Em relatório do Conselho Americano para uma Economia de Energia Eficiente, que classificou a eficiência energética das 12 maiores economias mundiais, país só está à frente do Canadá e da Rússia; Reino Unido ficou em primeiro lugar
O Brasil frequentemente se orgulha de ser um país com uma matriz energética relativamente limpa se comparado a outras grandes economias, mas um novo relatório indica que, no que se refere a eficiência energética, os brasileiros não tem muito do que se gabar.
A 1ª Tabela de Desempenho de Eficiência Energética Internacional do Conselho Americano para uma Economia de Energia Eficiente (ACEEE) mostra que, na classificação das 12 maiores economias mundiais, o Brasil ficou em 10º, só estando à frente do Canadá e da Rússia.
Para classificar os países, o ACEEE utilizou uma escala de 100 pontos possíveis em 27 categorias, estas divididas em quatro grupos: esforços nacionais (legislações e políticas), construções, indústria e transporte.
Dependendo de como cada nação fosse classificada em cada categoria ou grupo, seu desempenho poderia descer ou subir na lista geral. Então, se um país foi bem em uma categoria ou grupo mas foi mal nos demais, seu desempenho provavelmente não foi bom.
Foi o que ocorreu com o Brasil, que, tendo marcado 41 pontos de 100, foi bem no quesito de eficiência nos transportes – principalmente por causa do uso massivo do transporte público –, mas foi mal classificado nos outros, sobretudo na eficiência industrial.
Na classificação geral, o Reino Unido ficou em primeiro lugar, com 67 pontos. Em seguida, vieram Alemanha (66 pontos), Itália (63), Japão (62), França (60), União Europeia (56), Austrália (56), China (56), Estados Unidos (47), Brasil (41), Canadá (37) e Rússia (36). Juntos, estes países representam 78% do produto interno bruto (PIB) global, 63% do consumo de energia mundial e 62% das emissões de gases do efeito estufa (GEEs) do planeta.
Edward Davey, secretário britânico de estado para Energia e Mudanças Climáticas, ressaltou a importância de os países dividirem suas experiências a fim de que todos possam melhorar a eficiência energética dos diversos setores nacionais.
“Tornar nossas construções e indústrias mais eficientes em energia é um desafio significativo, um que levará anos para se atingir; fazê-lo com eficiência de custo significará basear-se na experiência de outros. Esse estudo é uma coleção fascinante de boas práticas, estabelecendo as inovações que podem acelerar o crescimento econômico, aumentar a segurança energética – e economizar o dinheiro de nossas famílias e empresas”, afirmou Davey.
Já Steven Nadel, diretor executivo do ACEEE, chamou a atenção para a presença dos países europeus nas primeiras posições e para o fato de os Estados Unidos, maior economia do mundo, não ter se destacado mundialmente na eficiência energética de seus setores, e apesar de ter feito “relativamente muitos pontos em construções, ficou no final da lista de transporte”. Isso poderá se refletir na economia norte-americana, disse Nadel.
“O Reino Unido e as principais economias da Europa estão agora bem à frente dos Estados Unidos quando se trata de eficiência energética. Isso é significativo porque países que usam a energia mais eficientemente requerem menos recursos naturais para atingir as metas, reduzindo assim custos, preservando valiosos recursos naturais e criando empregos”, observou ele.
Mas apesar da boa colocação dos países europeus, o relatório enfatiza que todas as nações, inclusive as que foram melhor classificadas, ainda precisam melhorar muito a eficiência energética de seus setores, pois mesmo o Reino Unido, por exemplo, que ficou em primeiro lugar, está muito longe de marcar os 100 pontos em eficiência.
“Infelizmente, nosso resultados mostram que em nenhum lugar esse vasto potencial para melhoria na eficiência energética está sendo completamente realizado. Embora muitos países tenham atingido um sucesso notável, nenhum recebeu uma pontuação perfeita em nenhuma categoria – provando que há muito que todos os países ainda podem aprender uns dos outros”, declarou Nadel.
Por fim, o documento recomenda que os países reforcem suas metas de economia de energia, usando referências voluntárias como o Desempenho Superior de Energia ISO 50001 (ISO 2011) e incentivando financiamentos, como créditos fiscais, empréstimos e reservas contra perdas, para estimular investimentos privados em eficiência energética.
“Embora a eficiência energética tenha tido um papel importante nas economias das nações desenvolvidas por décadas, o custo benefício da eficiência energética continua a ser um recurso energético muito subutilizado. Felizmente, há muito que os países podem fazer para reforçar a competitividade econômica através de aprimoramentos na eficiência energética”, concluiu Sara Hayes, autora do relatório e pesquisadora do ACEEE.
Imagem: Ranking dos países conforme a pontuação que alcançaram em eficiência energética / Conselho Americano para uma Economia de Energia Eficiente (ACEEE).
Fonte: Instituto Carbono Brasil
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