Economista, Especialista em Economia e Meio Ambiente pela Universidade Federal do Paraná e Graduando em Estatística, também, pela Universidade Federal do Paraná.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Resíduos de Construção e Demolição (RCD)

Inicialmente, ao falarmos de entulho, devemos vê-lo como uma fonte de materiais de grande utilidade para a construção civil. A reciclagem na área de construção civil ocorre das seguintes maneiras: uso de resíduos de outras indústrias, como siderúrgica e metalúrgica; transformação dos resíduos de obras e demolição em novos materiais de construção. O processo de reciclagem de RCD, realizado em usinas de reciclagem de resíduos de construção civil (URRCC), é composto por uma triagem das frações inorgânicas e não-metálicas do resíduo, excluindo madeira, plástico e metal, que são direcionados a outras empresas do setor de reciclagem. Em seguida obtém-se o agregado reciclado, resultado do resíduo britado ou quebrado em partes menores e classificado conforme sua granulometria. A aplicação do agregado reciclado se dá atualmente em base e sub-base de pavimentação, devido ao grande volume absorvido e a facilidade de processamento.

A Resolução nº 307 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), de 5 de julho de 2002, estabeleceu diretrizes para a gestão dos resíduos da construção e demolição, direcionando responsabilidades para os geradores de RCD, tanto do poder público como da iniciativa privada, e também defniu e classifcou aquilo que, na linguagem popular, é chamado de “entulho”.

MAS O QUE SÃO OS RCD?
Conforme o Art. 3º da Resolução, eles são classificados em:


Classe A - são os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados, tais como:
a) de construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação e de outras obras de infraestrutura, inclusive solos provenientes de terraplanagem;


b) de construção, demolição, reformas e reparos de edifcações: componentes cerâmicos (tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento etc.), argamassa e concreto;


c) de processo de fabricação e/ou demolição de peças pré-moldadas em concreto (blocos, tubos, meios-fios etc. produzidas nos canteiros de obras;


Classe B - são os resíduos recicláveis para outras destinações, tais como: plásticos, papel/papelão, metais, vidros, madeiras e outros;


Classe C - são os resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias ou aplicações economicamente viáveis que permitam a sua reciclagem/recuperação, tais como os produtos oriundos do gesso;


Classe D - são os resíduos perigosos oriundos do processo de construção, tais como: tintas, solventes, óleos e outros, ou aqueles contaminados oriundos de demolições, reformas e reparos de clínicas radiológicas, instalações industriais e outros.


A partir dessa classificação, quem trabalha no setor deve ter como objetivo não gerar resíduos, mas, se gerar, deve cuidar de sua reutilização, reciclagem e destinação fnal correta. Cada município tem a responsabilidade de estabelecer ações para que seja cumprida a resolução do Conama. Inclusive, deve disponibilizar uma área própria para o depósito desse tipo de material, já que, de forma nenhuma ele pode ir para os aterros comuns.


TRAJETÓRIA DOS RCD

1. Triagem: deve ser realizada na obra e respeitar a classifcação do Conama (de acordo com as classes A, B, C e D);
2. Acondicionamento: armazenar corretamente até que seja transportado;
3. Transporte: de acordo com suas características e com as normas técnicas específcas;
4. Destinação: conforme as quatro classes estabelecidas


BENEFÍCIOS DA RECICLAGEM E DO BOM APROVEITAMENTO DOS MATERIAIS
A reciclagem e o reaproveitamento do entulho, assim como a diminuição do desperdício de materiais de construção, são fundamentais para a mudança do cenário de degradação que os resíduos causam. A reciclagem contribui reaproveitando material já retirado do meio ambiente, no caso, matérias-primas fnitas como, por exemplo, pedras retiradas de pedreiras ou areia em leito de rios. Projetos mal elaborados, obras inacabadas e abandonadas, materiais de qualidade duvidosa, transporte ou armazenamento inadequado, mão de obra inexperiente e até mesmo as conhecidas reformas que substituem materiais de construção gerando quantidades enormes de entulho são algumas das causas do desperdício.
Investir na implementação de uma gestão limpa e saudável na área de RCD é fundamental para o meio ambiente e para a economia dos municípios, que passam a gastar menos recursos em coleta, limpeza de bueiros e tratamento de doenças. Atualmente, a quantidade de resíduos gerados é considerada grande, ocupando muito espaço nos aterros; seu transporte, em função  do volume e do peso, é bastante caro. A reciclagem e o reaproveitamento dos RCD são extremamente importantes para controlar e atenuar os problemas ambientais, assim como para produzir diversos materiais de valor agregado.


USINA DE RECICLAGEM DE ENTULHO ou RCD
Uma usina básica para a reciclagem de resíduos de construção e demolição é constituída por: alimentador vibratório, britadores, transportadores de correia e peneira classifcatória (os quais devem ser dimensionados ao volume a ser processado), e, caso seja necessário, equipamento para lavagem dos agregados reciclados.


Uma planta básica, com equipamentos novos, fica em torno de R$ 1 milhão para um processamento a partir de 50 toneladas por hora, incluindo infraestrutura de construção civil. Utilizando equipamentos usados, o valor pode cair para R$ 600 mil e uma usina de última geração, com tecnologia importada, pode chegar a R$ 3 milhões.


