Economista, Especialista em Economia e Meio Ambiente pela Universidade Federal do Paraná e Graduando em Estatística, também, pela Universidade Federal do Paraná.

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Cortes de gastos do governo freia recuperação americana


Uma queda nos gastos militares e o fim de programas federais de estímulo estão desacelerando ainda mais a já fraca recuperação econômica dos Estados Unidos.

Nas últimas semanas, o debate político em Washington se voltou ao "precipício fiscal" que se aproxima, ou os bilhões de dólares em cortes de gastos e aumentos de impostos programados para entrar em vigor no início do novo ano fiscal. A Comissão do Orçamento do Congresso, o presidente do Federal Reserve, Ben Bernanke, e outros alertaram que os cortes levarão os EUA a uma recessão no próximo ano, com alguns economistas argumentando que a incerteza gerada pelo debate poderia afetar negativamente a economia muito antes disso.


Mas dados econômicos recentes mostram que mesmo antes de o precipício fiscal se materializar, os gastos federais já vêm caindo e prejudicando a recuperação. Os gastos e investimentos do governo americano caíram a uma taxa anualizada de 0,4% no segundo trimestre e 3,3% no ano passado. O emprego no governo diminuiu em mais de 52.000 vagas no ano passado e pela primeira vez está abaixo do nível do início da recuperação.

Tais dados subestimam o efeito total dos cortes, já que a redução nos gastos do governo afeta empreiteiros civis e militares e rouba recursos de projetos de infraestrutura financiados pelo governo em estados e municípios. Considerados em conjunto, os cortes estão em parte anulando o efeito do crescimento do setor privado que, embora lento, tem sido consistente.

"É inacreditável o quanto a economia já está sendo prejudicada pela queda considerável nos gastos federais", diz Joe LaVorgna, economista-chefe do Deutsche Bank nos EUA.

No longo prazo, é claro, a redução nos gastos federais, possivelmente em sintonia com um aumento de impostos, deve ajudar a controlar os enormes déficits orçamentários e colocar a economia em bases mais sólidas. Vários especialistas, de Bernanke aos líderes da comissão de orçamento do presidente Barack Obama, pediram aos legisladores que tomem medidas agora para lidar com as questões fiscais de longo prazo do governo.

Mas os cortes orçamentários chegam num momento difícil para a economia dos EUA, que vem perdendo fôlego depois de ter acelerado este ano. A recessão em grande parte da Europa e uma desaceleração no crescimento da China vem reduzindo a demanda por exportações americanas, atingindo o setor manufatureiro, que foi o motor do início da recuperação. O fraco mercado de trabalho e um setor financeiro cambaleante afetaram o consumo, que era a esperança de alguns economistas para impulsionar o crescimento econômico este ano. A economia do país cresceu a uma taxa anualizada de 1,5% no segundo trimestre, ante os 2% de crescimento no primeiro trimestre, e a maioria dos economistas projeta um crescimento fraco para o resto do ano.

Os cortes federais são uma reversão da estratégia usada durante a recessão, quando ambos os presidentes George W. Bush e Obama tentaram incentivar o crescimento, aumentando despesas através de resgates financeiros e programas de estímulo econômico. Os programas foram alvo de crítica da oposição, mas a maioria dos economistas acredita que eles ajudaram a suavizar os efeitos da recessão.

Agora, os fundos de estímulo estão secando. A projeção é de que os governos estaduais e locais recebam US$ 20,8 bilhões em fundos federais de estímulo no ano fiscal de 2012, que termina em setembro, bem abaixo do total combinado de US$$ 180,7 bilhões recebidos nos exercícios de 2010 e 2011, segundo a agência do governo americano que audita os gastos. No ano fiscal de 2013, a previsão é de que o estímulo a estados e municípios cairá para US$ 14,3 bilhões.

Ao mesmo tempo, os gastos militares caíram por três trimestres consecutivos, à medida que as guerras no Iraque e no Afeganistão abrandaram e o Pentágono se prepara para mais cortes no orçamento.

O corte no gasto militar tem efeito no setor privado. A BRS Aerospace, empresa da Flórida que fabrica os pára-quedas usados para levar suprimentos a soldados em áreas remotas ou hostis, viu seus negócios minguar já que muitas das tropas que estavam no Iraque e no Afeganistão voltaram para casa, disse o diretor-presidente, Larry Williams. Segundo Williams, uma das linhas de montagem de um tipo de pára-quedas que o Pentágono deixou de encomendar teve de ser desativada. Como resultado, a empresa cortou cerca de 300 empregos na Flórida e 100 em Minnesota, disse ele. E o recuo da empresa também tem seu próprio efeito em cascata, já que a BRS se viu obrigada a encomendar menos tecido, equipamentos e outros materiais de seus fornecedores.

O impasse em Washington também tem bloqueado o financiamento de alguns projetos. A Astec Industries Inc., uma fabricante de equipamentos para produzir asfalto e pavimentar estradas com sede no Tennessee, teve uma queda de 26% no seu lucro trimestral, em parte devido à demora do Congresso em aprovar um projeto de lei para financiamento de estradas.

"Isso resultou em atrasos e, em alguns casos, na eliminação de projetos durante o auge da temporada de construção de estradas", disse J. Don Brock, presidente da Astec, em um comunicado na semana passada.

Os cortes são significativos especialmente para as comunidades que dependem dos gastos militares. Okaloosa, o condado da Flórida onde fica a base aérea de Eglin, depende do setor de defesa para sustentar 60% de sua economia, segundo um estudo recente da Universidade da Flórida. Jim Breitenfeld, um gerente da agência de desenvolvimento econômico do condado, disse: "Quando alguém em Washington espirra sobre uma questão de defesa, nós aqui dizemos "atchim".

Fonte: The Wall Street Journal


Falta de política para combustíveis gera distorções no mercado


Por Adriano Pires*
A falta de uma política para o setor de combustíveis no Brasil criou uma situação de escassez generalizada, aumentando as importações de diesel, gasolina e até mesmo etanol, na contramão da desejada autossuficiência energética.

Desde 2000, o Brasil nunca importou tanta gasolina, diesel e etanol.

Esse panorama é reflexo da capacidade limitada de refino e do aumento expressivo da demanda por gasolina e diesel, puxada por uma política de subsídios e pelo incentivo do governo ao setor automobilístico.

Para garantir o suprimento da demanda, foram importados em média, até maio de 2012, 73 mil e 148 mil barris por dia de gasolina A e diesel, respectivamente, representando crescimento de 98% para a gasolina e redução de 8% para o diesel.

Apesar da queda na importação de diesel observada até maio de 2012, a quantidade média importada, de 149 mil barris por dia, é substancialmente maior do que a verificada no ano 2000, de 100 mil barris por dia.

O aumento da importação é resultado do descasamento entre o aumento da demanda e a estagnação da produção doméstica.

Ao comparar a média de vendas internas de gasolina e diesel para as distribuidoras no ano de 2012 com as do ano de 2000 verificam-se aumentos de 67% e de 46%, respectivamente.

Entretanto, o crescimento da produção nacional de derivados no período, de 24%, não foi suficiente para acompanhar o ritmo de crescimento da demanda.

Enquanto do lado da oferta a perspectiva é de aumentos limitados, a demanda por combustíveis fósseis continua a ser impulsionada pela concessão de subsídios velados, uma vez que os preços domésticos não vêm acompanhando as variações dos preços internacionais dos derivados.

Mesmo os reajustes concedidos na refinaria para aliviar a pressão sobre o caixa da Petrobras vieram acompanhados de reduções da Cide, mantendo os preços constantes para o consumidor final.

