge 90,34% ao ano, provocando uma variação de mais de 900% entre as duas pontas.

Os maiores reflexos, segundo cálculos da Anefac, serão sentidos nos juros dos financiamentos de veículos, que na média aumentarão 2,48%, de 1,61% para 1,65% ao mês, e no custo dos empréstimos pessoais em banco, com elevação de 1,29%, de 3,10% para 3,14% ao mês. A taxa média mensal de todas as operações de crédito ao consumidor deve subir 0,73%, de 5,51% para 5,55%.

Para se ter uma ideia, um empréstimo pessoal de R$ 5.000 que será pago em 12 vezes, cujo juro mensal aumentaria de 3,10% para 3,14%, teria o valor da parcela elevado de R$ 505,31 para R$ 506,52. Com isso, o total pago da dívida subiria de R$ 6.063,76 para R$ 6.078,21.

Mesmo que a taxa Selic continue subindo até o fim do ano, como projetam os analistas do mercado, os impactos no custo do crédito ao consumidor serão reduzidos. Para os economistas consultados pelo Banco Central no Relatório Focus, o juro básico deverá chegar ao final deste ano em 9,75%. Mas há quem trabalhe também com a possibilidade de 10%. Neste cenário, a Anefac projeta que a taxa média das operações de crédito aumentará 1,45%, de 5,51% para 5,59% ao mês.

Embora as incertezas vindas dos Estados Unidos estejam sendo precificadas pelo mercado financeiro, o que os analistas dizem é que o Copom deverá se pautar pelo cenário doméstico, ou seja, pela inflação, que ainda está elevada, e pelos riscos do câmbio. "Apesar do recuo da inflação na base anual nos últimos meses, o setor de serviços, assim como as medidas de núcleos de todas as categorias de produtos, continua com valores elevados, sugerindo que a inflação não deverá atingir a meta de 4,5% do Banco Central até o final de 2013", diz em relatório o estrategista-chefe do Banco Mizuho do Brasil, Luciano Rostagno. Ele projeta aumento de meio ponto percentual na Selic na reunião de hoje e mais 0,25 ponto na próxima, fechando o ano em 9,75%.

Sinara Polycarpo, Superintendente de Investimentos do Santander, também projeta alta de meio ponto na taxa agora, mas prevê 10% ao final deste ano. "O índice de difusão da inflação é superior a 60%, mostrando que há um aumento generalizado dos preços, portanto a Selic deve subir mais até o fim do ano", disse. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15), que serve de referência para o índice oficial, acelerou para 0,27% em setembro, após alta de 0,16% em agosto, acumulou alta de 5,93% em 12 meses, abaixo dos 6,15% até agosto, mas acima da meta de 4,5%.

Álvaro Bandeira, da Órama Investimentos, avalia, porém, que o Copom tentará evitar acabar o ano com juro de dois dígitos, o que pode desagradar a presidente Dilma Rousseff. Portanto, aposta também em, 9,75% para o fim de 2013.

O Copom tem ainda a prerrogativa de utilizar o viés. O mecanismo permite que ao Comitê tome uma decisão agora e coloque um viés, de alta ou de baixa, para poder alterar a taxa caso considere necessário antes da próxima reunião. Entretanto, a maioria dos analistas consultados diz que o BC não deverá adotar esse instrumento, pois é uma estratégia que a autoridade monetária não utiliza há muito tempo, desde 2003.

Fonte: Brasil Econômico

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