Economista, Especialista em Economia e Meio Ambiente pela Universidade Federal do Paraná e Graduando em Estatística, também, pela Universidade Federal do Paraná.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Banco condiciona informação à abertura de conta


Procura do cliente bancário por melhores condições de taxa pode ser frustrada por falta de transparência nas agências bancárias; segundo especialistas, conduta fere os direitos do consumidor.
"Nossas taxas são ótimas, mas primeiro você abre a conta e depois a gente te conta." Assim pode ser resumido o atendimento dado ao consumidor que tenha o intuito de trocar de banco, mas que antes de tomar a decisão tenta saber mais sobre as taxas de juros que serão cobradas.
O Brasil Econômico esteve em uma agência de cada um dos seis grandes bancos no país - Banco do Brasil, Itaú Unibanco, Bradesco, Santander, Caixa Econômica Federal e HSBC - na mesma região de São Paulo (zona Sul da capital).
Em todas elas, solicitou informações sobre as novas taxas que as instituições têm anunciado. Nessas simulações, os gerentes receberam a informação de que o cliente tinha um salário de R$ 5 mil e que estaria disposto a fazer a portabilidade de seu pagamento.
Para isso, queria saber a tarifa de abertura de conta, juros no cheque especial, crédito automático e rotativo do cartão de crédito.
A conclusão foi despreparo dos gerentes sobre os novos juros e até condicionamento de dados à abertura efetiva de conta. A conduta fere os direitos do consumidor, segundo o diretor executivo do Procon-SP, Pedro Arthur Góes.
"Esse é o mais básico dos direitos, que é o da informação", destaca. Caso se sinta prejudicado, o cliente pode fazer uma denúncia aos órgãos de defesa do consumidor e, se for apurada irregularidade, a instituição pode ser multada em até R$ 6 milhões.
Já nas agências em que a informação foi prestada, os funcionários não sabiam passar dados precisos. A exceção ficou por conta da Caixa, que forneceu as explicações sobre condições e taxas do programa "Caixa Melhor Crédito".
No entanto, a espera pelo atendimento demorou mais de 50 minutos. O banco informou que está trabalhando para solucionar esse problema e que todas as agências estão abrindo uma hora mais cedo para dar conta do aumento de demanda.
No Itaú, a gerente explicou os benefícios da conta Uniclass, mas afirmou que as taxas de juros só poderiam ser fornecidas após a abertura da conta corrente.
"Mas a nossa taxa do cheque especial é ótima, entre 7% e 7,5%", disse. A funcionária também não soube informar a data em que entraria em vigor as novas condições de taxas para os clientes que recebem salário no banco, em um serviço chamado de MaxiConta Portabilidade.
Segundo o banco divulgou à imprensa no dia 18 de abril, as condições, em vigor desde ontem, incluem taxa mínima no cheque especial de 1,95% ao mês. Procurado após o atendimento na agência, o Itaú informou que as taxas são individualizadas e levam em conta o relacionamento do cliente com o banco. "Por essa razão, não é possível fazer estimativa de taxas a não clientes", informou.
No Banco do Brasil o atendimento foi similar. A gerente informou as taxas mínimas e máximas do programa "Bom pra Todos", mas era preciso abrir a conta para saber a taxa exata - com exceção do cartão de crédito.
A instituição federal afirmou que a gerente agiu de forma equivocada, uma vez que é possível saber a taxa aproximada.
No Santander, a gerente informou as taxas que seriam cobradas, mas não soube informar como funcionava a conta "Light", anunciada pelo banco no dia 18 para os clientes que optarem por receber o salário na instituição.
Procurado após o atendimento, o vice-presidente comercial do Santander, Pedro Coutinho, disse que deve ter ocorrido uma falha pontual, uma vez que a informação foi transmitida a todas as agências. "Trabalhamos com o conceito de que o cliente tem que ter a liberdade de escolher com a melhor conta para ele", disse. 
No HSBC, as informações prestadas pelo gerente foram semelhantes, mas ponderando que as taxas cobradas levam em conta o relacionamento do cliente com o banco.
No Bradesco, o funcionário consultado afirmou que as novas taxas seriam apenas para poucos clientes com bom histórico com o banco. Não é essa a informação oficial do banco: procurado, afirmou que as taxas que foram reduzidas valem para todos.
A advogada e professora de Direito do Consumidor da PUC-SP, Maria Stella Gregori, afirma que, como prestador de serviços, os bancos devem informar de forma clara as condições e taxas antes da abertura de conta. "Não pode condicionar a informação à entrada no banco."

