Economista, Especialista em Economia e Meio Ambiente pela Universidade Federal do Paraná e Graduando em Estatística, também, pela Universidade Federal do Paraná.

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Apesar de alta do PIB, cenário adverso adia promessa de retomada

A alta do PIB de abril a junho, acima das expectativas do mercado, não será suficiente para concretizar a promessa de retomada da economia, inicialmente prevista pelo governo para acontecer ainda em 2013. A opinião é de economistas ouvidos pela BBC Brasil.
Eles acreditam que, embora a atividade econômica tenha voltado a acelerar no período, a melhora não se refletirá em um crescimento muito mais forte neste ano, semelhante ao verificado antes da crise.
Segundo os especialistas, em meio à desaceleração mundial e à diminuição da capacidade de manobra do governo para estimular a economia, a retomada só deverá ocorrer de forma mais expressiva em 2015.
Nesta sexta-feira, segundo o IBGE, o PIB (Produto Interno Bruto), a soma dos bens e serviços produzidos pelo país, encerrou o 2º trimestre deste ano com alta de 1,5% em relação aos três meses imediatamente anteriores.
Na comparação com o 2º trimestre de 2012, o aumento foi de 3,3%.
Sob a ótica da produção, contribuíram para a retomada da economia brasileira a indústria (+2,0%) e a agropecuária (+3,9%). Já os serviços registraram uma ligeira alta (+0,8%).
Já do ponto de vista da demanda, a formação bruta de capital fixo (investimentos) cresceu 3,6%. Mas o consumo das famílias voltou a decepcionar, subindo apenas 0,3%.

Cenário adverso
Segundo o último boletim Focus, uma espécie de termômetro da avaliação de cerca de 100 instituições financeiras sobre os rumos da economia, o PIB deverá crescer 2,2% neste ano.
Mais otimista, a previsão do governo é de 2,5%.
Mesmo assim, ganha cada vez mais força entre os economistas a aposta de que o PIB deve chegar ao final do ano a um patamar inferior a 2%.
A taxa contrasta consideravelmente com a estimativa inicialmente feita pelo governo no ano passado. A previsão que constava no orçamento de 2013 enviado ao Congresso apontava um crescimento de 4,5% para a economia neste ano.
Ao longo dos meses, entretanto, o índice foi gradativamente reduzido. De 4,5%, caiu para 3,5%, depois para 3%, até chegar aos atuais 2,5%.
Segundo o economista André Perfeito, da corretora Gradual Investimentos, para que o PIB subisse 4,5%, o crescimento por trimestre teria de girar em torno de 2,1%. Foi considerado para o cálculo, feito a pedido da BBC Brasil, apenas o resultado do 1º trimestre, de 0,6%.
"A previsão inicial nunca será concretizada. Só para se ter uma ideia, o crescimento médio trimestral entre 2004 e 2007, considerado um dos melhores períodos para a economia brasileira, foi de 1,3%", afirmou.

Encruzilhada econômica
Apesar da alta do PIB de abril a junho deste ano, economistas veem com pessimismo o desempenho da economia no segundo semestre, especialmente de julho a setembro.

Destaques do PIB

Produção
Agropecuária - +3,9%
Indústria - +2,0%
Serviços - +0,8%
Demanda
Investimentos - +3,6%
Consumo das famílias - +0,3%
Consumo do governo - +0,5%
Para eles, o período refletirá uma atividade econômica mais fraca, em parte devido aos efeitos negativos da alta do dólar, diante da perspectiva de que os Estados Unidos reduzam os estímulos à economia.
"O dólar mais alto gera maior pressão inflacionária, o que encarece os produtos importados. Isso afeta a nossa cadeia produtiva, pois não importamos tantos bens de consumo final. Como a inflação já está próxima ao limite da meta determinada pelo governo, o Banco Central terá de invariavelmente subir os juros, o que tem um efeito negativo sobre o crescimento", explica Evaldo Alves, professor de economia da FGV-SP.
Além disso, os economistas destacam que fatores internos também tendem a forçar um recuo do PIB.
"Por um lado, as famílias estão com um nível de endividamento alto. Mais de 40% da renda já está comprometida com o pagamento de dívidas, o que afeta o consumo, até então o motor da nossa economia", diz José Márcio Camargo, professor de economia da PUC-Rio e economista-chefe da corretora Opus Investimento.
"Por outro lado, a indústria está com nível de estoques extremamente alto, já que o impulso consumista está menor".
"Além disso, o desemprego vem crescendo desde o início do ano, com exceção de julho, quando cedeu um pouco, enquanto que o rendimento do trabalhador está caindo".
Os economistas destacam ainda que há um "clima de incertezas" dos investidores sobre o Brasil.
Para eles, o país vive atualmente uma "encruzilhada econômica", pois a capacidade de manobra do governo para voltar a estimular a economia diminuiu.
"O governo não fez a lição de casa e seu campo de atuação está reduzido. Sem alternativas e com a inflação em alta, ele terá de conter gastos, o que afeta negativamente o crescimento", diz Otto Nogami, professor de economia do Insper.
"Além disso, os sinais que o governo emite ao setor privado não são positivos, especialmente na forma de condução da política. Há uma maior tendência ao intervencionismo, o que afugenta investimentos", acrescenta.

