INSUSTENTABILIDADE ECOLÓGICA, ECONOMIA E POBREZA RURAL[i]
Os modelos de desenvolvimento rural propiciaram frequentemente a degradação dos ecossistemas, baseando-se em argumentos como a necessidade de “gerar recursos” para satisfazer as necessidades das populações rurais, sem considerar a qualidade ambiental de tais recursos e os altos riscos de reversão da situação de aparente bem-estar a médio e longo prazo, devido especificamente às bases nas quais se sustentava o modelo de desenvolvimento. Por outro lado, esta degradação funde suas raízes na crescente inadequação dos conhecimentos tradicionais, conjugada com determinadas decisões de política econômica (Blaikie, 1984).
Neste sentido, a degradação ambiental prejudica as bases do desenvolvimento, enquanto o processo de empobrecimento assumiu a forma de um processo gradual e acumulativo, embora seja visto normalmente como manejável e sem riscos. No entanto, não se pode esquecer que as espécies animais e vegetais, a água, ar e solo se convertem em recursos não-renováveis quando seu uso é inadequado (Carabias et al., 1995; Altieri, 1992). Por isso é que se faz necessário identificar uma estratégia que supere ao mesmo tempo a pobreza e a degradação no setor rural, ou seja, propor alternativas de uso dos recursos que detenham e revertam a deterioração do meio ambiente, propiciando ao mesmo tempo o aproveitamento diversificado dos recursos naturais renováveis levando em consideração que a diversidade biológica se constitui em fator de desenvolvimento.
Em termos gerais, a insustentabilidade ecológica dos recursos naturais é também econômica e demasiadamente insustentável em termos sociais. Mas as consequências da deterioração ambiental nem sempre são notadas de imediato, e os efeitos de um uso inadequado dos recursos naturais podem demorar anos para serem notados. Por outro lado, a tendência normal dos diferentes fatores é procurar obter benefícios imediatos, por necessidade de sobrevivência ou por lucro. Neste caso, o desafio central para o planejamento de alternativas de manejo é demonstrar que as práticas sustentáveis propostas são mais proveitosas que as práticas insustentáveis anteriores (Sizer, 1994).
[i] A pobreza rural costuma ser provocada por um conjunto de fatores de caráter estrutural, como as políticas econômicas, o estímulo mercantil à depredação, a desigual distribuição de recursos e riqueza, a estrutura de posse de terra e do acesso aos recursos em geral combinados com um baixo ou inadequado nível de educação e com ausência de propostas produtivas apropriadas
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