Economista, Especialista em Economia e Meio Ambiente pela Universidade Federal do Paraná e Graduando em Estatística, também, pela Universidade Federal do Paraná.

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

IGP-M desacelera alta para 0,48% em janeiro, diz FGV

SÃO PAULO, 30 Jan (Reuters) - O Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M) subiu 0,48 por cento em janeiro, ante elevação de 0,60 por cento em dezembro, favorecido pela desaceleração da alta no atacado, informou a Fundação Getulio Vargas (FGV) nesta quinta-feira.

O resultado ficou abaixo da expectativa em pesquisa da Reuters, de alta de 0,50 por cento, de acordo com a mediana de 24 projeções.

Em relação à segunda prévia de janeiro, o indicador mostrou ligeira aceleração após avanço de 0,46 por cento no período.

O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que mede a variação dos preços no atacado e responde por 60 por cento do índice geral, teve alta de 0,31 por cento, ante avanço de 0,63 por cento em dezembro.

Já o Índice de Preços ao Consumidor, com peso de 30 por cento no índice geral, acelerou a alta para 0,87 por cento, contra 0,69 por cento visto anteriormente.

O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), com peso de 10 por cento no índice geral, registrou elevação de 0,70 por cento, ante alta de 0,22 por cento em dezembro.

O cenário de inflação pressionada persiste. Embora o IPCA-15 tenha iniciado o ano desacelerando, com alta de 0,67 por cento em janeiro, o resultado não foi suficiente para aliviar a expectativa de mais aperto monetário.

Na ata da reunião em que elevou a Selic a 10,5 por cento, o próprio Banco Central destacou a resistência da inflação "ligeiramente acima do esperado", piorando seu cenário para este ano.

O IGP-M é utilizado como referência para a correção de valores de contratos, como os de energia elétrica e aluguel.

Fonte: Reuters Brasil

Turbulência em emergentes não abala confiança do Fed na economia dos EUA

Ben Bernanke conseguiu unanimidade dos membros do Fed para reduzir o estímulo em sua última reunião no BC Associated Press
O Federal Reserve, banco central americano, aparentemente sem se abalar com a recente turbulência nos mercados emergentes, anunciou ontem que vai reduzir ainda mais seu programa de compra de títulos de dívida no próximo mês, uma medida que concretiza a estratégia do Fed de reduzir gradativamente o programa de estímulo econômico em cada uma das suas reuniões neste ano enquanto a economia dos Estados Unidos continuar melhorando.

O comitê de política monetária do Fed informou ontem que vai reduzir de US$ 75 bilhões para US$ 65 bilhões as compras mensais de ativos. A decisão de reduzir o programa foi unânime — a primeira vez que houve unanimidade em uma reunião de política monetária desde junho de 2011. A reunião também foi a última de Bernanke antes de ele deixar o comando do Fed, amanhã. Sua sucessora, Janet Yellen, assumirá o cargo no sábado.

As autoridades do Fed não fizeram qualquer menção em seu comunicado à turbulência que tem abatido desde quinta-feira passada os mercados da Índia, Turquia, África do Sul, Argentina e outras economias emergentes.

"A posição clara do Fed é que o recuo continuará; seria necessário um enfraquecimento sério nos EUA ou um desastre real [nos mercados emergentes] para levar o [ Fed ] a uma pausa", disse Ian Shepherdson, economista-chefe da Pantheon Macroeconomics, em nota a clientes.

O programa de compra de títulos tem como objetivo estimular uma recuperação econômica mais robusta nos EUA, reduzindo as taxas básicas de juros na esperança de estimular mais gastos, investimentos e contratações. No processo, o Fed injetou dinheiro novo no sistema financeiro e parte dele fluiu para as aquecidas economias de países em desenvolvimento, onde os investidores procuravam retornos mais elevados. Agora, com as taxas de juros dos EUA e o crescimento econômico aumentando, esses fluxos estão se invertendo, fazendo com que algumas moedas de mercados emergentes caiam abruptamente e criando o caos nos mercados financeiros.