Previsão de crescimento para 2013

Desenvolvidos
Alemanha - +0,5%
França - -0,1%
Itália - -1,8%
Portugal - -2,3%
Espanha - -1,4%
Japão - +1,7%
Reino Unido - +1%
Estados Unidos - +1,8%
Emergentes
Brasil - + 2,3%
Argentina - +3%
Chile - +4,2%
Colômbia - +4,1%
Peru - +5,8%
Uruguai - +3,7%
China - +7,6%
Índia - +5,7%
Emergentes
Um relatório divulgado recentemente pela área de inteligência da revista britânica The Economist aponta que o mundo crescerá menos neste ano (+2%), no pior desempenho desde 2009, quando os efeitos da crise financeira ainda eram fortemente sentidos.
Para o Brasil, a estimativa para o crescimento da economia foi revisada para baixo. Segundo a Economist, o país crescerá apenas 2% em 2013, um dos piores desempenhos entre os emergentes.
Segundo um levantamento do banco espanhol BBVA, que prevê uma alta de 2,3% no PIB brasileiro, o Brasil vai crescer menos, inclusive, do que seus vizinhos da América do Sul, como Argentina (+3%), Chile (+4,2%) e Peru (5,8%).
"Em que pese a diferença da economia brasileira em relação a de outros emergentes, isso mostra que a crise não é a única culpada pelo nosso mau desempenho. Trata-se, sobretudo, de um indicativo de que estamos perdendo vigor frente a outros emergentes", diz Evaldo Alves, da FGV-SP.

Fonte: BBC Brasil

Emergentes elevam juros para brecar fuga de capitais

Os principais bancos centrais dos mercados emergentes estão elevando as taxas de juros num esforço para conter o êxodo de dinheiro, uma medida que ameaça intensificar a desaceleração econômica dos países em desenvolvimento.

A Indonésia elevou ontem sua taxa de juros de referência em 0,5 ponto percentual, um dia depois do aumento de também 0,5 ponto percentual promovido pelo Banco Central do Brasil, que elevou a taxa Selic para 9% ao ano. O BC sinalizou que outros aumentos virão.
Os títulos de dívida, moedas e mercados acionários de muitos países em desenvolvimento, incluindo Índia, Turquia, África do Sul, Brasil e Indonésia, foram atingidos nas últimas semanas à medida que os investidores se preparam para o momento em que o Federal Reserve, o banco central americano, comece a reduzir seu programa mensal de US$ 85 bilhões de compra de títulos de dívida.

A política do Fed de dinheiro ultrafácil ao longo dos cinco últimos anos enviou uma enxurrada de dinheiro para os países em desenvolvimento, já que os investidores partiram em busca de retornos maiores, valorizando moedas e bolsas desses mercados emergentes. Agora, o cenário se reverteu.

Os investidores estão particularmente preocupados com relação aos países mais dependentes de financiamento estrangeiro barato. "Quanto mais dinheiro sai, piores são as perspectivas desses lugares e mais as pessoas passam a temer que não serão capazes de sacar seu capital", diz Adam Posen, presidente do Instituto Peterson para a Economia Internacional, um centro de estudos de Washington.

