Economista, Especialista em Economia e Meio Ambiente pela Universidade Federal do Paraná e Graduando em Estatística, também, pela Universidade Federal do Paraná.

quarta-feira, 29 de maio de 2013

IGP-M fica estável em maio após alta de 0,15% em abril, diz FGV

SÃO PAULO, 29 Mai (Reuters) - O Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M) ficou estável em maio, após elevação de 0,15 por cento em abril, com maior intensidade da queda dos preços no atacado e em meio à desaceleração da alta no varejo, informou a Fundação Getulio Vargas (FGV) nesta quarta-feira.

Em relação à segunda prévia de maio, houve leve desaceleração do indicador após variação positiva de 0,01 por cento no período.

Pesquisa Reuters apontou que o indicador teria variação positiva de 0,04 por cento em maio, de acordo com a mediana de 17 estimativas, que variaram de queda de 0,03 por cento a alta de 0,15 por cento.

Em meio a preocupações com a inflação e com a fragilidade da economia este ano, as atenções estão agora sobre a divulgação nesta manhã do Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre, com expectativa em pesquisa da Reuters de avanço de 0,9 por cento sobre o período anterior.

No fim o dia, o foco volta-se para a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, que define o próximo patamar da Selic. Pesquisa da Reuters aponta divisão entre os economistas, com pequena maioria prevendo alta de 0,50 ponto percentual, para 8 por cento.

ATACADO

De acordo com a FGV, o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que mede a variação dos preços no atacado e responde por 60 por cento do índice geral, teve deflação de 0,30 por cento em maio, ante recuo de 0,12 por cento em abril.

Em relação à origem dos produtos, os agropecuários registraram queda de 1,98 por cento em maio, ante recuo de 1,82 por cento em abril. Os industriais, por sua vez, desaceleraram a alta a 0,34 por cento, ante 0,54 por cento em abril

Entre os estágios de produção, os preços dos Bens Finais recuaram 0,05 por cento, ante alta de 0,86 por cento anteriormente. No segmento Bens Intermediários, houve recuo de 0,18 por cento, ante queda de 0,19 por cento em abril.

Por sua vez, o índice de Matérias-Primas Brutas apresentou variação negativa de 0,77 por cento, contra deflação de 1,20 por cento no mês anterior.

VAREJO

Já o Índice de Preços ao Consumidor, com peso de 30 por cento no índice geral, desacelerou a alta para 0,33 por cento, contra 0,60 por cento visto anteriormente.

A principal contribuição para o resultado do índice partiu do grupo Alimentação, que desacelerou a alta a 0,36 por cento, contra 1,26 por cento em abril.

Na contramão, o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) registrou elevação de 1,24 por cento, acelerando ante alta de 0,84 por cento em abril.

Além de medir a evolução do nível de preços, o IGP-M é utilizado como referência para a correção de valores de contratos, como os de energia elétrica e aluguel.

O IGP-M é calculado com base nos preços coletados entre os dias 21 do mês anterior e 20 do mês de referência.

Fonte: Reuters Brasil

PIB do Brasil cresce 0,6% no 1º tri 2013, abaixo do esperado

RIO DE JANEIRO, 29 Mai (Reuters) - A economia brasileira cresceu apenas 0,6 por cento no primeiro trimestre deste ano na comparação com o quarto trimestre de 2012, abaixo do esperado e com desempenho ruim da indústria e dos consumos das famílias e do governo.

Na comparação com o primeiro trimestre de 2012, o Produto Interno Bruto (PIB) do país teve uma expansão de 1,9 por cento, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira.

A expansão da atividade no trimestre passado mostra que a economia não acelerou no início deste ano, já que repetiu a mesma taxa de 0,6 por cento do quarto trimestre de 2012 sobre o período imediatamente anterior.

Entre janeiro e março passados, a indústria teve retração de 0,3 por cento sobre o quarto trimestre, único setor que mostrou queda no período. O resultado foi puxado pela indústria extrativa mineral (-2,1 por cento).

Na ponta oposta, o setor agropecuário mostrou forte expansão de 9,7 por cento no trimestre, enquanto serviços cresceu 0,5 por cento.

Como esperado, a formação bruta de capital fixo, uma medida do investimento, mostrou um bom crescimento na comparação trimestral, de 4,6 por cento, o melhor desempenho em três anos. Já o consumo das famílias teve uma alta de apenas 0,1 por cento, enquanto o consumo do governo ficou estável no período.

Pesquisa Reuters indicava crescimento de 0,9 por cento na comparação trimestral, segundo a mediana de previsões de 31 analistas, com as projeções variando de 0,55 a 1,2 por cento. Sobre um ano antes, a mediana de 29 previsões indicava expansão de 2,3 por cento entre janeiro e março de 2013, numa faixa de 1,0 a 2,8 por cento.