Dessa forma, o preço doméstico não fornece o sinal correto ao consumidor, que não consegue fazer uma escolha eficiente e continua a demandar o combustível a despeito da elevação do preço internacional.

Sem a correta sinalização de preço para os combustíveis fósseis, o setor de biocombustíveis acabou prejudicado, em especial o etanol, que perdeu competitividade diante da gasolina, comprometendo o futuro do etanol na matriz de combustíveis no Brasil.

Aliada aos impactos da crise internacional sobre as condições de financiamento, a perda de competitividade culminou na redução de investimentos, na queda da produção e, mais uma vez, no aumento das importações.

A ausência de políticas de longo prazo e de incentivos econômicos corretos está gerando distorções e desequilíbrios no mercado de combustível.

O reflexo disso é o desalinhamento entre demanda e oferta internas, traduzindo-se no aumento das importações, no desequilíbrio de preços relativos e na redução de investimentos.

*Diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE).

Fonte: Folha de São Paulo

Cenários de mudanças não ajudam o equilíbrio da matriz energética


Brasília – Apesar de ter conquistado uma matriz energética equilibrada entre fontes de energia renováveis e tradicionais, o governo brasileiro tem se empenhado para manter essa relação diante de um cenário projetado pelo aumento do consumo de energia. Além de garantir a manutenção de sistemas, como o de produção de energia eólica e solar, os pesquisadores buscam novas fontes que poderiam complementar essa oferta para atender a crescente demanda do setor.

A principal motivação do governo para manter esse equilíbrio de fontes na matriz energética é o cumprimento da meta de redução das emissões de gases de efeito estufa. Durante a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas realizada em Copenhague no ano passado, a COP15, o Brasil se comprometeu a reduzir essas emissões entre 36,1% a 38,9% até 2020, em relação ao que emitia em 1990. Entre os setores estratégicos da economia, a energia está sob a mira dos órgãos que se debruçam sobre o problema.

“O setor energético representa a segunda maior preocupação do governo no quesito das emissões de gases de efeito estufa, perdendo apenas para o desmatamento e agropecuária [apontados como os vilões responsáveis por 70% das emissões], explicou Ana Lúcia Doladela , diretora da Secretaria de Mudanças Climáticas e Qualidade Ambiental do Ministério do Meio Ambiente (MMA). O setor energético, desde a produção até o consumo, responde por cerca de 23% dessas emissões. “Uma das formas de reduzir esse impacto é renovar nossa matriz e aumentar nossa eficiência energética”, acrescentou.

Uma das estratégias adotadas pelo Brasil é a aproximação com especialistas europeus. O interesse nas experiências do Velho Continente explica-se pelos esforços e investimentos em pesquisa e produção de fontes alternativas de energia. Ana Lúcia Doladela disse que os técnicos brasileiros têm absorvido conhecimentos e tecnologias européias e acredita que essa relação pode resultar em parcerias estratégicas para o desenvolvimento do setor, ainda em crescimento no Brasil.

“A energia eólica foi estabelecida de forma competitiva. Mas a fotovoltaica ainda é cara e precisa de incentivos para se estabelecer. O ministério têm acompanhado as pesquisas e o governo vem adotando medidas como o estímulo ao uso da fonte solar térmica para aquecimento de água”, disse. A diretora do MMA ainda acrescentou que o país também precisa amadurecer tecnologicamente nas pesquisas sobre energia a partir dos oceanos. “Temos três fontes que são as ondas, mares e correntes marítimas. Ainda precisamos muito investimento em tecnologia”, explicou.

Em relação às fontes renováveis a partir da biomassa, como o etanol e o biodiesel, o Brasil assumiu uma posição de liderança no cenário internacional. Como a tendência é de aumento do consumo de energia no país, pesquisadores brasileiros buscam novas fontes que poderiam complementar essa matriz.

Em Concórdia, Santa Catarina, experimentos com o biogás produzido a partir de resíduos de suínos mostraram, segundo técnicos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o potencial do produto tanto para a geração de energia demandada pelas propriedades rurais quanto como fator de agregação de valor à cadeia produtiva.  

“Os dados já mostram que o biogás pode se tornar um dos três grandes combustíveis do Brasil. O importante é termos mais fontes, promover o setor e o uso dos resíduos das cadeias produtivas, o que poderia agregar valor a essas produções e atender a demanda crescente por energia no país”, disse Manoel Teixeira Souza Júnior, chefe-geral da Embrapa Agroenergia.

Fonte: Agência Brasil

PIB dos EUA desacelera para 1,5% no 2º tri de 2012


A economia americana cresceu 1,5% no segundo trimestre deste ano, contra 2% nos três primeiros meses de 2012, informou nesta sexta-feira o Departamento de Comércio dos Estados Unidos.
O Escritório de Análises Econômicas atribuiu a desaceleração do Produto Interno Bruto (PIB) americano a um menor ritmo de expansão no consumo e investimentos. Os gastos de consumo pessoal cresceram 1,5% entre abril e junho, o pior resultado em um ano, comparado com um aumento de 2,4% nos três meses anteriores.

Os gastos com bens duráveis, que haviam crescido 11,5% no primeiro trimestre, decresceram 1% no segundo. Os dados são revisados periodicamente e a próxima revisão dos números divulgados nesta sexta-feira será no dia 29 de agosto.
Os resultados estão dentro das estimativas do mercado e não chegam a surpreender os analistas, mas representam um desafio para a campanha à reeleição do presidente Barack Obama.
Obama tem sido fortemente criticado pelos rivais do Partido Republicano por seu desempenho na área econômica, porque o ritmo de expansão da economia - pelo 12º trimestre consecutivo - não conseguiu reduzir o desemprego para abaixo do nível atual de 8,2%.
Recuperação
Os analistas preveem uma melhora econômica para os EUA na segunda metade deste ano. Para o Fundo Monetário Internacional (FMI), o país deve encerrar 2012 com um crescimento econômico de 2%.
Por outro lado, o Fundo considera que o maior risco de desaceleração é o chamado "abismo fiscal", denominação para o fim de isenções fiscais e o corte automático de gastos do governo a partir de janeiro do ano que vem. O cronograma pode ser refeito pelo Congresso.
Se nada for feito para mitigar o "abismo fiscal", disse o FMI, o crescimento americano no ano que vem, projetado em 2,3%, será menor, "bem abaixo de 1%", com a possibilidade de corroer a dinâmica econômica já a partir do fim deste ano.
Os dados divulgados nesta sexta-feira mostram que a economia de gastos dos governos estaduais e municipais - ainda que menores que no primeiro trimestre - continuaram freando o crescimento econômico.
Por outro lado, as exportações continuaram a subir entre abril e junho (5,3% em relação ao trimestre anterior), indicando o acerto da estratégia do governo de aumentar as vendas para o mercado externo, apesar da demanda enfraquecida na zona do euro.

Fonte: BBC Brasil

Para 'Economist', julgamento do mensalão é avanço em luta contra 'cultura da impunidade'


A revista britânica The Economist diz, em sua edição desta semana, que o julgamento do escândalo do mensalão é um sinal de que o Brasil está fazendo avanços na luta contra sua "cultura de impunidade dos poderosos".
O Supremo Tribunal Federal começará a julgar o caso no dia 2 de agosto. "Que o caso do 'mensalão' tenha pelo menos chegado ao tribunal é um progresso: a prisão de políticos corruptos (no Brasil) pode ainda ser improvável, mas não é mais impensável", afirma a Economist.