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Elevar a taxa de juros pode ajudar a brecar a fuga de capitais ao aumentar os retornos dos ativos do país para os investidores. Às vezes, esses aumentos também são indicados para combater o disparo da inflação gerado pela desvalorização da moeda, que eleva os preços dos bens importados.

Mas taxas de juros mais altas podem frear o crescimento. Na Indonésia, por ora, não se espera que o efeito seja tão severo. A Capital Economics, firma de pesquisa econômica, cortou sua estimativa de expansão para o país este ano de 6% para 5,5%.

Mas o Brasil e muitos outros países em desenvolvimento já estão lutando para evitar que o avanço de suas economias seja interrompido em consequência da desaceleração na China, que pode afetar o apetite do gigante asiático pelas matérias-primas do resto do mundo.

No ano passado, o Banco Central do Brasil derrubou a taxa de juros para níveis historicamente baixos, em um esforço para reavivar o crescimento. Mas a inflação tem sido a vilã de uma economia que já teve de lidar com aumentos de preços de quatro dígitos nos anos 90. Dessa vez, o banco central está optando por não correr nenhum risco. O aumento da Selic na quarta-feira foi o quarto consecutivo.

"É verdade que você precisa de aumentos de juros para combater a inflação", diz Ilan Goldfajn, economista-chefe do banco Itaú. "Mas juros altos também tornam os investimentos das empresas mais arriscados. Até agora, caminhamos rumo a um crescimento de não mais de 2% este ano."

Outros mercados emergentes importantes também estão sendo pressionados a aumentar suas próprias taxas de juros, mesmo em momentos em que o crescimento de suas economias cambaleia.

A rúpia indiana perdeu cerca de 20% do seu valor em relação ao dólar desde o início de maio. A reação do banco central indiano foi suspender as políticas monetárias de dinheiro fácil, mantendo estáveis em junho e julho as taxas de juros de referência. Quando a rúpia continuou a cair, o BC indiano limitou a quantidade de dinheiro que os bancos poderiam tomar emprestado da instituição, elevando os custos de empréstimos acima desse limite.

Os investidores viram a medida como um aumento efetivo dos juros, num momento em que a economia indiana estava crescendo em seu ritmo mais lento dos últimos dez anos. Os títulos e as ações caíram fortemente após as medidas do banco central indiano. Os rendimentos dos títulos de dívida de curto e longo prazo denominados em rúpia subiram bruscamente.

Alguns analistas dizem que o novo presidente do banco central indiano não tem alternativa, a não ser elevar fortemente as taxas de juros, assim como Paul Volcker fez nos anos 80, quando era presidente do Fed.

A África do Sul está em um dilema semelhante: as autoridades querem interromper a rápida desvalorização de sua moeda, mas relutam em desacelerar o já fraco crescimento. Desde julho de 2012, o rand, a moeda do país, perdeu cerca de 25% do seu valor em relação ao dólar. Isso tem ajudado a aumentar a inflação, que alcançou uma taxa anual de 6,3% em julho. Mas é provável que o BC sul-africano relute em elevar os juros na reunião do próximo mês, em meio a uma economia que batalha para cumprir a estimativa de crescimento de 2% este ano, dizem analistas.

Muitos investidores temem uma repetição da crise asiática de 1997 e 1998, ou o desmoronamento das moedas dos mercados emergentes que ocorreu dez anos depois. Mas há razões para crer que não será assim tão ruim.

A maioria das moedas dos mercados emergentes hoje flutua livremente, então as autoridades dos bancos centrais não precisam defender um câmbio fixo como fizeram durante a crise asiática. O nível da dívida pública de países como Indonésia, Índia e Brasil não está particularmente alto e são majoritariamente em moeda local.

"Embora a fuga de capitais esteja sendo acentuada, não vemos os dois últimos meses como o início de uma crise mais ampla [nos países emergentes], escreveu o Bank of America BAC +0.35% Merrill Lynch em um relatório a clientes.

Fonte: The Wall Street Journal

Expansão da economia dos EUA pode levar Fed a recuar

A economia dos Estados Unidos entrou no segundo trimestre do ano mais fortalecida do que o previsto, com uma expansão maior do PIB, um pequeno aumento nos lucros das empresas e consumidores dando mostras de otimismo em meio a uma recuperação do mercado imobiliário.

