Economista, Especialista em Economia e Meio Ambiente pela Universidade Federal do Paraná e Graduando em Estatística, também, pela Universidade Federal do Paraná.

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Alternativa para levar luz à África


A África pode estar prestes a ter muito mais energia.

Durante anos, organizações sem fins lucrativos trabalharam para trazer energia a custos accessíveis para africanos que não estavam conectados às redes elétricas. Mas elas conseguiram ajudar somente uma mínima porcentagem daquela população, principalmente vendendo para as pessoas lamparinas de querosene baratas.


Agora, algumas das maiores companhias de energia estão pensando numa escala muito mais ampla. Elas estão conduzindo projetos para testar a viabilidade — física e comercial — de sistemas de energia solar que geram eletricidade para iluminação e outros propósitos em comunidades de toda a África.

O objetivo das empresas é vender os sistemas para governos e ONGs, que poderiam usá-los para fornecer eletricidade mais barata ou de graça para as comunidades. Os sistemas custam menos do que expandir as redes elétricas tradicionais.

Os programas pilotos já melhoraram a vida das pessoas. E o mercado potencial é atraente para as empresas de energia: umas 600 milhões de pessoas na África vivem sem acesso confiável à eletricidade, segundo a International Finance Corp., uma divisão do Banco Mundial. Resta saber se os governos e as ONGs estão realmente dispostos a investir em sistemas solares.

Quando o sol desaparece atrás do município de Lomshyo, na África do Sul, Thandi Mangomisse não se preocupa mais em saber quanto querosene ainda há na sua lamparina.

Agora, ela acende duas lâmpadas de diodo no teto e uma lanterna, todas usando a eletricidade de baterias que ela carrega com dois pequenos painéis de energia solar no telhado. Depois de passar toda a sua vida sem eletricidade, Mangomisse, de 55 anos, hoje não consegue se imaginar sem luz.

Os painéis solares e as lâmpadas foram um presente da Philips Electronics NV. A empresa holandesa distribuiu-os para 71 lares em Lomshyo e está analisando o efeito na vida das pessoas para justificar vendas de sistemas similares no futuro. Além da conveniência da luz elétrica, o equipamento deu um empurrão financeiro aos moradores de Lomshyo. Poucos deles têm uma fonte de renda estável além da ajuda do governo ou uma renda modesta com a venda de manga e banana, mas agora eles não precisam gastar com querosene. O resultado é que muitos hoje têm dinheiro para comprar pão, um luxo antigamente, e complementar sua dieta.

[wsjamb2jun19]
Em alguns outros projetos pilotos, ONGs e governos locais estão testando a ideia ao fornecer algum financiamento para sistemas de energia solar.

A DuPont Apollo Ltd., uma unidade da americana DuPont Co., instalou ano passado campos de painéis solares numa localidade da Tanzânia e em quatro outras na Nigéria para fornecer energia para igrejas, escolas e um hospital. A empresa enviou uma equipe à África do Sul para discutir instalações similares lá.

A Osram Sylvania Inc., uma divisão da alemã Siemens AG, está usando campos de painéis solares no Quênia para alimentar lanternas recarregáveis e luzes de teto, em vilas de pescadores às margens do Lago Vitória. A companhia pretende reproduzir o modelo em dez outras localidades do país.

Enquanto isso, a Schneider Electric SA, da França, eletrificou três municípios no Senegal e mais dois em Madagáscar e na Nigéria com energia solar. Até o final do ano, outros 20 receberão o mesmo benefício em Camarões, Senegal e Nigéria.

O IFC vê potencial para empresas começarem a amealhar ganhos anuais de dois dígitos na venda de sistemas fora da rede até 2015. Mas Arthur Itotia Njagi, gerente do programa Iluminando a África, que promove iniciativas do setor privado no setor fora da rede elétrica, reconhece que os executivos das companhias de energia ainda têm suas reservas. "Os caras lá no alto tendem a ter uma visão mais cautelosa," diz ele. "Assim que eles se convencem de que há um mercado, aí eles investem pesado."

O tamanho do mercado depende da disposição dos governantes e ONGs de investir em uma escala maior nos sistemas fora da rede elétrica, diz Chuck Xu, diretor-presidente da DuPont Apollo.

Dadas todas as variáveis políticas, econômicas e financeiras que vão influenciar essa disposição, o futuro é incerto. Mas a participação dos governos e ONGs em programas pilotos é um bom sinal.

A África do Sul já incentiva a energia solar com garantias de que a companhia estatal comprará a energia de grandes plantas solares a preços favoráveis. O país também oferece subsídios para donos de imóveis que compram um sistema solar de aquecimento de água. O governo está interessado em programas semelhantes para outras aplicações da energia solar, inclusive bombas de água e sistemas de iluminação.

Em Lomshyo, tanto o potencial da eletricidade gerada por energia solar quanto a necessidade de mais energia são óbvios. O líder da comunidade Teteya Loti Mhlabane está animado com o novo sistema de iluminação, mas ansioso por mais. "Com luz, tudo fica bom," diz ele. "Mas as pessoas aqui, elas também precisam de geladeiras, rádios e outras coisas — elas ainda precisam de mais energia."

Fonte: The Wall Street Journal

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