Uma série de aumentos de juros por parte dos bancos centrais, na Índia, Turquia e África do Sul nos últimos dias não conseguiu acalmar o tumulto em seus mercados e em outras economias em desenvolvimento. A volatilidade do mercado financeiro continuou ontem, na esteira da decisão do Fed.

Um esforço do banco central da Turquia para dar impulso à abatida lira com um enorme aumento dos juros resultou apenas numa alta passageira da moeda turca. A África do Sul seguiu o exemplo com um aumento menor, mas não conseguiu evitar que o rand caísse para seu ponto mais baixo em cinco anos. A Índia já havia surpreendido o mercado com um aumento da taxa de juros, mas não conseguiu proteger a rupia de novas perdas ontem.

Os mercados de ações dos EUA e Europa caíram, com a Média Industrial Dow Jones recuando 1,2%, para 15738,8 pontos. A maioria das bolsas europeias registrou quedas similares. As notas do Tesouro americano e o iene, que são considerados um porto seguro em momentos de estresse no mercado, subiram.

O que preocupa os investidores é a incerteza de que os bancos centrais possam estancar a onda de vendas que vem abalando os mercados emergentes desde que o governo da China anunciou uma desaceleração no setor manufatureiro, na semana passada.

O BC turco surpreendeu os mercados apresentando um aumento da taxa de juros muito maior que o esperado pelos economistas. Depois de resistir a qualquer aumento na taxa básica durante meses, temendo travar o crescimento econômico, o banco central mais que dobrou a taxa de juros que cobra dos bancos para empréstimos overnight, de 4,5% para 10% ao ano. Mas os efeitos positivos da ação não duraram muito tempo. A lira voltou a afundar aos níveis de antes da decisão, com o dólar fechando em pouco menos de 2,25 liras. O mercado ficou mais agitado depois que um aumento menor da taxa básica de juros pelo banco central da África do Sul provocou uma alta de curtíssima duração antes de a sua moeda registrar a maior baixa em cinco anos. Moedas de outros emergentes, como o real, o peso mexicano, o zloty polonês e o forint húngaro também caíram fortemente, o que sugere que operadores e investidores estão procurando evitar apostas mais arriscadas em geral.

O Fed decidiu reduzir seu programa de compras de títulos de dívida porque vê um fortalecimento da economia americana, qua agora precisa de menos ajuda. Os dirigentes do Fed disseram em seu comunicado que "o crescimento da atividade econômica acelerou nos trimestres mais recentes". O banco central também observou que tanto os gastos das famílias quanto os investimentos fixos das empresas "avançaram mais rapidamente nos últimos meses" .

Mas as autoridades descreveram os indicadores do mercado de trabalho como "conflitantes, provavelmente se referindo aos dados decepcionantes de dezembro, e observaram que a recuperação do mercado imobiliário "desacelerou um pouco".

O Fed reiterou sua visão de que "os riscos para as perspectivas da economia e para o mercado de trabalho estão se tornando mais equilibrados", linguagem que incluiu em seu comunicado pela primeira vez desde dezembro.

O Fed anunciou que começaria a reduzir seu programa de estímulo após sua reunião nos dias 17 e 18 de dezembro e fez o primeiro corte de US$ 10 bilhões a partir das compras de janeiro. Na ocasião, Bernake indicou claramente que a preferência da instituição era reduzir o programa em US$ 10 bilhões em cada uma das reuniões de política monetária ao longo deste ano, encerrando-o definitivamente perto do fim do ano.

A decisão de ontem reafirma esse cronograma. O Fed informou que reduzirá sua compra de notas do Tesouro de longo prazo para US$ 35 bilhões ao mês e as compras de ativos lastreados em hipotecas para US$ 30 bilhões ao mês, uma redução de US$ 5 bilhões para cada. O Fed também votou a favor de manter a taxa de juros de curto prazo próxima a zero, nível em que está desde o fim de 2008. As autoridades da instituição repetiram o discurso de que provavelmente a manterão nesse patamar por um bom tempo depois que a taxa de desemprego dos EUA atingir 6,5%. (Ela foi de 6,7% em dezembro.)

