Economista, Especialista em Economia e Meio Ambiente pela Universidade Federal do Paraná e Graduando em Estatística, também, pela Universidade Federal do Paraná.

terça-feira, 3 de setembro de 2013

OCDE vê Europa em recuperação e mercados emergentes em desaceleração

PARIS, 3 Set (Reuters) - Liderado pelo firme crescimento dos Estados Unidos, o cenário está gradualmente melhorando para as economias avançadas, ao mesmo tempo em que a Europa está finalmente se juntando à recuperação, afirmou nesta terça-feira a Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Entretanto, uma desaceleração em muitas economias emergentes significa que o crescimento global vai continuar lento, completou a OCDE.

"O resumo é que as economia avançadas estão crescendo mais e as economias emergentes estão crescendo menos", disse à Reuters o economista-chefe da OCDE, Pier Carlo Padoan.

Entre as principais economias, os EUA lideram a recuperação com crescimento neste ano de 1,7 por cento, segundo a OCDE, reduzindo sua estimativa de maio de 1,9 por cento.

Impulsionado por fortes estímulos monetários do banco central, o Japão está a caminho de um crescimento neste ano de 1,6 por cento, inalterado ante a projeção de maio.

Por sua vez, a Europa, que enfrenta uma crise de dívida, ao menos ofereceu uma boa notícia com recuperações em andamento na França e Alemanha levando a OCDE a elevar suas estimativas para esses países.

A projeção agora é de crescimento na França de 0,3 por cento neste ano, ante contração de 0,3 por cento na estimativa da OCDE de maio. Na Alemanha, maior economia da Europa, a expectativa é de expansão de 0,7 por cento, ante 0,4 por cento anteriormente.

Fora da zona do euro, a Grã-Bretanha deve crescer 1,5 por cento, ante 0,8 por cento esperado em maio.

Embora as principais economias desenvolvidas estejam se recuperando, uma desaceleração em muitos países emergentes deve pesar sobre o crescimento global, disse a OCDE.

A China foi a exceção entre as economias emergentes, com a expectativa de que o crescimento acelere ao longo do ano e alcance taxa de 7,4 por cento.

Com a economia dos EUA a caminho de manter um crescimento estável, a OCDE disse que é apropriado que seu banco central comece a reduzir as compras de títulos, principal medida das políticas de afrouxamento monetário.

Para a zona do euro, a OCDE afirmou que o Banco Central Europeu (BCE) deveria manter a possibilidade de um corte da taxa de juros na mesa no caso de a recuperação na região enfraquecer.

Fonte: Reuters Brasil

Produção de petróleo da Petrobras cai 4,6% em julho

SÃO PAULO, 3 Set (Reuters) - A Petrobras produziu 1,888 milhão de barris de petróleo por dia (bpd) em julho no Brasil, queda de 4,6 por cento ante junho, informou a empresa no fim da noite de segunda-feira, ao mesmo tempo que planeja elevar a produção no segundo semestre com a entrada em operação de diversas plataformas marítimas.

Em junho a produção, que inclui óleo e líquido de gás natural (LGN), havia sido de 1,979 milhão de bpd. No ano, a média de produção de petróleo da estatal está em 1,916 milhão de barris por dia no Brasil.

"A redução no mês foi consequência de paradas programadas de plataformas na Bacia de Campos", disse a empresa, em comunicado.

A unidades afetadas foram a P-40, localizada no campo de Marlim Sul, a P-20, em Marlim, a PPM-1, em Pampo e o FPSO-RJ em Espadarte.

A produção do pré-sal também foi impactada, com a conclusão do Teste de Longa Duração (TLD) no campo de Sapinhoá Norte, na Bacia de Santos, operado pela unidade itinerante de produção FPSO Cidade de São Vicente.

A produção total (petróleo e gás natural) da Petrobras no Brasil em julho atingiu a média de 2,282 milhões de barris de óleo equivalente por dia, queda de 4,9 por cento ante junho.

A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) divulgou na segunda-feira que a Petrobras produziu 1,79 milhão de barris de petróleo por dia no Brasil em julho, uma queda de 4,8 por cento ante o mês anterior.

NOVAS UNIDADES

A plataforma P-63, primeira unidade de produção do projeto Papa Terra, na Bacia de Campos, concluiu as obras de adaptação a um novo layout submarino dentro prazo, informou a Petrobras.