Com a divulgação do fraco desempenho da economia no início do ano, o mercado futuro de juros mudou suas apostas nesta manhã e agora a maioria acredita que o Comitê de Política Monetária (Copom) irá elevar a Selic em 0,25 ponto percentual nesta quarta-feira, a 7,75 por cento.

Até a véspera, a maioria, ainda que com uma pequena vantagem, acreditava que o Banco Central aceleraria o passo e aumentaria a taxa básica de juros a 8,00 por cento.

Fonte: Reuters Brasil

terça-feira, 28 de maio de 2013

Caminhões mascaram lentidão de investimentos no país

SÃO PAULO, 28 Mai (Reuters) - Há uma luz no fim do túnel para a economia do Brasil. O problema é que, por enquanto, ela é só uma fila de caminhões parados.

O investimento provavelmente cresceu à maior taxa em três anos no primeiro trimestre deste ano, de acordo com dados oficiais a serem divulgados na quarta-feira. Mas é possível que até dois terços desse aumento se devam apenas à fabricação de caminhões, muito longe de atender às necessidades do país.

Tanto investimento em veículos pesados evidencia a falta de ferrovias e hidrovias, uma das principais fraquezas do Brasil, que obriga produtores a usarem cada vez mais as estradas para chegar aos portos e grandes cidades.

Gastou-se mais em caminhões em um ano, por exemplo, do que o governo planeja investir em uma década em novas ferrovias, de acordo com economistas da Bradesco Asset Management. Seria o mesmo que comprar geradores a diesel para compensar a falta de usinas eficientes de eletricidade: apenas um paliativo.

"A gente está um pouco cético com uma retomada muito forte do investimento no restante do ano", disse o economista da MCM Consultores Leandro Padulla, que estima que cerca de dois terços do aumento na Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) no trimestre passado estejam ligados aos caminhões.

Segundo dados da Anfavea, associação das montadoras, a produção de caminhões cresceu 39 por cento no trimestre passado, sobre um ano antes.

O forte aumento na produção de veículos pesados aconteceu após queda de 40 por cento na fabricação no ano passado, causada pela mudança nos padrões de emissão de carbono. A redução da jornada de trabalho dos caminhoneiros também criou a necessidade de mais veículos.

Essa alta, sozinha, deve ter sido suficiente para sustentar o aumento dos investimentos no primeiro trimestre, embora outras medidas de bens de capital também tenham mostrado algum crescimento no começo do ano. A FBCF, equivalente aos investimentos realizados na economia, ficou em apenas 18 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2012.

A fraqueza dos investimentos explica boa parte do crescimento anêmico do Brasil nos últimos dois anos. Embora os gastos dos consumidores tenham mantido a economia em movimento nesse período, a falta de infraestrutura adequada impediu que essa demanda fosse facilmente atendida, aumentando os preços.

O governo da presidente Dilma Rousseff tem isso em mente, e já identificou muitos dos investimentos em infraestrutura mais urgentes para que o Brasil recupere as décadas perdidas.

No ano passado, ela anunciou programa de concessões avaliado em 240 bilhões de reais para construir e reformar estradas, ferrovias e portos com empresas privadas. As concessões em três aeroportos --Guarulhos, Campinas e Brasília--, feitas no ano passado, já aceleraram as obras em meio aos preparativos para a Copa do Mundo de 2014.

ATRASOS EM SEQUÊNCIA

No entanto, empresários afirmam que, excluindo os caminhões, não esperam forte expansão dos investimentos no curto prazo. Projetos desse tipo avançam lentamente no Brasil em meio a disputas sobre licitações e várias exigências regulatórias.

As novas estradas e ferrovias já atrasaram antes mesmo de serem concedidas.

Apesar da expectativa de que as concessões ocorressem no final do ano passado, a primeira rodada de leilões de estradas foi adiada para o segundo semestre deste ano. Caso alguma empresa perdedora recorra, o processo pode paralisar as obras por um ano ou até mais.

Os que vencerem os leilões ainda precisarão passar por um longo processo até terem todas as licenças sob o risco de que autoridades locais ou promotores paralisem as obras também.

Um exemplo é o da Régis Bittencourt, que liga São Paulo a Curitiba, apelidada de "rodovia da morte" por causa dos constantes acidentes. As obras de duplicação do trecho mais perigoso só foram retomadas no mês passado após uma década de disputas sobre licenças ambientais.

Isso não vale só para infraestrutura.

Se até grandes empresas nacionais como a mineradora Vale e o grupo EBX, de Eike Batista, sofrem com atrasos em seus investimentos, estrangeiros com menos contatos no país sentem razão em ficar preocupados.