Resíduos como cerâmica, blocos, concretos, pisos e azulejos podem ser transformados em agregados reciclados como areia, pedrisco, brita e bica corrida. “Esses agregados são utilizados como base e sub-base de pavimentação, concreto para ser usado em guias, sarjetas, mourões, blocos de vedação e em outras aplicações menores, como no paisagismo”, afrma. O material reciclado ainda pode ser muito útil para o controle de erosões, recuperação de estradas rurais e pavimentação (bloquetes para pisos intertravados).
Extremamente vantajoso, o uso dos materiais reciclados chega a gerar uma economia de até 30% em relação a similares com matéria-prima não reciclada, dependendo dos gastos indiretos e da tecnologia empregada nas instalações de reciclagem.
No entanto, não há dúvida de que será sempre mais benéfco para o meio ambiente. Grandes pedaços de concreto podem ser empregados para conter processos erosivos na orla marítima, enquanto o entulho triturado e preparado pode ser utilizado em pavimentação, operações tapa-buraco, construção civil, entre outros.


USINAS DE RECICLAGEM DE RCD NO BRASIL

CidadePropriedadeInstalação   Cap. (t/n)Situação
São Paulo/SPPrefeitura1991100             Desativada
Londrina/PRPrefeitura199320             Desativada
B. Horizonte (Estoril)Prefeitura199430             Operando
B. Horizonte (Pampulha)Prefeitura199620             Operando
Ribeirão Preto/SPPrefeitura199630             Operando
Piracicaba/SPAutarquia/Emdhap199615             Operando
SãoJosédosCampos/SPPrefeitura199730             Desativada
Muriaé/MGPrefeitura19978              Desativada
São Paulo/SPATT Base199815             Desativada
Macaé/RJPrefeitura19988              Desativada
São Sebastião/DFAdm. Regional19995              Desativada
Socorro/SPIrmãos Preto20003              Operando
Guarulhos/SPPrefeitura/Proguaru200015             Operando
Vinhedo/SPPrefeitura200015             Operando
Brasília/DFCaenge200130             Operando
Fortaleza/CEUsifort200260             Operando
Ribeirão Pires/SPPrefeitura200315             Desativada
Ciríaco/RSPrefeitura200315             Desativada
São Gonçalo/RJPrefeitura200435             Paralisada
Jundiaí/SPSMR200420             Operando
Campinas/SPPrefeitura200470             Operando
São B. do Campo/SPUrbem200550             Operando
São B. do Campo/SPEcoforte200570             Desativada
São José do Rio Preto/SPPrefeitura200530             Operando
São Carlos/SPPrefeitura/Prohab200520             Operando
B. Horizonte (BR040)/MGPrefeitura200640             Operando
Ponta Grossa/PRP. Grossa Amb.200620             Operando
Taboão da Serra/SPEstação Ecologia200620             Operando
João Pessoa /PBPrefeitura/Emlur200725             Operando
Caraguatatuba/SPJC200715             Operando
Colombo/PRSoliforte200740             Operando
Limeira/SPRL Reciclagem200735             Operando
Americana/SPCemara200725             Operando
Piracicaba/SPAutarquia/Semae200720             Operando
Santa Maria/RSGR2200715             Operando
Osasco/SPInst. Nova Agora200725             Instalando
Rio das Ostras/RJPrefeitura200720             Instalando
Brasília/DFCAENGE200830             Operando
Londrina/PRKurica Ambiental200840             Operando
São Luís/MALimpel200840             Operando
São J. dos Campos/SPRCC Ambiental200870             Operando
Paulínia/SPEstre Ambiental2008100            Operando
Guarulhos/SPHenfer200830             Instalando
Barretos/SPPrefeitura200825             Instalando
São José dos Campos/SPJulix - Enterpa200825             Instalando
Petrolina/PEPrefeitura200825             Instalando
Itaquaquecetuba/SPEntrec Ambiental200840             Instalando

QUALIDADE
  Normas relacionadas:
ABNT NBR 15112 - Resíduos da construção civil e resíduos volumosos - Áreas de transbordo e triagem - Diretrizes para projeto, implantação e operação - Link para consulta

ABNT NBR 15113 - Resíduos sólidos da construção civil e resíduos inertes - Aterros - Diretrizes para projeto, implantação e operação - Link para consulta

ABNT NBR 15114 - Resíduos sólidos da Construção civil - Áreas de reciclagem - Diretrizes para projeto, implantação e operação - Link para consulta

ABNT NBR 15115 - Agregados reciclados de resíduos sólidos da construção civil - Execução de camadas de pavimentação - Procedimentos - Link para consulta

ABNT NBR 15116 - Agregados reciclados de resíduos sólidos da construção civil - Utilização em pavimentação e preparo de concreto sem função estrutural - Requisitos - Link para consulta
ABNT NBR NM 27 - Agregados - Redução da amostra de campo para ensaios de laboratório - Link para consulta
ABNT NBR 7181- Solo - Análise granulométrica - Link para consulta
ABNT NBR NM 248 - Agregados - Determinação da composição granulométrica - Link para consulta
ABNT NBR NM 46 - Agregados -Determinação do material fino que passa através da peneira 75 m por lavagem
ABNT NBR NM 53 - Agregado graúdo - Determinação de massa específica, massa específica aparente e absorção de água - Link para consulta
ABNT NBR NM 30 - Agregado miúdo - Determinação da absorção de água - Link para consulta
ABNT NBR 7211 - Agregados para concreto - Especificação - Link para consulta
ABNT NBR 7809 - Agregado graúdo - Determinação do índice de forma pelo método do paquímetro - Link para consulta
ABNT NBR 9895 - Solo - Indice de suporte califórnia
ABNT NBR 9917 - Agregados para concreto – Determinação de sais, cloretos e sulfatos solúveis


INFORMAÇÖES ADICIONAIS:
Revista Visão Ambiental - Caderno de Resíduos - Especial RCD - Link para download -Link para consulta
Resolução 307 na íntegra - Link para consulta
Artigos Técnicos USP - Reciclagem de Resíduos da Construção Civil - Link para consulta


Fonte: JMA-Jornal Meio Ambiente da Createc

Nenhum comentário:

Postar um comentário