Economista, Especialista em Economia e Meio Ambiente pela Universidade Federal do Paraná e Graduando em Estatística, também, pela Universidade Federal do Paraná.

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Bolsa sobe e dólar cai após anúncio de metas fiscais

Governo agrada ao mercado ao mostrar compromisso fiscal. O Ibovespa teve alta de 0,29% e o dólar recuou para R$ 2,373, menor valor registrado neste mês

São Paulo - O anúncio das metas fiscais do governo agradou ao mercado. Enquanto o real teve a maior valorização frente o dólar entre as moedas emergentes, o Ibovespa subiu 0,29%, para os 47.288, mesmo com notícias negativas da China. O giro financeiro foi de R$ 5,7 bilhões.

A atividade industrial da China mostrou o menor nível em sete meses em janeiro, o que pressionou os papéis da Vale (VALE5), que perderam 1%. À frente das perdas se destacaram as ações das construtoras. O ativo da Rossi (RSID3) recuou 2,27%. Na ponta positiva, os ganhos foram liderados pela ALL (ALLL3), com alta de 5,88%, em meio à expectativa da fusão com a Rumo Logística.

No mercado de câmbio, o dólar caiu 0,74%, cotado a R$ 2,373, o menor valor de fevereiro.

O governo fixou a meta para o superávit primário (economia para pagar os juros da dívida) em 1,9% do Produto Interno Bruto (PIB). O corte no orçamento, medida que irá contribuir para que esse percentual seja alcançado, foi de R$ 44 bilhões neste ano.

"Embora os investidores tenham dado um voto de confiança para o governo, que mostrou comprometimento fiscal em pleno ano de eleição, o que vai importar é a execução dessa meta, uma vez que o superávit do ano passado foi atingido por meio de receitas extraordinárias", afirmou o operador da Corretora Tov Luis Morato.

Ao anunciar a meta fiscal para 2014, o governo tenta ainda evitar o rebaixamento do rating do Brasil. "As agências de classificação de risco vão acompanhar de perto o cumprimento dessa meta nos próximos meses para tomar uma decisão quanto a nota de crédito do país", disse o estrategista-chefe do banco Mizuho, Luciano Rostagno.

O estrategista relembrou ainda a ausência, nessa conta, da potencial despesa extra que o governo pode ter com a utilização das usinas termoelétricas por conta do baixo nível dos reservatórios das usinas hidrelétricas. "Esse é um fator de risco", afirmou Rostagno.

Outro indicador que agradou ao mercado foi a taxa de desemprego de janeiro, que ficou em 4,8%, o menor percentual desde o início da série histórica para o primeiro mês do ano.

Estados Unidos

As bolsas americanas caminham para fechamento em campo positivo. Na agenda, os pedidos de auxílio desemprego recuaram na última semana, o que mostra a melhora no mercado de trabalho, enquanto a inflação mostrou leve alta de 0,1% na passagem de dezembro para janeiro.

Por volta das 18h15, o Dow Jones subia 0,58%, o S&P tinha alta de 0,76% e o Nasdaq avançava 0,80%.

Fonte: Brasil Econômico

Dólar cai ante o real ao menor nível em 1 mês, após anúncio de meta fiscal

SÃO PAULO, 20 Fev (Reuters) - O dólar recuou ante o real nesta quinta-feira para o menor nível em quase um mês, após o mercado enxergar como positiva a nova a meta de superávit primário estabelecida pelo governo brasileiro para este ano, embora investidores continuem mostrando cautela sobre as perspectivas fiscais domésticas.

A moeda norte-americana caiu 0,74 por cento, a 2,3727 reais na venda, menor patamar de fechamento desde 22 de janeiro, quando encerrou a sessão a 2,3725 reais.

Na mínima do dia, a divisa chegou a cair mais de 1 por cento, a 2,3639 reais. Segundo dados da BM&F, o giro financeiro ficou em torno de 1,4 bilhão de dólares.

"Os investidores diminuíram os prêmios aqui, com base nos anúncios fiscais desta manhã. Agora, precisa ver se isso (a nova meta) vai acontecer mesmo", disse o diretor de câmbio da corretora Pioneer, João Medeiros.

O governo fixou a meta de superávit para o setor público consolidado (governo central, Estados, municípios e estatais) em 99 bilhões de reais, equivalente a 1,9 por cento do Produto Interno Bruto (PIB).

