Mensurada ao longo de 2011, a qualidade do desenvolvimento brasileiro apresentou instabilidade
O desempenho da qualidade do desenvolvimento do Brasil ao longo de 2011 reflete um cenário de estagnação e instabilidade, e o ano é de alerta. A constatação foi feita nesta quinta-feira, 15, na coletiva de lançamento do Comunicado 139 – Evolução do Índice de Qualidade do Desenvolvimento em 2011. O assessor técnico da Presidência do Ipea, André Calixtre, afirmou que o IQD é mais uma das pesquisas que têm apontado uma constante redução do desenvolvimento e de sua qualidade, que tem se acentuou nos últimos meses. “Não há tendência clara de queda, mas é um alerta”, definiu Calixtre.
Houve relativa estabilidade do índice em 2011, que começou com 280,78 em janeiro, atingiu o mínimo de 259,44 em março e seu máximo em 277,91 em agosto. Depois disso, com poucas variações, o índice fechou o ano em 269,35.
“O país estagna na sua dinâmica de desenvolvimento”, declarou André Viana, pesquisador que apresentou o estudo. O Índice de Qualidade do Crescimento (IQC), um dos componentes do IQD, foi o que mais variou, começando o ano em 279,71 e terminando em 251,14. “Não temos como dizer se esta melhorando ou piorando o padrão qualitativo da produção e atuação da indústria. Não há nenhum indicador que nos dê real dimensão se estamos evoluindo favoravelmente na industrialização, além da massa salarial”, explicou.
Mercado internacional
No ano passado o Índice de Qualidade da Inserção Externa (IQIE) voltou a se recuperar em relação a 2009 e 2010. Sai de 216 pontos em janeiro e chega a 256,76 em outubro. Em dezembro o índice registrou 243,24 pontos. Viana atribuiu o bom desempenho ao grande investimento externo e à melhoria dos termos de troca a partir de fevereiro, o que só foi interrompido em dezembro. Apesar de as reservas internacionais apresentarem tendência de aumento, a fraca participação das manufaturas na pauta exportadora e o grande volume de recursos enviados ao exterior por empresas estrangeiras instaladas no Brasil prejudicaram o desempenho do índice.
Destaque positivo
Embora em queda, o Índice de Qualidade do Bem-Estar (IQBE) se manteve estável. A taxa de desenvolvimento aumentou no primeiro semestre e se estabilizou no meio do ano, voltando a melhorar em agosto. Ocorreu uma melhora quase constante no número de pessoas carteira assinada. A taxa de pobreza reduziu de 23% para 21% da população brasileira. Índice de Gini também diminuiu, mas de forma errática. “Embora haja melhora, não há um comportamento estável, mas a área social ainda sustenta a qualidade do desenvolvimento”, destacou André Viana.
Metodologia
Calixtre adiantou que o IQD continuará sendo calculado pelo Ipea, e que a pesquisa passará por melhorias metodológicas. Segundo ele, o índice “é um dos poucos que incorpora a questão ambiental na análise do desenvolvimento”. A intenção é aumentar o peso do componente para dar maior dimensão ao desenvolvimento sustentável.
“Não adianta apenas avaliar se estamos crescendo, mas onde estamos. Claramente, 2011 é um ano de alerta, de grande instabilidade. Mas a instabilidade do desenvolvimento brasileiro no pós-2010 é diferente daquela que existia na década de 1990. Hoje as variações se dão em uma conjuntura positiva”, considerou Calixtre.
Leia a íntegra do Comunicado 139 - Evolução do Índice de Qualidade do Desenvolvimento em 2011Fonte: IPEA
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