Economista, Especialista em Economia e Meio Ambiente pela Universidade Federal do Paraná e Graduando em Estatística, também, pela Universidade Federal do Paraná.

segunda-feira, 19 de março de 2012

A economia americana, entre nova decolagem e decepção

[ECONOMY] 
Bloomberg News
Entre as boas notícias para a economia dos EUA, está um aumento na construção de casas novas
Será que a economia dos Estados Unidos finalmente está decolando? Terá ela atingido o que Ben Bernanke, o presidente do Federal Reserve, o banco central americano, chamou de "velocidade de escape" — ou seja, um crescimento do setor privado forte o suficiente para que não precise mais de repetidos estímulos fiscais e monetários? Ou será que esse súbito aumento de velocidade vai se dissipar, como ocorreu com as outras pequenas bolhas recentes?
Acompanhar os novos dados econômicos hoje em dia é como pilotar um avião com dois indicadores de velocidade. Um diz que você está ganhando velocidade; o outro diz que não. Não é possível que os dois estejam certos, e não saberemos, até que os dados sejam examinados, qual deles está dando sinais falsos.
Muitas notícias recentes sobre o mercado de trabalho e o ritmo da produção industrial têm sido boas. Mas o crescimento da renda e o consumo estão fracos, e há razões para temer que o recente aumento nas contratações talvez não se sustente.
Primeiro, as boas novas.
Os empregadores estão contratando, finalmente. Eles acrescentaram 200.000 novas vagas por mês, em média, nos últimos seis meses. Os consumidores continuam cautelosos, mas estão comprando carros — as vendas de automóveis em fevereiro, com ajuste sazonal, foram 25% superiores às de agosto; os iPads também estão vendendo bem. Os bancos estão emprestando mais facilmente: os empréstimos para a indústria e o comércio subiram até 13,5% nos últimos seis meses. As fábricas estão acelerando a produção. Houve alta até mesmo nas construções de casas novas. As bolsas têm impressionado.
Se tudo isso gerar mais negócios e mais confiança do consumidor, poderá estimular mais gastos, mais empréstimos e mais crescimento. Em uma pesquisa feita por The Wall Street Journal / NBC News este mês, 40% dos entrevistados disseram que esperam uma melhora da economia no próximo ano. Em outubro passado, apenas 21% pensavam assim.
Então, quais são os pontos negativos?
Para começar, a renda dos americanos depois dos impostos, ajustada à inflação, que é o combustível para o consumo, quase não aumentou nos últimos seis meses. Não é de surpreender que o consumo geral não tenha subido muito. O aumento foi de um microscópico 0,6%, ajustado pela inflação, entre julho de 2011 e janeiro de 2012, mês dos dados mais recentes.
E o produto interno bruto, a medida mais ampla do total de gastos e de produção na economia, provavelmente crescerá a uma taxa anual medíocre de 2% no primeiro trimestre, após um aumento de 3% no quarto trimestre, de acordo com uma nova pesquisa feita pelo The Wall Street Journal com previsões de analistas.
Em uma economia com uma força de trabalho crescente, como os EUA, esse ritmo é lento demais para reduzir de forma significativa a taxa de desemprego — daí as dúvidas generalizadas de que as recentes quedas acentuadas nesse índice persistirão. E, apesar das boas notícias, o desemprego continua muito alto, em 8,3%.
Os indicadores econômicos mostram o período passado. Mas ao estudá-los, a nova pesquisa do The Wall Street Journal concluiu que os analistas estão prevendo crescimento de 2,5% no segundo trimestre e um índice ligeiramente superior para o resto do ano — um panorama melhor, mas não o suficiente para reduzir rapidamente o desemprego. O Fed anunciou esta semana que vê um crescimento "moderado" pela frente, o que no jargão desse órgão é um adjetivo um pouquinho mais otimista do que o crescimento "modesto" previsto anteriormente.
Ainda assim, há nuvens de tempestade. O risco de que a Europa faça descarrilar a economia global já diminuiu, mas a recessão na Europa e o crescimento lento no resto do mundo vão prejudicar as exportações americanas. Ao mesmo tempo, os cortes nos gastos do governo federal e também dos governos estaduais e municipais já representam um entrave ao crescimento econômico. E haverá aumentos de impostos e novos cortes de gastos no final do ano, a menos que o Congresso e o presidente Barack Obama encontrem um meio termo antes disso, que lhes permita salvar a honra ou reduzir o déficit.
A economia americana está melhor do que há alguns meses. Os sinais de força estão se proliferando. Isso é inegável e animador. Mas ainda há muitas luzes de advertência piscando no painel do capitão Bernanke, demasiadas para que ele desligue o sinal de apertar os cintos.

Fonte: The Wall Street Journal

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