Apesar de ser menor que a meta prevista anteriormente, de 2,1 por cento do PIB, o novo objetivo, na avaliação de analistas, é mais exequível e aponta na direção de recuperar a credibilidade da política fiscal brasileira, que foi abalada pela falta de transparência e por manobras contábeis em anos passados.

"O mercado encarou isso positivamente, o que acaba ajudando a entrada de capital", afirmou o gerente de análise da XP Investimentos, Caio Sasaki.

A agência de classificação de risco Fitch reforçou essa avaliação, ao afirmar nesta quinta-feira que o contingenciamento orçamentário é um passo na direção correta e salientar o fato de que o governo está buscando ancorar melhor as expectativas sobre a política fiscal.

Pela manhã, o Banco Central deu continuidade às atuações diárias no mercado de câmbio, vendendo a oferta total de 4 mil swaps tradicionais --equivalentes a venda futura de dólares-- com volume equivalente a 197,6 milhões de dólares. Foram 500 contratos para 1º de agosto e 3,5 mil para 1º de dezembro deste ano.

Após o fechamento dos mercados, o BC anunciou mais um leilão diário nas mesmas condições para sexta-feira.

O BC também vendeu o lote integral de 10,5 mil swaps em mais um leilão para a rolagem dos contratos que vencem em 5 de março. Com isso, o BC já rolou cerca de 77 por cento do lote para o próximo mês, que equivale a 7,378 bilhões de dólares.

Na sexta-feira o BC realizará mais um leilão para essa rolagem, com a oferta de até 10,5 mil contratos com os mesmos vencimentos.

Fonte: Reuters Brasil

Wall Street fecha em alta com dados positivos da indústria dos EUA

NOVA YORK, 20 Fev (Reuters) - As ações norte-americanas subiram nesta quinta-feira depois que dados mostraram que a atividade industrial nos Estados Unidos cresceu em fevereiro no ritmo mais alto queda em quatro anos, enquanto notícias sobre Facebook e Tesla impulsionaram as ações dessas empresas.

O índice Dow Jones subiu 0,58 por cento, para 16.133 pontos, enquanto o S&P 500 ganhou 0,60 por cento, a 1.839 pontos. O termômetro de tecnologia Nasdaq avançou 0,7 por cento, para 4.267 pontos.

A empresa de dados financeiros Markit disse que o Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) preliminar cresceu para 56,7 em fevereiro, o mais alto desde maio de 2010, ante os 53,7 registrados na leitura final de janeiro. Leituras acima de 50 indicam expansão.

Os novos pedidos de seguro-desemprego caíram na semana passada, em um dado positivo para o mercado de trabalho, mas o índice manufatureiro do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) da Filadélfia caiu em fevereiro.

A rede social Facebook disse na quarta-feira que comprará o aplicativo de mensagem instantânea WhatsApp por 16 bilhões de dólares em dinheiro e ações, além de 3 bilhões de dólares em units para os fundadores da empresa. As ações do Facebook inicialmente caíram após a notícia, mas fecharam em alta de 2,3 por cento, a 69,63 dólares, depois de terem atingido o valor recorde de 70,11 dólares.

As ações da fabricante de carros elétricos Tesla subiram 8,4 por cento, para 209,97 dólares, depois de atingirem o recorde 215,21 dólares durante o pregão. A empresa divulgou na quarta-feira resultados melhores que o esperado no quarto trimestre, e disse que as entregas de seu sedã de luxo subirão mais de 55 por cento este ano.

Fonte: Reuters Brasil

Governo fixa meta de primário em 1,9% do PIB e gera reação cautelosa

BRASÍLIA/SÃO PAULO, 20 Fev (Reuters) - O governo federal reduziu nesta quinta-feira a meta de superávit primário deste ano a 1,9 por cento do PIB, na tentativa de assegurar que ela seja cumprida sem artifícios contábeis e num esforço para resgatar a credibilidade do gerenciamento das contas públicas.

O movimento de agora, apesar de ter sido bem recebido de maneira geral, ainda não convenceu plenamente agentes econômicos, que querem ver as ações mais austeras saírem do papel justamente num ano eleitoral.

O governo também contingenciou 44 bilhões de reais do Orçamento deste ano, acima dos 38 bilhões de reais em 2013, mas abaixo dos cerca de 50 bilhões de reais nos dois anos anteriores.

Para 2014, a meta de superávit primário do setor público consolidado (governo central, Estados, municípios e estatais) foi diminuída a 99 bilhões de reais, equivalente a 1,9 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), abaixo dos 2,1 por cento previstos até então.