Mas as perspectivas para o resto do ano continuam obscurecidas pela ameaça de batalhas orçamentárias renovadas em Washington, um aumento das taxas de juros de hipotecas, mercados internacionais debilitados e uma crise no Oriente Médio, que está dando impulso aos preços do petróleo.

Um fortalecimento das exportações e um aumento no investimento das empresas e nos gastos dos consumidores ajudaram o produto interno bruto dos EUA a crescer a uma taxa anualizada de 2,5% no segundo trimestre, informou o Departamento de Comércio. Isso marcou uma melhora significativa tanto em relação aos primeiro trimestre, quando a economia havia crescido a uma taxa anualizada de 1,1%, quanto comparado à estimativa preliminar do governo de uma expansão de 1,7% no segundo trimestre. Os dados mais recentes indicam que a produção econômica per capita dos EUA finalmente voltou a seu pico anterior à crise financeira, alcançado no fim de 2007.
Altos funcionários do Federal Reserve, o banco central americano, provavelmente verão os resultados favoráveis como um suporte para o argumento de que o Fed pode começar a reduzir seu programa de US$ 85 bilhões ao mês de compra de títulos de dívida. O Fed tem esperado uma melhora da economia que ajude as empresas a aumentar suas contratações, de forma a reduzir a taxa de desemprego. Na próxima semana, o governo vai divulgar seu relatório de agosto sobre as folhas de pagamento e o desemprego, dados que também serão observados de perto.

Os investidores gostaram da notícia. A Média Industrial Dow Jones Industrial subiu ligeiramente ontem, fechando em 14.840,95 pontos.

A revisão para cima sugere que a recuperação, ainda que não seja significativa, permanece notoriamente resistente em meio a uma série de desafios, incluindo aumentos de impostos e cortes de gastos em Washington. Os economistas tinham previsto anteriormente que o crescimento desaceleraria bruscamente no meio do ano, mas, em vez disso, ele parece ter acelerado.

Os dados de crescimento se somam a outros sinais de que a economia está de volta aos trilhos. O crescimento do emprego se manteve estável no ano passado e a taxa de desemprego caiu de um pico de 10% para 7,4%. O mercado imobiliário está finalmente ganhando força, apesar de que um recente aumento nas taxas de juros das hipotecas esteja sendo vigiado de perto como um potencial vento contrário. A confiança do consumidor está aumentando e os lucros das empresas se recuperaram no segundo trimestre, depois de cair na primeira parte do ano.

Um fator-chave nas revisões do governo foi um salto anualizado de 8,6% nas exportações no segundo trimestre. As empresas também aumentaram seus investimentos, elevando estoques e ampliando a infraestrutura.

Certamente, uma expansão de 2,5 % fará pouco para fechar o rombo aberto pela recessão. Relatórios econômicos recentes, incluindo os dados desta semana sobre as encomendas de bens duráveis em julho, continuam decepcionando. E alguns economistas dizem que o desempenho das exportações no segundo trimestre não se repetirá, já que as empresas que aumentaram seus estoques agora não terão de fazê-lo novamente mais tarde, efetivamente prejudicando o crescimento econômico futuro.

Um aspecto animador no relatório de quinta-feira foi a alta de 2,6% nos lucros das empresas, depois de terem caído 0,6% no primeiro trimestre. Embora as empresas já estejam com os cofres cheios de dinheiro, mais lucros sugerem que elas podem estar em uma posição ainda melhor para contratar e investir nos próximos meses. Um relatório separado do governo na quinta-feira mostrou que os pedidos iniciais de seguro-desemprego por trabalhadores continuou a cair na semana passada. Esses pedidos têm se mantido próximos da média mais baixa de cinco anos desde o fim de julho.

Fonte: The Wall Street Journal

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Brasil volta a ter o maior juro real do mundo

Banco Central elevou nesta quarta-feira, (28/08), a taxa Selic para 9% ao ano

Sem surpresa, o Banco Central elevou pela quarta vez consecutiva a taxa básica de juros em 0,5 ponto percentual (p.p.) para 9% ao ano. A decisão dos integrantes do Comitê de Política Monetária (Copom) foi unânime, segundo comunicado divulgado após a reunião. "Dando prosseguimento ao ajuste da taxa básica de juros, o Copom decidiu, por unanimidade, elevar a taxa Selic para 9% ao ano, sem viés. O Comitê avalia que essa decisão contribuirá para colocar a inflação em declínio e assegurar que essa tendência persista no próximo ano", escreveu a autoridade monetária liderada por Alexandre Tombini. O comunicado é o mesmo usado nas duas últimas reuniões do Copom.