Fonte: Brasil Econômico

Produção industrial recua 0,5% em março, diz IBGE


A produção industrial do Brasil recuou 0,5% em março, frente ao mês anterior, após ter registrado alta de 1,3% em fevereiro.
Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Na comparação anual, o indicador industrial registrou a sétima retração consecutiva, caindo 2,1%.
Com isso, os índices do setor industrial para o fechamento do primeiro trimestre de 2012 foram negativos tanto no confronto com igual período do ano anterior (-3%), como na comparação com o trimestre imediatamente anterior (-0,5%).
Em março, o destaque de baixa foi a produção de bens intermediários, com queda de 0,9%. No mesmo sentido, a produção de bens semiduráveis e não duráveis teve baixa de 0,8%.
No sentido contrário, os bens de capital avançaram 3,8% e os bens duráveis subiram 3,4%.
Entre os setores, a principal influência positiva sobre o total da indústria ficou com veículos automotores (11,5%), que acumulou expansão de 26,2% em dois meses consecutivos de resultados positivos, eliminando assim parte da queda de 31,2% verificada em janeiro último.

Por outro lado, entre os 18 ramos que apontaram queda na produção, foram destaque de queda as atividades de edição, impressão e reprodução de gravações (-7,1%), refino de petróleo e produção de álcool (-3,6%), seguidos por outros produtos químicos (-2,3%) e equipamentos de instrumentação médico-hospitalar, ópticos e outros (-10,1%).
Entre janeiro e março, a produção de bens de capital recuou 11,4% ante o mesmo período do ano passado, enquanto os bens intermediários caíram 1,3% e os bens de consumo duráveis reportaram queda de 11,66%. Em contrapartida, os semiduráveis e não duráveis elevaram 0,9%.

Fonte: Brasil Econômico

Indicadores americanos pressionam Ibovespa


Influenciados por notícias mistas no cenário internacional, os mercados mundiais operam em campo negativo nesta quinta-feira (3/5).
De acordo com Luis Gustavo Pereira, analista-chefe da Futura Corretora, o relatório geral de emprego (payroll) - divulgação mais importante da semana nos Estados Unidos - propicia um comportamento cauteloso por parte dos investidores.
"Além disso, a indefinição dos mercados deve caracterizar esta sessão, porque os investidores não sabem quais indicadores assimilar", explica Pereira.

No ambiente europeu, os leilões da Espanha e da França conseguiram vender acima da máxima prevista, com juros altos.
Junto a isso, o bom desempenho da BMW e do banco Société Générale, através de seus balanços trimestrais, conseguiu segurar a valorização das bolsas da Europa.
O bom humor dos investidores foi afetado pelos indicadores dos Estados Unidos.
Contribui para o pessimismo a manutenção da política monetária da Zona do Euro, publicada nesta sessão por Mario Draghi, presidente do Banco central Europeu (BCE), sugerindo que não haverá nova injeção de liquidez nos mercados do continente. "Essa informação derruba o otimismo de qualquer agente do mercado".
Desta maneira, os mercados da região devem fechar com retração. Há pouco, o DAX, de Frankfurt, retrocedia 0,19%; em Paris, o CAC-40 ganhava 0,09% e em Londres, o FTSE valorizava 0,12%.
Em Wall Street, as novas solicitações de auxílio-desemprego surpreenderam os analistas ao recuar para 365 mil novos pedidos nesta semana.
"Esse indicador impulsionou o Ibovespa e os mercados americanos no início do pregão", acrescenta o analista da Futura.
Por outro lado, a produtividade do trabalhador, que recuou 0,5%, e o índice de atividade do setor de serviços dos Estados Unidos, que registrou 53,5 pontos, foram pontos de referência negativos para os investidores mundiais, que passaram a operar com cautela.
Neste contexto, o Nasdaq, índice de tecnologia, recua 0,43%. O Dow Jones tem baixa de 0,12% e o Standard & Poor's desacelera 0,23%.
Por aqui, o principal índice paulista opera com retração, assimilando os indicadores americanos. O Ibovespa caía 0,61%, aos 62.044 pontos, com giro financeiro de R$ 2,7 bilhões.
"O Ibovespa não cai de maneira mais acentuada, porque as expectativas pelo payroll contribuem para a indefinição do mercado", afirma Pereira.
Os agentes domésticos aguardam as medidas que serão tomadas em relação à poupança. A decisão deve ser emitida após a reunião entre a presidente Dilma Rousseff e o ministro da Fazenda, Guido Mantega.
Na agenda corporativa, destaque para o balanço trimestral do Banco do Brasil, que reportou lucro líquido 7,5% inferior se comparados aos três primeiros meses de 2011.
Destaques
As ações da Gafisa (GFSA3) figuram entre as maiores altas do dia, com avanço de 5,72%.
Na contramão, os papéis da Tim (TIMP3) lideram as baixas, com queda de 4,51%.
Câmbio
No mercado cambial, o dólar sobe 0,20% em relação ao real, cotado a R$ 1,9270 para compra e R$ 1,9290 para venda.