O novo objetivo, divulgado nesta quinta-feira pelos ministérios da Fazenda e do Planejamento, é exatamente igual ao resultado obtido no ano passado, no pior desempenho histórico e abaixo da meta de 2,3 por cento naquele momento, apesar das volumosas receitas extraordinárias em 2013.

"A gente tem que ver as ações mais do que o discurso... O governo está achando que é mais um problema de comunicação que de ação... Tem que esperar para ver se eles vão começar a agir como eles estão falando", avaliou o economista Enestor dos Santos, do BBVA, acrescentando que a meta ainda é "pouco crível".

Pesquisa Reuters mostrou que 22 de 35 economistas consultados acreditam que a meta de 1,9 por cento do PIB não será cumprida. Um dos principais motivos é a desaceleração da atividade, que para os economistas será mais intensa que o calculado pelo governo. A mediana das projeções para o superávit deste ano na pesquisa é de 1,5 por cento.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, defendeu que o governo deverá entregar os resultados. "Já fizemos resultados maiores no período pré-crise, mas no período da crise fica mais difícil fazer resultados (primários) maiores", disse Mantega.

Durante entrevista coletiva, o ministro repetiu algumas vezes que a programação orçamentária é conservadora, afirmando que a meta de primário é exequível e uma "projeção bastante realista".

O governo da presidente Dilma Rousseff tem sido alvo de intensas críticas sobre a condução da política fiscal, com muitas manobras e pouca transparência, aumentando o risco de rebaixamento do rating brasileiro pelas agências de classificação de risco.

Para a Fitch, que atribui nota "BBB" ao Brasil com perspectiva estável, o corte no Orçamento do país anunciado nesta manhã é um passo na direção correta e salienta o fato de que o governo está buscando ancorar melhor as expectativas sobre a política fiscal.

"Dito isso, temos de monitorar a implementação e a performance fiscal em 2014 para julgar quão efetivo o contingenciamento será, especialmente no contexto de contínuos riscos às projeções de crescimento", afirmou a diretora de crédito da América Latina da Fitch, Shelly Shetty.

O analista da Moody's para o Brasil, Mauro Leos, disse que a meta fiscal anunciada está em linha com a perspectiva estável do rating "Baa2" dado ao país. Para ele, um primário de 1,9 por cento do PIB pode ser suficiente para evitar uma deterioração nos indicadores de solvência do país, mas não para diminuir a relação dívida/PIB.

Na nova meta ajustada de primário, que é a economia feita pelo setor público para pagamento de juros da dívida pública, o governo federal ficará responsável por 80,8 bilhões de reais (ou 1,55 por cento do PIB), muito acima dos 58,1 bilhões de reais previstos antes.

Com isso, reduziu o peso dos Estados e municípios, junto com estatais, que terão como meta de primário de 18,2 bilhões de reais (ou 0,35 por cento do PIB) em 2014, bem inferior aos 51,3 bilhões de reais que estavam na Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2014.

O governo também reduziu a estimativa de crescimento do PIB a 2,5 por cento neste ano, ante 3,8 por cento, enquanto vê a inflação em 5,3 por cento, inferior aos 5,8 por cento calculados até então. A expectativa para a expansão da atividade, apesar dos ajustes, ainda continua bem acima do previsto pelo mercado que, segundo a mais recente pesquisa Focus do Banco Central, é de 1,79 por cento neste ano.

CDE EM FALTA

Analistas e economistas sentiram falta de um anúncio pelo governo de qual será, de fato, o aporte na Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) neste ano por conta dos efeitos da seca nos preços da energia elétrica.

Foi mantido o valor de 9 bilhões de reais para a CDE que já estava no Orçamento, mas espera-se que seja necessário mais do que isso para cobrir pelo menos parte dos custos maiores com o uso das termelétricas para garantir a oferta de energia elétrica no país.

"O ponto fraco foi basicamente a falta de definição sobre o subsídio da energia elétrica... A solução para o problema da energia elétrica tem que se dar também sem manobra contábil, sem BNDES, sem empréstimos", afirmou o economista-chefe do Santander, Mauricio Molan, para quem o custo adicional na CDE pode chegar a 15 bilhões de reais no ano se as térmicas permanecerem todas acionadas.

Segundo Mantega, o governo vai esperar até abril, quando termina o período úmido, para decidir sobre eventuais novos aportes à CDE.