A unidade já está na locação definitiva e seu primeiro óleo produzido deverá ocorrer no dia 23 de outubro.

A Petrobras avança também no processo de instalação da bóia de sustentação de risers (BSR) dos poços de Sapinhoá, para o FPSO Cidade de São Paulo. "Em sequência, serão iniciadas as operações de instalação do BSR do campo de Lula Nordeste para o FPSO Cidade de Paraty", informou.

A avaliação da empresa é que essas operações vão contribuir "para o crescimento próximo e sustentável da produção da Petrobras", junto com a entrada em funcionamento das plataformas P55, P58 e P61 ao longo do segundo semestre.

O governo conta com o aumento da produção da Petrobras nos próximos meses para eventualmente reverter o déficit da chamada "conta petróleo", que tem contribuído fortemente para o fraco desempenho da balança comercial brasileira.

Em agosto, as importações de petróleo, combustíveis e lubrificantes subiram 41,4 por cento em relação ao mesmo mês do ano passado, para 2,387 bilhões de dólares, e caíram quase 50 por cento ante julho.

Fonte: Reuters Brasil

Bens de capital pesam e produção industrial cai 2,0% em julho ante junho

RIO DE JANEIRO, 3 Set (Reuters) - A produção industrial brasileira voltou a cair em julho ao registrar queda de 2 por cento frente a junho, indicando que a economia brasileira iniciou o terceiro trimestre com fraqueza depois do surpreendente desempenho do PIB nos três meses anteriores.

O dado divulgado nesta terça-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) praticamente anula a alta mensal de junho de 2,1 por cento, em número revisado após a divulgação de avanço de 1,9 por cento.

Na comparação com julho de 2012, a produção industrial teve expansão de 2,0 por cento. O IBGE também revisou ligeiramente para cima o crescimento de junho ante junho de 2012 para 3,2 por cento, ante 3,1 por cento anteriormente.

Os resultados foram piores do que as expectativas em pesquisa da Reuters de recuo mensal de 1,20 por cento e alta anual de 2,65 por cento.

Todas as categorias de uso registraram queda em julho na comparação mensal, com destaque para o recuo de 3,3 por cento entre Bens de Capital --uma medida de investimento.

Já os Bens de Consumo tiveram queda de 2,6 por cento, sendo que os duráveis se destacaram com recuo de 7,2 por cento, enquanto os Semiduráveis e não Duráveis recuaram 1,5 por cento.

Por fim, a produção de Bens Intermediários registrou queda de 0,7 por cento em julho.


VEÍCULOS

Pelos ramos de atividade, 15 dos 27 pesquisados apresentaram queda mensal, com destaque para veículos automotores (-5,4 por cento) e farmacêutico (-10,7 por cento). Também tiveram importante contribuição negativa borracha e plástico (-4,5 por cento), celulose, papel e produtos de papel (-3,6 por cento) e alimentos (-1,4 por cento).

Na ponta oposta destacam-se refino de petróleo e produção de álcool (3,3 por cento), bebidas (2,3 por cento), material eletrônico, aparelhos e equipamentos de comunicações (3,5 por cento) e produtos de metal (2,0 por cento).

A atividade industrial brasileira tem registrado comportamento errático ao longo deste ano, mas apesar disso, pela contabilidade do PIB, a indústria cresceu 2,0 por cento no segundo trimestre, em comparação a janeiro-março, e 2,8 por cento sobre igual período de 2012.

O Produto Interno Bruto como um todo cresceu 1,5 por cento na comparação trimestral, a maior expansão em mais de três anos, e 3,3 por cento na anual.

Mas o resultado divulgado esta manhã da produção industrial de julho --o terceiro negativo no ano-- soma-se à queda na produção de veículos e de aço bruto no país e alimenta as expectativas de perda de ímpeto da economia no terceiro trimestre.

Um dos principais abalos é a falta de confiança entre os vários setores da economia. Em agosto a confiança da indústria apurada pela Fundação Getulio Vargas renovou o menor nível desde julho de 2009, ao recuar 0,6 por cento.

A pesquisa Índice de Gerentes de Compras (PMI) sobre o setor também não pinta um cenário muito favorável. Embora o ritmo de deterioração tenha diminuído, o indicador permanece em território de contração pelo segundo mês seguido ao atingir 49,4 em agosto ante 48,5 em julho.