Fonte: Brasil Econômico

quarta-feira, 2 de maio de 2012

'Novo petróleo' promete mudar mapa geopolítico da energia

Novas tecnologias para explorar petróleo e gás prometem revolucionar o mapa geopolítico da energia, segundo especialistas no setor.
Imagine um mundo em que os Estados Unidos não se importam tanto com o que acontece no Oriente Médio – porque abastecer as frotas de Nova York ou Chicago não depende de um combustível vindo do Iraque ou da Arábia Saudita. O poder da influente Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) está esvaziado. A Europa não precisa do gás russo e a China não está tão preocupada em financiar regimes africanos para garantir sua fatia da produção local de combustíveis fósseis.
Perfuração da Chevron em reservas de xisto da Polônia, em foto de 2011 (Reuters)
Exploração de gás de xisto entusiasma, mas levanta preocupações ambientais

É mais ou menos esse o cenário de médio prazo pintado por consultorias e especialistas entusiasmados com novas tecnologias, que permitem a exploração de reservas de gás e petróleo de difícil acesso ou cujo produto precisa passar por processos químicos específicos antes de ser utilizado. São os chamados combustíveis fósseis "não convencionais".
Eles apontam que não só as fontes de petróleo e gás não devem se esgotar em um futuro próximo – como previam estudos proféticos das últimas décadas –, como a distribuição geográfica das novas reservas é muito mais democrática, o que favorece grandes consumidores.
"Até pouco tempo, eram dominantes as previsões de que os países importadores aumentariam sua dependência do Oriente Médio e não haveria solução para altos preços do petróleo", diz o geólogo e economista Robin Mills, autor do livro O Mito da Crise do Petróleo (The Mith of the Oil Crisis) e consultor em Dubai.
"Com os avanços tecnológicos dos últimos anos, ganham força expectativas de que, ao menos no médio prazo, os preços dos combustíveis fósseis voltem a cair, países que eram importadores de recursos energéticos se tornem autossuficientes ou até exportadores e a OPEC seja mais pressionada a revisar suas práticas", disse à BBC Brasil.
São muitas as tecnologias que estão ajudando a traçar um novo mapa da energia no mundo. A começar pelas que permitem a exploração de petróleo em águas profundas – caso do pré-sal brasileiro. Outro exemplo é o aproveitamento do petróleo arenoso – encontrado em Alberta, no Canadá – também só é possível graças ao aprimoramento de processos físicos e químicos que purificam esse petróleo de baixa qualidade.
A técnica que mais desperta entusiasmo, porém, é de longe a relacionada à exploração do petróleo e, principalmente, do gás de xisto, obtidos a partir da rocha de mesmo nome. Segundo o especialista do mercado de petróleo Daniel Yergin, trata-se da maior invenção da área de energia da década.
Em centros de estudos e consultorias especializadas, o termo "revolução do gás de xisto" já virou corrente, e a respeitada Agência Internacional de Energia (AIE) chegou a perguntar em um relatório no ano passado: "Estaríamos entrando na 'era dourada do gás'"?