O ministro disse que eventuais aportes à CDE não mudarão a meta fiscal. "Continuaremos perseguindo a meta de 1,9 por cento", afirmou.

Nos mercados financeiros, a recepção da nova meta foi positiva, fazendo o dólar e os juros recuarem, mas investidores também citavam que era preciso ter cautela daqui para frente, à espera do que o governo de fato fará.

"No final, a obtenção de um superávit primário de 1,9 por cento do PIB em 2014 não é impossível. Mas para chegar lá, pode exigir decisões politicamente difíceis... e o mercado pode questionar a vontade do governo para fazê-lo em um ano eleitoral", afirmou o diretor de pesquisa econômica do Goldman Sachs para América Latina, Alberto Ramos.

O governo também não anunciou os aportes ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) que também podem pesar nas contas públicas neste ano.

PRIORIDADES PRESERVADAS

O governo preservou no Orçamento de 2014 as áreas de Saúde (82,6 bilhões de reais), Educação (42,3 bilhões de reais), Desenvolvimento Social (31,7 bilhões de reais) e Ciência, Tecnologia e Inovação (6,9 bilhões de reais).

Por outro lado, cortou diversas despesas em outras áreas, com destaque para a Defesa, com redução de 3,5 bilhões de reais, e emendas parlamentares, com diminuição de 13,3 bilhões de reais.

Para Mantega, a política fiscal ajudará o BC a não elevar os juros de maneira tão austera, uma vez que menores gastos públicos ajudam a tirar pressão sobre a inflação.

"A política fiscal que estamos fazendo contribui para que política monetária seja menos severa", afirmou Mantega, menos de uma semana antes de o Comitê de Política Monetária (Copom) definir os próximos passos da taxa básica de juro Selic, atualmente a 10,50 por cento ao ano.

Fonte: Reuters Brasil

Delfim Netto: excesso de gastos pode jogar de vez o país na crise

Para o ex-ministro, a situação do país é ruim, mas não demais.
'A perspectiva de acumulação de gastos no Congresso é uma tragédia, uma patifaria. O risco de derrubada do veto da presidente é o começo da tempestade perfeita. É de uma irresponsabilidade que não tem limite' (Karime Xavier/Folhapress - 2/7/13)
"A perspectiva de acumulação de gastos no Congresso é uma tragédia, uma patifaria. O risco de derrubada do veto da presidente é o começo da tempestade perfeita. É de uma irresponsabilidade que não tem limite"
São Paulo – Com um grande jardim, em uma rua arborizada, o casarão em estilo alpino no bairro paulistano do Pacaembu sugere um refúgio de férias. Lá dentro, porém, o expediente de trabalho é intenso a partir das 7h, de segunda a sexta. Na sua consultoria, a Ideias, o ex-deputado federal, ex-ministro da Fazenda, da Agricultura e do Planejamento Antonio Delfim Netto, segue trabalhando,aos 85 anos. Professor emérito de economia da Universidade de São Paulo, de onde saiu para o governo nos anos 1960, ele mantém ainda uma intensa agenda acadêmica.

Delfim não desgruda de Brasília. O desafio dos parlamentares a vetos presidenciais na terça-feira foi segundo ele, “uma patifaria”. Há, disse, o risco de ser detonado, com derrubada dos vetos a projetos que aumentam despesas, a tal “tempestade perfeita”. É o fenômeno nada natural que pode colocar o Brasil no meio de uma grande crise, de que ele fala com frequência.
Fora isso, Delfim acha que a situação do país é ruim, mas não demais. E pode ser revertida com maior sintonia entre governo e setor privado. Ele identifica preconceitos mútuos hoje. Acha que a mudança será possível no segundo mandato da presidente Dilma Rousseff, cuja reeleição considera praticamente certa. “É o que eu sempre digo aos meus amigos. Temos que saber usá-la, porque ela está aí. É absolutamente correta. Os projetos não são maus.” Delfim sugere aos empresários que se aproximem do governo. E que o Planalto aja com reciprocidade, do contrário há risco de uma recessão.

O Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) colocou o Brasil em segundo lugar no ranking da vulnerabilidade. O senhor achou um exagero. O BC também. Mas o que achará o mercado?

O mercado tende a acreditar em tudo o que está escrito em inglês. E se for de um PHD, então, é muito mais correto. No fundo, é uma espécie de vingança. Quando o Guido (Mantega) disse que tinha uma guerra cambial, aquilo amolou demais o Fed. Porque era verdade. Na primeira oportunidade, resolveram tirar um sarro. Construíram um indicador que são outros seis indicadores ponderados. Então disseram: onde o Brasil é pior, eu aumento o peso. Onde o país é bom, eu reduzo. Aquilo não tem o menor valor. Mas o mercado acredita. Foi irresponsabilidade o que o Fed fez.

