Economista, Especialista em Economia e Meio Ambiente pela Universidade Federal do Paraná e Graduando em Estatística, também, pela Universidade Federal do Paraná.

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Em busca do equilíbrio econômico necessário

Por Joaquim Castanheira*


A atual crise financeira teve data de início bem definida: 15 de setembro de 2008, quando o Lehman Brothers, uma das mais tradicionais casas bancárias dos Estados Unidos, foi à bancarrota.

 A partir daquele dia, o terremoto, que teve seu epicentro no subprime americano, se estendeu por outros bancos, atingiu empresas de todos os setores e finalmente bateu com violência nas contas públicas. 

Ao longo desse período, uma palavra tornou-se uma espécie de panaceia, a cura de todos os males do capitalismo global: austeridade. 

Segundo os apóstolos desse conceito, graças a uma postura mais firme e parcimoniosa de executivos e autoridades, sairíamos mais fortalecidos do turbilhão econômico. Os resultados mostram que as coisas não são bem assim. O desemprego atingiu níveis recordes na Zona do Euro. 

Economias aparentemente sólidas, como a da Espanha, correram atrás de ajuda externa. Governos de países com sistemas democráticos estabelecidos, a exemplo da Grécia, desmoronaram como se fossem feitos de areia. 

E o resumo da ópera (bufa, no caso): não há perspectiva de que o mundo, e a Europa em particular, coloque um ponto final na crise. Um alento, porém, surgiu na reunião do G20, realizada na praia de Los Cabos, no México. O documento final do encontro indica que a saída para a estagnação econômica global reside no crescimento, e não na insistência de políticas de austeridade que impõem limites severos aos investimentos públicos. 

É verdade que, como em geral ocorre nesses fóruns, as soluções apresentadas são genéricas e padecem de propostas concretas - e não foi diferente na reunião desta semana do G20.

Mas a simples mudança de rota sugerida pelas maiores economias do planeta já revela um avanço na discussão.

A presidente Dilma Rousseff foi, mais uma vez, porta-voz da visão, digamos, desenvolvimentista, ao afirmar que "as duras exigências de austeridade podem ser flexibilizadas em prol do estímulo ao crescimento econômico", conforme publicou o BRASIL ECONÔMICO na edição de ontem.

A própria história recente no Brasil mostra os resultados desse tipo de política. Durante anos, sob a justificativa do rigor nas contas públicas, o país manteve os juros em níveis indecentes, reprimiu fortemente os investimentos públicos e conviveu com índices anêmicos de crescimento.

Evidente que não se trata de defender o descontrole na gestão financeira dos governos em qualquer instância. O que não é defensável, porém, é criar uma dicotomia entre austeridade e desenvolvimento. As duas posturas não são contraditórias e tampouco se excluem. 

O embate entre a alemã Angela Merkel, defensora da austeridade a qualquer preço, e o francês François Hollande, que propõe esforços em prol do crescimento, pode levar a Europa ao equilíbrio entre esses tipos de políticas e mostrar ao mundo um caminho sustentável para deixar a crise para trás.

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*Diretor de Redação do Brasil Econômico


Fonte: Brasil Econômico

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