"O Fed não deixou que os mercados emergentes o tirassem do curso", diz Thomas Roth, diretor-presidente do grupo de negociação de títulos do governo americano da Mitsubishi UFJ Securities (USA) Inc., em Nova York.

"É certamente um daqueles eventos inquietantes", diz Tom Stringfellow, diretor de investimentos da Frost Investment Advisors, que administra US$ 10 bilhões. O fundo, que tem uma pequena posição nos emergentes, "está tentando digerir se é hora de alguns [saírem] do mercado", diz. Se essa for a conclusão, "de onde tiramos o dinheiro? Dos ativos menos atraentes, que podem muito bem ser os mercados emergentes".

Fonte: The Wall Street Journal

Frágil? Brasil cresce dependente do exterior

A economia atingiu o patamar mais elevado de necessidade de financiamento com capital estrangeiro desde 2006

Rio - O Brasil acordou nesta quarta-feira inusitadamente atrelado à economias, à primeira vista, distintas da sua e sob o risco de ingressar em um redemoinho internacional de alta das taxas básicas dos juros - iniciado por volta da zero hora de Brasília, na Turquia, a mais de dez mil quilômetros de distância.

Com o título de "frágil", utilizado por analistas estrangeiros para definir os países emergentes, pesa sobre o país não só um passado recente de instabilidade, como uma necessidade de financiamento em patamares elevados, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Foram R$ 130 bilhões no período de janeiro a setembro de 2013, ainda sem as estatísticas do quarto trimestre, que serão divulgadas somente em março. Esse é o pior resultado desde 2006, último ano em que o país apresentou capacidade de financiamento, de R$ 21,4 bilhões (diferença entre receitas e gastos, incluindo as transações com outros países, que resulta em sobra de dinheiro).

Desde então, aumentou o consumo pelas famílias de produtos importados e o número de viagens ao exterior, sinais de um crescimento financiado pelo capital externo, numa dependência que cresce ano a ano, alcançando seu maior nível em 2013. A associação desse cenário interno a um ambiente internacional mais turbulento tem repercussões ainda não tão claras por aqui.

Ontem, foi a vez de a África do Sul elevar suas taxas após quase seis anos de estabilidade. O susto maior, entretanto, ocorreu na terça, na Turquia, onde o presidente da autoridade monetária, Erdem Basci, surpreendeu o mundo com a decisão de disparar os juros de 7,75% ao ano para 12%. A Índia foi mais comedida, mas, assim como os outros dois emergentes, optou pelo aumento, de 0,25 ponto percentual, para 8%. O pano de fundo é o receio de que o fim do programa expansionista dos Estados Unidos resulte numa fuga expressiva dos investidores e na consequente desvalorização das moedas dos emergentes - favorecidas no período de crise nos Estados Unidos e na Europa e de boom das commodities, principal pauta de exportação desse grupo.

No Brasil, economistas questionam a homogeneidade dos "emergentes frágeis". Em jogo está a capacidade de dar continuidade à atração de capital estrangeiro e levar adiante desafios de infraestrutura.
"O Brasil continua sendo um dos principais países do mundo em investimento estrangeiro", contesta José Tavares Araújo Júnior, diretor do Centro de Estudos de Integração e Desenvolvimento (Cindes), especializado em mercado internacional. "Há oportunidades, desde que o governo demonstre solidez, com regras firmes para os investimentos. O Brasil ainda é visto como um país seguro", diz a professora da Uerj e do Ibre/FGV, da área de economia mundial, Lia Valls.

Para Maucir Fregonesi, sócio do escritório Siqueira Castro Advogados, as recentes turbulências podem levar à alta da Selic. "A verdade é que a inflação no Brasil continua alta e vem estando fora do controle há algum tempo", ressalta.

