Por Felipe Peroni
Cresce a preocupação sobre o grau de exposição dos países emergentes diante de uma deterioração da crise na Zona do Euro.
O Produto Interno Bruto (PIB) conjunto da Zona do Euro deve sofrer retração de 0,9% em 2012, segundo estimativas do banco britânico Lloyds. E a menor demanda desses países deve afetar os emergentes.
Segundo pesquisa do Lloyds, o Brasil está no grupo de emergentes com menor exposição direta a uma redução da demanda de exportações da Europa.
"Brasil e México estão relativamente isolados de uma desaceleração na demanda europeia", afirma em relatório Sian Fenner, do Lloyds.
O analista ressalta que não está considerando os outros canais de contágio, como mercados financeiros e confiança na economia.
Com economia relativamente fechada, as exportações correspondem a 11,2% do PIB brasileiro, e 18,2% dessas exportações vão para países da Zona do Euro.
Situação bem diferente vive a Rússia, cujas exportações respondem por 27,8% do PIB, e do total das vendas externas, 35,7% vão para seus vizinhos europeus.
No grupo de países menos afetados, junto ao Brasil figuram a Índia, cujas exportações para a Zona do Euro são 14,5% do total, e o México, cujas exportações para a região são apenas 4% do total.
Isso não significa que o Brasil esteja imune a uma crise. Justamente a China, que é o maior comprador das exportações brasileiras, é um dos países mais vulneráveis à Zona do Euro.
Na nação asiática, cerca de 30% do PIB vem das exportações, e 15% das vendas externas são destinadas à Zona do Euro.
"A maior compradora do Brasil é a China. Ela compra para sustentar sua produção, que só vai ocorrer se tiver demanda no mundo", diz Cláudio Gonçalves dos Santos, conselheiro do Conselho Regional de Economia de São Paulo (Corecon-SP).
"Apesar do Brasil ser uma economia relativamente fechada, uma crise pode afetar significativamente vários países, atingindo também o nosso", afirma.
Para o economista, mesmo excluindo os demais canais de contágio, a estrutura interligada do comércio internacional pode impactar a economia brasileira.
"Até por isso hoje o governo divulgou medidas fiscais, justamente para estimular o consumo interno e fazer com que a economia não se desacelere", lembra o economista.
Fonte: Brasil Econômico
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