Economista, Especialista em Economia e Meio Ambiente pela Universidade Federal do Paraná e Graduando em Estatística, também, pela Universidade Federal do Paraná.

terça-feira, 4 de março de 2014

Acionamento de térmicas a óleo diesel já tem reflexo na balança comercial

Em janeiro, mês em que as termoelétricas a diesel começaram a ser utilizadas por causa da queda nos reservatórios das hidrelétricas, importação do combustível subiu 40%.
Os riscos de apagão e de prejuízos à safra não são os únicos problemas causados pela estiagem prolongada. O acionamento de usinas térmicas a óleo diesel, por causa do baixo nível dos reservatórios, já afeta a balança comercial brasileira. As importações do combustível tiveram um salto de 40% na passagem de dezembro para janeiro, mês em que as termoelétricas movidas a óleo diesel começaram a ser acionadas.
Em dezembro, o Brasil importou 797.624.138 quilogramas (kg) de óleo diesel, ao custo de US$ 735,54 milhões. Em janeiro, o volume passou para 1.116.821.012 kg (US$ 1,036 bilhão), segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

"A gente já importa muito óleo diesel, mas, com as térmicas ligadas, a Petrobrás está sendo obrigada a importar ainda mais", disse Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE). "Esse aumento (na importação) é puxado pelas térmicas mesmo."

Dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) mostram que 15 usinas termoelétricas a óleo diesel estão em operação desde janeiro, com capacidade de produção de 561 MW: Palmeiras de Goiás, 176 MW (SE/CO); Daia, 44 MW (SE/CO); Goiânia II, 140 MW (SE/CO); Xavantes, 54 MW (SE/CO); e 11 usinas da empresa Enguia, sendo 95 MW no Ceará e 52 MW na Bahia.

Essas térmicas foram entrando em operação gradativamente ao longo do mês, com as de maior porte sendo acionadas na última semana de janeiro.

O presidente da Associação Brasileira de Geração Flexível (Abragef), Marco Antônio Veloso, disse que essas usinas costumam ser notificadas com pelo menos uma semana de antecedência. Dessa forma, elas têm tempo hábil para se planejar e estocar combustível suficiente para alguns dias de geração ininterrupta.

"As usinas trabalham com uma estocagem interna equivalente de três a cinco dias de consumo até que toda a difícil logística de recebimento do combustível seja realizada", disse Veloso. Todas essas usinas a óleo diesel ainda estão operando neste momento, o que deve sustentar o alto patamar de importação do combustível também nos números de fevereiro.

"Eu vejo um problema sério do impacto das térmicas na recomposição da balança comercial. Boa parte da importação de óleo em janeiro era para termoelétricas. E as térmicas vão continuar pressionando a balança, porque São Pedro ainda não ajudou", alertou o economista Pedro Paulo Silveira, diretor da gestora de recursos Vetorial Asset Management.

Até domingo, o nível dos reservatórios do sistema Sudeste/Centro-Oeste estava em 34,63%, um dos piores níveis desde 2001, quando houve o racionamento. No Nordeste, o armazenamento era de 42,17%, segundo dados do ONS.

Petróleo. As importações de petróleo e derivados subiram consideravelmente no início deste ano em relação ao mesmo período de 2013, apontou a Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB). A importação de petróleo e derivados aumentou 29% em janeiro de 2014 ante janeiro de 2013 - o cálculo desconta o montante importado pela Petrobrás no fim de 2012, mas só declarado em janeiro do ano passado.

Nos primeiros dez dias úteis de fevereiro deste ano, a importação de petróleo e derivados foi US$ 142 milhões maior do que no mesmo período de 2013. O presidente da AEB, José Augusto de Castro, ressalta que a alta não pode ser atribuída apenas ao crescimento na frota de veículos, por causa da magnitude da expansão.

"Na verdade, só o aumento de carros não explicaria esse aumento no consumo. Ainda houve aumento do teor de etanol na gasolina no período", lembrou Castro. "E o aumento na importação foi quantidade importada, porque não houve alta de preço", ressaltou.

Fonte: O Estado de S. Paulo

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Sem ajuda do governo, Roma corre risco de falência

A capital italiana, à beira de uma falência ao estilo de Detroit, está dando ao primeiro-ministro Matteo Renzi sua primeira grande dor de cabeça política.

No primeiro dia de seu governo, Renzi teve que retirar um decreto, promulgado por seu antecessor, que teria ajudado Roma a pagar um déficit orçamentário de 816 milhões de euros (US$ 1,17 bilhão), depois que ele foi obstruído ontem pela oposição no Parlamento, o que significa que o projeto de lei teria pouca chance de ser aprovado.