Para o diretor do Cindes, no entanto, não faz sentido a inclusão do Brasil em um grupo supostamente homogêneo, o dos emergentes. Em sua opinião, os investidores costumam avaliar os países segundo suas variáveis macroeconômicas, como a relativa ao mercado de trabalho: "No máximo, os investidores analisam grupos reunidos por um acordo comercial, como o Mercosul".

O estabelecimento de metas difíceis de serem cumpridas - principalmentede inflação e superávit primário - dão, sim, margem para que os estrangeiros duvidem da atratividade brasileira, segundo Lia Valls. Ainda assim, o Brasil estaria mais associado à China, por exemplo, onde também há a necessidade de investimento em infraestrutura, do que à Turquia. Quarta-feira, o premiê chinês Li Keqiang anunciou que irá levar adiante amplas reformas neste ano e sustentar o crescimento da economia, de acordo com a agência de notícias Xinhua.
Fonte: Brasil Econômico

Desconfiança com a Argentina já respinga no Brasil

A crise cambial da Argentina deteriorou ainda mais as expectativas de investidores em relação ao Brasil. Nos últimos dias, houve forte elevação dos Credit Default Swaps (CDS), um tipo de papel que serve como "seguro" contra eventual calote do País e é usado como termômetro da confiança do mercado. Somente no mês de janeiro, o CDS de referência que vence em 5 anos subiu 10,88%.
Na visão do governo federal, uma piora desse indicador era "razoavelmente natural e esperada", dada a integração econômica entre Brasil e Argentina. No entanto, a equipe econômica avalia que os riscos são mínimos.

O sinal de aperto fiscal, aguardado com ansiedade pelo mercado financeiro, será dado em fevereiro, e isso, aliado a uma melhora do saldo comercial esperada para este ano, deve "dissociar" o Brasil do país vizinho, segundo fontes do governo.

A grande aposta da equipe econômica é o avanço da produção e refino de petróleo pela Petrobrás, o que diminuiria a importações de combustíveis e derivados.

Embora especialistas consideram que os investidores estrangeiros já consigam diferenciar o Brasil do vizinho latino-americano, no entendimento do mercado a piora cambial na Argentina afetará as exportações brasileiras de produtos com alto valor agregado.

Consequentemente, a balança comercial brasileira pode não ajudar a financiar o rombo externo - da mesma forma como ocorreu em 2013, ano em que foi registrado o pior déficit da história: R$ 81,4 bilhões.

"A piora na Argentina sinaliza um desempenho ruim para a indústria automobilística brasileira. Todos apostavam em uma redução do déficit este ano. Pode ser que esse contágio impeça essa possibilidade", afirma Samuel Pessôa, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da FGV.

Se a previsão se confirmar, seria a concretização novamente de um cenário pessimista para a economia brasileira: a continuidade da dependência de recursos externos.

Política fiscal
Pessôa lembra que o movimento de elevação da cotação do CDS do Brasil na comparação com países latino-americanos como Chile, Colômbia, México e Peru, começou em outubro do ano passado, com a divulgação de dados ruins da própria economia brasileira: um superávit primário menor do que o mercado esperava.

"Esse fato detonou um processo de reclassificação dos ativos. Criou-se um "efeito manada": todos os analistas começaram a olhar com mais cuidado a condução da política fiscal", explica.

André Perfeito, economista-chefe da Gradual, diz que "por bem ou por mal" a Argentina está fora do cenário global de investimentos há muito tempo, mas qualquer notícia no país vizinho modifica um pouco a percepção dos investidores com o conjunto dos latinos. "O efeito no Brasil é maior por ser o principal País do grupo, isto é, um mercado financeiro mais organizado e com volume de investimentos mais altos", afirma Perfeito.

Para Zeina Latif, economista-chefe da XP Investimentos, o estresse pela Argentina é menor do que o causado pela própria equipe econômica do governo. Além do fiscal, Zeina diz que o ritmo cambaleante da economia brasileira é outro fator que influencia na análise dos investidores internacionais sobre o risco de inadimplência dos títulos soberanos brasileiros. "Os fundamentos da economia brasileira não estão tão sólidos como deveriam.

