Economista, Especialista em Economia e Meio Ambiente pela Universidade Federal do Paraná e Graduando em Estatística, também, pela Universidade Federal do Paraná.

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Medidas de estímulo não são caminho para recuperação


Retomada dos níveis da atividade passa por uma melhora da eficiência do setor industrial, diz José Roberto Mendonça de Barros.

Novos pacotes de estímulo lançados pelo governo na tentativa de elevar o nível da atividade doméstica, além de comprometer o discurso de austeridade fiscal adotado pela atual administração, devem trazer resultados aquém das expectativas, a exemplo do que já ocorreu com anúncios anteriores.

"Não adianta oferecer mais crédito. Se tem falado no sexto, sétimo pacote de estímulo, mas com resultados modestíssimos", afirma José Roberto Mendonça de Barros, sócio da MB Associados e ex-secretário de política econômica do Ministério da Fazenda (de 1995 a 1998), que participou nesta quarta-feira (11/7) do nono Congresso brasileiro de eficiência energética.

O erro nessa atuação das autoridades monetárias, pontua o especialista, é tentar reproduzir a mesma condução da economia adotada em 2009, quando o ambiente da crise também assolava o país, mas em um momento em que as condições eram outras. "O grau de endividamento das famílias era muito menor", fala Mendonça de Barros.

Uma saída apontada pelo sócio da MB é a melhora na eficiência da indústria, o setor que mais sentiu os efeitos da crise.

"O segundo semestre deve ser um pouco melhor [para a indústria], mas o ano está perdido. O crescimento vai ser zero, ou negativo. O governo deve estar pensando em entrar com um pouco mais de força no ano que vem", afirma.

O próprio projeto do pré-sal da Petrobras, por conta de seu tamanho gigantesco, e também pelo excesso de regulações vindas do setor público, acaba se tornando ineficiente, comenta o especialista. "Não dá para conviver com isso. A administração de curto prazo é um desastre".

Como exemplo de sucesso dessa melhora da eficiência industrial, o economista destaca a "extraordinária" recuperação experimentada pelo setor nos Estados Unidos. "Daqui a dois anos, vai ser mais barato produzir uma autopeça no sul dos Estados Unidos do que na China. Quem falasse isso dois, três anos atrás, ia ser chamado de doido".

Em poucos anos, Mendonça de Barros acredita que a dependência energética americana vai se reduzir a níveis irrisórios, o que deverá diminuir o interesse do país pela região do Oriente Médio.

Apesar desse renascimento da indústria americana, o especialista ressalta que o mercado de trabalho, e o setor imobiliário, impedem uma recuperação mais forte da economia na região. "Embora pela primeira vez estejamos tendo indicações mais fortes de que o país está saindo da crise imobiliária", diz o sócio da MB, ao lembrar os últimos dados do segmento divulgados.

Novamente no âmbito doméstico, outro ponto que mantém o patamar da atividade brasileira abaixo das expectativas é a falta de oferta no setor da construção civil. "Unidades foram vendidas, mas não tem gente para construir", afirma Mendonça de Barros. "O custo sobe", acrescenta.

Fonte: Brasil Econômico

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