O dólar comercial continua operando em forte alta, mas se afasta das máximas do dia registradas acima de R$ 1,830.
Por volta das 15 horas, o dólar comercial mostrava valorização de 1,90%, a R$ 1,819 na venda, mas na máxima do dia já foi a R$ 1,834 (+2,75%).
As ordens de compras só aumentam e o dólar testa novas máximas na sessão desta segunda-feira. A moeda americana dispara de preço conforme o governo adota nova restrição ao capital externo.
Para não pagar 6% de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), os empréstimos externos têm de ter prazo superior a cinco anos. Até então, o prazo era de três anos. Mas o que mais assusta é a possibilidade de novas medidas.
A política de conta-gotas foi pré anunciada por Mantega. Na última quarta-feira (7), ele prometeu anúncios semanais para segurar o dólar e reanimar a economia.
Na semana passada, o ministro Guido Mantega (Fazenda) disse que o governo tomaria medidas "toda semana" para calibrar a economia brasileira e evitar que o real se valorizasse.
Com a medida de agora, o governo quer tornar menos atraente a busca por esse crédito mais barato diante da enxurrada de liquidez graças às políticas expansionistas praticadas por Estados Unidos, União Europeia e Japão.
A intenção do governo é evitar a entrada de recursos que ficarão no país por pouco tempo em busca de altos rendimentos no setor financeiro. O excesso de dólares entrando no país faz com que a cotação da moeda norte-americana se desvalorize, o que impacta a indústria brasileira ao tornar mais caro as exportações e mais barato as importações.
Como o ministro da Fazenda, Guido Mantega, tem sido enfático de que tomará todas as medidas para evitar a valorização excessiva do real, no mercado financeiro há um temor de que as ações podem afugentar investimentos do país.
"O que é amedrontador é como tudo isso pode ter impacto no apetite por investimento no Brasil", afirmou o economista para América Latina da Standard Chartered, Italo Lombardi, em Nova York. "Apesar de eles [o governo] afirmarem que não vão taxar investimento estrangeiro direto, nunca se sabe. Eles estão sendo muito agressivos", emendou.
O ministro já informou que o investimento produtivo será bem-vindo e não será sobretaxado. O governo quer estimular prazo maior na tomada de crédito no exterior e uso do mercado interno no financiamento corporativo.
A preocupação com o câmbio deve-se também à situação da indústria que tem sofrido com produtos importados mais baratos. A produção industrial de janeiro, medida pelo IBGE, caiu 2,1% em relação a dezembro, causando espanto dentro do governo que esperava um número mais brando.
REAL
Na relação inversa, o real é a moeda que mais perde para o dólar no mundo nesta segunda-feira. A divisa brasileira, que já foi destaque de alta ante o dólar no acumulado do ano, caiu para décima posição desse ranking de divisas emergentes e desenvolvidas.
Na relação inversa, o real é a moeda que mais perde para o dólar no mundo nesta segunda-feira. A divisa brasileira, que já foi destaque de alta ante o dólar no acumulado do ano, caiu para décima posição desse ranking de divisas emergentes e desenvolvidas.
As atuações do governo do câmbio se intensificaram depois que a linha de R$ 1,70 foi perdida no mercado à vista e futuro. Depois disso, as compras do Banco Central (BC) nos mercados à vista e futuro se intensificaram, bem como as ameaças da Fazenda.
De fato, no dia 1º de março, o prazo para captações externas subiu de dois para três anos (esse mesmo prazo foi revisto nesta segunda-feira) e o Banco Central limitou o pré-pagamento de exportações a 360 dias, antes não existia limite de prazo.
Pela análise gráfica do Nomura, se a linha de R$ 1,838 for superada e confirmada, a moeda passa a mirar a linha de R$ 1,87.
Conforme o real perde preço de forma mais acentuada que seus pares externos, cresce a atratividade de montar apostas de valorização da moeda brasileira, não só ante o dólar, mas também contra o peso mexicano e dólar australiano, por exemplo.
No entanto, o investidor tem de escolher entre a perspectiva de lucro e o risco de desafiar a vontade do governo de desvalorizar o real.
Fonte: Folha de São Paulo
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