Com a Revolução Industrial a capacidade da humanidade de intervir na natureza deu um salto colossal e que continua a aumentar sem cessar. É importante ressaltar que esta enorme capacidade de intervenção ao mesmo tempo em que provocou grandes danos ambientais, também ofereceu em muitas situações os meios para que a humanidade afastasse a ameaça imediata de que tais danos pudessem representar para a sua sobrevivência retardando, assim, a adoção de técnicas e procedimentos mais sustentáveis.
Para além dos desequilíbrios ambientais decorrentes desta maior capacidade de intervenção, a Revolução Industrial, baseada no uso intensivo de grandes reservas de combustíveis fósseis, abriu caminho para uma expansão inédita da escala das atividades humanas pressionando fortemente a base de recursos naturais do planeta. Mesmo se todas as atividades produtivas humanas respeitassem os princípios ecológicos básicos, a expansão de tais atividades não poderia ultrapassar os limites termodinâmicos definidos como “carrying capacity” (capacidade de carga) do planeta.
A magnitude da capacidade de intervenção exercida pela sociedade sobre o meio ambiente é resultante do tamanho da população multiplicado pelo consumo per capita de recursos naturais, dada a tecnologia. Ou seja, o progresso técnico pode minimizar relativamente esta pressão, mas não eliminá-la.
É preciso criar, urgentemente, condições socioeconômicas, institucionais e culturais a fim de estimular não apenas um rápido e adequado progresso tecnológico poupador de recursos naturais, mas também, uma mudança no direcionamento dos padrões de consumo o que implicaria no crescimento contínuo, ilimitado e, principalmente, de qualidade do uso de recursos naturais per capita.
Porém, a grande dificuldade está na estabilização dos níveis de consumo per capita, pois pressupõe uma mudança de atitude, de valores o que contraria aquela prevalecente ligada à lógica do processo de acumulação de capital em vigor desde a ascensão do capitalismo, e que se caracteriza pela criação contínua de novas necessidades de consumo. Teria que haver, portanto, uma necessidade de passar de uma civilização do ter para uma civilização do ser (Sachs, 1996).
Bibliografia
PETER, May (org). Economia do Meio Ambiente. 2ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.
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