'Revolução do gás'

A causa do entusiasmo está relacionada aos bons resultados obtidos na exploração desse recurso nos Estados Unidos. Até 2008, os americanos importavam cerca de 13% do gás consumido no país do Canadá, segundo um relatório da consultoria KPMG.
Hoje, com a exploração das reservas de xisto, não só o país se tornou autossuficiente, como já pensa em exportar. Para completar, o preço do produto está caindo de forma acentuada, com os custos de extração cobertos pela venda de outros produtos químicos produzidos no processamento do gás.
"Nesse cenário, não é de se estranhar que hoje uma das grandes corridas tecnológicas nos Estados Unidos seja para desenvolver e aprimorar meios de transporte a gás, permitindo a redução do consumo de petróleo convencional", diz Frank Umbach, especialista em segurança energética do Centre for European Security Strategies, com sede em Munique.
Reservas de gás de xisto são exploradas na Pensilvânia, na Louisiana e no Texas e já representam 30% do consumo de gás no país. Já o petróleo de xisto é produzido em Dakota do Norte e no Texas.
As expectativas criadas por tais mudanças também ajudam a explicar por que a Argentina expropriou neste mês a petrolífera YPF, controlada pela espanhola Repsol, que explorava as reservas de petróleo e gás de xisto nos campos de Vaca Muerta.
"A percepção de que essa nova fonte de combustível fóssil pode mudar significativamente a posição dos países no mercado de energia cria um senso de urgência com relação a exploração desses campos", explica Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), em São Paulo. "A Argentina pedia mais investimentos para avançar nessa corrida, mas o governo continua limitando o preço cobrado pela energia internamente, o que reduz o interesse das empresas."
Exploração de combustível na Pensilvânia, EUA (Reuters)
EUA se tornaram autossuficientes na exploração do xisto e pensam em exportar

Tecnologias cruciais

Duas tecnologias foram cruciais para viabilizar a exploração do gás de xisto. A primeira é a técnica de perfuração horizontal, que permite o aproveitamento de reservas espalhadas por grandes áreas geográficas, mas pouco profundas. A segunda é a de fraturamento hidráulico, que consiste no bombeamento de uma mistura de água, areia e produtos químicos para dentro dos poços de exploração.
Vaca Muerta, na Argentina, também é fonte de xisto
Campos de Vaca Muerta, na Argentina, também são fonte de xisto
O impacto produzido por esse jorro de alta pressão produz pequenas fissuras nas rochas, liberando o gás que é canalizado para os dutos.
A exploração de petróleo de xisto (na realidade, um óleo semelhante mas não idêntico ao petróleo convencional) é um pouco diferente. Ás vezes esse combustível líquido é encontrado entre as rochas, mas em geral ele é produzido com o aquecimento do xisto.
Para o especialista em petróleo e energia Jed Bailey, da Energy Narrative, nos EUA, o que faz do xisto um dos motores de uma revolução na geopolítica da energia é a forma democrática como essas rochas estão distribuídas geograficamente.
Reservas desse material estão sendo encontradas de norte a sul do globo, em todos os continentes. Por enquanto, as maiores estão na China, Argentina, México, África do Sul, Estados Unidos, Canadá e Austrália, mas também há reservas na Colômbia, França, Polônia e Grã-Bretanha, entre outros países. No Brasil, a Petrobrás produz petróleo de xisto no Paraná.
Pires chama a atenção para o fato de que Estados Unidos e China, países que lideram o ranking de consumo de energia no mundo, também concentram algumas das maiores reservas. "O gás de xisto e todas essas outras fontes não convencionais alimentam as esperanças de importadores de energia de reduzirem sua dependência de exportadores problemáticos ou instáveis", explica.
Para Bailey, no caso dos EUA, uma diversificação para além do petróleo tradicional poderia fazer com que, no longo prazo, houvesse menos justificativa e apoio político para interferências no Oriente Médio, por exemplo. "No entanto, isso não quer dizer que a região sairia de vez do radar americano, por causa da sua influência na formação de preços no mercado global de energia", diz.