Com o novo patamar da Selic, o Brasil retoma a terceira colocação no ranking de juros reais - em março, o país estava em sexto lugar. Segundo levantamento elaborado pelo MoneYou com 40 países, a taxa de juros atual descontada a inflação projetada para os próximos 12 meses do Brasil é de 2,8%, o que o coloca atrás apenas de China e Chile com 3,3% e 3,1%, respectivamente.

Se, por um lado, o impacto da elevação da Selic para os cofres públicos será de R$ 2,13 bilhões nos próximos 12 meses, por outro, o bolso do consumidor quase não deve perceber a mudança. De acordo com estudo da Associação Nacional dos Executivos de Finanças Administração e Contabilidade (Anefac), o efeito da alta de 0,5 p.p. na Selic é de 0,04 p.p. nas operações de crédito. A explicação para esse descasamento é o abismo de 950% entre a Selic e as taxas de juros cobradas dos consumidores que, na média, atingem 89,69% ao ano.

Entre as modalidades de crédito, a mais impactada na comparação anual é o financiamento de veículos - alta de 2,76%. Na ponta do lápis, um carro que custa R$ 25 mil à vista ou R$ 38.877,82 a prazo vai ter uma elevação de R$ 397,06 no valor final do financiamento. Já quando o assunto são as taxas de juros para empresas, o maior efeito recai sobre o capital de giro - com uma diferença de 2,86% anual. Ou seja, em um empréstimo de R$ 50 mil por 90 dias, o tomador terá de pagar R$ 61,86 a mais.

"Devemos ter mais altas na Selic dada a pressão sobre os preços. Neste cenário, a poupança vai continuar rendendo mais que os fundos de renda fixa por não pagar imposto de renda nem taxa de administração", afirma Miguel de Oliveira, diretor-executivo de estudos e pesquisas econômicas da Anefac.

Com a Selic no atual patamar, a poupança - que tem seu ganho definido por lei em 6,17% ao ano mais a variação da taxa referencial (TR) - só perde para os fundos, quando a taxa de administração cobrada for a mais baixa (de 0,5% ao ano). Esse valor é normalmente destinado para aplicações de valores acima de R$ 50 mil. Mensalmente, a caderneta rende 0,54%, enquanto os fundos variam de 0,38% a 0,58% dependendo do prazo de resgate e da taxa.

Na ponta do lápis, isso significa que uma aplicação de R$ 10 mil (com a Selic estável em 9%) ao fim de 12 meses apresenta um ganho de R$ 668, enquanto um fundo com taxa de administração de 0,5% registra alta de R$ 693. Já um fundo com taxa de 1% tem ganho de R$ 655 e um com 2% rende R$ 579.

Considerando uma aplicação em Certificado de Depósito Bancário (CDB) o investidor teria uma rentabilidade de 6,47% em 12 meses, enquanto uma Letra Financeira do Tesouro (LFT) renderia 7,16%, mesmo com alíquota de imposto de renda de 17,5%, de acordo com levantamento feito pelo professor Fundação Getúlio Vargas Samy Dana.

Fonte: Brasil Econômico

PIB dos EUA acelera com força no 2º tri a uma taxa anual de 2,5%

WASHINGTON, 29 Ago (Reuters) - A economia dos Estados Unidos acelerou de maneira mais rápida que o esperado no segundo trimestre, graças ao aumento nas exportações, reforçando o cenário para que o Federal Reserve, banco central do país, reduza seu programa de estímulo econômico.

Outros dados econômicos divulgados nesta quinta-feira mostraram que o número de norte-americanos que solicitaram novos pedidos de auxílio-desemprego caiu na semana passada, sinal potencial de aceleração de contratações em agosto.

O Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA cresceu a uma taxa anual de 2,5 por cento no período entre abril e junho, de acordo com estimativas revisadas para o período que foram divulgadas pelo Departamento do Comércio nesta quinta-feira. A taxa de crescimento do trimestre foi mais que o dobro do ritmo registrado nos três meses anteriores.