Fonte: Reuters Brasil

Numa Ásia enfraquecida, indústria da China se levanta

O setor industrial da China deu ontem sinais de crescimento mais forte, enquanto os fracos dados econômicos registrados por vários outros países asiáticos põem em evidência o impacto da recente venda massiva de ativos de mercados emergentes.

A saída de capital desses países, reflexo da expectativa dos investidores de que os juros nos Estados Unidos vão aumentar, tem golpeado economias como a da Índia e da Indonésia, altamente dependentes de investimentos estrangeiros.

A China tem se saído melhor, em grande parte, por causa das restrições aos fluxos de capital que têm protegido o yuan. "Não há dúvida alguma de que há uma dicotomia" nos dados entre a China e as outras economias da Ásia, diz Vishnu Varathan, economista do banco Mizuho Corporate.
O índice de gerentes de compras do banco britânico HSBC, HSBA.LN +0.68% divulgado ontem, fechou agosto com 50,1 pontos, comparado com 47,7 em julho, novamente acima do nível de 50 pontos que separa expansão de contração. O dado segue o anúncio feito pelo governo chinês no domingo de que seu índice oficial de gerentes de compras atingiu em agosto o nível mais alto de 16 meses, com 51 pontos.

Esses números, e uma série de dados que mostram um desempenho melhor do que o esperado da economia chinesa em julho, incluindo exportações, produção industrial e investimentos em ativos fixos, estão confundindo os que esperavam que o crescimento do país se abrandasse no segundo semestre.

O produto interno bruto da China cresceu a uma taxa anualizada de 7,6 % no primeiro semestre, o ritmo mais lento em anos, e alguns economistas estimam um desempenho ainda pior para o resto de 2013.

O índice HSBC de gerentes de compras mostrou uma melhora modesta nas mais diversas áreas, incluindo um acúmulo maior de encomendas e estoques mais baixos de produtos acabados, sinal de que as linhas de produção estão voltando a operar próximas da sua capacidade máxima. Os custos de insumos e matérias-primas subiram pela primeira vez desde fevereiro.

Mas o baixo volume de encomendas de exportação foi decepcionante, num momento em que parece que as economias da Europa e EUA podem finalmente estar se recuperando.

"O setor industrial da China tem visto uma recuperação", informou a Capital Economics, empresa de pesquisa de macroeconomia. "No entanto, a recuperação ainda parece ser alimentada pelo crédito e por investimentos, o que suscita dúvidas sobre quanto tempo ela vai durar."

Já os dados do resto da Ásia foram fracos. A Indonésia registrou seu maior déficit comercial da história, ampliando o saldo negativo de US$ 847 milhões em junho para US$ 2,31 bilhões em julho, valor muito superior à estimativa dos economistas, que era de US$ 350 milhões.

Os mercados emergentes com grandes déficits comerciais — como Indonésia, Índia, Turquia e Brasil — têm ficado mais expostos durante a onda de fortes vendas de ativos nos mercados emergentes, já que eles dependem de fluxos de capitais para a compra de ações e títulos com que financiam esses déficits.

A atividade industrial no Brasil caiu pelo segundo mês seguido em agosto, segundo o índice de gerentes de compras divulgado ontem pelo HSBC. O índice subiu para 49,4 no mês ante 48,5 em julho, alimentando a expectativa de que o desempenho da indústria possa afetar o crescimento do PIB no terceiro trimestre.

A economia da Indonésia também enfrenta ventos contrários. O crescimento econômico do país caiu abaixo de 6%, seu ritmo mais lento em três anos. A inflação continua a ser um problema devido à fraqueza da moeda, a rúpia, que este ano se desvalorizou 13% em relação ao dólar. Isso forçou o banco central do país a elevar os juros em 0,5 ponto percentual, para 7%.

Dados de inflação divulgados ontem revelaram que os preços em julho subiram 8,79% no ano e 1,12% desde junho, o ritmo mais rápido de crescimento em mais de quatro anos.

O índice de gerentes de compra do HSBC para a Índia caiu de 50,1 pontos em julho para 48,5 pontos em agosto, a primeira contração desde março de 2009. A Índia também enfrenta um enorme desequilíbrio comercial, desaceleração do crescimento e ameaça de alta da inflação, o que provocou uma grande desvalorização da sua moeda, a rúpia.

