Economista, Especialista em Economia e Meio Ambiente pela Universidade Federal do Paraná e Graduando em Estatística, também, pela Universidade Federal do Paraná.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Espanha alerta que não tem mais acesso a crédito


O ministro do Orçamento da Espanha, Cristobal Montoro, exortou na terça-feira os outros países da zona do euro a adotarem logo alguma medida para ajudar seus combalidos bancos, dizendo que o governo praticamente perdeu acesso aos mercados de capitais por causa do ágio expressivo exigido pelos investidores em títulos de dívida soberana.


Ao fazer essa admissão dramática, Montoro reforçou o coro dos pedidos recentes do governo espanhol por ajuda direta das instituições da União Europeia para os bancos espanhóis, enquanto o governo tenta evitar um pacote de socorro completo. A questão tornou-se mais urgente depois que Madri foi forçada a socorrer o Bankia SA com 19 bilhões de euros (US$ 23,75 bilhões), ao mesmo tempo em que os juros dos títulos de dívida do governo subiram para valores recordes, com o rendimento do título de dez anos da Espanha se mantendo acima de 6% pela terceira semana consecutiva. Os juros tinham subido para 6,37% ao meio dia na Europa. Enquanto isso, os juros do título de dívida alemão de dez anos, considerado um porto seguro pelos investidores, estavam em 1,20%.


"Esse spread mostra que o estado e a Espanha como um todo têm um problema quando se trata de acesso aos mercados, quando precisamos refinanciar nossa dívida", disse Montoro numa entrevista no rádio. "O que esse ágio diz é que a porta do mercado está fechada para a Espanha e, por causa disso, o desafio é abrir essa porta e recuperar a confiança dos mercados, nossos credores."

O alerta de Madri lembrou avisos parecidos sobre custos de crédito proibitivos feitos por Grécia, Portugal e Irlanda, antes de iniciarem negociações com credores internacionais como a União Europeia e o Fundo Monetário Internacional para receber um pacote de socorro.

Mas Montoro deu a entender que a Europa deve permitir que suas instituições capitalizem os bancos diretamente, enfatizando que um plano de socorro amplo é uma opção inconcebível e desnecessária para os bancos da quarta maior economia da zona do euro.

Os acordos atuais não permitem que os fundos de socorro da zona do euro sejam usados diretamente para recapitalizar bancos.

"A Espanha não pode ser socorrida de fato, do ponto de vista técnico", disse Montoro.

Ele disse que os bancos espanhóis não precisam de volumes "gigantescos" de recursos, reforçando os comentários do influente presidente do conselho do Banco Santander SA, Emilio Botín, que disse na segunda-feira que 40 bilhões de euros devem ser suficientes para viabilizar o sistema financeiro da Espanha. Alguns analistas calculam que o setor bancário do país pode precisar de até 90 bilhões de euros.

"O montante que o sistema bancário europeu necessita não é muito alto nem excessivo. O que importa é o procedimento para fornecer essa quantia, e é por isso que é importante que as instituições europeias se abram e sigam adiante com isso", disse Montoro. "As instituições europeias precisam começar a se mexer e buscar uma maneira de recapitalizar os bancos por meio desses procedimentos."

Dados divulgados terça-feira mostraram que a atividade dos serviços da Espanha caiu em maio ao ritmo mais rápido desde novembro, no sinal mais recente de que a economia do país ainda está se deteriorando.

O índice de gerentes de compras do setor de serviços caiu para de 42,1 em abril para 41,8 em maio, segundo pesquisa mensal da Markit Economics, recuando ainda mais do limite de 50 pontos, significando que a atividade está encolhendo (qualquer valor acima de 50 indica expansão de um mês para o outro). Foi o 11º mês seguido em que empresas de serviços cortaram a oferta e há poucos sinais de que a atividade vai se recuperar logo.

Os temores em relação às finanças do governo da Espanha têm aumentando para novos recordes o custo do seguro contra moratória do país.

Fonte: The Wall Street Journal

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