Problemas ambientais

Há algumas ressalvas importantes no que diz respeito a exploração desses combustíveis fósseis não convencionais. A primeira é a questão dos altos custos, que fazem com que a utilização de muitas dessas tecnologias só se justifique se os preços de seus produtos se mantiverem em um patamar relativamente elevado.
Um segundo porém é que o sucesso da exploração dessas novas fontes de petróleo e gás desanima a busca de fontes de energia renováveis e usos mais eficientes de energia. O petróleo não convencional é tão poluente quanto o convencional.
"E mesmo que o gás de xisto substitua o carvão e o petróleo, fontes de energia mais sujas, não deixa de ser uma fonte suja também, porque sua queima emite poluentes", explica Bailey. "Além disso, com o preço do gás caindo, a energia eólica ou solar hoje parece cada vez menos vantajosa."
No caso da exploração de gás de xisto, outro agravante é que ainda não há clareza sobre os riscos de contaminação do lençol freático pelos produtos químicos usados em sua exploração. Também acredita-se que o gás liberado no processo de extração possa causar pequenas explosões subterrâneas e tremores, embora a tese ainda não esteja comprovada.
Por causa dessa preocupações, a França foi o primeiro país a proibir as técnicas de fraturamento hidráulico, em julho de 2011, banindo até pesquisas nessa área. Na Grã-Bretanha, grupos ambientalistas têm se oposto a exploração de uma reserva em Lancashire, embora uma comissão no Parlamento tenha avaliado a técnica como segura. “Existe uma corrida por essas novas tecnologias por questões de conveniência econômica e interesses geopolíticos, mas isso não quer dizer que elas sejam sustentáveis do ponto de vista ambiental”, diz Pires.

Fonte: BBC Brasil

Queda na educação ameaça o futuro dos EUA

[ED] 
Michael Friberg para The Wall Street Journal
Alex Gavic decidiu não fazer faculdade para não se endividar com crédito educativo e ter tempo para fazer 'snowboard'