Conceber um novo decreto que forneça ajuda à Cidade Eterna agora custará a Renzi tempo e capital político que ele pretendia aplicar na promoção de grandes reformas radicais na legislação eleitoral e trabalhista durante suas primeiras semanas no cargo.
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O prefeito de Roma, Ignazio Marino, que vai trabalhar de bicicleta, tem decisões difíceis pela frente ao tentar equilibrar o orçamento da capital italiana.
Para o governo municipal de Roma, a obstrução gera consequências ainda mais difíceis. Eles têm agora que enfrentar escolhas desagradáveis – como o corte de serviços públicos, o aumento de impostos ou o atraso de pagamentos a fornecedores – para ganhar tempo enquanto procuram maneiras de fechar uma crescente lacuna orçamentária. Se falhar, a cidade poderia ser colocada sob a supervisão de um administrador encarregado de vender alguns de seus ativos mais valiosos.

"É hora de parar com os truques de contabilidade e declarar a falência de Roma", diz Guido Guidesi, um parlamentar da Liga do Norte, que lidera a oposição.

O prefeito de Roma, Ignazio Marino, um cirurgião que faz transplantes de órgãos formado nos Estados Unidos, ganhou as eleições do ano passado com a promessa de terminar com o nepotismo, melhorar os serviços básicos e impulsionar o turismo no centro da cidade com iniciativas como manter o Forum Imperial iluminado e aberto durante a noite. Em vez disso, ele tem lutado para equilibrar o orçamento. Ontem, ele indicou que não tem nenhuma intenção de liderar cortes orçamentários profundos e o presidente da câmara municipal chamou a atenção para o impacto mais amplo dos problemas financeiros de Roma.

"Uma moratória da capital da Itália provocaria uma reação em cadeia que poderia varrer toda a economia nacional", disse ontem Mirko Coratti, presidente da câmara de vereadores de Roma.

A parte central do plano do prefeito consiste em pedir uma transferência de 485 milhões de euros do governo federal para compensar Roma dos custos adicionais que incorre em seu papel como um importante destino turístico, a capital do país e a sede do Vaticano.

"Roma é única quando comparada a outras cidades" e merece o apoio do Estado por causa do grande número de visitantes que utiliza seus serviços, mas não contribui muito para a economia, disse Marino numa entrevista recente ao The Wall Street Journal.

Mas, mesmo antes de o governo de Enrico Letta cair, há duas semanas, a proposta de transferência já havia levantado críticas de que a ajuda era injusta, dadas as dificuldades financeiras de outras cidades. Alguns políticos disseram que Roma deveria, em vez disso, vender ativos valiosos, como empresas de serviços públicos.

Roma há muito tem dificuldades para equilibrar suas contas. Devido a uma escassez de indústrias, a cidade depende pesadamente das taxas de coleta de lixo e da venda de passagens de ônibus e metrô, por isso se esforça muito mais que outras cidades europeias para coletá-las. Cerca de um em cada quatro passageiros do sistema de transporte público de Roma não compra bilhetes, o que representa cerca de 100 milhões de euros em receita perdida por ano. Em Londres, apenas 2% dos passageiros na rede de transporte público não pagam.

Ao mesmo tempo, o absenteísmo de funcionários das agências de transporte público e de coleta de lixo de Roma chega a 19%, muito acima da média nacional.

Há apenas seis anos, cerca de 12 bilhões de euros em dívidas da cidade foram transferidos a um fundo especial subsidiado e garantido pelo governo nacional numa iniciativa que visava dar a Roma a oportunidade de se reerguer. Mas a economia da Itália encolheu quase 10% desde então, erodindo a base tributária à medida que programas nacionais de austeridade empurraram custos adicionais para os governos locais.

Mesmo antes do decreto "Salve Roma", Marino já estava tendo que tomar decisões difíceis. Ele elevou as taxas de cremação e de cemitérios e planeja centralizar as compras da cidade, medida que, segundo ele, vai gerar uma economia de 300 milhões de euros por ano.

Agora, sem a transferência do governo central, ele pode ser forçado a impor uma taxa adicional sobre imóveis e salários – tributação que já é uma das mais altas do país – e reduzir os salários dos 20.000 funcionários da cidade ou cortar serviços como creches ou programas de capacitação profissional – medidas também impopulares.

Mas a consequência política poderia ser grave. O prefeito de Taranto, uma cidade no sudeste do país que declarou moratória de 637 milhões de euros em 2006, obteve uma das taxas de intenção de voto mais baixas do país depois de eliminar serviços.

Renzi, que era prefeito de Florença antes de assumir o cargo de primeiro-ministro, deve promulgar um novo decreto para Roma em breve, embora os termos pareçam incertos. Ele tem dito que pretende dar às administrações locais mais margem de manobra com o orçamento.