Os relatórios podem estimular a confiança de que a economia está melhorando apesar das medidas de austeridade do governo e uma taxa de desemprego ainda alta.

O governo havia estimado inicialmente que o PIB cresceu a uma taxa de 1,7 por cento no segundo trimestre. Mas dados recentes sobre o comércio mostraram que as exportações saltaram no período no ritmo mais rápido em mais de dois anos.

O governo também informou que os dados dos varejistas mostraram que as empresas reabasteceram suas prateleiras em um ritmo mais veloz no período de abril a junho do que inicialmente estimado.

Economistas consultados pela Reuters esperavam que a economia cresceria a um ritmo de 2,2 por cento.

Muitos economistas esperam que a economia irá acelerar mais no segundo semestre do ano, conforme as medidas de austeridade começarem a pesar menos sobre a produção nacional.

Esse peso ficou evidente no segundo trimestre, quando os gastos contraíram em todos os níveis do governo. De fato, os dados desta quinta-feira mostraram que o peso econômico dos cortes de gastos foi maior no segundo trimestre do que inicialmente previsto.

Ainda assim, os dados podem deixar as autoridades do banco central norte-americano mais confiantes em seu plano de começar a reduzir as compras mensais de títulos ainda neste ano.

"O mercado receberá (os dados como um sinal de que) a redução será mais provável no próximo mês", disse o economista Scott Brown, da Raymond James.

O programa do Fed reduziu os custos de empréstimo e ajudou a gerar uma recuperação no mercado imobiliário do país, que entrou em colapso durante a recessão de 2007-09.

No segundo trimestre, os investimentos no setor imobiliário representaram cerca de um quinto do crescimento da economia durante o período.

Entretanto, outros relatórios sugerem que o setor começou a parecer mais instável perto do fim do trimestre. Expectativas de que o Fed pode reduzir suas compras de 85 bilhões de dólares ao mês em títulos a partir de setembro têm elevado as taxas hipotecárias fortemente desde maio.

No segundo trimestre, os impostos mais altos pareceram segurar os consumidores. Os gastos do consumidor, que representam mais de dois terços da atividade econômica dos EUA, desacelerou para um ritmo de crescimento de 1,8 por cento, após ter subido 2,3 por cento no primeiro trimestre.

Os lucros corporativos, entretanto, saltaram de modo inesperado no segundo trimestre. Após a subtração do impostos pagos pelas empresas, os lucros subiram a uma taxa anual de 4,2 por cento, o aumento mais veloz desde o fim de 2011.

Um relatório divulgado separadamente mostrou que o número de norte-americanos que solicitaram novos pedidos de auxílio-desemprego caiu em linha com as expectativas.

Os pedidos iniciais de auxílio-desemprego caíram em 6 mil, para 331 mil em dados ajustados sazonalmente, informou o Departamento do Trabalho. Os pedidos não ficaram muito longe do nível de 330 mil desde meados de julho, reforçando as expectativas de aceleração no ritmo de aumento de empregos em agosto.

Fonte: Reuters Brasil

Desaceleração do emprego pode virar dor de cabeça política

Se confirmada, a desaceleração do mercado de trabalho brasileiro poderia virar uma dor de cabeça política em um momento em que o Brasil se prepara para o início da campanha para as eleições presidenciais, em 2014.
A avaliação é de analistas ouvidos pela BBC Brasil, como Lauro Ramos, do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea).
"Qualquer governo se sente muito melhor se o mercado de trabalho vai bem. Mas isso é particularmente verdade para um governo como o que temos agora, que fez da melhoria do emprego e da renda uma de suas plataformas declaradas", diz Ramos.
"O governo do PT ganhou legitimidade com suas realizações econômicas. A sociedade foi estimulada a acreditar que as melhorias alcançadas nos últimos anos continuariam e, com a desaceleração econômica e alta da inflação, muitas dessas expectativas foram frustradas. Isso poderia se agravar com problemas na área de emprego e renda", completa Milton Lahuerta, cientista político da Unesp de Araraquara.

