Por JON HILSENRATH
As autoridades do Federal Reserve estudam realizar um novo tipo de operação de compra de títulos, projetada para suavizar os temores de inflação futura, caso decidam adotar novas medidas para estimular a economia nos próximos meses.
De acordo com a nova abordagem, o Fed, banco central americano, imprimiria dinheiro para comprar títulos imobiliários de longo prazo, ou Treasurys, mas tomando o dinheiro emprestado de volta por curtos períodos e a juros baixos. O objetivo dessa abordagem seria aliviar a preocupação de que o aumento da oferta monetária pode causar inflação mais tarde, um temor amplamente manifestado pelos críticos das últimas iniciativas do Fed para auxiliar a recuperação da economia.
As autoridades do Fed vão se reunir semana que vem e já indicaram que não devem anunciar novas operações após a reunião. Ainda por cima, está longe de definido se o Fed iniciará outro programa de compra de títulos posteriormente. Se o crescimento ou a inflação aumentarem, as autoridades provavelmente evitarão novas operações, seja porque a economia não vai precisar mais de ajuda, ou para não provocar mais inflação. Mas, se o crescimento for decepcionante ou a inflação diminuir substancialmente, as autoridades do Fed podem, em algum momento, decidir agir novamente.
A abordagem do Fed para o programa de compra de títulos é crucial para os investidores. Imprimir mais dinheiro pode elevar ainda mais o preço das commodities e das ações, ou desvalorizar o dólar, se transmitir para os investidores a percepção de que a inflação está subindo, disse Michael Feroli, economista do J.P. Morgan Chase. Mas, se o Fed optar por seguir um caminho voltado a restringir as expectativas de inflação, o impacto nesses mercados pode ser menor.
As autoridades do Fed já usaram três tipos de programas de compra de títulos desde 2008. Nos três casos a meta era baixar os juros de longo prazo para estimular o investimento empresarial e o consumo das famílias. As autoridades estudam três abordagens diferentes para o caso de decidirem agir novamente, segundo pessoas a par do assunto. Elas são as seguintes:
-Primeiro, elas usariam o método empregado agressivamente de 2008 a 2011, em que o Fed imprimiu dinheiro e o usou para comprar Treasurys e títulos imobiliários. O Fed já comprou mais US$ 2,3 trilhões em títulos com essa abordagem, em várias rodadas, conhecidas como "afrouxamento quantitativo".
- Segundo, o Fed poderia repetir um programa lançado no ano passado, pelo qual ele está vendendo Treasurys de curto prazo e usando os recursos para comprar títulos com vencimento maior. Esse programa de US$ 400 bilhões, conhecido como "Operação Giro", permite que o Fed compre títulos sem precisar imprimir dinheiro.
- Terceiro, seguindo a nova abordagem, o Fed imprimiria dinheiro para comprar títulos de longo prazo, mas restringiria como investidores e bancos podem usar esse dinheiro, por meio de novas ferramentas de mercado criadas para administrar melhor o fluxo monetário do sistema financeiro. Essa opção é conhecida como afrouxamento quantitativo "esterilizado".
O objetivo do Fed em qualquer uma dessas abordagens seria reduzir o investimento do mercado e dos bancos em títulos de longo prazo. O banco central americano acredita que reduzir o volume de títulos de longo prazo portados pelos investidores baixará os juros de longo prazo e incentivará pessoas e empresas a correr mais riscos, impulsionando o consumo e o investimento.
Fonte: The Wall Street Journal
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