Medidas draconianas também poderiam exacerbar as lutas históricas de Roma para lidar com o seu crescimento e equilibrar as necessidades do seu centro histórico, que recebe cerca de 10 milhões de turistas por ano, com uma periferia mal atendida. A população de Roma cresceu dez vezes desde meados do século XIX. Poucos turistas vêm a periferia da cidade, mas ela abriga mais de 80% dos 2,6 milhões de residentes.

Cerca de 400.000 pessoas vivem além do anel viário da capital e a maioria delas não pode contar com transporte público, o que faz com que elas usem o carro para ir ao trabalho. Roma tem 978 carros para cada 1.000 habitantes, mais de duas vezes a taxa de Paris e quase três vezes a de Londres. As chuvas fortes que atingiram Roma recentemente causaram grandes danos à sua rede rodoviária, expondo a necessidade de maior manutenção.

Se os serviços básicos não melhorarem, "as pessoas simplesmente irão embora ... e Roma vai acabar como Veneza", que hoje tem uma população pequena e envelhecida, diz Francesco Rosso, um geólogo que há 20 anos leva três horas para chegar ao trabalho no centro da cidade.

O turismo é uma importante fonte de receita, mas não é uma panaceia. Considerando o tamanho de suas populações, a participação do turismo em Roma é apenas a metade do nível de Florença, de acordo com Pierluigi Testa, chefe de um grupo de defesa cívica. E o turismo de feiras de conferência – um nicho lucrativo – cresceu apenas 12% na capital italiana desde 2000, comparado a 52% no mundo, diz Marino.

Além disso, o turismo de massa pode trazer problemas. A enorme popularidade do papa Francisco, por exemplo, levou uma onda de turistas a Roma. Espera-se que cinco milhões de peregrinos cheguem à cidade apenas para a canonização do Papa João Paulo II e do Papa João XXIII, em abril.

"Os peregrinos podem ser tanto um fardo quanto uma benção", diz Marino, que vai de bicicleta para o trabalho. Segundo ele, muitos turistas chegam em grandes ônibus e já trazem suas próprias refeições, deixando para trás um monte de lixo em vez de notas fiscais.

Fonte: The Wall Street Journal

PIB cresce 2,3% em 2013 e acaba com ameaça de recessão no Brasil

Contudo, mesmo com o crescimento maior do PIB neste ano, a taxa média de expansão do PIB durante o governo Dilma está em 2% ao ano - o pior resultado desde o governo Collor.

O Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 2,3% em 2013, puxado pelo consumo das famílias e pelo consumo do governo - a informação foi divulgada nesta quinta-feira (27/2), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No 4º trimestre do ano, o PIB avançou 0,7%, afirmam as estimativas do mercado. Foi um alívio para o governo, pois havia a perspectiva de retração na atividade, o que levaria o país para recessão. 
No 4º trimestre de 2013, os serviços também contribuíram para o avanço do PIB, com crescimento de 0,7%. Já a agropecuária teve variação nula e a indústria, retração de 0,2%.  O consumo das famílias apontou incremento de 0,7%, o consumo do governo expandiu em 0,8% e os investimentos, 0,3%. Do acumulado do ano, o PIB foi impulsionado pela agropecuária, com crescimento de 7%;  pelo consumo das famílias, com avanço de 2,3%; e pelos investimentos com alta de 6,3%.
O Palácio do Planalto recebeu com euforia o resultado do PIB, sobretudo pelo fato de o país não ter entrado em recessão, tirando importe munição da oposição para atacar a presidente Dilma Rousseff em ano de eleição. De qualquer forma, mesmo com o crescimento maior do PIB neste ano, a taxa média de expansão do PIB durante o governo Dilma está em 2% ao ano - o pior resultado desde o governo Collor.

O Planalto já orientou o ministro da Fazenda, Guido Mantega, a capitalizar o resultado do PIB, afirmando que a economia está em franca recuperação. O discurso é uma resposta ao pessimismo que tomou conta do país.

Fonte: Correio Braziliense

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Manipular juros não gera crescimento econômico

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É até possível que haja alguns políticos e burocratas que tenham conhecimento de alguns inexoráveis princípios econômicos, mas é fato que a maioria se deixa guiar apenas por aquela mística sensação gerada pelo poder político.  Eles legislam e regulam qualquer atividade ou fenômeno econômico que chame sua atenção.  A taxa de juros, que é o preço dos empréstimos, é um dos principais exemplos desta concupiscência pelo poder.
Desde o surgimento da história documentada, a taxa de juros tem sido o objeto que os políticos mais desejam controlar.  Na Grécia antiga, os estadista e legislador ateniense Sólon proibiu a cobrança de juros em alguns mercados.  Os judeus antigos, a Igreja Cristã, e o Islamismo chamavam este fenômeno de usura e proibiram sua prática entre seus congregados.  Quando a proibição finalmente foi revogada nos países ocidentais, as taxas de juros passaram a ser rigidamente fixadas ou estreitamente limitadas pelos governos ou por seus bancos centrais.  Os juros raramente foram deixados a cargo da livre interação das forças do mercado.