O economista do HSBC Leif Eskesen diz que o pior ainda está por vir na Índia, que cresceu 4,4% de abril a junho, o menor ritmo em quatro anos e meio. "O número de agosto foi cruel", disse.

Fonte: The Wall Street Journal

A importância das instituições para o progresso econômico

No final dos anos 1980, quando o domínio do império soviético na Europa central começou a se esfacelar, surgiu uma premente questão política para a qual poucas pessoas até então haviam dado atenção: como transformar economias socialistas em economias de mercado plenamente operantes?  
Quanto mais esta discussão ganhava atenção, mais pavoroso era constatar o quão pouco os economistas profissionais eram capazes de contribuir.  Por exemplo, no encontro anual da American Economic Association, um considerável número de proeminentes economistas simplesmente admitiu não ter a mais mínima ideia de como criar a ordem institucional necessária para se estabelecer uma economia de mercado.

Na primeira metade do século XX, vários economistas se tornaram cada vez mais interessados em tentar fazer com que a economia se transformasse em uma disciplina "rigorosamente científica".  Do ponto de vista destes economistas, tal objetivo requeria a construção de modelos quantitativos, nos quais os indivíduos e suas ações eram reduzidos a meras "variáveis dependentes" dentro de uma série de equações matemáticas.  O indivíduo se tornava uma simples variável passiva, a qual "reagia" a várias "limitações" que existiam dentro da arena das trocas voluntárias.  Neste cenário, as instituições políticas, jurídicas e econômicas ao redor deste indivíduo eram simplesmente um "pano de fundo" que servia como base para uma análise quantitativa sobre como as pessoas fazem suas escolhas de acordo com as limitações existentes. 

Como estas instituições surgiram e se desenvolveram, e como as ideias e as ações dos indivíduos influenciaram e moldaram estas instituições ao longo do tempo, eram questões quase nunca discutidas.

No entanto, ao longo dos últimos 30 anos, desenvolveu-se um novo ramo da ciência econômica chamado de Nova Economia Institucional, cujo objetivo principal é investigar exatamente a interação entre o indivíduo e as instituições sociais.  Um dos principais contribuidores desta área é Douglass C. North, vencedor do Prêmio Nobel de economia em 1993 por seus trabalhos sobre a história econômica da Europa e dos EUA.  Em seu livro Entendendo o Processo de Mudança Econômica, North explica a importância das instituições para o aprimoramento das condições humanas, e mostra as dificuldades de se desenvolver teorias e implantar políticas voltadas para o melhoramento da sociedade.

North começa sua obra dando ênfase ao inquestionável fato de que o homem vive em um mundo repleto de incertezas e imprevisibilidades, realidade essa que, por si só, impossibilita toda e qualquer aplicação daqueles modelos matemáticos estáticos e deterministas que dominam a esmagadora maioria dos manuais de economia.  O "método científico" funciona maravilhosamente bem para permitir ao homem dominar as leis do mundo da física, mas possui severas limitações e falhas inerentes quando aplicado indiscriminadamente à condição humana e ao comportamento humano.

O homem possui qualidades exclusivas que são singularmente distintas das características inerentes aos objetos de estudo da física e da química: criatividade e objetividade.  O homem raciocina, imagina e planeja.  Isso introduz um elemento de imprevisibilidade que não está presente no estudo da natureza inanimada.  A ação humana simplesmente não está propensa a probabilidades estatísticas estáveis.

Adaptando alguns temas oriundos da psicologia cognitiva, North argumenta que o homem está mais para um descobridor racional de padrões do que para um solucionador lógico de problemas.  Em outras palavras, tudo indica que a mente humana evoluiu de tal maneira a estar sempre tentando observar uma ordem e uma relação entre coisas e eventos, mesmo quando tais fenômenos podem não estar lá.  Como resultado deste comportamento mental, o homem está continuamente tentando estabelecer padrões e relações neste mundo, sempre com o intuito de alcançar inteligibilidade e um grau de certeza previsível.

Esta é a origem das crenças e ideias humanas a respeito de "como as coisas funcionam", desde superstições primitivas até as mais complexas teorias sobre a natureza e o funcionamento da ordem social.  Este sistema de crenças e ideias é transmitido de geração para geração, e vai sendo solidificado nos costumes, nas tradições e em outras instituições culturais.  Consequentemente, a ordem institucional é o resultado cumulativo de gerações de mentes que interagiram entre si.

