Para boa parte da América Latina, os últimos dez anos serão guardados dentro da caixa de boas lembranças. Os latinos americanos contaram com um cenário mundial favorável, de liquidez abundante e alta demanda de recursos naturais e commodities agrícolas das quais a região é grande produtora. O Peru, por exemplo, antes lembrado apenas pelas guerrilhas, registrou taxas de crescimento semelhantes às de países asiáticos; a Colômbia ganhou grau de investimentos e o Brasil atraiu a atenção do mundo com um mercado interno fortalecido por sua nova classe média.
Agora, o horizonte pode não ser tão estimulante. Frente a um ambiente externo mais volátil nos próximos anos, países latino-americanos testarão seu sistema de defesa, depois de uma década de alto crescimento. E esse estará na discussão de 9 e 10 de agosto no seminário internacional realizado pelo IBRE. No evento, serão debatidos os caminhos a serem seguidos por seis economias: Brasil, Argentina, Chile, Peru, Colômbia e México. Para o curto prazo, os analistas não veem grandes turbulências para a região. Isso, imaginando um cenário de recessão moderada nos países europeus, a manutenção de fluxos financeiros a America latina e uma acomodação da taxa de crescimento da China para um modelo de mais consumo e menos investimentos que não prejudique o fluxo de exportação latino-americana. “Observamos que no primeiro trimestre a região já reduziu o ritmo de desaceleração observada no último trimestre de 2011, e poderá crescer 3,7%”, diz Juan Alberto Fuentes, diretor da Divisão de Desenvolvimento Econômico da Cepal.
Essa visão global, no entanto, esconde um universo heterogêneo de perspectivas e desafios. O México, país que menos cresceu na última década tem a melhor o perspectiva de crescimento, graças a uma recuperação precária, mas real, da economia norte-americana, destino de 80% de suas exportações. Já a Argentina depende de ajustes macro que corrijam o forte déficit que hoje registra, independente do cenário externo. Para o Brasil, Peru e Chile, mais vulneráveis a desaceleração da China, será o momento de descobrir se a relação com o país poderá se converter em uma benesse de longo prazo. “A China tem dado uma colaboração importante em termos de abrir oportunidades para os países latino-americanos. Obviamente não é uma relação importante por ser propagadora de transferência tecnológica, nem pela demanda de manufaturados”, diz Armando Castelar, coordenador da área de Economia Aplicada do IBRE. “Historicamente a América Latina tem ciclos curtos de crescimento que geram déficits nas contas externas, crises cambiais e o crescimento para”, lembra.
Fonte: IBRE
Nenhum comentário:
Postar um comentário