Em uma economia livre, na qual não houvesse uma agência governamental com a função de manipular os juros, estes teriam uma função similar àquela desempenhada pelos preços e pelos salários.  Juros, preços e salários surgem naturalmente das escolhas e dos juízos de valor feitos pelas pessoas.  E suas escolhas e juízos de valor dão origem ao fenômeno da "oferta e demanda", que é o que guiará os produtores em suas decisões sobre a amplitude do investimento que devem fazer e o tipo de atividade econômica a que devem se dedicar.  A taxa de juros informa aos empreendedores a quantidade de recursos escassos disponíveis para serem investidos (ou seja, o capital), além de como eles devem utilizar este capital limitado ao longo do tempo -- se ele deve utilizá-lo na produção para bens de consumo presentes ou se ele deve investi-lo para satisfazer aqueles desejos que os consumidores manifestarão mais no futuro.  A função básica da taxa de juros, portanto, é guiar as decisões empreendedoriais.

A taxa de juros de mercado é uma taxa bruta normalmente formada por três componentes distintos: a taxa pura, a taxa de inflação, e o prêmio de risco em decorrência da chance de o empréstimo não ser pago. 

A taxa pura advém da simples realidade de que o homem é um ser mortal, o que o obriga a acrescentar o fator tempo em todos os fenômenos econômicos por ele vivenciados.  Sendo assim, o homem atribui um valor menor para bens futuros em relação ao presente.  Em outras palavras, tudo o mais constante, o homem prefere ter um bem hoje a ter este mesmo bem em uma data futura.  Logo, ele valora um bem presente de maneira mais alta do que este mesmo bem no futuro.  Ou, o que dá no mesmo, para abrir mão de um bem presente em troca de tê-lo de volta apenas no futuro, ele irá cobrar algo por isso.

Já o componente inflacionário surge sempre que Banco Central inflaciona e deprecia a moeda.  A taxa de depreciação da moeda -- mais especificamente, o quanto o emprestador imagina que a moeda será depreciada durante seu empréstimo -- determina o tamanho deste componente.

Por fim, o prêmio de risco reflete a confiabilidade e a solvência do devedor.

O Banco Central, que legalmente possui a responsabilidade de manter as condições monetárias e creditícias favoráveis a uma economia robusta, raramente presta atenção à taxa de juros de mercado.  Suas políticas são guiadas por doutrinas populistas que clamam pelo contínuo estímulo ao emprego e à renda.  O Banco Central é alheio ao fato de que todas as taxas que não sejam determinadas pelo mercado fornecem sinais errôneos aos produtores e consumidores.  Elas estimulam investimentos errôneos e insustentáveis, que geram desperdício de capital e subsequente empobrecimento.

Quando o Banco Central estipula uma taxa de juros menor do que as taxas de mercado, ele está estimulando o aumento da demanda por crédito.  Empreendedores tomam empréstimos para investir em projetos de mais longo prazo (quanto menores os juros, mais rentáveis passam a ser os projetos de longo prazo).  Ao mesmo tempo, os consumidores também se aproveitam dos juros baixos para se endividar e aumentar seu nível de consumo.  A expansão do crédito aumenta aceleradamente.  Esta maior demanda tanto por bens de consumo da parte dos consumidores quanto por bens de capital da parte dos empreendedores gera três efeitos: a taxa de desemprego cai, os salários aumentam e os preços sobem.

Esta expansão do crédito, que ocorreu por meio da simples criação de dinheiro do nada (tanto pelo Banco Central quanto pelo sistema bancário de reservas fracionárias) e que ocorreu sem que houvesse nenhum aumento na poupança, gera ganhos monetários ilusórios.  Como a quantidade de dinheiro na economia cresce a taxas altas, as pessoas passam a ganhar dinheiro com mais facilidades.  Elas genuinamente creem que estão vivendo um momento de prosperidade perene.  Elas genuinamente creem que estão mais ricas do que realmente são.  Durante este período de expansão do crédito, os preços das ações e dos imóveis disparam, o que atrai vários especuladores para este mercado em busca de ganhos fáceis.  As construções e as reformas de imóveis viram febre.  Quem está no setor aufere ganhos invejáveis.  No entanto, todos os indivíduos, empreendedores e investidores, executivos e trabalhadores, estão apenas consumindo seu capital. 

Em um dado momento, em decorrência de toda essa expansão creditícia e monetária, preços e salários começam a apresentar uma aceleração mais forte.  Ato contínuo, o Banco Central eleva os juros para conter esta escalada de preços.  Os bancos restringem seus empréstimos.  A quantidade de dinheiro na economia passa então a crescer a taxas menores.  Com empresas e indivíduos endividados, preços em alta, e uma menor quantidade de dinheiro entrando na economia, gastos e investimentos são reduzidos. Empreendimentos vultosos descobrem que não têm aquela demanda que inicialmente havia sido imaginada.  Vários são liquidados.  Alguns imóveis ficam inacabados.  Recursos escassos -- como matérias-primas e materiais de construção -- foram desperdiçados.  Houve uma destruição de capital.  A economia está mais pobre.