Ao longo da história dos Estados Unidos, quase toda geração teve substancialmente mais educação que a geração dos seus pais.
Isto não é mais verdade, e a mudança já está tendo impactos econômicos.
Quando as pessoas que nasceram em 1955 chegaram aos 30 anos de idade, elas haviam passado cerca de dois anos a mais na escola do que seus pais, de acordo com dois economistas da Universidade Harvard, Claudia Goldin e Lawrence Katz, que calcularam a média de anos de estudo dos americanos desde 1876.
Por outro lado, quando os americanos nascidos em 1980 completaram 30 anos em 2010, eles haviam estudado na média oito meses a mais que seus pais.
Essa tendência já teve amplas ramificações no mercado de trabalho dos EUA: a taxa de desemprego das pessoas que têm apenas o ensino médio foi de 8% em março, praticamente o dobro do índice entre as que têm ensino superior, que ficou em 4,2%. Trabalhadores com diplomas universitários nos EUA ganham na média 45% mais do que aqueles que são de grupos demográficos semelhantes, mas têm só o ensino médio. E, nas fábricas altamente automatizadas de hoje, muitos empregadores exigem o equivalente a um diploma de escola técnica, mesmo para os funcionários no nível mais baixo.
Pode haver consequências mais sérias no futuro. Sem educar melhor a sua população, dizem economistas, os EUA não serão capazes de manter empregos de altos salários e padrões de vida elevados na competitiva economia mundial. Produtos e serviços nos quais os EUA são líderes dependem cada vez mais das mentes dos trabalhadores — não dos seus músculos. "A riqueza dos países não está mais nos recursos. Não está mais no capital físico. Está no capital humano", diz Goldin.
As razões pelas quais o nível da educação americana não está mais crescendo como no passado são numerosas: apesar de anos de esforço, as taxas de abandono escolar no ensino médio continuam teimosamente altas. O custo de estudar numa universidade está aumentando, e a perspectiva de acumular dívidas desencoraja alguns formandos do segundo grau a se inscrever numa universidade ou permanecer nela.
Há também uma descrença crescente entre alguns americanos de que um diploma realmente se traduz em empregos bem remunerados. Especialmente durante a recessão, houve excesso de diplomados em alguns setores e falta em outros.
É a tendência inversa da que está acontecendo no Brasil, onde o crescimento da economia e da oferta de emprego ajudou a elevar em 155% o número de formandos nas faculdades do país entre 2000 e 2010, período em que a população geral cresceu 12,33%, segundo análise de dados de censos do governo. É um sinal de que a nova geração de brasileiros está estudando mais do que a anterior.
Já entre os americanos que completaram 25 anos de idade na década de 70, só 5% tinham menos educação que seus pais do mesmo sexo, segundo análise realizada por Michael Hut e Alexander Janus, sociólogos da Universidade da Califórnia em Berkeley. Já entre aqueles que fizeram 25 anos na década de 2000, 18% dos homens e 13% das mulheres tinham menos anos de estudo que seus pais.
Há um limite para a quantidade de estudo que uma pessoa pode obter e para o número de americanos que têm tanto condição quanto vontade de passar quatro anos numa universidade. Mas os EUA não chegaram nem perto desse ponto.
Vinte países têm uma taxa de escolaridade no ensino médio mais alta que os EUA, de acordo com a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico. Nos EUA, perto de um em cada cinco estudantes de ensino médio abandonam a escola antes de completarem o curso.
Cerca de 30% dos americanos adultos têm diplomas universitários de quatro anos, e há pouca evidência de que isso seja o limite natural. Trinta anos atrás, os EUA tinham o maior porcentual do mundo de pessoas na faixa dos 25 a 34 anos com o equivalente a um diploma de pelo menos dois anos; apenas Canadá e Israel chegavam perto. Em 2009, os EUA estavam atrás de 14 outros países desenvolvidos, segundo a OCDE.
O presidente Barack Obama prometeu mudar essa situação. "Até 2020", disse ele numa ocasião, os EUA vão "novamente ter a maior proporção de diplomados do mundo", dando uma definição mais ampla que incluía diplomas de dois anos. Ele já propôs que todos os Estados exijam que seus estudantes terminem o ensino médio ou permaneçam na escola até os 18 anos (como 21 Estados já fazem), e apoiou com sucesso aumentos na ajuda federal a estudantes.
Embora nem todo mundo com um diploma universitário se dê melhor no mercado de trabalho, as estatísticas consistentemente mostram que, na média, quanto mais educação tem um empregado, melhores resultados ele ou ela terá no mercado de hoje. Por exemplo, 54% das pessoas com idade acima de 25 anos e diploma de ensino médio estavam empregadas em março nos EUA, informa o Departamento do Trabalho, enquanto o resto estava ou procurando por emprego ou definitivamente fora da força de trabalho. Entre os que tinham algum diploma universitário, 64% estavam empregados, sendo que, para aqueles com um diploma de bacharel ou outro de nível mais alto, a taxa subia para 73%.
Apesar de as matrículas escolares terem aumentado recentemente — como geralmente acontece quando as pessoas fogem de um mercado de trabalho difícil — as taxas de conclusão escolar têm sido decepcionantes.
Ultimamente, o custo crescente da educação de nível superior surgiu como um obstáculo visível para que quem entrar — e ficar — numa universidade. E a ideia de uma montanha de dívida fez outros desistirem.
Tarifas estão em alta, particularmente nas escolas públicas, que absorvem a maioria dos estudantes e que, nos EUA, só são de graça para quem consegue bolsa. Nos últimos dez anos, por exemplo, as tarifas médias (sem contar acomodação) em universidades públicas de quatro anos subiram 72%, de US$ 4.790 para US$ 8.240 por ano, ajustados pela inflação, de acordo com a College Board, uma organização sem fins lucrativos voltada à educação.
É comum universitários tomarem um crédito educativo que começam a pagar depois de formados, o que implica passar o início da vida profissional quitando dívida.
Alex Gavic, de 21 anos, é um dos que não querem fazer dívidas para estudar. Ele abandonou o ensino médio — embora tenha acabado recebendo um diploma num programa de segunda chance de uma escola comunitária.
Hoje, ele ganha US$ 12 por hora durante o verão numa firma de jardinagem, e faz "snowboard" no inverno.
"Você passa todo esse tempo na escola, e então você fica endividado, aí tem que arrumar um emprego e passar 20 anos pagando a dívida", disse ele. "Isso nunca fez sentido para mim."
[wsjamb1501]
Fonte: The Wall Street Journal

terça-feira, 1 de maio de 2012

Situação do saneamento no Brasil é dramática e não condiz com crescimento econômico do país, diz especialista

