Economista, Especialista em Economia e Meio Ambiente pela Universidade Federal do Paraná e Graduando em Estatística, também, pela Universidade Federal do Paraná.

sexta-feira, 13 de julho de 2012

CUT mensaleira

Por Roberto Freire*


A economia, após todos os pacotes de estímulo do governo, continua patinando. A previsão é que o crescimento de 2012 seja ainda menor que os 2,7% de 2011. A arrecadação federal caiu pelo quarto mês consecutivo. A produção industrial continua em queda, tendo apresentado diminuição consistente durante os últimos quatro meses.
O recente recrudescimento da luta dos trabalhadores é fruto dos prenúncios de que a crise atingiu o mundo do trabalho. Fruto de uma política populista, a expansão do crédito para o consumo, agravou o endividamento familiar, perigosamente.
Os professores e funcionários das universidades federais, por exemplo, paralisaram suas atividades há quase dois meses.
Os servidores públicos de diversas categorias entraram em greve ou aprovaram indicativo de greve em face da negativa de negociar até mesmo perdas inflacionárias dos últimos anos pela presidente Dilma.
O governo, num ato de força e desrespeito aos trabalhadores, simplesmente mandou cortar o ponto dos grevistas.
Nesse cenário, a Central Única dos Trabalhadores (CUT), braço sindical do Partido dos Trabalhadores (PT), ao invés de apoiar a luta dos assalariados no enfrentamento do governo-patrão, adota posturas próprias dos pelegos que combatia antigamente e pior, prestando-se hoje, a defender os mensaleiros.
O presidente da entidade, numa clara afronta à democracia e ao Estado de Direito, declarou que levará seus seguidores às ruas para defender os acusados no processo do mensalão.
Os trabalhadores brasileiros mereciam melhor representação. Tenho convicção de que os trabalhadores honestos do país não concordam com seus representantes e não sairiam às ruas para defender réus acusados de corrupção na mais alta Corte de Justiça do país.
Esse distanciamento da CUT dos trabalhadores que devia representar é fruto de seu aparelhamento pelo PT, como aconteceu com praticamente todos os movimentos sociais brasileiros que foram capturados ou cooptados.
O governo do PT aprovou legislação que prevê financiamento via imposto sindical das centrais, sem que esse dinheiro tenha controle do Tribunal de Contas da União (TCU).
A União Nacional dos Estudantes (UNE), há algum tempo, ganhou uma bolada para construção de uma nova sede que ainda inexiste. É por isso que não se vê a entidade defendendo os estudantes na greve das federais e não se vê a CUT defendendo os servidores públicos contra o governo.
Todos eles simplesmente materializam as palavras de Dirceu, quando disse que convocaria os movimentos sociais para defendê-lo nas ruas. Como são instrumentos de poder do PT, esses movimentos estão respondendo na mesma sintonia.
Ao mesmo tempo, mostra a face autoritária do PT que não respeita as instituições democráticas e quer sempre fazer valer os seus objetivos no grito.
O Supremo Tribunal Federal (STF) tem se portado de maneira exemplar, mostrando que há sólidas instituições no país e que julgará o caso do mensalão com a isenção necessária. As ruas não fazem parte dos autos.
O patético envolvimento da CUT é apenas o reflexo de algo mais grave e profundo, um processo de esvaziamento de representatividade dos movimentos sociais como mais um dos legados nefastos do governo lulopetista.
*Deputado Federal (SP), presidente do PPS
Fonte: Brasil Econômico

Nenhum comentário:

Postar um comentário