Neste momento, o Banco Central pode tentar reativar a economia reduzindo novamente a taxa básica de juros, na esperança de reestimular a atividade econômica.  No entanto, dependendo da intensidade com que se deu a expansão econômica anterior, esta medida será inócua. 

A redução da taxa básica de juros durante uma recessão tende a ter seu efeito expansionista frustrado pela incerteza econômica.  A incerteza desencoraja novos endividamentos.  O temor quanto à duração da recessão pode até mesmo induzir os devedores a reduzir suas dívidas, o que reduzirá o volume de gastos na economia, levando a menores receita para as empresas, dificultando ainda mais sua situação. 

Adicionalmente, em um ambiente de adversidade e incerteza, os credores tendem a elevar os juros cobrados com o intuito de compensar o maior risco agora vigente neste cenário.  Enquanto o Banco Central se esforça para reduzir a taxa básica de juros, o mercado pode se opor adotando medidas contrárias, mitigando seus efeitos.

No que mais, uma redução da taxa básica de juros afeta muito pouco os juros cobrados pelos bancos para a concessão de empréstimos.  A taxa básica de juros controlada pelo Banco Central é uma taxa de curto prazo e os empréstimos bancários tendem a ser de longo prazo.  As expectativas do mercado quanto à inflação futura -- as quais podem aumentar em decorrência da postura mais agressiva do Banco Central -- constituem um importante componente da formação dos juros cobrados pelos bancos em seus empréstimos.  Em épocas inflacionárias, essas expectativas tendem a frustrar as políticas do Banco Central.

Portanto, por mais que o Banco Central tente reativar a economia reduzindo a taxa básica de juros, o mercado pode reagir de maneira oposta, contrariando a intenção dos burocratas.  Com empresas e indivíduos endividados e gastando menos, e com um grande volume de capital tendo sido imobilizado em empreendimentos infrutíferos, os prejuízos forçam as empresas a finalmente se reajustarem às novas condições do mercado.  É impossível evitar o reajuste.

Uma expansão creditícia inevitavelmente leva a uma recessão.  E uma recessão nada mais é do que o período em que o mercado se reajusta, liquidando os investimentos errôneos que foram feitos na época da expansão econômica artificial.  Enquanto alguns investimentos são liquidados, outros apenas têm seu valor reduzido.  Mas, no final, houve empobrecimento, uma vez que recursos escassos foram desperdiçados em investimentos insustentáveis, para os quais não havia demanda.  (Investidores sagazes podem reconhecer os reajustes que estão ocorrendo durante o período da expansão e enriquecer quando chegar a recessão, mas, no geral, a farra do consumo e os investimentos errados reduzirão a riqueza da sociedade).

Uma recessão, em vez de ser evitada, deve ser abraçada, pois é ela quem corrigirá os excessos do boom anterior.  O mercado só se reajustará quando os juros puderem ir livremente para seu real valor de mercado, e preços e salários puderem cair para seus valores reais (e não os artificiais estimulados pela expansão do crédito).

Não existem milagres na economia.  Não é possível enriquecer toda uma sociedade pela simples manipulação dos juros e pela simples criação de dinheiro.  A realidade, cedo ou tarde, sempre irá se impor.  E, quando isso ocorrer, políticos e funcionários do Banco Central serão relembrados de que manipular os juros não gera crescimento econômico.

Fonte: Instituto Mises Brasil

Sem Mantega, País recuperaria credibilidade, diz jornal

LONDRES - O jornal britânico Financial Times sugere que a saída do ministro da Fazenda, Guido Mantega, poderia ajudar o Brasil a recuperar a credibilidade. Em editorial publicado na edição desta quarta-feira, 26, o FT reconhece o esforço recente de Brasília em tentar melhorar a imagem com controle mais rígido da inflação e das contas públicas. Mesmo assim, o jornal defende que "a maneira mais fácil seria sacudir a equipe" e o primeiro alvo seria Mantega, "que há muito tempo perdeu a consideração por parte dos investidores".
No editorial, o FT analisa a atual situação da economia brasileira e debate alternativas para o País recuperar a credibilidade e a força da economia. "A maneira mais fácil poderia ser sacudir a equipe. Guido Mantega, o ministro da Fazenda, há muito perdeu a consideração por parte dos investidores. Substituí-lo por um nome pró-mercado poderia fazer maravilhas", diz o texto. Não é a primeira vez que a imprensa internacional fala na saída de Mantega. A revista The Economist já sugeriu a troca do ministro pelo menos duas vezes ao longo dos últimos meses.