As regras sob as quais os homens vivem, argumenta North, foram geradas pelos esforços do próprio homem em tentar reduzir suas incertezas sociais.  Ao voluntariamente restringir suas próprias ações e as de seus conterrâneos por meio de normas, valores e procedimentos interativos que definem e determinam os códigos de conduta — bem como os fundamentos da legitimidade e da obediência —, o homem introduz graus de previsibilidade aos processos sociais e econômicos.

Algumas destas regras institucionais foram formalmente criadas por meio de códigos jurídicos e políticos.  Mas a grande maioria, se não a quase totalidade, é de regras informais que foram aprendidas e absorvidas em decorrência do simples fato de se nascer e viver dentro de uma determinada sociedade — regras estas que frequentemente não são explicitamente enunciadas.

A grande transformação observada na evolução sociocultural do homem, explica North, ocorreu quando as relações de troca evoluíram do pessoal para o impessoal: ou seja, quando evoluíram da pequena tribo e suas relações face a face para um amplo mercado no qual homens separados pelo tempo e pelo espaço, e sem qualquer parentesco entre si, se tornaram crescentemente interligados por meio de transações monetárias.

Crenças e ideias sobre o que era justo, moral e correto começaram a se desenvolver de uma maneira que tornou possível o desenvolvimento, ao longo dos séculos, das instituições hoje presentes nas modernas economias de mercado.  North lista uma série destas mudanças históricas ocorridas na Europa Ocidental, especialmente no sistema bancário, nos mecanismos de crédito (como notas promissórias, duplicatas ou letras de câmbio) e nos contratos comerciais, os quais prepararam o terreno para o crescimento econômico e o contínuo aumento da prosperidade no mundo ocidental observados nos últimos cinco séculos.  Um maior respeito pela propriedade privada, a aceitação de uma relativamente irrestrita concorrência de mercado, um maior apreço pelas liberdades individuais sob os auspícios de leis imparciais, e a imposição de mais limites sobre o poder tributário e regulatório dos governos fizeram com que as energias criativas dos homens em geral e dos empreendedores em particular fossem totalmente liberadas.

No entanto, o fenômeno oposto também pode ocorrer, e North mostra toda a rigidez e corrupção que surgem quando crenças e ideias errôneas geram instituições que concedem poderes crescentes ao estado — seja em sua forma extrema, como na União Soviética, seja em sua forma mais suave, mas não menos danosa, como no moderno estado intervencionista, protecionista e assistencialista.

O dilema é que estas experiências históricas não garantem que as "lições" corretas serão aprendidas.  Como argumenta North, é comum haver muito "ruído" nos processos históricos; nem sempre fica claro quais causas (mudanças institucionais ou políticas) geraram quais efeitos (mudanças no bem-estar econômico, inclusive em graus de liberdade).  Adicionalmente, boa parte da informação e da interpretação sobre mudanças institucionais e políticas chega até a nós por meio de intermediários intelectuais que possuem suas próprias agendas e ideologias, e que não compreendem o real funcionamento de determinados processos socioculturais.

O real perigo de tudo isso, alerta North, não está apenas no fato de que os vários países que jamais desenvolveram as corretas instituições de mercado possam fracassar neste objetivo; está também, e principalmente, no fato de que a liberdade e a prosperidade nunca estão garantidas para sempre em nenhuma sociedade.  Em outras palavras, mesmo as sociedades mais bem sucedidas podem sofrer um retrocesso e se desintegrar, degenerando-se na estagnação econômica e na tirania política — e tudo em decorrência da aceitação de ideias e crenças erradas, que geram mudanças institucionais fatais. 

A correta compreensão do poder e da importância das instituições é essencial tanto para aquela população que queira evitar tragédias quanto para aquela que queira reverter várias políticas perigosas que estejam em curso.

Fonte: Instituto Mises Brasil

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

IPC-S tem alta de 0,20% em agosto--FGV

SÃO PAULO, 2 Set (Reuters) - O Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) registrou alta de 0,20 por cento em agosto, depois de avançar 0,16 por cento na terceira quadrissemana do mês, em meio à alta dos preços de Alimentação, informou a Fundação Getulio Vargas (FGV) nesta segunda-feira.

Em julho, IPC-S havia registrado deflação de 0,17 por cento.

Com o resultado de agosto, o IPC-S acumula alta de 3,32 por cento no ano e de 5,54 por cento nos últimos 12 meses, depois de acumular 5,80 por cento em julho.