Fonte: Jornal de Brasília

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Dívida Pública Federal bate recorde e fecha 2013 em R$ 2,123 trilhões

Influenciada pelas emissões para ajudar bancos oficiais, a Dívida Pública Federal (DPF) cresceu 5,8% em 2013 e fechou o ano em nível recorde. De acordo com dados divulgados hoje (29) pelo secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, a DPF fechou o mês passado em R$ 2,123 trilhões, com alta de R$ 11,6 bilhões em relação ao estoque registrado no fim de 2012. Apenas em relação a novembro, o aumento correspondeu a 2,58%.

Em dezembro, a dívida pública mobiliária – em títulos públicos – interna subiu 2,83%, passando de R$ 1,972 trilhão em novembro para R$ 2,028 trilhões no mês passado. Isso ocorreu porque, em dezembro, o Tesouro emitiu R$ 37,2 bilhões em títulos a mais do que resgatou. Além disso, reconheceu R$ 18,75 bilhões em juros. O reconhecimento ocorre porque a correção que o Tesouro se compromete a pagar aos investidores é incorporada gradualmente ao valor devido.

A dívida pública externa, no entanto, caminhou na direção oposta e caiu 2,61% de novembro para dezembro, de R$ 97,22 bilhões para R$ 94,68 bilhões. A queda ocorreu apesar da alta de 0,76% do dólar no mês passado.

Esse foi o terceiro mês consecutivo em que a DPF ultrapassou o nível de R$ 2 trilhões. Em dezembro do ano passado, o estoque havia ficado acima desse valor, mas caiu nos meses seguintes e oscilou em torno de R$ 1,9 trilhão durante boa parte do ano. Mesmo assim, o estoque da Dívida Pública Federal encerrou 2013 dentro da faixa de R$ 2,1 trilhões a R$ 2,24 trilhões estabelecida pelo Plano Anual de Financiamento (PAF).

As emissões de títulos públicos para o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e para a Caixa Econômica Federal foram o principal fator para a alta da DPF no acumulado do ano, representando impacto de R$ 57,8 bilhões no endividamento do governo, dos quais R$ 25 bilhões foram emitidos para o BNDES em dezembro. Os papéis reforçam o capital das instituições financeiras e permitem que os bancos emprestem mais.

Desde julho, o Tesouro também passou a emitir títulos públicos para financiar o desconto médio de 20% nas tarifas de energia, em emissões que somaram R$ 7,86 bilhões em 2013. O dinheiro vai para a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), fundo que compensa as concessionárias do setor elétrico. No mês passado, no entanto, não ocorreram emissões diretas para bancos oficiais nem para a CDE.

Por meio da dívida pública, o governo pega emprestado dos investidores recursos para honrar compromissos. Em troca, compromete-se a devolver os recursos com alguma correção, que pode ser definida com antecedência, no caso dos títulos prefixados, ou seguir a variação da taxa Selic, da inflação ou do câmbio.

Fonte: Agência Brasil

Mercosul

Por Antonio Delfim Netto*

Se tomarmos distância e tentarmos discernir quais os fenômenos que caracterizam o momento em que vivemos, talvez possamos apontar seis deles:

1. A evolução do clima, que, em parte, é resultado da dinâmica do sistema planetário (sobre a qual pouco podemos fazer) e, em parte, é resultado da ação do homem na apropriação da natureza finita para atender ao crescimento da população mundial.

2. Uma globalização do sistema produtivo, estimulada pela "mundialização" financeira gestada pela livre movimentação dos capitais e pela facilidade de informação. Nela, as nações politicamente independentes são, cada vez mais, peças importantes, mas dispensáveis, na produção global.

3. O resultado mais deplorável dessa dominância financeira foi uma exacerbada concentração de renda. A solução da grande recessão de 2007 mostrou que, em larga medida, o mercado financeiro apropriou-se do sistema político, com graves consequências: os patifes que promoveram o assalto ao cidadão incauto (sob a proteção dos olhos complacentes dos governos) estão muito bem, enquanto mais de 40 milhões de honestos trabalhadores de todo o mundo ainda estão sem emprego. A falta de uma resposta política eficiente e rápida para esse problema é uma das mais sérias ameaças à democracia.

