Economista, Especialista em Economia e Meio Ambiente pela Universidade Federal do Paraná e Graduando em Estatística, também, pela Universidade Federal do Paraná.

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Indústria brasileira volta a registrar expansão em dezembro--PMI

SÃO PAULO, 2 Jan (Reuters) - A atividade industrial brasileira se expandiu em dezembro e atingiu o nível mais alto desde abril, em meio ao crescimento da produção e de novos negócios, de acordo com o Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) divulgado nesta quinta-feira.

O PMI do instituto Markit voltou a ficar acima da marca de 50 que separa crescimento de contração ao atingir 50,5 em dezembro, ante 49,7 em novembro, no melhor resultado desde a marca de 50,8 atingida em abril.

"A atividade econômica no setor industrial expandiu por conta de um crescimento mais forte da produção, com as empresas sinalizando o primeiro aumento mensal nas novas encomendas em seis meses", destacou o economista-chefe do HSBC, André Lóes.

De acordo com o Markit, houve crescimento da produção pelo quarto mês seguido, com os entrevistados citando como razão a entrada de novos contratos.

Os novos pedidos cresceram pela primeira vez desde junho com as empresas relatando fortalecimento na demanda, ainda que tenham destacado a incerteza econômica como um peso sobre o otimismo dos clientes.

Por outro lado, o volume de novos pedidos do exterior ficou estagnado, em meio a uma demanda contida e aumento da concorrência externa.

O subsetor de bens de consumo foi o que apresentou melhor desempenho em dezembro, com taxas de crescimento de produção e volume de novos pedidos superando as das empresas produtoras de bens intermediários. Em contraste, a produção de bens de capital recuou.

Apesar do cenário favorável, os fabricantes brasileiros continuaram a reduzir suas forças de trabalho em dezembro, com o nível de emprego caindo pelo nono mês seguido, embora no ritmo mais fraco desde abril.

O Markit destacou ainda que tanto os preços de insumo quanto os de produção aumentaram em dezembro, embora a taxa de inflação de preços cobrados tenha atingido recorde de baixa de 17 meses.

"Os fabricantes continuaram a indicar que a moeda fraca resultou em preços mais elevados pagos por matérias-primas importadas, e que as cargas adicionais de custo foram parcialmente repassadas aos clientes", disse em nota.

A indústria brasileira viveu um ano de altos e baixos em 2013. De acordo com o dado mais recente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produção do setor surpreendeu em outubro ao crescer 0,6 por cento sobre o mês anterior, mantendo-se pelo terceiro mês seguido em território positivo, porém ainda mostrou uma recuperação moderada do setor.

Fonte: Reuters Brasil

IPC-S sobe 0,69% em dezembro e encerra 2013 com alta de 5,63%

SÃO PAULO, 2 Jan (Reuters) - O Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) registrou alta de 0,69 por cento em dezembro, pressionado por Transportes, e encerrou 2013 com avanço acumulado de 5,63 por cento, informou a Fundação Getulio Vargas (FGV) nesta quinta-feira.

Na terceira quadrissemana de dezembro, o indicador havia registrado alta de 0,66 por cento, tendo encerrado novembro com avanço de 0,68 por cento.

Na comparação com a terceira quadrissemana do mês, o destaque ficou para o grupo Transportes, com alta de 1,20 por cento ante 0,82 por cento na apuração anterior.

Nesta classe de despesa, a FGV destacou o item gasolina, cuja taxa passou de 2,58 por cento para 3,93 por cento.

Neste final de ano, a inflação tem surpreendido ao não mostrar sinais de arrefecimento, o que pode pressionar ainda mais a atual política monetária. Em dezembro, por exemplo, o IPCA-15, prévia da inflação oficial do país, surpreendeu ao acelerar a alta mensal a 0,75 por cento, fechando o ano em 5,85 por cento.