Na comparação com a terceira quadrissemana, o destaque ficou para o grupo Alimentação, com avanço de 0,17 por cento após variação positiva de 0,03 por cento na apuração anterior.

Nesta classe de despesa, a FGV destacou o comportamento do item frutas, cuja variação passou de queda de 2,00 por cento para alta 0,03 por cento.

A expectativa a partir de agora, segundo o economista da FGV Andre Braz, é de aceleração da alta devido ao impacto da desvalorização recente do real. Ele espera um nível de 0,40 por cento em setembro.

"Inicialmente, pensava numa taxa de 0,30 ou 0,35 por cento em setembro, mas o repasse do câmbio e das commodities deve elevar esse patamar. O câmbio vai aparecer ao longo dos próximos 3 meses", disse ele.

"Se (o dólar) ficar no atual patamar, o processo se esgota nesse período. A influência não será gigante, mas deve contaminar rações e encarecer carnes, aves, suínos, além de massas, farinha e biscoitos", completou ele.

No último dia 23, o Banco Central iniciou um programa de leilões cambiais diários com o objetivo de "prover hedge cambial aos agentes econômicos e liquidez ao mercado", de modo a impedir uma maior turbulência nesse mercado.

E na semana passada, de olho na inflação ainda alta, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu elevar novamente a taxa básica de juros Selic em 0,50 ponto percentual, para 9,0 por cento ao ano, no que foi interpretado pelo mercado como uma sinalização de que haverá novo aumento dessa magnitude.

Fonte: Reuters Brasil

Potencial ataque à Síria pode afetar crescimento global

O iminente debate no Congresso americano sobre uma possível intervenção militar dos Estados Unidos na Síria pode se tornar mais um obstáculo à retomada do crescimento global, mantendo os preços do petróleo elevados e pesando sobre os consumidores, as empresas e governos durante semanas.

Nas últimas décadas, a possibilidade de uma ação militar dos EUA no Oriente Médio sempre teve a tendência de elevar as preocupações nos mercados — em especial, aumentando os preços do petróleo — em antecipação a qualquer operação. Essas preocupações muitas vezes diminuíram rapidamente logo depois de a ação militar começar, com a subsequente queda nos custos do petróleo e o alívio nas bolsas servindo, na verdade, para impulsionar a economia.
O debate no Congresso e a votação sobre a possibilidade de um ataque militar contra a Síria, uma mudança de rumo que o presidente Barack Obama anunciou no sábado, contribuirá para que setembro seja um período potencialmente volátil.

Em um mês que marca o quinto aniversário da crise financeira mundial, os EUA agora enfrentam um debate sobre essa ação militar, além de batalhas orçamentárias para evitar uma paralisação do governo em 1º de outubro e a abertura de um debate sobre o aumento do teto de endividamento do governo antes do prazo limite de meados de outubro.

Ao mesmo tempo, autoridades do Federal Reserve, o banco central americano, vão decidir sobre uma redução do seu programa de compra de títulos, atualmente de US$ 85 bilhões por mês, numa reunião em 17-18 setembro. A simples perspectiva de que o Fed venha a tomar essa decisão já elevou os juros das hipotecas e outras aplicações de longo prazo e provocou tumulto nos mercados emergentes.

Além disso, as eleições de 22 de setembro na Alemanha, a maior economia da Europa, terão implicações para a zona do euro, que há muito está em dificuldades. Decisões cruciais, incluindo outro resgate para a Grécia, foram adiadas até depois das eleições.

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Tudo isso ocorre num momento em que a economia mundial tem dificuldades para se acelerar depois de anos de lentidão.

"A economia global continua recuperando a saúde, mas o crescimento é lento e está demorando muito para voltar aos trilhos", disse Bill Adams, economista internacional sênior do PNC Financial Services Group PNC -0.43% . "O impulso está ganhando força de forma muito irregular".

Temores de um conflito no Oriente Médio muitas vezes levam os operadores de petróleo a elevar os preços nos mercados de futuros, e a expectativa de um ataque à Síria liderado pelos EUA não é exceção. O preço do petróleo subiu para um pico de dois anos na semana passada, sendo negociado a mais de US$ 110 por barril em Nova York antes de recuar, e contribuiu para oscilações bruscas nos mercados de renda fixa.