Indícios de mudanças
No ano passado, mesmo com a desaceleração do PIB, a taxa de desemprego no Brasil atingiu a média de 5,5% - menos da metade dos cerca de 12% registrados há uma década. Foi a taxa anual mais baixa da série histórica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que teve início em 2002.
A renda média do trabalhador brasileiro também aumentou acima da inflação nos últimos dez anos - o que ajudou a reduzir os níveis de desigualdade de renda e a expandir a chamada classe C.
Recentemente, porém, alguns analistas veem indícios do que pode ser um desaquecimento no mercado de trabalho - ou seja, um crescimento menor ou retração do emprego e da renda do trabalhador -, embora muitos economistas acreditem que um retorno aos níveis de desemprego do início da década seja improvável.
"Apesar de a economia há algum tempo apresentar problemas, o aquecimento do mercado de trabalho é o que vinha ajudando até agora a evitar um sentimento de frustração entre a população", diz Fernando de Holanda Barbosa, da Escola de Pós-Graduação em Economia da FGV.

Protestos
"A economia determina o bem-estar da população, que é um dos principais fatores de aprovação do governo", diz Marco Antonio Teixeira, cientista político da Fundação Getulio Vargas.
"Se a economia vai bem e o emprego e a renda crescem, como ocorreu nos últimos anos, a repercussão de crises políticas e escândalos como o do mensalão tendem a ser menores. Mas se há estagnação ou deterioração do mercado de trabalho e o poder de compra do trabalhador começa a ser corroído, tais crises tendem a se complicar. O risco para o governo é maior."
Pedro Arruda, cientista político da PUC lembra que, apesar das oscilações, o Brasil "ainda se encontra próximo do que economistas definem como pleno emprego".
"Mas se a desaceleração do mercado de trabalho se confirmar e a tivermos mesmo um aumento do patamar do desemprego, certamente teremos impactos importantes no processo político", diz Lahuerta.
"Até porque uma coisa é ter um nível de desemprego em ascenção em uma sociedade que está estabilizada. Outra é uma deterioração do mercado de trabalho em um momento em que a população está mobilizada e muitos estão saíndo às ruas para protestar."
Para o professor da Unesp, além de uma desaceleração nessa área ser fonte de preocupação para o governo nas eleições do ano que vem, também poderia gerar mais instabilidade, protestos e paralisações.
"Uma das possibildiades é que as centrais sindicais - que ficaram relativamente afastadas do processo de mobilização dos últimos meses - adquiram um papel mais central se o emprego e a renda se tornarem tema de reivindicações nas ruas", diz.

Fonte: BBC Brasil

Economistas veem sinais de desaceleração no mercado de trabalho

Nos últimos dois anos, níveis de desemprego historicamente baixos se tornaram a grande boa notícia da economia brasileira em meio a uma frustração com outros indicadores.
O crescimento do PIB vem desapontando desde 2011, e a inflação voltou ser fonte de preocupação. Mas até pouco tempo, as oportunidades de trabalho estavam se multiplicando, e os salários dos brasileiros aumentavam cada vez mais.
Agora, porém, economistas alertam para indícios de uma possível desaceleração também nessa área.
Na semana passada, dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério de Trabalho, registraram a criação de 41.463 novos postos de trabalho no mês de julho - o pior resultado desde 2003. A queda em relação ao mesmo mês de 2012 foi de cerca de 70%.
"As empresas já não estão contratando e disputando profissionais como nos últimos anos", diz Marcelo Moura, professor de macroeconomia e finanças do Insper (Instituto de Ensino e Pesquisa). "Não devemos ver nenhuma explosão de desemprego nos próximos meses e anos, mas há sinais de que os trabalhadores terão de enfrentar um cenário de oferta menor de empregos e mais dificuldade para se trocar de empresa e negociar salários."
Fernando de Holanda Barbosa, da Escola de Pós-Graduação em Economia da FGV, e Lauro Ramos, do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea) concordam que há sinais de problemas para o emprego e a renda – ainda que isso não signifique um retorno a níveis de desemprego de mais de 10% do início da década.
"O desemprego ainda vai oscilar e pode até voltar a cair daqui até o final do ano por uma questão de sazonalidade, mas no médio prazo tudo leva a crer que mudará gradualmente para um patamar um pouco mais alto", acredita Ramos.

