Economista, Especialista em Economia e Meio Ambiente pela Universidade Federal do Paraná e Graduando em Estatística, também, pela Universidade Federal do Paraná.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

O arranjo da economia

Por Celso Ming

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, avisou nesta terça-feira (14/02) que, neste ano, o governo Dilma está perseguindo crescimento do PIB de 4,5% – não mais de 5,0%, como antes. E acrescentou: “Se a crise externa persistir, o crescimento será de 4,0%”.
A crise externa não será revertida tão cedo. Mas não será a catástrofe que fez parte da estratégia de política monetária do Banco Central a partir do segundo semestre de 2011.
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Mantega. O PIB, com ou sem crise (FOTO: DIDA SAMPAIO/AE)
Ainda que a quebra (default) de Grécia e Portugal fique inevitável, o Banco Central Europeu descobriu como os focos de incêndio serão dominados: simplesmente por meio de despejo de moeda emitida no caixa dos bancos, como aconteceu no dia 27 de dezembro e terá repeteco no próximo dia 29. Portanto, ainda que caia fogo do céu, o contágio e o efeito dominó anteriormente esperados serão evitados.
Isso significa que o PIB do Brasil neste ano avançará os tais 4,5% sobre o de 2011, como espera o ministro Mantega? Antes de outra análise, é bom ter em mente que o número com o qual trabalha o Banco Central para 2012 é mais baixo: 3,5%.
Independentemente dessa divergência de projeções, o importante a reter no recado do ministro é o jogo do governo Dilma. Os instrumentos de política econômica (políticas fiscal, monetária, de crédito, salarial e bateria regulatória) serão acionados de maneira a obter esse resultado aí nas Contas Nacionais, nada muito diferente do que o esperado em ano de eleições.
E, pelas manifestações até aqui dos seus dirigentes, o Banco Central vai dando indicações de que seus movimentos vão se conformando com essas diretrizes. Ou seja, o governo Dilma trabalha com uma meta de crescimento e o salão de baile que trate de dar seus passos nesse ritmo.
Parece inevitável que o emprego e o consumo continuem aquecidos, provavelmente acima da capacidade de oferta do setor produtivo. Isso sugere que as importações seguirão operando de forma a suprir a procura interna.
Essa arrumação sugere que algum nível de inflação de demanda ainda prevalecerá, percepção que o próprio mercado financeiro vai manifestando por meio da Pesquisa Focus, feita semanalmente pelo Banco Central.
Em outras palavras, é improvável que em 2012 o Banco Central consiga trazer a inflação para o centro da meta. Mais do que isso, sobram dúvidas de que esteja empenhado nisso. Seus principais objetivos consistem em derrubar os juros básicos (Selic) para 8,5% ao ano, como indicam as manifestações veiculadas na última Ata do Copom.
Para evitar que a inflação salte para níveis inadmissíveis, o governo tende a acionar os tais instrumentos prudenciais – sobretudo com corte de tributos. A propósito, também nesta terça, o ministro Mantega avisou: “Só estamos pensando em reduzir impostos”.
Isso também quer dizer que o governo federal não deverá fazer muita questão de promover importante desvalorização do real (alta do dólar), como pedem os empresários – providência que encareceria os produtos importados e atiçaria ainda mais a inflação.
CONFIRA
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No documento Economia Brasileira em Perspectiva, divulgado nessa segunda-feira, o Ministério da Fazenda tenta mostrar o estouro da inflação do País em 2011 como decorrência de contágio global.
Foi menos. Assume-se ainda a estimativa do FMI, de avanço do PIB brasileiro em 2011 de 2,6%, abaixo dos 3,0% com o qual o governo Dilma trabalhava. O desempenho final do PIB de 2011 deve ser divulgado pelo IBGE dia 6 de março.

Fonte: O Estado de São Paulo

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