Fonte: Reuters Brasil

Após superar R$2,41 no intradia, dólar reduz alta e fecha a R$2,3913

SÃO PAULO, 2 Jan (Reuters) - O dólar fechou esta quinta-feira com avanço superior a 1 por cento, após superar no intradia o patamar de 2,40 reais pela primeira vez em quatro meses, reagindo à menor atuação do Banco Central no mercado de câmbio na nova fase do programa de intervenções diárias.

A moeda norte-americana avançou 1,35 por cento, para 2,3913 reais na venda, nível mais alto desde 22 de agosto, quando o BC anunciou o programa de intervenções diárias no câmbio. Na máxima do dia, a divisa tocou 2,4105 reais, superando no intradia o nível de 2,40 reais pela primeira vez desde 3 de setembro.

O movimento foi exacerbado pelo baixo volume de negócios, decorrente das festas de fim de ano. Muitos operadores ainda estavam afastados das mesas de câmbio no primeiro pregão de 2014.

Segundo dados da BM&F, o giro financeiro ficou em torno de 1,3 bilhão de dólares, abaixo da média diária vista em dezembro, de 1,5 bilhão de dólares.

"Nesse novo ajuste do programa de intervenções no câmbio, o BC passa a oferecer menos contratos. Com o mercado com baixo volume, o pessoal aproveitou isso para testar níveis mais altos para o dólar", afirmou o diretor de câmbio da corretora BGC Liquidez, Francisco Carvalho.

O BC vendeu nesta manhã a oferta total de 4 mil contratos de swap cambial tradicional --equivalentes a venda futura de dólares-- com vencimento em 2 de maio de 2014, dando continuidade às atuações diárias. O leilão teve volume financeiro equivalente a 199 milhões de dólares.

É a primeira operação nos novos moldes do programa de rações diárias, que reduziu em cerca de dois terços a oferta de hedge cambial. No ano passado, o BC ofertava 10 mil contratos por dia nas ofertas de swap cambial tradicional de segunda a quinta-feira, e realizava também leilões de dólares com compromisso de recompra às sextas-feiras.

"No dia a dia, a gente precisa ver se o BC vai entrar com mais rigor, mas por enquanto, esse cenário é favorável a alguma pressão sobre o dólar", disse o superintendente de câmbio da corretora Intercam, Jaime Ferreira, ressaltando que o BC vem demonstrando atenção ao patamar de 2,40 reais.

Segundo analistas, a tendência é que o dólar volte a testar esse patamar à medida que o Federal Reserve, banco central norte-americano, dá prosseguimento à redução de seu programa estímulo monetário, reduzindo a oferta de liquidez global.

O Fed anunciou no mês passado a redução do programa de compra de títulos em 10 bilhões de dólares, para 75 bilhões de dólares ao mês, e afirmou que deve continuar realizando cortes "comedidos" nas próximas reuniões.

Além disso, a situação fiscal brasileira vem preocupando investidores, que temem a possibilidade de rebaixamento da classificação de risco do Brasil.

"A tendência natural é que o dólar deve ultrapassar 2,40 reais, mas precisamos esperar a reação do BC, que pode voltar com os leilões mais fortes", afirmou o gerente de operações da Confidence, Felipe Pellegrini. Ele ressaltou, entretanto, que a autoridade monetária pode permitir esse movimento caso o ritmo de fortalecimento do dólar não seja exagerado.

Fonte: Reuters Brasil

Bovespa inicia 2014 com queda de 2,26% por dados da China

SÃO PAULO, 2 Jan (Reuters) - O principal índice do mercado acionário brasileiro caiu abaixo dos 51 mil pontos no primeiro pregão de 2014, alinhado com as perdas das bolsas externas e repercutindo dados que mostram desaceleração da atividade industrial na China.

O Ibovespa recuou 2,26 por cento, a 50.341 pontos, depois de encerrar 2013 com perda de 15,5 por cento. O giro financeiro do pregão foi de 5,6 bilhões de reais.

As bolsas europeias, depois de encerrarem o ano passado com valorizações significativas, fecharam nesta quinta-feira em queda e as dos Estados Unidos operavam no vermelho, com investidores realizando parte dos lucros acumulados.

