Por SABINE RIGHETTI - DE SÃO PAULO
Quanto maior o valor de mercado da tonelada de carbono não emitido na atmosfera, mais espécies de plantas e de animais que vivem nas florestas são preservadas. 
É o que indica um estudo de pesquisadores europeus coordenados por um economista brasileiro. 
O grupo parte do princípio de que as políticas de crédito de carbono ajudam a manter as florestas em pé. 
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Isso porque o sistema permite que quem tenha preservado suas florestas venda créditos a quem tenha poluído além do que determinam as convenções internacionais. 
A política começou a ser discutida na primeira reunião do painel do clima da ONU, em 1988. 
A ideia é que esse tipo de negociação aconteça principalmente entre países ricos (que poluem muito) e os mais pobres (que emitem menos carbono e venderiam seus créditos). 
A conclusão dos pesquisadores é que quanto mais alto o valor do crédito de carbono no mercado, mais sobrevida ganham as florestas e os animais que vivem nela. 
Sem as políticas de crédito de carbono, calculam os cientistas, 36 mil espécies de animais e de plantas florestais seriam extintas até 2100. 
Com a tonelada de carbono a US$ 7, valor perto do que é negociado hoje, cerca de 50% dessas espécies seriam preservadas até 2100. 
Se o preço subisse para US$ 25 a tonelada, a preservação aumentaria para 94% das espécies florestais. 
Para o economista Bernardo Strassburg, do ISS (Instituto Internacional para Sustentabilidade), que coordenou o trabalho, negociar a tonelada do carbono a US$ 25 é bastante factível. "Em 2007, quando o mercado de crédito de carbono estava aquecido, chegamos a negociar a tonelada a US$ 34." 
De acordo com Strassburg, o IPCC (painel do clima da ONU) considera que até US$ 100 por tonelada são aceitáveis. 
Hoje, o mercado de crédito de carbono está desaquecido por falta de acordo nas convenções internacionais de clima. 
Além disso, algumas correntes defendem que os créditos favorecem mais o mercado do que o ambiente. 
DEPENDE DA FLORESTA 
Os impactos dos créditos de carbono na preservação das espécies, de acordo com a pesquisa, dependem da biodiversidade da floresta e variam em cada região. 
"Na Mata Atlântica, por exemplo, a manutenção da floresta reduziria significativamente a perda de biodiversidade do Brasil", disse o coordenador do trabalho. 
Para o economista, é importante saber quais áreas valem mais a pena serem preservadas para direcionar políticas. Ele lembra que manter as florestas não significa ter menos áreas agrícolas. 
"Podemos expandir a produção agrícola por meio de novas tecnologias, sem mexer nas florestas." 
O estudo foi publicado no domingo na revista "Nature Climate Change". Agora, os cientistas planejam ampliar a análise do impacto das políticas de carbono na preservação em áreas não florestais, como as savanas.
Fonte: Folha

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