Os preços da gasolina no varejo nos EUA têm refletido a alta do petróleo. Um galão de gasolina regular (3,8 litros) custava em média US$ 3,59 no sábado em todo o país, US$ 0,05 a mais que uma semana antes, embora ainda abaixo dos preços no mesmo período do ano passado, segundo o grupo de viagens AAA. Os analistas preveem que o preço da gasolina suba lentamente em resposta ao aumento dos preços do petróleo bruto.

Economistas do JP Morgan Chase JPM -0.34% escreveram na sexta-feira, em seu boletim semanal aos clientes, que, se sustentado, o aumento de 10% no preço do petróleo nos últimos três meses poderia reduzir em até 0,3 ponto percentual a taxa de crescimento global anualizada no segundo semestre.

"Estamos presumindo que qualquer intervenção militar por parte dos países ocidentais seria suficientemente controlada de forma a não levar a uma escalada do conflito, não só dentro da Síria, mas também nos países vizinhos" escreveram eles. "E, embora se possa argumentar que parte do aumento de preços em junho e julho reflete uma melhoria do setor industrial global, um pico ainda maior nos preços representa um risco."

As exportações de petróleo da Síria são insignificantes, mas o Oriente Médio fornece um terço da produção mundial de petróleo. Qualquer conflito que venha a se alastrar para além das fronteiras da Síria representaria uma ameaça para as principais instalações petrolíferas na região. Alguns produtores de petróleo, incluindo o Irã, já ameaçaram retaliar contra os EUA e seus aliados se eles realmente atacarem a Síria.

A reação dos mercados durante as ações militares americanas anteriores contra grandes produtores petrolíferos do Oriente Médio, ou em regiões próximas a eles, mostra que o medo do tumulto muitas vezes se revela pior do que os eventos em si.

Dois anos atrás, os preços do petróleo subiram de menos de US$ 85 por barril em Nova York para mais de US$ 110 logo antes dos ataques aéreos à Líbia de março de 2011, realizados por uma coalisão que incluía os EUA. Logo após o início dos ataques, os preços do petróleo tomaram o sentido oposto e as ações subiram.

Os preparativos para a invasão do Iraque pelos EUA em 2003 provocaram reações semelhantes no mercado, com muitas empresas reclamando com antecedência sobre a incerteza causada pela espera de uma guerra.

Também em 1990 o petróleo subiu e as ações caíram depois que o Iraque invadiu o Kuwait. A operação de janeiro 1991, liderada pelos EUA, para expulsar as forças iraquianas do país causou alívio em ambos os mercados.

Os analistas esperam um alívio semelhante nos mercados de petróleo após uma ação na Síria. Depois de um esperado ataque americano nesse país, "acreditamos que os preços podem cair abruptamente, pois a probabilidade de uma resposta violenta da Síria, Irã ou Rússia é considerada baixa, e a queda real no abastecimento deve permanecer pequena", disseram economistas do Citigroup C -0.29% em uma nota recente aos clientes. "Contudo, fatores imprevisíveis pesam fortemente no mercado, por boas razões."

Com as principais economias já enfrentando dificuldades, quaisquer surpresas no Oriente Médio vinculadas a uma intervenção internacional podem precipitar oscilações mais fortes nos mercados de ações, títulos e combustíveis.

Nos EUA, a economia vem avançando a um ritmo moderado, mas há sinais de que o atual trimestre será fraco. Uma pesquisa da Universidade de Michigan sobre a confiança do consumidor, divulgada na sexta-feira, mostrou uma queda nesse índice em agosto em relação ao mês anterior, declínio que pode piorar se os preços da gasolina subirem e os consumidores ficarem preocupados com foco contínuo na situação da Síria. O aumento dos juros e a desaceleração no crescimento do consumo também apresentam riscos para a economia.

Na Europa, a zona do euro saiu da sua longa recessão no segundo trimestre. Mas o consenso é de que o crescimento permanecerá fraco nos próximos meses, enquanto há decisões políticas importantes a serem tomadas e países combalidos tentam fazer difíceis ajustes em suas economias.

Já os mercados emergentes estão sob a intensa pressão das fases mais recentes de uma recuperação global prolongada. O crescimento tem recuado nas principais economias em desenvolvimento, do Brasil à Índia, com a perspectiva de uma mudança de política do banco central americano agravando um êxodo dos investidores nas últimas semanas.

Fonte: The Wall Street Journal