Assim, investidores não encontraram motivos para comprar no mercado acionário brasileiro, afugentados também pelas perspectivas pouco otimistas para a economia doméstica em 2014.

"Está se formando um consenso bastante forte de que 2014 vai ser um ano desafiador para a economia brasileira em termos de crescimento e do cenário fiscal. Por ser o primeiro dia do ano, investidores estão buscando se retrair", afirmou o economista Gustavo Mendonça, da gestora de recursos Saga Capital.

Além disso, participantes do mercado receberam mal a notícia de que a atividade industrial da China, importante parceiro comercial brasileiro, desacelerou em dezembro, com o Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) final do HSBC/Markit caindo para mínima de três meses a 50,5 em dezembro, ante 50,8 em novembro.

A pesquisa privada foi consistente com o PMI do governo, que caiu para a mínima de quatro meses de 51,0.

"Apesar de o PMI da China estar acima de 50, o que mostra crescimento, os dados vieram abaixo das expectativas, frustrando papéis de commodities lá fora e fazendo o preço de commodities ficar pesado (cair)", afirmou o estrategista-chefe da SLW Corretora, Pedro Galdi.

O estrategista acrescentou que o ritmo mais lento de negócios, na esteira das festas de fim de ano, também contribui para deixar o mercado fraco. O volume reduzido tende a favorecer oscilações mais bruscas do Ibovespa.

Segundo relatório do BB Investimentos, o índice tem atualmente suportes em 49.800, 49.500 e 47.100 pontos.

No front corporativo, papéis mais voláteis como B2W sofreram as maiores desvalorizações do dia. Ao lado da varejista online, a incorporadora Brookfield, a Prumo Logística, ex-LLX, e a Eletropaulo recuaram mais de 9 por cento.

As blue chips Petrobras e Vale também fecharam no vermelho.

Fonte: Reuters Brasil

Balança comercial fecha 2013 com o pior resultado anual desde 2000

BRASÍLIA, 2 Jan (Reuters) - A balança comercial brasileira registrou superávit de 2,561 bilhões de dólares em 2013, no pior resultado comercial desde 2000, puxado pela queda das exportações e aumento das importações, de acordo com dados divulgados nesta quinta-feira.

As exportações brasileiras totalizaram 242,178 bilhões de dólares em 2013, queda de 1 por cento ante 2012, enquanto as importações subiram 6,5 por cento, para 239,617 bilhões de dólares, pela média por dia útil, de acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

Em relação a 2012, quando o superávit foi de 19,396 bilhões de dólares, o saldo recuou 86,8 por cento.

Em dezembro, o saldo ficou positivo em 2,654 bilhões de dólares, bem acima da mediana das expectativas de pesquisa Reuters, que apontava para um superávit de 1,35 bilhão de dólares. As exportações somaram 20,846 bilhões de dólares em dezembro e as importações, 18,192 bilhões de dólares.

Fonte: Reuters Brasil

China enfrenta dívida interna crescente

O presidente chinês, Xi Jinping, que na segunda-feira foi indicado para supervisionar o comitê de reforma econômica da China, precisa descobrir rapidamente como impedir que a crescente dívida dos governos provinciais e municipais faça a segunda maior economia do mundo desandar.

A Agência Nacional de Auditoria informou que dívidas e garantias emitidas por governos locais saltaram 67%, para 17,9 trilhões de yuans (US$ 2,95 trilhões), entre o fim de 2010 e meados de 2013. A auditoria monitora os gastos principais desses governos, seja com escritórios governamentais ou parques e rodovias. O crescimento se deu em todos os níveis de governo local, das províncias até as 33.000 mil cidades do país.

O crescimento recorde em torno de 10% ao ano que a China atingiu nos últimos 30 anos se deu em grande parte graças aos pesados gastos dos governos locais em projetos de construção. Mas, desde a crise financeira de 2008, esses projetos têm dependido cada vez mais de volumosos financiamentos e com frequência resultam em empreendimentos malsucedidos que têm dificuldade em se pagar, dizem economistas.