Citando o retorno de Fernando Collor ao Senado após o impeachment de 1992 e a eleição de Paulo Maluf para o Congresso, a matéria, intitulada "Justiça Atrasada", ressalta que uma má reputação nunca foi impedimento para que políticos desonestos continuassem a avançar em sua carreira política no Brasil.
Ela menciona que é preciso o aval do Congresso para investigar parlamentares e ministros e que só o Supremo pode julgá-los. Também defende que reformas "ambiciosas" são necessárias para que o Brasil possa lidar com a questão da impunidade em um futuro próximo, mas sublinha avanços recentes na área.
Segundo a Economist "uma maior transparência sobre os gastos públicos" está dificultando o roubo de recursos do tesouro" no Brasil.
A matéria diz que agora "órgãos reguladores fortes" podem suspender projetos aprovados pelo governo, se eles suspeitarem que os orçamentos foram inflados, mas faz a ressalva de que o esquema pode ser driblado em situações classificadas como urgentes, "como a construção de estádios para a Copa de 2014".
Outra mudança mencionada pela Economist é a entrada em vigência da Lei de Acesso à Informação, que amplia a transparência nos gastos públicos.
A Economist cita o analista João Castro Neves, da consultoria Eurasia Group, para quem, hoje, para ser corrupto no Brasil "é preciso ser mais criativo" do que há dez ou 15 anos.
Para a revista, a presidente Dilma Rousseff não deve ser atingida pelo julgamento do mensalão porque nenhum dos acusados é próximo a ela e porque, ao derrubar ministros acusados de corrupção no início de seu mandato, Dilma reduziu o risco de ser atingida "por associação".

Fonte: BBC Brasil

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Seminário discute incentivo do plantio de eucalipto no DF

Espécie oferece vantagens econômicas e benéficas ao meio ambiente


O eucalipto é uma das espécies arbóreas mais favoráveis para o uso comercial, devido à produtividade, grande capacidade de adaptação e inúmeras aplicações em diferentes setores econômicos. O incentivo ao plantio dessa árvore no Distrito Federal e no entorno é o tema de seminário que ocorre no dia 31 de julho, às 8h, na sede da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), com participação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).


O evento debaterá questões como os aspectos econômicos e mercado consumidor, tecnologias para o plantio na seca e o uso da prática de integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF), tema que será mediado pelo coordenador técnico do Programa Agricultura de Baixa Emissão de Carbono (ABC), Elvison Nunes Ramos.


O Programa ABC oferece linhas de crédito para produtores interessados em adotar práticas agrícolas sustentáveis, como iLPF e implantação e manutenção de florestas comerciais. “O eucalipto está entre as espécies incentivadas pelo programa para serem utilizados de forma comercial, nas propriedades. É uma mudança de paradigma a adoção de sistemas que integrem diversificação de culturas e floresta em uma mesma propriedade, mas os produtores estão começando a aderir a esta opção rentável e que preserva o meio ambiente”, afirmou Elvison.


A árvore de eucalipto cresce rapidamente e pode ser utilizada para produzir pasta de celulose, usada na fabricação de papel, carvão vegetal e madeira. Além da vantagem econômica, o plantio favorece a captação de gás carbônico na atmosfera.


As inscrições para o seminário são gratuitas, mas com vagas limitadas. Os interessados podem entrar em contato pelo número (61) 3242-9600.


Fonte: CIFlorestas


domingo, 22 de julho de 2012

America Latina: Continente à prova


Para boa parte da América Latina, os últimos dez anos serão guardados dentro da caixa de boas lembranças. Os latinos americanos contaram com um cenário mundial favorável, de liquidez abundante e alta demanda de recursos naturais e commodities agrícolas das quais a região é grande produtora. O Peru, por exemplo, antes lembrado apenas pelas guerrilhas, registrou taxas de crescimento semelhantes às de países asiáticos; a Colômbia ganhou grau de investimentos e o Brasil atraiu a atenção do mundo com um mercado interno fortalecido por sua nova classe média. 

Agora, o horizonte pode não ser tão estimulante. Frente a um ambiente externo mais volátil nos próximos anos, países latino-americanos testarão seu sistema de defesa, depois de uma década de alto crescimento. E esse estará na discussão de 9 e 10 de agosto no seminário internacional realizado pelo IBRE. No evento, serão debatidos os caminhos a serem seguidos por seis economias: Brasil, Argentina, Chile, Peru, Colômbia e México. Para o curto prazo, os analistas não veem grandes turbulências para a região. Isso, imaginando um cenário de recessão moderada nos países europeus, a manutenção de fluxos financeiros a America latina e uma acomodação da taxa de crescimento da China para um modelo de mais consumo e menos investimentos que não prejudique o fluxo de exportação latino-americana. “Observamos que no primeiro trimestre a região já reduziu o ritmo de desaceleração observada no último trimestre de 2011, e poderá crescer 3,7%”, diz Juan Alberto Fuentes, diretor da Divisão de Desenvolvimento Econômico da Cepal. 

Essa visão global, no entanto, esconde um universo heterogêneo de perspectivas e desafios. O México, país que menos cresceu na última década tem a melhor o perspectiva de crescimento, graças a uma recuperação precária, mas real, da economia norte-americana, destino de 80% de suas exportações. Já a Argentina depende de ajustes macro que corrijam o forte déficit que hoje registra, independente do cenário externo. Para o Brasil, Peru e Chile, mais vulneráveis a desaceleração da China, será o momento de descobrir se a relação com o país poderá se converter em uma benesse de longo prazo. “A China tem dado uma colaboração importante em termos de abrir oportunidades para os países latino-americanos. Obviamente não é uma relação importante por ser propagadora de transferência tecnológica, nem pela demanda de manufaturados”, diz Armando Castelar, coordenador da área de Economia Aplicada do IBRE. “Historicamente a América Latina tem ciclos curtos de crescimento que geram déficits nas contas externas, crises cambiais e o crescimento para”, lembra. 

Fonte: IBRE

Presidente do Ibrase diz que atual modelo de economia cria poucos empregos


Na avaliação de Júlio Miragaya, o atual modelo, muito dependente dos governos local e federal, não é capaz de gerar empregos para a população de baixa renda, principalmente a que vive no Entorno da capital do pais


 (Hiram Vargas/Esp. CB/D.A Press)


O economista Júlio Miragaya, carioca de 54 anos, virou referência entre os que estudam a economia de Brasília. Há quase duas décadas, ele se debruça sobre a estrutura produtiva da capital do país. Nesse período, perdeu a conta de quantas vezes liderou estudos, palestras e debates sobre a necessidade de a cidade depender menos do setor público e, como todos os outros centros urbanos, apostar na industrialização de seus arredores. Deixou isso claro, inclusive, quando coordenou, em 2010, o programa econômico da campanha do então candidato Agnelo Queiroz (PT).

Com a divulgação dos dados preliminares do PIB local de 2011, no fim de junho, e a confirmação de mais um crescimento abaixo da média nacional, a preocupação aumentou. “Não dá mais. Se a composição do PIB não mudar, com maior participação do setor privado, o desempenho global da cidade estará seriamente comprometido”, alerta Miragaya, cotado para assumir a presidência da Companhia de Planejamento (Codeplan), onde atualmente é diretor. Ele também preside o Instituto Brasiliense de Estudos da Economia Regional (Ibrase), além de coordenar a Comissão de Política Econômica e de Desenvolvimento Regional do Conselho Federal de Economia.