Estoques e confiança
O fechamento de vagas formais medido pelo Caged em julho foi o primeiro registrado desde 2003 nas nove regiões metropolitanas do país - foram eliminados 11.058 postos com carteira assinada em Salvador, Fortaleza, Belo Horizonte, Belém, Recife, Curitiba, Rio de Janeiro, Porto Alegre e São Paulo.
Uma pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV) divulgada na última terça-feira também indicou queda nas intenções de contratação da indústria de transformação até outubro - o que seria causado tanto por um maior acúmulo de estoques, quanto por uma redução no índice de confiança dos empresários, que chegou a seu menor nível em quatro anos.
“Não precisamos esperar uma deterioração rápida do mercado de trabalho brasileiro”, diz Barbosa, lembrando que os índices atuais ainda estão perto do que os economistas definem como “pleno emprego”.
“Mas também não dá para pensar que manteremos os níveis de crescimento da renda e ocupação dos últimos anos em meio a uma desaceleração.”

Estatísticas
No ano passado, a taxa de desemprego no Brasil atingiu 5,5% - menos da metade dos cerca de 12% registrados há uma década. Foi a taxa mais baixa da série histórica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que teve início em 2002.
A renda dos trabalhadores assalariados também subiu mais do que a inflação nos últimos dez anos, o que ajudou a expandir a massa de salários e o consumo das famílias.
Segundo Moura, dois fatores explicam a manutenção de índices de desemprego historicamente baixos em um cenário de desaceleração.
Primeiro, a falta de flexibilidade do mercado de trabalho brasileiro. Como os custos de contratação e demissão são altos, os empresários teriam mais cautela ao fazer mudanças em seu quadro de funcionários.
Segundo, a carência de trabalhadores qualificados. De acordo com o professor do Insper, muitas empresas hesitariam em demitir calculando que teriam dificuldade para contratar determinados profissionais se tivessem de ampliar a produção em um futuro próximo, ou que teriam de dedicar mais tempo e recursos no treinamento de novos quadros.
Desde dezembro, porém, o índice de desemprego medido pelo IBGE subiu de 4,8% para 5,6%, em julho.
É verdade que a taxa havia atingido 6% em junho – e, portanto, caiu quatro pontos percentuais no último mês. Mas Ramos atribui tal queda a uma sazonalidade.
“Na realidade a surpresa foi que o índice se mantivesse alto em junho”, diz o especialista do IPEA. "E como o segundo semestre de 2012 foi um período relativamente bom, uma comparação com os dados do ano passado deve tornar mais visível essa deterioração do mercado de trabalho brasileiro em 2013."
Os dados do IBGE também mostraram uma redução de 0,9% no poder de compra dos trabalhadores entre junho e julho. Foi a quinta contração consecutiva nesse índice registrada pelo instituto.

Consequências
Para os economistas, as consequencias de uma possível mudança nos níveis de emprego e crescimento da renda dos trabalhadores brasileiros ainda não estão claras.
"O bom desempenho do mercado de trabalho - e em especial o crescimento da massa de salários - ajudou a puxar o PIB nos últimos anos, e o grande risco é que o consumo das famílias deixe de ser um dos motores da economia sem que tenhamos um outro candidato para assumir o posto”, acredita Ramos.
Há certo consenso de que uma eventual desaceleração do mercado de trabalho teria impactos políticos, embora haja divergências sobre a natureza desses impactos.
E se por um lado questões como o crescimento da inadimplência causam alguma preocupação, também há quem defenda que a economia brasileira não só pode conviver muito bem com um aumento moderado da taxa de desemprego, como tal aumento pode lhe trazer vantagens.
"Muita gente acredita que um ajuste em diversas áreas da economia era necessário e as demissões seriam uma expressão desse processo no mercado de trabalho", diz Marcos Troyjo, do laboratório de estudos sobre os BRICS da Universidade de Columbia.
Para ele, antes de se preocupar com uma eventual desaceleração desse mercado é preciso entender o alvo dos ajustes.
"É possivel que algumas demissões resultem do esforço das empresas para se tornarem mais eficientes - o que teria um efeito positivo para a economia no médio prazo”, diz ele, lembrando que no Brasil há muitos postos que já não existem em outros países, como frentistas, ascensoristas e despachantes.
“Já se os que começarem a ir para a rua forem trabalhadores qualificados, dentro de um processo de redução da produção, queda dos investimentos e deterioração das expectativas dos empresários, então o quadro será mais preocupante."

Fonte: BBC Brasil