4. Houve, em compensação, um claro avanço das relações entre a organização econômica (o "mercado"), que o homem foi encontrando num processo de seleção histórica para satisfazer objetivos não inteiramente compatíveis, e o processo democrático (a "urna"), o que reduziu a angústia da procura de soluções mágicas para resolvê-los.

5. Um rápido processo de urbanização, que acarreta profundas consequências ecológicas no comportamento humano e cria um ambiente vulnerável.

6. E, finalmente, a emergência de uma forma revolucionária de interação popular paralela à da representação democrática clássica. Ela tornou-se possível pelos rápidos e incontroláveis avanços da tecnologia de informação. Ainda estamos longe de entender suas consequências práticas, a longo prazo, nas relações entre o cidadão e o Estado (que tenta controlar a tecnologia).

Como resulta claro desses fenômenos, nenhum grupo de pequenos países pode enfrentá-los. Se, por um lado, é preciso uma coordenação mundial, por outro, é necessário o reconhecimento de cada um, por mais importante que pense ser, de que é apenas uma engrenagem pequena ou grande que, ou se integra no processo produtivo global, ou será desembreado dele! Esse será, por exemplo, o destino dos países do Mercosul se não entenderem o processo...

*Antonio Delfim Netto, ex-ministro da Fazenda (governos Costa e Silva e Médici), é economista e ex-deputado federal. Professor catedrático na Universidade de São Paulo.

Fonte: Folha de S. Paulo

Estoque da dívida pública deve ficar entre R$2,17 tri e R$2,32 tri em 2014, mostra Tesouro

BRASÍLIA, 29 Jan (Reuters) - O estoque da dívida pública federal total deve fechar este ano entre 2,17 trilhões e 2,32 trilhões de reais, com necessidade líquida de financiamento de 476,6 bilhões de reais, informou nesta quarta-feira o Tesouro Nacional por meio de seu Plano Anual de Financiamento (PAF).

A meta da parcela prefixada da dívida pública foi fixada entre 40 e 44 por cento neste ano, informou ainda o Tesouro, depois de fechar em 42 por cento no ano passado. Já para a dívida atrelada à inflação, o objetivo é que ela fique entre 33 e 37 por cento, contra 34,53 por cento em fechados em 2013.

A meta para o estoque de papéis remunerados pela Selic foi fixada entre 14 e 19 por cento da dívida, ante 19,1 por cento em realizados em 2013. Pelo documento, o Tesouro reforça que uma das diretrizes da gestão da dívida para este ano é a substituição "gradual" dos títulos corrigidos pela taxa de juros por papéis com rentabilidade prefixada ou vinculada à inflação.

No entanto, essa tarefa coincide com um ciclo de aperto monetário que já elevou a Selic a 10,50 por cento e que deve continuar pelo menos até fevereiro, quando o Comitê de Política Monetária (Copom) se reúne novamente.

Na dívida externa, o Tesouro avalia que haverá aperfeiçoamento do perfil "por meio de emissões de títulos com prazos de referência", programa de resgate antecipado e por operações estruturadas.

O documento registra que a necessidade bruta de financiamento da dívida é de 598,4 bilhões de reais, contando com 121,8 bilhões de reais em recursos do orçamento, resultando em uma necessidade líquida de financiamento de 476,6 bilhões de reais.

Em relação à dívida externa, o Tesouro aponta a necessidade de financiamento de 9,3 bilhões de reais.

A dívida pública federal cresceu em 2013 impactada, entre outros, por injeções de recursos no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), para tentar estimular a economia, de cerca de 40 bilhões de reais.

Também no ano passado, o Tesouro injetou 8 bilhões de reais na Caixa Econômica Federal (CEF).

Fonte: Reuters Brasil