O que o leva a crer que a economia de Brasília pode estar "virando a curva"?
O relativo esgotamento do setor público em continuar a funcionar como elemento motriz de nossa economia e os avanços que os demais estados têm tido na atração de grandes investimentos industriais.

Ter a maior renda per capita do país e um mercado consumidor pujante não garantem a tranquilidade da economia local?
De forma alguma. O maior PIB per capita – R$ 61.584 em 2011, contra R$ 21.483 da média nacional – precisa servir de trunfo para atrair investimentos nos setores industrial e privado, e não como fator de acomodação. Precisamos criar empregos para absorver a crescente população na área metropolitana.

Se o DF continuar tão dependente do serviço público, quais serão as consequências?
A persistência do atual modelo levará a uma baixa criação de empregos, em particular para a população de mais baixa renda, e agravar ainda mais a situação do desemprego. O DF já possui a segunda maior taxa de desocupados (13%) entre as sete áreas metropolitanas pesquisadas mensalmente. Outro reflexo será o agravamento da desigualdade social. A relação é direta: enquanto no Lago Sul (localidade com maior renda domiciliar média mensal), 30% das pessoas trabalham na administração pública, na Estrutural e em Itapoã, regiões mais pobres do DF, esse percentual não chega a 3%.

Por que o processo de desenvolvimento industrial na região metropolitana do DF não emplacou?
Porque alguns gargalos ainda persistem, e os principais envolvem infraestrutura e logística. Isso inibe a vinda de grandes empreendimentos. Precisamos avançar com a criação do PAC-DF e Entorno, compreendendo a viabilização de projetos estruturantes na área de transportes e de energia, capazes de transformar a base produtiva regional.

Qual é a necessidade mais urgente?
Justamente apostar em grandes investimentos em infraestrutura, realizados em articulação com as prefeituras da área metropolitana e com os governos de Goiás e federal. Só assim vamos atrair investimentos industriais e serviços privados e diversificar nossa estrutura produtiva. Vale lembrar que a mudança não vai ocorrer em curto prazo: devemos começar já para colher os frutos em 10 ou 15 anos.

Os governos do DF se acomodaram com o perfil político-administrativo da economia?
A acomodação é de toda a sociedade brasiliense. Brasília se considera deitada eternamente em berço esplêndido, em alusão à dependência do setor público, e considera que tal situação é imutável. O Fundo Constitucional do DF, somado às demais transferências legais e voluntárias, representa metade de nosso orçamento. A força dos salários do funcionalismo nos dão uma renda média elevada e um orçamento parrudo, mas não garantem a criação de empregos que necessitamos e tampouco permite uma boa qualidade de renda e de vida à maioria da população brasiliense.

Fonte: Correio Braziliense

sábado, 21 de julho de 2012

Para especialistas, crescimento menor não deve afetar emprego


Brasília - Mesmo com a economia em ritmo mais lento este ano, o emprego no país não deve ser afetado, com exceção do setor industrial, na avaliação de especialistas. Para o economista do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) e professor da Universidade de Campinas (Unicamp) Júlio Gomes de Almeida, o crescimento econômico vem deixando a desejar há três trimestres. “A perspectiva é que melhore, mas ainda assim não deve ser nada de excepcional”, diz. Segundo ele, o crescimento menor da economia decorre, principalmente, do setor industrial, que enfrenta a concorrência dos produtos importados.

Para Almeida, a recente alta do dólar ajuda a aumentar competitividade da indústria brasileira. Mas a situação econômica incerta de outros países faz com que se queira vender mais produtos para o Brasil. “A desvalorização do real ajuda a produção no Brasil e defende da concorrência. Por outro lado, a concorrência estrangeira também aumenta. A venda dos produtos para a gente ficou mais cara, mas estão dispostos a fazer sacrifícios para vender para o Brasil, porque não têm mercado alternativo. Tem efeito bom para a nossa economia e nossa indústria, mas esse efeito diminui em função da situação externa que se agravou, diz Almeida”.

De acordo com ele, o emprego no país não foi afetado porque, apesar dos problemas na indústria, o setor de serviços continua crescendo e gerando vagas. Já no setor industrial, deve continuar a haver perdas de vagas.

Para o coordenador de economia aplicada do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getulio Vargas (FGV), Armando Castelar, só há riscos para a geração de emprego no país com um cenário da construção civil em desaceleração, a indústria fraca e a redução de investimentos ligados às exportações permanecer no curto prazo.

Além disso, segundo Castelar, como as empresas enfrentaram dificuldades para contratar mão de obra qualificada, agora evitam demitir. “Há receio de que tenham dificuldades para achar trabalhadores novamente”.

Além de os trabalhadores não terem que enfrentar aumento do desemprego, a inflação deve permanecer sob controle este ano, na avaliação dos economistas. “Não vejo sinal de que a inflação aumente porque o nível de atividade está baixo. Com esse nível de atividade, as empresas relutam em remarcar preços. Por outro lado, os preços de muitas commodities [produtos primários com cotação internacional] que o Brasil exporta estão em declínio no mercado mundial. Aqui dentro também não há impacto desses preços”, analisa Almeida.

Para Almeida, ainda falta ao país desindexar preços e tarifas, como de alugueis corrigidos por índices de inflação, para que em momentos de ritmo maior de crescimento não se tenha inflação em alta. “É preciso desindexar a economia. Isso dá uma inércia na inflação [processo inflacionário gerado pelo reajuste de preços, de acordo com a inflação do período anterior]. Por outro lado, nosso crescimento demandou muita gente no setor de serviços, com aumento dos rendimentos, impactando a inflação”, destaca.

Além da realimentação dos preços pela inflação passada, Castelar também explica que a alta dos preços vem das expectativas dos empresários. Segundo ele, como o país tem inflação, em média, acima de 5,5% nos últimos anos, é difícil reduzir os preços.

“Neste ano, a população não vai sofrer uma perda de emprego, nem ser prejudicada pela inflação, mas será afetada um pouco pela redução do crédito”, conclui Almeida. Segundo ele, há receio das instituições financeiras em conceder crédito no atual momento econômico, mas a oferta deverá ser retomada no final do ano.

A economia em ritmo mais lento tem levado à revisão das estimativas de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), soma de todos os bens e serviços produzidos no país. O Banco Central (BC) revisou a projeção para este ano de 3,5% para 2,5%. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) também reduziu a estimativa de expansão do PIB, de 3% para 2,1%. A projeção de analistas de instituições financeiras consultados pelo BC todas as semanas já foi revisada para baixo dez vezes seguidas e está em 1,9%. O Fundo Monetário Internacional (FMI) também revisou a estimativa para baixo, de 3% para 2,5%.

Fonte: Agência Brasil

Melhoria da educação do brasileiro contribui para queda da informalidade no trabalho


Brasília – A formação nem sempre é de qualidade, mas o aumento do número de anos estudados tem contribuído de forma relevante para a geração de empregos com carteira assinada. Pesquisa recente do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getulio Vargas (FGV), revela que 60% da queda da informalidade entre 2002 e 2009 decorrem da maior escolarização do brasileiro.

Com base em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os pesquisadores dividiram a queda da informalidade em dois componentes. O efeito composição está relacionado à formação educacional. O efeito nível mede os demais fatores, como crescimento da economia, expansão do crédito e medidas de estímulo pelo governo. A predominância da educação surpreendeu os pesquisadores.

“Esse resultado nos causou perplexidade, e mostra, acima de tudo, que a educação está mudando diversos aspectos da economia do país, inclusive a estrutura do mercado de trabalho”, diz Rodrigo Moura, que fez a pesquisa com o professor Fernando Holanda Barbosa Filho. O estudo considerou como trabalhadores informais apenas os empregados sem carteira assinada. Profissionais que trabalham por conta própria, como eletricistas e encanadores, foram enquadrados como trabalhadores formalizados.