Quase metade da dívida vence até o fim de 2014. O economista Stephen Green, da Standard Chartered, diz que a chance de um governo local não honrar os pagamentos este ano é superior a 50%. Seria a primeira vez que isso acontece na China, onde o governo costuma intervir para que instituições financeiras ajudem devedores em dificuldades.

É difícil avaliar o impacto que o não pagamento de um bônus local causaria. Poderia aumentar a conscientização dos riscos e causar uma redução do crédito que outras ações do governo não lograram totalmente. Mas indícios de aperto da liquidez na China geralmente assustam os mercados de forma imprevisível e o governo poderia ter dificuldade de conter um eventual pânico.

Controlar os projetos dos governos locais tem sido complicado para o governo central. A China está cheia de empreendimentos imobiliários, parques industriais, áreas empresariais e até mesmo cidades inteiras subutilizados ou vazios. No curto prazo, esses empreendimentos ajudaram a aumentar a produção industrial. No longo prazo, porém, muitos deles se tornaram um fardo financeiro, absorvendo recursos para pagar os credores e deixando muitos governos locais com pouco dinheiro para gastos sociais.

A nomeação de Xi para liderar o chamado "grupo principal" da reforma — que terá um papel importante na condução das reformas apresentadas em dezembro pelos principais líderes do Partido Comunista — é o sinal mais recente de que ele assumiu o controle da política econômica, que nas últimas décadas vinha ficando a cargo do primeiro-ministro, o segundo principal líder do país.

Xi tem à pela frente algumas alternativas desagradáveis, dizem economistas. Ele pode dar um jeito de evitar a inadimplência providenciando recursos governamentais e usando a regulação e ações de bastidores para fazer os bancos aumentar as restrições ao crédito. Mas isso deixaria os governos locais mais dependentes de empréstimos de grandes monopólios, empresas de leasing e do sistema bancário paralelo — o chamado "shadow banking" — que cobram taxas de juros mais altas do que os bancos convencionais.

Ele também poderia combater o problema agressivamente, elevando as taxas de juros, vendendo ativos e deixando alguns casos de inadimplência ocorrer como alerta às instituições financeiras e governos locais quanto aos riscos envolvidos. Segundo economistas, hoje os bancos acreditam que o governo federal sempre intervirá para impedir casos de inadimplência, o que acaba encorajando novos empréstimos de risco. Mas permitir a inadimplência pode acabar fazendo com que outros bancos se assustem e passem a exigir juros mais altos.

Eswar Prasad, especialista em China da Universidade Cornell, dos Estados Unidos, diz que embora "a China tenha recursos suficientes para evitar que o problema da dívida dos governos locais se transforme numa completa crise de dívida", o rápido crescimento da dívida no país "representa riscos significativos para a estabilidade do sistema financeiro".

A dívida dos governos locais em relação ao produto interno bruto passou de 26,6% em 2010 para 31% no fim de 2012. Nos EUA, por exemplo, esse índice estava em 18% ao fim de setembro, segundo a regional de St. Louis do Fed, o banco central americano.

Em junho de 2013, os governos locais da China deviam 10,12 trilhões de yuans aos bancos convencionais, o equivalente a 56,6% do total das dívidas desses governos. O percentual é bem menor que os quase 80% do fim de 2010, quando eles deviam 8,47 trilhões de yuans aos bancos.

Agora, os empréstimos do sistema bancário paralelo se tornaram uma importante fonte de financiamento, respondendo por 11% do crédito novo. Esses financiamentos não eram contabilizados de forma específica na auditoria relativa a 2010.

A emissão de títulos pelos governos locais também cresceu. No fim de 2010, os bônus respondiam por 7,1% do passivo desses governos. Essa proporção aumentou para 10,3% no fim de junho de 2013.