O texto do FT lembra que o Brasil cresceu a um ritmo de 4% durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Agora, o País está "à beira de uma recessão técnica e ninguém sabe de onde o crescimento pode vir". Entre os problemas da economia brasileira, o texto cita a desaceleração do consumo, baixo investimento, gargalos na infraestrutura e o aumento do déficit externo gerado pela desaceleração dos preços das commodities.

"Dilma herdou alguns desses problemas de seu antecessor. Outros derivam do ambiente global pior. No entanto, enquanto se aproxima o fim de seu primeiro mandato, muitos problemas foram produzidos por ela também", diz o editorial.

Entre os exemplos de erros da equipe de Dilma o FT cita as isenções tributárias e outras medidas adotadas para incentivar a produção industrial, mas que "só aumentaram o déficit público, que foi camuflado pela contabilidade criativa". "Ela incentivou o Banco Central a cortar taxas de juros, o que estimulou a economia e também o aumento da inflação", diz o texto, ao lembrar que isso também enfraqueceu o real, acelerando a inflação.

"Combinando o jeito mandão e o estilo sabe-tudo de Dilma, o resultado final é que a senhora Rousseff e seu governo perderam credibilidade aos olhos dos investidores, justo agora que os tempos estão ficando mais difíceis e ela precisa mais deles", diz o editorial. Apesar de apontar os vários problemas, o FT diz que a situação "está longe de ser perdida". "Quase todos, no governo e fora dele, concordam em que a economia precisa mudar. A verdadeira questão é como", diz o texto.

O FT diz que as eleições presidenciais de outubro limitam o campo de reação. A disputa eleitoral, afirma o texto, vai adiar decisões difíceis. Então, outro caminho seria acelerar os investimentos em infraestrutura. "No entanto, enquanto agora alguns projetos estão oferecendo condições mais atraentes aos investidores, outros estão definhando", diz o editorial, citando como exemplo que a concessão do Aeroporto de Guarulhos resultou, por enquanto, em apenas um "novo edifício garagem". Por fim, também há morosidade do Congresso e Dilma teria pouca capacidade política para persuadir parlamentares, diz o texto. 

Fonte: O Estado de S. Paulo

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Argentinos parecem resignados com a realidade de uma crise por década

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Uma mulher olha uma vitrine em Buenos Aires. A inflação na Argentina vem ganhando fôlego nos últimos meses
Uma resignada teoria circula atualmente nos cafés e nos churrascos de quintal em Buenos Aires: a Argentina está destinada a sofrer uma crise econômica a cada década e não há muito o que fazer a respeito.

"Sempre tivemos instabilidade", diz David Gambarin, um afável corretor de imóveis que, aos 90 anos, ainda coloca um terno e vai para seu escritório no centro da capital. "Os argentinos são assim. Assim somos."

Cerca de uma década após a crise econômica de 2001, a Argentina está à beira de um novo colapso. O peso despencou em janeiro e economistas dizem que uma combinação de inflação e recessão provavelmente está a caminho. Açougues e lojas já estão aumentando preços. Para segurar a inflação, a presidente Cristina Kirchner está restringindo o acesso a dólares e ameaçando fechar lojas, mas economistas observam que essas táticas falharam no passado.

Assim como outros, Gambarin está vendo as turbulências com resignação. Ele imigrou da Rússia ainda pequeno e passou por cinco golpes políticos. Seus dois filhos vivenciaram uma ditadura militar, colapsos bancários e, na década de 80, uma inflação que aumentava tão rapidamente que os consumidores corriam para os caixas dos supermercados antes que os preços fossem remarcados. A crise de agora será a segunda desde que os quatro netos de Gambarin se tornaram adultos.

"Parece que estamos fazendo todo o possível para cumprir a profecia de uma crise interminável", diz Rodolfo Cohan, que tem 64 anos e é cunhado de Gambarin, tomando café em seu apartamento em Belgrano, um bairro de classe média.

Na década de 40, o presidente Juan Perón interrompeu o comércio da Argentina com o resto do mundo. Nos anos 60, o país passou por estagnação, inflação e golpes militares. Em 1975, 1981 e 1989, planos econômicos fracassados causaram a desvalorização da moeda, tal como ocorreu no Brasil nos anos 80. A crise mais recente se deu em 2001, quando a Argentina declarou moratória de cerca de US$ 100 bilhões em títulos da sua dívida soberana. A moratória — a maior do mundo na época — atingiu os bancos argentinos, a moeda e o governo.

Os economistas classificam a Argentina como um "mercado emergente", mas a economia do país, que depende de commodities como carne e soja, está em declínio há um século. Em 1910, a Argentina era um dos dez países mais ricos do mundo. Hoje, sua renda per capita não chega à metade da americana.