Pelo critério dos pesquisadores, a taxa de informalidade entre os trabalhadores caiu de 43,6% em 2002 para 37,4% em 2009. No mesmo período, foram criados cerca de 9 milhões de empregos com carteira assinada em todo o país. Em todas as faixas educacionais, a taxa de informalidade caiu. Esse recuo está ligado ao efeito nível porque, para um mesmo nível de escolaridade, a economia criou mais empregos formais.

O efeito composição aparece ao comparar o tempo de estudo ao total da força de trabalho. De 2002 a 2009, a parcela de trabalhadores sem o ensino médio completo caiu de 66% para 53%. Nesse caso, o mero ganho de anos de estudo impulsiona significativamente a formalização, porque a proporção de trabalhadores informais é bem maior na população de menor escolaridade.

Com ensino médio completo, o vendedor Rodrigo Castro, 21 anos, trabalha em uma banca de produtos de informática na Feira dos Importados, em Brasília. Ele acredita que o estudo foi determinante para conseguir emprego com carteira assinada. “A educação não me qualificou muito bem, mas ajudou”, diz. Antes do primeiro emprego formal, Rodrigo trabalhou por cerca de um ano e meio sem carteira assinada em uma lan house no interior da Bahia.

Para Rodrigo Moura, coautor da pesquisa da FGV, depois de elevar o tempo de estudo da população, o próximo desafio do país será a melhoria da qualidade do ensino. “O Brasil hoje tem maior proporção de trabalhadores com nível médio e superior, mas o percentual de instituições privadas de ensino superior de alta qualidade é bem baixo”, diz.

Apesar da qualidade questionável de boa parte das instituições de ensino superior, a gerente de lanchonete Fernanda dos Santos, 30 anos, não pretende desistir de estudar. Atualmente no primeiro emprego formal, ela tem o ensino médio completo, mas pretende cursar administração para conseguir um trabalho melhor e se adaptar a um mercado cada vez mais exigente. “Hoje, boa parte dos empregadores só aceita quem tem nível superior”, constata.

Fonte: Agência Brasil

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Brasil aparece mal em ranking de eficiência energética


Em relatório do Conselho Americano para uma Economia de Energia Eficiente, que classificou a eficiência energética das 12 maiores economias mundiais, país só está à frente do Canadá e da Rússia; Reino Unido ficou em primeiro lugar




O Brasil frequentemente se orgulha de ser um país com uma matriz energética relativamente limpa se comparado a outras grandes economias, mas um novo relatório indica que, no que se refere a eficiência energética, os brasileiros não tem muito do que se gabar.

1ª Tabela de Desempenho de Eficiência Energética Internacional do Conselho Americano para uma Economia de Energia Eficiente (ACEEE) mostra que, na classificação das 12 maiores economias mundiais, o Brasil ficou em 10º, só estando à frente do Canadá e da Rússia.
Para classificar os países, o ACEEE utilizou uma escala de 100 pontos possíveis em 27 categorias, estas divididas em quatro grupos: esforços nacionais (legislações e políticas), construções, indústria e transporte.
Dependendo de como cada nação fosse classificada em cada categoria ou grupo, seu desempenho poderia descer ou subir na lista geral. Então, se um país foi bem em uma categoria ou grupo mas foi mal nos demais, seu desempenho provavelmente não foi bom.
Foi o que ocorreu com o Brasil, que, tendo marcado 41 pontos de 100, foi bem no quesito de eficiência nos transportes – principalmente por causa do uso massivo do transporte público –, mas foi mal classificado nos outros, sobretudo na eficiência industrial.
Na classificação geral, o Reino Unido ficou em primeiro lugar, com 67 pontos. Em seguida, vieram Alemanha (66 pontos), Itália (63), Japão (62), França (60), União Europeia (56), Austrália (56), China (56), Estados Unidos (47), Brasil (41), Canadá (37) e Rússia (36). Juntos, estes países representam 78% do produto interno bruto (PIB) global, 63% do consumo de energia mundial e 62% das emissões de gases do efeito estufa (GEEs) do planeta.
Edward Davey, secretário britânico de estado para Energia e Mudanças Climáticas, ressaltou a importância de os países dividirem suas experiências a fim de que todos possam melhorar a eficiência energética dos diversos setores nacionais.
 “Tornar nossas construções e indústrias mais eficientes em energia é um desafio significativo, um que levará anos para se atingir; fazê-lo com eficiência de custo significará basear-se na experiência de outros. Esse estudo é uma coleção fascinante de boas práticas, estabelecendo as inovações que podem acelerar o crescimento econômico, aumentar a segurança energética – e economizar o dinheiro de nossas famílias e empresas”, afirmou Davey.
Já Steven Nadel, diretor executivo do ACEEE, chamou a atenção para a presença dos países europeus nas primeiras posições e para o fato de os Estados Unidos, maior economia do mundo, não ter se destacado mundialmente na eficiência energética de seus setores, e apesar de ter feito “relativamente muitos pontos em construções, ficou no final da lista de transporte”. Isso poderá se refletir na economia norte-americana, disse Nadel.
“O Reino Unido e as principais economias da Europa estão agora bem à frente dos Estados Unidos quando se trata de eficiência energética. Isso é significativo porque países que usam a energia mais eficientemente requerem menos recursos naturais para atingir as metas, reduzindo assim custos, preservando valiosos recursos naturais e criando empregos”, observou ele.
Mas apesar da boa colocação dos países europeus, o relatório enfatiza que todas as nações, inclusive as que foram melhor classificadas, ainda precisam melhorar muito a eficiência energética de seus setores, pois mesmo o Reino Unido, por exemplo, que ficou em primeiro lugar, está muito longe de marcar os 100 pontos em eficiência.
“Infelizmente, nosso resultados mostram que em nenhum lugar esse vasto potencial para melhoria na eficiência energética está sendo completamente realizado. Embora muitos países tenham atingido um sucesso notável, nenhum recebeu uma pontuação perfeita em nenhuma categoria – provando que há muito que todos os países ainda podem aprender uns dos outros”, declarou Nadel.
Por fim, o documento recomenda que os países reforcem suas metas de economia de energia, usando referências voluntárias como o Desempenho Superior de Energia ISO 50001 (ISO 2011) e incentivando financiamentos, como créditos fiscais, empréstimos e reservas contra perdas, para estimular investimentos privados em eficiência energética.
“Embora a eficiência energética tenha tido um papel importante nas economias das nações desenvolvidas por décadas, o custo benefício da eficiência energética continua a ser um recurso energético muito subutilizado. Felizmente, há muito que os países podem fazer para reforçar a competitividade econômica através de aprimoramentos na eficiência energética”, concluiu Sara Hayes, autora do relatório e pesquisadora do ACEEE.
Imagem: Ranking dos países conforme a pontuação que alcançaram em eficiência energética / Conselho Americano para uma Economia de Energia Eficiente (ACEEE).