A dívida interna total da China, incluindo a dos governos locais, das empresas estatais, das companhias do setor imobiliário e das pessoas físicas, passou de 128% do PIB em 2008 para 216% em 2013. Ela pode chegar a 271% até 2017 se nada for feito, de acordo com a agência de classificação de crédito Fitch Ratings. Economistas observam que saltos semelhantes no crédito em países da Europa, Ásia e América Latina acabaram gerando crises, embora poucos acreditem que a China esteja à beira de uma.

O governo do país tem dito que o controle da dívida interna é uma prioridade este ano.

Tao Wang, economista do UBS, UBSN.VX -0.88% diz que a meta de crescimento da China em 2014 será um importante indicador de com que força o governo vai lidar com a questão da dívida. A estimativa é que o país tenha crescido 7,6% em 2013, ligeiramente acima da meta de 7,5%.
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Segundo ela, caso a China reduza a meta deste ano para 7%, isso indicaria que o governo está pronto para tomar medidas enérgicas, ciente de que o crescimento vai desacelerar. Mas se o governo mantiver a meta de 7,5% — como muitos economistas acreditam que ele vai fazer —, seria um sinal de "que o governo deve atrasar as reformas ou permitir uma piora estrutural em prol do crescimento".

Fonte: The Wall Street Journal

Emprego nos EUA pode ultrapassar nível pré-recessão em 2014

É 2014 o ano em que o mercado de trabalho americano começa a engrenar — e será que continua?

O recente fortalecimento do produto interno bruto, da produção industrial e do setor de construção sustenta o impulso da criação de empregos no ano que vem. Esses indicadores também sustentam a possibilidade de, na ausência de um choque econômico, em meados de 2004 o número total de empregos finalmente poder superar seu pico anterior à recessão.

O cenário do mercado de trabalho tem melhorado desde o pior momento da recessão, de 2007 a 2009, mas o progresso tem sido irregular. Em 2013, empregadores criaram uma média de 189.000 vagas por mês, aumentando o ritmo em outubro e novembro, quando abriram 200.000 e 203.000 vagas, respectivamente. Nos últimos dois anos, a taxa de desemprego diminuiu de 8,3% para 7%, mas a maior parte do declínio se deve ao número de desempregados que pararam de procurar emprego.

O mercado de trabalho recebeu um voto de confiança do Federal Reserve, o banco central americano, que decidiu no início deste mês reduzir paulatinamente o programa de estímulo de US$ 85 bilhões por mês, ao julgar que a economia está forte o suficiente para seguir em frente com menos assistência. Em janeiro, o banco central vai diminuir o estímulo para US$ 75 bilhões e vai tentar reduzi-lo em US$ 10 bilhões nas próximas reuniões.
O presidente do Fed, Ben Bernanke, em coletiva de imprensa depois de anunciar a decisão, disse: "Os recentes indicadores econômicos têm aumentado nossa confiança de que os ganhos no mercado de trabalho vão continuar [...] Com a provável diminuição da restrição fiscal e com sinais de que a despesa doméstica está ganhando força, esperamos que o crescimento econômico esteja forte o suficiente para sustentar novas criações de empregos."

Os economistas ouvidos na pesquisa mais recente do The Wall Street Journal expressaram otimismo semelhante, prevendo que, em média, os Estados Unidos devem adicionar cerca de 198.000 vagas de trabalho por mês em 2014, a estimativa mais elevada desde 2005, quando a pesquisa abordou a questão pela primeira vez. Tal ritmo colocaria o país no caminho para voltar antes de julho aos níveis de emprego pré-recessão.

Um mercado de trabalho melhor significa crescimento econômico, através de um ciclo virtuoso de produção e gastos. À medida que a demanda aumenta, os empregadores elevam sua produção para atendê-la, muitas vezes contratando mais gente. Trabalhadores, por sua vez, conseguem empregos e recebem salários que podem ser gastos ou economizados.