Rio de Janeiro – Os indicadores de saneamento no Brasil são “dramáticos” e fazem o país parecer parado no século 19. A avaliação é do presidente executivo do Instituto Trata Brasil, Édison Carlos. A organização não governamental realiza estudos e acompanha a situação do saneamento básico no país.
De acordo com o Trata Brasil, os últimos dados disponíveis do Ministério das Cidades, de 2009, mostram que cerca de 55,5% da população brasileira não estão ligados a qualquer rede de esgoto e que somente um terço dos detritos coletados no país é tratado.
“Podemos dizer que a grande maioria do esgoto do país continua indo para os cursos d’água, os rios, as lagoas, os reservatórios e, consequentemente, o oceano. O Brasil parou no século 19. Qualquer indicador que você pegue tem níveis dramáticos, que não têm nenhuma relação com o avanço econômico que o Brasil vem tendo”, disse Carlos.
Para o especialista, o Brasil teve avanços, principalmente com a criação do Ministério das Cidades e com o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Os progressos, no entanto, ainda são tímidos em relação às necessidades do país.
Segundo ele, atualmente são investidos entre R$ 7 bilhões e R$ 8 bilhões por ano em saneamento no Brasil, quantia inferior à necessária para atingir as metas do governo até 2030 – investimento de R$ 420 milhões pelos próximos 18 anos, o que corresponde a cerca de R$ 20 bilhões por ano, de acordo com estimativas feitas pelo Ministério das Cidades.
Mesmo com o aumento dos recursos para saneamento básico nos últimos anos, principalmente por causa do PAC, a maioria dos projetos não sai do papel. Um levantamento divulgado no início de abril deste ano pelo Trata Brasil, sobre as 114 principais obras de saneamento da primeira fase do programa, mostra que apenas 7% delas estão prontas. Entre as demais, 32% estavam paralisadas e 23% atrasadas.
“O problema não é a falta de recursos. Os municípios não conseguem tocar as obras. Muitos projetos [apresentados ao PAC] estavam desatualizados e tinham problemas técnicos. Muitas obras não passaram nem na primeira inspeção [do programa]”, informou o especialista.
Para Édison Carlos, os principais entraves ao avanço do saneamento básico no país são a falta de prioridade dada pelos políticos à questão e a falta de interesse da população em cobrar essas obras das autoridades.
O Instituto Trata Brasil participará da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Cnuds), a Rio+20, mas Édison Carlos é cético em relação aos avanços que poderão ser obtidos.
“Espero estar errado, mas acho que temas como os biocombustíveis, a questão da floresta e o efeito estufa tendem a dominar as discussões. Além disso, o que costuma balizar essas discussões são temas econômicos”.

Fonte: Agência Brasil

Relatório da OIT mostra recuperação do emprego no Brasil depois da crise de 2008

Brasília - O emprego no Brasil se recuperou da crise global que começou em 2008. A conclusão está no Relatório sobre o Trabalho no Mundo em 2012: Melhores Empregos para uma Economia Melhor, da Organização Internacional do Trabalho (OIT). A taxa de emprego no país, de 54,1% no quarto trimestre de 2011, está cerca de 2 pontos percentuais acima do nível pré-crise, e é o quarto maior aumento entre os países da região durante o período de crise.
A taxa de desemprego nas principais regiões metropolitanas continuou a cair constantemente no Brasil desde o início de 2009. No quarto trimestre de 2011, ela tinha atingido 5,2%, 1,4 ponto percentual abaixo do nível em 2010 e perto de 3 pontos percentuais abaixo do nível pré-crise de 2007. Em comparação com outras economias da região, o Brasil tem a terceira menor taxa de desemprego, depois do México e de Barbados.
“O poder de recuperação do Brasil em relação à crise econômica tem sido impressionante. Grande parte do sucesso durante a recuperação deveu-se à mistura oportuna de políticas adotadas durante a crise”, aponta o relatório. Segundo a OIT, para mitigar os efeitos da crise, programas existentes foram incrementados e outras iniciativas do governo foram introduzidas, como o fortalecimento do salário mínimo e a expansão de programas de proteção social.
O relatório também mostra que, embora a incidência do emprego informal na América Latina e no Caribe como um todo tende a aumentar, uma tendência oposta foi registrada no Brasil. Além disso, a desigualdade de renda continuou a cair durante a crise, continuando a trajetória que começou no início de 2000.
A pontuação do relatório para o risco de agitação social no Brasil diminuiu entre 2009 e 2010, apesar de uma tendência geral no mundo para um aumento no risco de tumultos. Segundo a OIT, isso reflete principalmente a forte confiança no governo nacional e um aumento na percepção das pessoas sobre seu padrão de vida.
No aspecto mundial, o relatório indica que, embora o crescimento econômico tenha se reativado em algumas regiões, a situação global de emprego é extremamente alarmante e não dá sinais de recuperação no futuro próximo. Segundo a OIT, isso se deve principalmente ao fato de que muitos governos, em particular nas economias avançadas, deram prioridade à combinação de austeridade fiscal e reformas laborais drásticas. O relatório sustenta que este tipo de medidas está produzindo consequências devastadoras nos mercados de trabalho em geral e na criação de emprego em particular.

Fonte: Agência Brasil