Fonte: Instituto Carbono Brasil

Demanda interna impulsionará economia brasileira neste semestre, diz FMI


Brasília – A economia brasileira deve acelerar neste semestre, impulsionada pela demanda interna por produtos e serviços. A avaliação é do Fundo Monetário Internacional (FMI), divulgada em relatório hoje (20).
A expectativa é que a economia brasileira cresça 4% no último trimestre deste ano, em parte pela base de comparação fraca dos últimos três meses do ano passado e também pelos efeitos da política de corte de juros na economia.
No último dia 16, o FMI já havia informado que espera que a economia brasileira cresça 2,5% este ano. Para 2013, o FMI projeta crescimento de 4,6%, ligeiramente acima do potencial – em parte por causa da atividade econômica gerada pelos preparativos para a Copa do Mundo de 2014. Para o ano da Copa, o crescimento previsto pelo fundo é 4%.
O Fundo Monetário Internacional alerta que o principal risco no médio prazo seriam o aumento da inflação ligeiramente acima do centro da meta no ano que vem – as projeções indicam percentual de 5% no próximo ano.
Com base em tal avaliação, o relatório da instituição prevê que o governo brasileiro comece a retirar os estímulos à economia possivelmente já no fim deste ano ou ao longo do próximo.
Em nota para comentar a avaliação do FMI, o Banco Central (BC) enfatizou que o “relatório também aponta que as políticas adotadas desde agosto de 2011 promoverão uma recuperação gradual da atividade econômica brasileira”.
“O texto destaca que o ritmo de crescimento da economia brasileira vai se acelerar no segundo semestre de 2012, devendo crescer em torno de 4% a 4,5% ao ano em 2013-2014. Avalia ainda que a desaceleração observada no final de 2011 foi fruto, em grande parte, da deterioração mais forte do que a antecipada do quadro externo, que afetou a confiança dos empresários”, diz o BC.
Para o Banco Central, o FMI também considerou que as políticas monetária e fiscal implementadas pelo Brasil em 2011 e 2012 foram positivas e adequadas para enfrentar a crise econômica externa.
“O relatório aponta ainda que a inflação está convergindo para o centro da meta e se manterá em torno dela em 2013. Sobre o sistema financeiro, a avaliação é que ele está robusto, bem regulado e tem supervisão e provisões adequadas”, acrescenta a nota.
O Banco Central explica que um dos papéis do FMI é “o acompanhamento da política econômica de seus membros”, como o Brasil. Para elaborar o documento, o Brasil recebeu uma missão de economistas do fundo, que realizam visitas aos órgãos governamentais da área econômica e a algumas entidades do setor privado. A missão do FMI de "consulta do Artigo IV" ocorreu no Brasil de 7 a 22 de maio deste ano.

Fonte: Agência Brasil

terça-feira, 17 de julho de 2012

Câmara aprova MP 564 que concede incentivos à indústria nacional


Brasília - A Câmara dos Deputados aprovou há pouco a Medida Provisória 564 que, em conjunto com a MP 563 – aprovada na noite de ontem (16) pelos deputados – cria o Plano Brasil Maior e concede incentivo à indústria nacional. As duas MPs foram editadas pelo Executivo com o objetivo estimular a economia e combater os efeitos da crise econômica internacional no país.
A MP inclui novos setores no Programa Revitaliza do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para financiar empresas que foram afetadas pela crise. A matéria ainda injeta R$ 45 bilhões do Tesouro Nacional no BNDES para ampliar sua capacidade de fornecer crédito de longo prazo.
O texto também prevê a elevação de R$ 209 bilhões para R$ 227 bilhões no limite de financiamentos do BNDES com subvenção da União para modernização do parque industrial, desde que os recursos sejam usados para inovação tecnológica e agreguem valor às cadeias produtivas.
Ainda há outro dispositivo que promove a redução do custo de financiamentos para máquinas e equipamentos, ampliando prazos e aumentando os níveis máximos de participação.
Um ponto criticado por vários partidos da oposição é a proposta contida na MP de criação da Agência Brasileira Gestora de Fundos e Garantias S.A. De acordo com o texto, a União fica autorizada a participar de fundos dedicados a operações de comércio exterior ou projetos de infraestrutura de grande vulto. Um destaque para suprimir essa parte do texto foi rejeitado pelo plenário na votação de hoje.
Contudo, o nome da empresa foi alterado para Agência Brasileira Gestora de Fundos Garantidores e Garantias. A mudança foi proposta para limitar a atuação da empresa.
A votação das duas MPs (563 e 564) só foi possível porque partidos da base e da oposição chegaram a um acordo para suspender a obstrução que vinha sendo feita desde a semana passada. Com isso, também será possível votar ainda hoje a Lei de Diretrizes Orçamentária (LDO) de 2013 na Comissão Mista de Orçamento e no plenário do Congresso. Pela Constituição Federal, o recesso parlamentar vai de 18 a 31 de julho, mas só pode ocorrer depois da aprovação da LDO.

Fonte: Agência Brasil

Câmara aprova texto-base da MP 563 que beneficia a indústria


Brasília - O plenário da Câmara aprovou ontem (16) por 299 votos favoráveis e nenhum contrário o texto-base da Medida Provisória (MP) 563 que integra o Plano Brasil Maior e concede incentivos fiscais para diversos ramos da indústria. O texto final ainda pode ser alterado por meio de destaques. Durante a votação, o plenário rejeitou três requerimentos propostos pela oposição como parte da estratégia de obstrução para adiar a votação da MP.

A MP 563 estabelece regimes fiscais diferenciados e desonera produtos e a folha de pagamentos de alguns setores. Serão beneficiados com a desoneração da folha de pagamentos, em troca de uma percentagem sobre a receita bruta, os setores de hotéis, móveis, autopeças, naval, aéreo e de empresas de call center e de projetos de circuitos integrados (chips).

O texto aprovado é o projeto de lei de conversão do senador Romero Jucá (PMDB-RR), que inclui benefícios a outros setores como empresas de transporte de carga e de passageiros (rodoviário, marítimo e aéreo), fabricantes de brinquedos (bonecos, triciclos, trens elétricos, musicais) e fornecedores de pedras (granitos e mármores).

A Câmara dos Deputados deve votar amanhã a Medida Provisória 564, que também integra o Plano Brasil Maior. A medida inclui novos setores no Programa Revitaliza do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), voltado para empresas que atuam em setores afetados negativamente pela conjuntura econômica internacional e dispõe sobre financiamento às exportações indiretas.

De acordo com o presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia (PT-RS), também está na pauta desta terça-feira a votação da Lei de Diretrizes Orçamentária (LDO) de 2013. Pela Constituição Federal, o recesso parlamentar vai de 18 a 31 de julho, mas só pode ocorrer caso a LDO seja aprovada.

Fonte: Agência Brasil

Alta de salários pode ajudar China a ajustar-se a crescimento mais lento


Os salários ainda estão aumentando na China e muitas empresas estão tendo dificuldade para preencher suas vagas, apesar do declínio acentuado na economia aqui — evidência de uma escassez estrutural de mão de obra que pode ajudar a China a ajustar-se ao crescimento mais lento sem causar instabilidade política e estimular o apetite do consumidor por produtos estrangeiros.