Esse ciclo parece estar ganhando força nos EUA, onde os gastos vigorosos de consumidores e empresas puxaram o crescimento do terceiro trimestre a um ritmo anualizado de 4,1% — acima da taxa média de 3,3% do pós-Segunda Guerra Mundial. A confiança do consumidor, prejudicada pelos 16 dias de paralisação do governo federal em outubro, ganhou novo fôlego e a produção industrial superou o pico pré-recessão — ambos considerados sinais favoráveis para as contratações.

A demanda reprimida vai estimular a criação de empregos nos setores de manufatura e de energia no próximo ano, diz Ward McCarthy, economista chefe da Jefferies & Co. Ele prevê que consumidores e empresas estarão comprando produtos que vão de máquinas de lavar a automóveis e aviões, depois de adiarem a aquisição de bens de alto valor durante a recessão e a lenta recuperação que se seguiu.

A JD Power e LMC Automotive, empresas especializadas em pesquisa no setor automotivo, preveem que os consumidores americanos gastem um valor recorde — de mais de US$ 34 bilhões — em carros novos neste mês de dezembro.

Os benefícios das compras de automóveis e aeronaves têm um efeito cascata, diz McCarthy, porque os dois setores estão ligados a muitas outras indústrias e por isso atingem profundamente a economia.

Scott Anderson, economista-chefe do Bank of the West, espera que a manufatura, em particular, estimule o crescimento nos gastos das empresas a um ritmo próximo de 4% em 2014, acima dos 2,6% deste ano. "A manufatura dos EUA é hoje muito mais competitiva globalmente do que era há 10 ou 15 anos", diz ele, citando o crescimento da produtividade, o boom do petróleo e gás e a ausência de pressões salariais que estão afetando alguns mercados emergentes.

Mesmo os analistas mais otimistas admitem que, se por um lado o mercado de trabalho está no caminho certo, ainda há espaço considerável para melhorar. Fechar o buraco criado pela recessão no mercado de trabalho é um marco importante, embora ainda deixe os EUA com mais de seis milhões de empregos a menos do que poderia ter sem a crise. Enquanto isso, ainda há quase três desempregados para cada vaga que é aberta. Isso é menor que a média de 6,2 desempregados para cada vaga do fim da recessão, mas acima da média de 1,8 no início dela.

"Uma das implicações mais importantes de ter um mercado de trabalho finalmente chegando em sua fase de expansão é que vamos começar a absorver o excedente de mão de obra que ainda está perdido por aí", diz McCarthy. "Vai levar algum tempo, mas pelo menos agora há luz no fim do túnel para ver aumentos no salário médio por hora."

O salário médio por hora ficou praticamente estável, crescendo apenas 2% em novembro em relação a um ano antes, comparado ao crescimento de 3,3% na variação anual antes da recessão.

O número de desempregados de longo prazo, que estão fora do mercado há pelo menos seis meses, ainda chega a quatro milhões e representa 2,6% da força de trabalho. O programa do governo federal de seguro-desemprego, que beneficiou 1,3 milhão de pessoas, foi encerrado neste fim de semana.
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A economia como um todo, que ajudou a impulsionar o progresso do mercado de trabalho, também poderia comprometê-lo. Não se espera que o mercado imobiliário sustente o ritmo de ganhos recentes, já que o aumento dos preços residenciais e as taxas de juro devem manter alguns compradores fora do mercado. A redução do programa de estímulo do Fed poderia sair pela culatra. Um acordo sobre o orçamento em Washington clarificou algumas incertezas fiscais, mas o governo vai abordar o teto da dívida novamente no início de 2014. Enquanto isso, muitas empresas não sabem como atender aos requisitos do "Affordable Care Act", a nova lei americana de saúde, que entra em vigor em 2015.

Há também riscos internacionais em abundância, como a possível fraqueza na zona do euro ou no Japão ou o aumento dos preços do petróleo se as negociações para deter o programa nuclear iraniano desmoronarem.

Na ausência desses choques ou de outras variáveis, o cenário econômico aponta para um mercado de trabalho à beira de um muito aguardado — e frequentemente previsto — ano revolucionário.

Fonte: The Wall Street Journal