Há pouca discussão sobre as causas dos contínuos problemas financeiros da Argentina: "Mau governo", diz a economista Marina Dal Poggetto, sócia da consultoria Estudio Bein, em Buenos Aires.

Durante décadas, líderes argentinos gastaram demais durante os anos de abundância e não economizaram o bastante para os períodos de vacas magras. Para prolongar os bons momentos, os governos fizeram dívidas volumosas ou simplesmente imprimiram mais dinheiro. O resultado foram surtos de inflação, desvalorização da moeda, colapsos bancários ... e coisas piores.

A parede atrás da mesa de Dal Poggetto está coberta por molduras de notas e mais notas de dinheiro que caíram em desuso depois de vários planos econômicos fracassados. A Argentina já cortou 13 zeros do seu dinheiro desde 1969. Em 1991, por exemplo, a cédula de 10.000 austrais foi substituída pela nota de um peso. Hoje, essa mesma nota vale 9 centavos de peso.

Membros da classe média e da elite argentina há muito tempo seguem a prática de guardar dólares para o caso de um colapso do peso. O governo estima que os argentinos têm US$ 160 bilhões escondidos em cofres domésticos ou contas bancárias fora do país. Hoje, cambistas que vendem dólares ilegalmente, os chamados "arbolitos", podem ser encontrados por toda parte em Buenos Aires.

Para os argentinos mais pobres, as crises podem ser verdadeiras calamidades. Com pouco acesso a dólares, os pobres assistem, impotentes, à inflação corroer o valor de seus salários, tornando-os incapazes de comprar comida. Multidões saquearam supermercados argentinos durante as crises de 1989 e 2001.

Gambarin, que iniciou sua carreira na época em que Perón assumiu o poder, diz que teve que usar a cabeça para tocar uma agência imobiliária durante uma vida inteira de turbulência. A filha de Gambarin, Nilta, e o cunhado, Cohan, começaram a vida de casados no início de um dos períodos mais sombrios na Argentina, a "Guerra Suja", de 1976 a 1983, quando entre 10.000 e 30.000 pessoas foram mortas, a maioria pelos serviços de segurança do Estado.

O primeiro filho do casal nasceu em 1975, o ano do "Rodrigazo" — uma desvalorização brusca da moeda batizada com o nome do ministro da Economia, Celestino Rodrigo. A medida dizimou poupanças e salários e produziu uma inflação de 35% ao mês. O segundo filho do casal nasceu no ano seguinte, quando os militares derrubaram o governo e impuseram uma violenta ditadura. O terceiro filho chegou em 1982, ano em que a Argentina entrou em guerra com o Reino Unido pela posse das ilhas Malvinas — o que muitos acreditam ter sido uma tentativa de desviar a atenção dos argentinos de sua economia em ruínas.

Agora, uma nova geração está amadurecendo em meio a mais agitações. "Crises estão no DNA da Argentina", diz o terceiro filho de Cohan, Luciano.

Crises também fazem parte do currículo escolar. Quando Luciano estudou economia na Universidade de Buenos Aires, um dos principais professores da instituição era o economista Axel Kicillof, cuja dissertação de doutorado foi uma análise marxista das ideias do economista britânico John Maynard Keynes.

Hoje, Kicillof é o ministro da Fazenda da Argentina, a mente por trás das estatizações e de quanto o governo paga por elas, assim como dos controles cambiais e de importação.

Luciano diz não acreditar mais nas teorias de Kicillof — ou nas estatísticas do governo. O governo da Argentina afirma que a inflação foi de 10,9% em 2013. Luciano, que hoje também é economista, pesquisou milhares de preços de varejistas on-line para chegar à sua própria estimativa: em torno de 29%.

Na melhor das hipóteses, diz ele, a inflação vai aumentar para 35% ou 40% este ano e a economia vai estagnar. "O pior cenário é difícil de expressar em palavras", diz.

David Gambarin, o patriarca da família, diz que já sabe o que vai acontecer: "Nada. Nada vai acontecer", diz. "Estamos acostumados aqui. A cada quatro ou cinco anos, as coisas são destruídas. Depois já vem um outro que promete o ouro, que vai consertar a Argentina. Mas tudo continuará igual."

Fonte: The Wall Street Journal

México sofre com gastos públicos anêmicos

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As dificuldades de Paulo Noriega são um reflexo do que deu errado na economia do México no ano passado. A empresa dele, uma fornecedora de produtos de limpeza cujos principais clientes são hospitais públicos, está há meses estagnada, suas vendas caíram pela metade e alguns empregados foram demitidos.

O motivo? O governo suspendeu seus gastos durante grande parte do ano.

"Não tínhamos vivido algo assim nos últimos 12 anos", diz Noriega, um jovem empresário mexicano que gerencia a firma com seu pai. "Os pedidos do IMSS [o sistema de saúde e previdência social] de repente despencaram. Tivemos que apertar os cintos e usar nossas economias para sobreviver."