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Xinhua/Zuma Press
O primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao (no centro), conversa com trabalhadores durante uma visita a Chengdu, capital da província de Sichuan.
Refletindo o aperto na oferta de mão de obra, os salários das famílias urbanas aumentaram 13% no primeiro semestre ante um ano atrás, e a média do salário mensal de trabalhadores migrantes subiu 14,9%, de acordo com dados do Órgão Nacional de Estatística da China. Uma pesquisa do Ministério do Trabalho em 91 cidades no primeiro trimestre mostrou que a demanda por trabalhadores excedeu a oferta num nível recorde, indicando um baixo desemprego.
A escassez de trabalhadores, que contrasta com o nível preocupante do desemprego nos Estados Unidos e na Europa, ajuda a explicar por que Pequim não está correndo para repetir os programas de estímulo maciços que pôs em prática em 2009.
Naquela época, o colapso do comércio mundial forçou demissões em larga escala nas fábricas ao longo da costa, e uns 20 milhões de trabalhadores migrantes voltaram para suas casas no interior. Os temores de agitação social que isso gerou levaram o governo a gastar generosamente com ferrovias para trens-bala, estradas e outros projetos de estímulo ao crescimento.
Até agora, a desaceleração não se mostrou tão severa quanto em 2009, quando a economia mundial mergulhou na recessão. Sheng Laiyun, um porta-voz da Agência Nacional de Estatística, disse que cerca de seis milhões de novos empregos foram criados nas cidades chinesas no primeiro semestre e os números do emprego de migrantes também subiram.
Mas salários em alta também têm os seus riscos. Na China, os salários ainda estão partindo de uma base muito baixa, mas estão subindo depressa. Às taxas atuais, os salários do setor privado de manufatura vão dobrar entre 2011 e 2015, e triplicar até 2017, corroendo a competitividade e prejudicando as exportações, as quais tiveram um papel fundamental no crescimento inicial da China.
De fato, a Boston Consulting Group calcula que os salários na China podem ultrapassar os do México este ano, quando se leva em consideração as diferenças de produtividade entre os dois países.
A transição para uma economia de altos salários, onde a produção do setor de serviços e o consumo doméstico têm um papel maior, não será tão linear. Ainda há decisões difíceis a tomar, incluindo a abertura de partes críticas do setor de serviços — como o segmento bancário e o de telecomunicações — a uma concorrência maior. Algumas dessas decisões requerem confrontar grupos de interesse poderosos como empresas estatais e governos locais. O processo vai se desenrolar por anos, não somente meses.
Os resultados terão consequências para aqueles que ganham e perdem com as rápidas mudanças na economia da China. O mesmo aumento nos salários que começou a elevar os preços dos produtos da China no mercado mundial também deve levantar a demanda por bens de consumo importados. Os principais beneficiados com o rápido crescimento da China até agora foram exportadores de commodities como a Austrália, rica em minério de ferro, e fabricantes de máquinas avançadas como a Alemanha. No futuro, os produtores de bens de consumo de primeira linha nos EUA e na Europa poderiam ganhar uma fatia maior do bolo.
O movimento de alta dos salários vem sendo moldado por mudanças na população e nas políticas do governo. O tamanho da força de trabalho se estabilizou, dizem os demógrafos, e começará encolher na metade da década, acirrando a competição por trabalhadores.
A China se comprometeu a aumentar substancialmente o salário mínimo, o que pressiona os empregadores a subir os salários dos funcionários mais qualificados. Pequim também elevou as indenizações aos demitidos. Isso desencoraja demissões, a não ser que haja uma queda drástica nos negócios.
No passado, o crescimento estonteante — em que o produto interno bruto subiu numa média de cerca de 10% ao ano pelos últimos 30 anos — foi necessário para criar empregos para os milhões de jovens trabalhadores que inundavam o mercado todo ano. Agora, esse fluxo está perdendo fôlego, no mesmo momento em que a China passa a priorizar o crescimento do setor de serviço.
Essa dinâmica ajuda a explicar por que há poucos casos de demissões, ainda que o crescimento do PIB tenha sido de 7,6% no segundo trimestre de 2012, quase metade do pico de 14,8% atingido no segundo trimestre de 2007. Explica também por que os líderes chineses parecem mais otimistas quanto a um crescimento mais lento. "A taxa de crescimento potencial da China diminuiu", disse Chen Dongqi, um experiente pesquisador do governo, acrescentando que "7% a 8% agora é o normal".
O desemprego oficial da China foi de 4,1% no fim do primeiro trimestre, embora os dados cubram somente os trabalhadores urbanos e sejam considerados pouco confiáveis pela maioria. A taxa de desemprego nos EUA foi de 8,2% em junho, sendo que os salários cresceram 1,7% no primeiro trimestre de 2012 comparado com um ano atrás. Na zona do euro, o desemprego atingiu 11,1% em maio, o nível mais alto desde a criação da moeda comum.
O vigor do mercado de trabalho na China vem das profundas mudanças demográficas. A política do filho único, introduzida no país em 1980, está começando a corroer o suprimento de trabalhadores. Em 2005, havia 120,7 milhões de chineses entre 15 e 19 anos de idade, segundo estimativas das Nações Unidas. Em 2010, esse número tinha caído para 105,3 milhões, e deve chegar a 94,9 milhões até 2015.
Fonte: The Wall Street Journal

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Empresários não investem porque falta projeto nacional


Nome forte do estruturalismo, Carlos Lessa diz que o modelo de incentivo ao consumo deu certo, mas não é suficiente. Com a crise, é preciso aumentar a taxa de investimento privado.

Aos 76 anos, o professor Carlos Lessa é um dos economistas mais respeitados do país.

Com Maria da Conceição Tavares e Antonio Barros de Castro, ele formou o trio de ferro da escola estruturalista que ainda hoje exerce grande influência na teoria econômica, ao dar destaque ao estudo das estruturas de produção em contraponto ao liberalismo.

Inspirados nas lições de Celso Furtado e de Inácio Rangel, os amigos Lessa e Castro lançaram em 1967 uma obra que se tornou clássica em toda a América Latina e está na 47ª edição: "Introdução à Economia: Uma Abordagem Estruturalista".

As vendas do livro "Castro-Lessa", como é conhecido no meio acadêmico, já somam 500 mil exemplares.

Presidente do BNDES no primeiro governo Lula, Carlos Lessa foi afastado em novembro de 2004 depois de fazer pesadas críticas ao então presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, pela política de taxas de juros elevadas.

Coisas da vida de Lessa. No momento, ele está afastado da petista Conceição, por divergências políticas. Irreverente e rápido no gatilho, é apontado por unanimidade como brilhante conferencista e orador. Sempre crítico e independente, costuma entremear a análise profunda da realidade com expressões fortes.

Foi o que ele fez nesta entrevista exclusiva ao Brasil Econômico. Professor emérito do Instituto de Economia da UFRJ e fundador do Departamento de Economia da Unicamp, Lessa está muito preocupado com o cenário atual.

Mas discorda daqueles que consideram esgotado o modelo de incentivo ao consumo. "O endividamento das famílias é um processo clássico de funcionamento de qualquer economia capitalista. Pode ser extremamente virtuoso", explica.

Diante do agravamento da crise internacional, o que mais prejudica a economia brasileira, na visão de Lessa, não é o contágio externo, mas, sim, o baixo nível de investimento privado.

"O empresário só se endivida e amplia a capacidade se tiver um horizonte firme de expansão, de crescimento da economia como um todo", explica. Mas isso não está acontecendo agora, diz ele.

"O governo manda sinais ambíguos, dá uma no cravo e outra na ferradura. E os empresários, quando veem sinais confusos, se retraem." O professor considera incoerente, por exemplo, se falar de aumento do superávit primário e ao mesmo tempo apostar no crescimento.

Para Lessa, "o quadro geopolítico não está para peixe" e só existe um caminho para contornar de vez os obstáculos: uma sinalização inequívoca com um projeto nacional de desenvolvimento.

Quais seriam as bases desse projeto? "A habitação é chave. Em segundo lugar, o investimento em energia. Para fechar o tripé, investimento no sistema de transporte, que é a maior perversidade brasileira", ataca Lessa.

