Economista, Especialista em Economia e Meio Ambiente pela Universidade Federal do Paraná e Graduando em Estatística, também, pela Universidade Federal do Paraná.

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

A difícil compatibilização entre o boom construtivo e o meio ambiente.

Vivemos um período histórico, não temos lembrança de ter havido época tão promissora no setor da construção civil. Grandes cidades brasileiras se transformaram em verdadeiros canteiros de obras, aliança entre anos de defasagem imobiliária e momento econômico ímpar. Curitiba toma posição de destaque neste cenário, já que quem mais consome é a classe média, e em Curitiba esta classe é predominante. Segundo informação do Sinduscon – PR o Brasil cresceu 7,5% em 2010, já a construção civil 11,6%. Tal diferença continuará no ano de 2011 com índices um pouco mais modestos, mas continuará. No mínimo mais cinco anos de prosperidade nos espera. Construções são feitas em desfavor de demolições, de terraplanagem e de escavações. Isso sem contar a normal geração de resíduos provenientes do próprio processo construtivo. É resíduo gerado às dezenas de toneladas. Onde descartar tais resíduos de modo ambientalmente correto? Tem se duas alternativas: aterros e usinas. A legislação ambiental restritiva como é, coloca inúmeros obstáculos aos processos de autorizações para ambos os fins. Aterros além da legislação ambiental, devem obedecer a diversas outras normativas. Usinas além dos valores exorbitantes dos maquinários enfrentam igualmente uma legislação que em nada favorece a sua abertura. Uma usina de reciclagem leva no mínimo quatro anos, desde o protocolo de sua licença prévia até o início do recebimento do material para processamento. É muito tempo, é muita restrição. A legislação quando muito draconiana, incentiva a ilegalidade. E é isso que ocorre no setor, em grande parte ao menos. Empresas de transporte piratas, aterros ilegais, despejos em áreas de preservação permanente, e por aí vai. Quem ganha e quem perde com tudo isso? Bem, quem ganha (aparentemente) é o usuário (particular, construtora, demolidora etc.) mal intencionado, que não vê o meio ambiente preservado como algo que faz parte de sua vida. O preço mais baixo das empresas transportadoras inidôneas é o diferencial que procuram. Quem perde? Todos, inclusive o grupo que acha que ganha. O rigor por parte do poder público na emissão de autorizações de aterro e nas liberações de licenças ambientais para usinas não é (infelizmente) o mesmo da fiscalização da atuação das transportadoras. É mais fácil restringir poucas solicitações do que fiscalizar dezenas de empresas. O mais fácil neste caso é fator determinante para a degradação ambiental que está em curso.

Fonte: Jornal do Meio Ambiente

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