Os atrasos nas despesas do governo são uma das razões por trás do fraco desempenho do país em 2013, ano em que a segunda maior economia da América Latina cresceu só 1%, como informou o Instituto Nacional de Estatística e Geografia, o Inegi, na sexta-feira. Isso se traduz na criação de cerca de 200.000 empregos num país de 112 milhões de habitantes.

Os dados do produto interno bruto foram uma ducha de água fria no otimismo com que o presidente Enrique Peña Nieto começou seu mandato, em dezembro de 2012. Em vez dos 3,5% de crescimento esperado inicialmente no seu primeiro ano de governo, o PIB do país teve sua menor alta desde a recessão de 2009.

Peña Nieto atribuiu a desaceleração principalmente à mudança de governo e à queda das exportações para o vizinho do norte. "A recuperação dos Estados Unidos não foi tão forte como esperado, o que afetou o dinamismo de nossas próprias exportações. E então tivemos a mudança de governo: como acontece a cada seis anos, o ritmo dos gastos muda", disse Peña Nieto em entrevista ao The Wall Street Journal na semana passada.

Mas outros fatores também contribuíram para o lento crescimento, dizem economistas.

O setor de construção entrou em recessão em parte devido ao endividamento insustentável das maiores construtoras do país. A falta de gás natural em algumas regiões também prejudicou a atividade. Além disso, muitos investidores adiaram decisões até verem o desfecho final das reformas econômicas nos setores de energia e telecomunicações, que o Congresso aprovou no ano passado.

"Definitivamente, foi uma tempestade perfeita", diz Jonathan Heath, economista independente que já trabalhou no instituto de estatísticas do México.

Alguns analistas, porém, dizem que o governo é responsável pela má gestão dos gastos públicos, já que ele caiu 10% no primeiro trimestre do ano passado, em comparação com um aumento de 3% e 6%, respectivamente, no início dos dois governos anteriores.

"O governo pediu ao Congresso um orçamento equilibrado em 2013 [...] quando a economia global ainda estava frágil. Isso foi um erro porque levou à contração dos gastos comparado com o ano anterior, diz Gerardo Esquivel, economista da universidade Colegio de México.

O Ministério da Fazenda não respondeu a pedidos para comentar as críticas. Esquivel disse que o esforço do governo para aprovar as reformas distraíram o ministro da Fazenda, Luis Videgaray, da gestão da economia no dia a dia. Várias autoridades importantes do governo disseram que algumas das pessoas indicadas para postos-chave no ministério da Fazenda, incluindo o vice-ministro da Fazenda e vice-ministro de gastos, não tinham nenhuma experiência anterior na máquina pública do governo federal. Além disso, o trabalho nas reformas tributária e financeira tomou muito tempo deles, dizem.

Alguns ministérios com orçamentos significativos, como o do Transporte, ou SCT, demoraram para começar a usar as verbas. Os delegados regionais do SCT, que são responsáveis por acelerar os projetos de infraestrutura e as licitações, ainda não tinham sido nomeados até abril, segundo membros do governo.

Em maio, a desaceleração econômica já era evidente. O governo reduziu sua previsão para o crescimento do PIB três vezes no ano: primeiro para 3,1%, depois 1,8% e, finalmente, 1,3%.

Os atrasos nos gastos estavam começando a ter efeitos notáveis: fornecedores não eram pagos em dia, novas licitações eram adiadas. Para Noriega, o empresário, o resultado foi amargo: "Em meados do ano, estávamos com os depósitos cheios de estoque esperando para ser vendido", diz.

O ministro da Fazenda começou no meio do ano a trabalhar numa solicitação para que o Congresso aprovasse um pequeno déficit no orçamento em 2013 e um maior em 2014 para estimular o crescimento econômico através de gastos públicos adicionais — financiados com mais dívida e mais impostos.

Em setembro, os gastos do governo aceleraram, impulsionados em parte por obras de reconstrução, depois que várias tempestades severas atingiram o país. No fim do ano, o orçamento tinha sido totalmente consumido.

Mas os danos à economia já tinham sido causados e ela não se recuperou no quarto trimestre, crescendo apenas 0,2% em relação ao trimestre anterior. Em 2014, Peña Nieto espera uma expansão de 3,9%, acima das previsões do mercado, embora muitos analistas já projetem um fraco primeiro trimestre.

Heath, o economista, diz que o impacto dos novos gastos vai levar algum tempo para ser sentido. "Os novos impostos também criaram incertezas e já estão prejudicando o consumo dos lares e a confiança dos empresários."

Noriega ainda não está enxergando uma luz no fim do túnel: "Até agora, não vimos uma melhora na atividade", diz.

Fonte: The Wall Street Journal