O senhor diz que a estabilidade é uma obra inacabada. Ele já tem 20 anos. Vai dar para acabar um dia?

O Brasil, depois da Constituição de 88, tem melhorado sistematicamente. A Constituição tem problemas graves. Instituiu indexações, vendas condicionadas. Mas ela tem vetores da maior importância civilizatória. Não tem nenhum país emergente em que o Estado e o setor privado obedeçam à mesma lei. E sob o controle de um supremo tribunal que é independente de fato. Nunca houve nenhuma dúvida sobre a lisura da eleição. Outro negócio que é a essência do processo civilizatório é a igualdade de oportunidades. Há um jogo entre a urna e o mercado. Eles produzem um equilíbrio que vai convergindo para a sociedade que nós desejamos. Se você quer fazer justiça, é absolutamente necessário que todos partam do mesmo ponto. As pessoas pensam que isso teve início com o PT, mas começou em 1500.

O senhor é a favor de transferência de renda, incluindo o Bolsa Família?

Claro que sim! Um dos criadores disso tem uma frase perfeita: o bom programa é aquele que se suicida. Você dá o suporte e cria as condições para que a pessoa deixe o programa. Houve uma inclusão social imensa no Brasil nos últimos 20 anos, que se acelerou com o governo Lula. Ele foi beneficiado por um enorme vento de cauda, que terminou em 2010. A Dilma está pegando um vento de proa. Isso mostra que a ênfase na distribuição em detrimento da produção tem um limite, porque, em cada instante, se você consumir mais, investe menos. Se investir mais, vai ter que consumir menos.

Antes, esse jogo não era visível porque o mundo estava nos ajudando. As relações de troca haviam melhorado dramaticamente, mas usamos isso de modo errado para congelar o câmbio e combater a inflação. Essa é a semente da destruição que estamos vivendo. Nos últimos 10 ou 20 anos, primeiro roubamos da indústria nacional as exportações. Depois, tiramos o mercado interno. Grosseiramente, são US$ 320 bilhões de demanda do setor industrial que sumiram. Estamos vivendo as consequências do que fizemos.

Fonte: Correio Braziliense

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Aumento de juros está em discussão nos EUA, revela ata do Fed

Temida pelos mercados emergentes, mudança da política monetária americana pode vir antes do esperado.

SÃO PAULO - As autoridades do Federal Reserve começaram a discutir em janeiro sobre quando seria apropriado elevar as taxas de juros, com alguns membros sinalizando que isso pode ocorrer antes do esperado, segundo a ata da mais recente reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), ocorrida em janeiro.

Quando os juros começarem a subir nos Estados Unidos, a tendência é que ainda mais investidores sejam atraídos de volta ao país. Isso já acontece desde a decisão do Fed de cortar seus estímulos aos mercados. Desde novembro de 2008 com juros básicos ao redor de zero nos Estados Unidos, investimentos volumosos migraram para os mercados emergentes, de juros mais elevados, em busca de retorno.
"Alguns participantes levantaram a possibilidade de que pudesse ser apropriado elevar as taxas de juros relativamente cedo", disse o documento, divulgado hoje.
Essa posição não é um consenso dentro do Fed. A maioria dos membros ainda acredita que não é apropriado apertar a política monetária antes de 2015, segundo projeções oficiais apresentadas na reunião de dezembro. Mas a ata indica que o momento do primeiro aumento de juros entrou na agenda do Fed após anos de juros próximos de zero.
Alguns dos membros do banco central que levantaram a questão argumentaram que a taxa de juros precisa garantir que a inflação permaneça contida e que "ela deve ser elevada para acima do piso efetivo antes do meio deste ano", segundo a ata. Outros membros rebateram essas visões, argumentando que as condições atuais, que ainda incluem efeitos da crise financeira, tornam inapropriadas as regras padrões de política monetária.

