A relação entre baixos índices sociais e problemas de gestão aventada pelo estudo mostra um problema grave: a possibilidade de haver uma condenação de zonas menos desenvolvidas a um círculo vicioso. Ou seja, áreas com eleitores com menos escolaridade elegeriam gestores piores, o que manteria a região em patamares de subdesenvolvimento.
Para o cientista político Luiz Domingos Costa, do Centro Universitário Uninter, embora a correlação entre índices sociais e má gestão não esteja totalmente comprovada, o risco do círculo vicioso existe. As pesquisas mostram de maneira cada vez mais forte, aponta o professor, que o fato de o eleitor ter um grau maior de segurança material faz com que ele tome decisões mais consistentes na hora da eleição.
Segundo Costa, o bom momento econômico do país seria um fator positivo para quebrar esse círculo, mas não é suficiente. “Seria preciso também contar com movimentos sociais locais e até com movimentos via internet”, afirma. Só assim, diz Costa, os cidadãos conseguiriam mudar a gestão local e melhorar os índices sociais.
Para Fabrício Tomio, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), o estudo do professor Emerson Cervi dá “pistas” sobre uma possível associação entre índices sociais e problemas administrativos. “Mas é difícil saber se não há outros elementos que levem a isso. Pode ser, por exemplo, que as cidades maiores simplesmente tenham assessorias contábeis e jurídicas mais competentes”, diz.
Segundo ele, essa dúvida poderá ser resolvida mais facilmente num futuro próximo. “O analfabetismo, hoje, é residual. As pessoas mais jovens têm acesso, no mínimo, à alfabetização”, diz ele. “E quando esse problema estiver resolvido, por exemplo, será mais fácil ver até onde ele tem influência sobre a escolha dos gestores”, afirma.
Fonte: Gazeta do Povo
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