E faz uma ressalva elogiosa à presidente Dilma Rousseff: "Ela sabe tudo isso, foi minha aluna e da Conceição na Unicamp. Conhece os problemas da economia a fundo. Mas é tímida nas decisões".

Alguns analistas afirmam que o modelo de incentivo ao consumo que vem sendo adotado desde 2009 se desgastou como munição anticíclica. O senhor concorda?

Em princípio, não. O endividamento das famílias é um processo clássico de funcionamento de qualquer economia capitalista. Pode ser um modo de reativar a atividade da economia.

Se o nível de utilização da capacidade produtiva estiver muito baixo e as famílias estiverem ansiosas por ter acesso aos bens, o sistema de financiamento é eficaz.

Eleva o emprego, a renda das famílias e a arrecadação de impostos. O endividamento familiar é virtuoso para a indústria automobilística, para a eletroeletrônica, para a linha branca e virtuosíssimo para a indústria imobiliária.

O início do chamado milagre brasileiro, em 1968, se deu com o BNH e o SFH. Na época, a retomada baseou-se principalmente na construção civil. Os governos do PT, desde Lula, também lançaram mão disso.

Na cabeça do brasileiro, a compra de um bem durável é aumento patrimonial. A experiência do povão é que se tiver um bem durável - um automóvel, uma geladeira, etc - tem algo para dar em garantia quando não tiver renda. Estou fazendo um rodeio para dizer o seguinte: deu muito certo!

Mas por que o endividamento agora não está surtindo efeitos virtuosos sobre a economia?

Por um pequeno detalhe: o endividamento familiar só é virtuoso quando o poder público e as empresas elevam a taxa de investimento.

Para os economistas, investimento é a ampliação da capacidade produtiva. Ou seja, se as pessoas compram mais automóveis é de se esperar que a indústria automobilística aumente suas instalações. E encomende engenharia industrial, prédios, equipamentos.

Tudo isso dinamiza a economia. Essa é a ideia. Mas a empresa privada só se endivida e amplia a capacidade, se tiver um horizonte firme de expansão, de crescimento da economia como um todo, de mercado a longo prazo.

Por que as empresas no Brasil desfrutaram da dívida das famílias e não investiram? Porque o sinal que o governo mandava era ambíguo. Dava uma no cravo outra na ferradura.

Dizia que a prioridade é o combate à inflação e o aumento do superávit primário para pagar a dívida pública, e ao mesmo tempo falava de crescimento. Os empresários, quando veem sinais confusos, se retraem.

Pode-se concluir, então, que o problema da economia não é o excessivo endividamento das famílias?

Não. Como eu disse, o endividamento pode ser virtuoso ou pecaminoso. O problema brasileiro, que já vem dos anos 90, é a ausência de um projeto nacional de desenvolvimento.

Os empresários não sabem para onde o Brasil vai. Se eu fosse empresário, estaria o tempo todo me perguntando o que vai acontecer daqui a cinco ou seis anos. Claro, se eu sou dono de uma lanchonete, eu quero saber o que está acontecendo no quarteirão.

Fonte: Brasil Econômico

Projeto brasileiro entra na lista dos dez mais inovadores do mundo em infraestrutura urbana


Rio de Janeiro – Um projeto brasileiro da área de energia está entre os dez melhores projetos de infraestrutura urbana inovadores, que podem tornar as cidades habitáveis e sustentáveis. Os projetos constam de uma lista incluída no relatório global Infraestrutura 100: Cidades Mundiais, apresentado pela empresa de consultoria internacional KPMG na Cúpula das Cidades do Mundo, em Cingapura, no início deste mês.

O relatório mostra como projetos pioneiros na área da infraestrutura podem fazer diferença, contribuindo para o surgimento das chamadas cidades do futuro, locais onde as pessoas querem morar e trabalhar. O Brasil aparece com dez entre os 100 projetos selecionados, metade das iniciativas apresentadas pela América do Sul.

Considerado um dos dez mais relevantes do mundo, o projeto Cidade Inteligente Búzios foi incluído na categoria infraestrutura de energia urbana e, de acordo com a publicação, responde a um dos maiores desafios do século 21, que é o desenvolvimento da infraestrutura urbana sustentável.

Os outros projetos inspiradores listados no relatório são os de Acesso pelo Lado Leste, da cidade de Nova York, na categoria mobilidade urbana; Corredor Industrial Delhi-Mumbai, na Índia, em conectividade global; Desenvolvimento Regional de Oresund, Dinamarca e Suécia, sobre recuperação urbana; Universidade Princess Nora Bint AbdulRahman para Mulheres, de Riad, capital da Arábia Saudita, que trata de educação; Royal London Hospital, de Londres, sobre saúde; Planta de Dessalinização Tuas II, de Cingapura, relativo à água; Cidade Ecológica de Tianjin, Tianjin, da China, sobre cidades novas e ampliadas; Sistema de Esgoto em Túneis Profundos, de Kranji para Changi, de Cingapura, que trata de reciclagem e gerenciamento de resíduos; e Projeto de Cabo do Briocs, da África do Sul e Ilhas Maurício, sobre infraestrutura de comunicações.

Segundo a diretora da KPMG no Brasil, Iêda Novais, a questão da sustentabilidade foi determinante na escolha dos melhores projetos mundiais de infraestrutura urbana, que são modelos para serem copiados em outras cidades e regiões. “O fundamental é trazer projetos que ajudem os países a ter boas práticas. Ter um modelo.” Para ela, muitas vezes, o que falta às cidades é uma metodologia que possa ser adotada localmente, por meio de parcerias público-privadas (PPPs), com financiamentos diversos. "Esses projetos podem criar uma nova fronteira, em termos de gestão das cidades”.

Esta foi a segunda edição do relatório sobre infraestrutura nas cidades mundiais. Na primeira, divulgada no ano passado, o Brasil entrou com seis projetos – um deles, o do trem de alta velocidade, que ligará os estados do Rio de Janeiro e de São Paulo, apareceu também entre as dez principais iniciativas globais. De acordo com Iêda, a edição deste ano incluiu projetos "mais encorpados" do Brasil, alguns vinculados a megaeventos esportivos como a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016.

Iêda diz que acordos como o que foi firmado em junho entre as 20 maiores cidades do mundo durante a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, é que vão determinar a adoção de práticas sustentáveis no mundo. “Esse tipo de acordo é que vai fazer com que a questão da sustentabilidade nas grandes cidades venha a tomar forma, a partir de agora, para atender às exigências futuras das populações."

Para ela, tais práticas determinarão o surgimento de novas “fronteiras” entre cidades, regiões e países, que ultrapassarão a questão geográfica. “As cidades vão competir entre si economicamente e na geração de empregos. As cidades sustentáveis têm melhor clima para atrair investimentos e oferecer mais qualidade de vida às pessoas.”  De acordo com Iêda, o objetivo de todos os projetos selecionados é gerar benefícios para as populações. Os países que têm práticas de infraestrutura mais desenvolvidas foram selecionados em todas as  regiões do mundo.

Os demais projetos brasileiros selecionados na publicação deste ano foram a modernização do Hospital do Subúrbio e o Projeto Integrado de Gestão de Água e Saúde, na Bahia; o Centro de Operações Rio da IBM, o corredor de transporte coletivo Transolímpica, o Porto Maravilha, e o Parque Olímpico, todos no Rio de Janeiro; a primeira parceria público-privada (PPP) do país para a construção e operação de escolas, em Belo Horizonte; a Linha 4 do Metrô de São Paulo; e o Embraport, maior terminal privado multiuso do Brasil, no Porto de Santos, em São Paulo.

Fonte: Agência Brasil