Compras de bônus
 O documento mostrou que o Fed parece disposto a continuar reduzindo as compras mensais de bônus em "passos comedidos" no decorrer do ano, desde que a economia continue conforme o esperado. "Diversos participantes argumentaram que, na ausência de mudanças apreciáveis na perspectiva econômica, o cenário é favorável para a redução no ritmo das compras em um total de US$ 10 bilhões a cada reunião do Fomc", disse a ata.
Alguns membros chegaram a expressar preocupações com a inflação baixa e outros sinais de fraqueza na economia, mas apoiaram, mesmo assim, a contínua redução de estímulos. "Esses participantes avaliaram que uma pausa na redução não é justificável neste momento, especialmente tendo em vista a força da economia na segunda metade de 2013."

Gatilho
 Os membros do Fed também tiveram uma ampla discussão sobre o que fazer com a diretriz futura do banco central para o aumento dos juros. O Fed tem dito há algum tempo que não vai considerar elevar os juros até que a taxa de desemprego chegue em 6,5% e a inflação permaneça contida.
A taxa de desemprego caiu mais rapidamente que o esperado e já alcançou 6,6% em janeiro. Dada a proximidade do gatilho, os membros concordaram "que será apropriado, em breve, a mudança da forward guidance para fornecer informações sobre as decisões relacionadas às taxas de juros após os gatilhos serem superados".
No entanto, parece ter havido pouco consenso sobre as mudanças exatas que o Fed deveria fazer. Alguns membros disseram que o banco central deveria reduzir o gatilho, enquanto outros defenderam uma "abordagem qualitativa" para dar mais informações ao público sobre outros fatores que o Fed vai considerar ao tomar a decisão sobre os juros.

Emergentes
 A ata mostrou ainda que os membros do Fomc discutiram a turbulência nos mercados emergentes, mas se recusaram a mencionar esse acontecimento no comunicado, por ter "efeito limitado até agora" nos mercados financeiros dos EUA. As autoridades do Fed, porém, prometeram monitorar cuidadosamente esses mercados, segundo o documento.
Os membros apontaram que "os recentes acontecimentos em diversos mercados emergentes, se continuarem, podem representar riscos à perspectiva dos EUA"

Fonte: O Estado de S. Paulo

IGP-M desacelera alta para 0,24% na 2ª prévia de fevereiro, diz FGV

SÃO PAULO, 19 Fev (Reuters) - O Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M) subiu 0,24 por cento na segunda prévia de fevereiro, ante elevação de 0,46 por cento no mesmo período de janeiro, favorecido principalmente pela desaceleração da alta dos preços no atacado mas também no varejo.

De acordo com a Fundação Getulio Vargas (FGV) nesta quarta-feira, o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que mede a variação dos preços no atacado e responde por 60 por cento do índice geral, teve variação positiva de 0,06 por cento na segunda prévia de fevereiro, ante avanço de 0,36 por cento em igual período de janeiro.

Já o Índice de Preços ao Consumidor (IPC), com peso de 30 por cento no índice geral, desacelerou a alta para 0,64 por cento, contra 0,73 por cento visto anteriormente.

O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), por sua vez, registrou elevação de 0,47 por cento, desacelerando ante alta de 0,53 por cento na segunda apuração de janeiro. O INCC responde por 10 por cento do IGP.

Depois de ter elevado a Selic em 0,50 ponto percentual no início deste ano, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central volta a se reunir nos próximos dias 25 e 26, ainda com o cenário de inflação alta no radar.

O IGP-M é utilizado como referência para a correção de valores de contratos, como os de energia elétrica e aluguel.

A segunda prévia do IGP-M calcula as variações de preços no período entre os dias 21 do mês anterior e 10 do mês de referência.

Veja abaixo a variação dos grupos:

2ª prévia 2ª prévia

Janeiro Fevereiro

IGP-M +0,46% +0,24%

IPA +0,36% +0,06%

.Estágios

..Bens Finais +0,25% -0,08%

..Bens Intermediários +0,64% +0,98%

..Matérias Primas Brutas +0,16% -0,86%

.Origem

..Produtos Agropecuários -0,45% -1,53%

..Produtos Industriais +0,66% +0,64%

IPC +0,73% +0,64%

.Alimentação +0,98% +0,29%

.Habitação +0,37% +0,75%

.Vestuário +0,10% -0,42%

.Saúde e Cuidados Pessoais +0,46% +0,60%

.Educação, Leitura e Recreação +1,56% +2,05%

.Transportes +1,07% +0,53%

.Despesas Diversas +1,04% +2,35%

.Comunicação +0,05% +0,28%

INCC +0,53% +0,47%

.Materiais, Equipamentos

e Serviços +0,29% +0,62%

.Mão de Obra +0,74% +0,33%

Fonte: Reuters Brasil