"Tenho várias empresas com projetos, querendo investir, e não fazem porque o risco regulatório é muito elevado", disse o diretor de Políticas e Estratégia da Confederação Nacional da Indústria (CNI), José Augusto Fernandes, citando setores como química, fármacos, petróleo e gás.

"Existe um conjunto de setores que depende de regras, e se elas não estão bem desenhadas, você reduz a atratividade".

Há alguns anos, o crescimento de 7,5 por cento da economia do Brasil poderia ser suficiente para seduzir os estrangeiros. Mas o PIB avançou apenas 1,8 por cento em média nos últimos anos. Além disso, a perspectiva de que os juros subam nos Estados Unidos em alguns anos também pode atrapalhar no futuro, pois a competição por capital estrangeiro ficará maior.

APERTANDO OS CINTOS

Tudo isso é o mais fácil. No longo prazo, se o Brasil quiser aumentar a taxa de investimentos de forma sustentada, vai precisar de mais do que o capital estrangeiro. Vai precisar também de dinheiro nacional.

Atualmente, a taxa de poupança do Brasil é a mais baixa entre as grandes economias emergentes e da América Latina. No ano passado, ficou apenas em 14,8 por cento.

"Isso vai exigir uma mudança radical do modelo econômico. Tememos que isso seja mais difícil de atingir do que muitos esperam", disse o chefe de pesquisas em mercados emergentes na Capital Economics, em nota, Neil Shearing.

Se o Brasil atingir a meta do governo de elevar os investimentos para 25 por cento do PIB sem aumentar a poupança interna, Shearing estima que o déficit em transações correntes subiria para quase 10 por cento do PIB, nível elevadíssimo e que deixaria o país vulnerável a crises cambiais mesmo com reservas de quase 400 bilhões de dólares.

Para aumentar a disponibilidade de capital no país, é preciso convencer os brasileiros a gastarem menos e pouparem mais --um desafio, considerando que milhões ingressaram na classe média apenas recentemente e ainda estão comprando seus primeiros carros e eletrodomésticos de primeira linha.

A forma mais eficiente, de acordo com economistas, seria promover uma reforma da Previdência que incentivasse os brasileiros a dependerem menos do sistema público e pouparem mais por conta própria. Mas falta apelo popular.

"Considerando a resistência política às recentes mudanças no sistema público de previdência, não estamos com grandes expectativas, especialmente com as eleições se aproximando em 2014", afirmou Shearing.

Fonte: Reuters Brasil

Ibovespa contraria exterior e cai antes de PIB e Copom

SÃO PAULO, 28 Mai (Reuters) - O principal índice acionário da Bovespa encerrou a terça-feira no vermelho, na contramão do exterior, com investidores cautelosos antes da divulgação de dados relevantes da economia brasileira.

O Ibovespa caiu 0,64 por cento, a 56.036 pontos, após ter chegado a subir 1 por cento na máxima intradiária. O giro financeiro do pregão foi de 6,4 bilhões de reais.

A petrolífera OGX, de Eike Batista, e a mineradora Vale ficaram entre as principais pressões de baixa para o índice, anulando os ganhos do início do pregão.

A construtora e incorporadora PDG Realty também pesou no índice, cedendo a realização após ter acumulado alta de quase 13 por cento nos últimos cinco dias.

Já a petrolífera estatal Petrobras fechou a sessão no azul, ajudando a limitar o recuo do Ibovespa.

O clima de cautela passou a prevalecer na bolsa paulista à tarde, apesar do bom humor externo --fruto de dados norte-americanos e da expectativa de manutenção das políticas monetárias dos bancos centrais europeu e japonês.

"Um pouco desse mau humor é reflexo da desconfiança com a economia brasileira", disse o estrategista-chefe da SLW Corretora, Pedro Galdi, citando que o mercado segue em compasso de espera pela divulgação do PIB do país na manhã de quarta-feira, além da decisão do BC sobre juros na noite do mesmo dia.

A economia brasileira deve ter crescido 0,9 por cento no primeiro trimestre sobre o período anterior, maior alta desde o fim de 2010, segundo uma pesquisa feita pela Reuters com 31 economistas.

Já as apostas para a taxa de juros Selic estão divididas entre um aumento de 0,25 ponto percentual e de 0,50 ponto percentual, do atual patamar de 7,50 por cento ao ano.

Além dos dados domésticos, o feriado no Brasil na quinta-feira --dia em que serão conhecidos novos dados preliminares do PIB dos EUA-- e os tradicionais ajustes de fim de mês ainda devem pressionar os negócios na Bovespa na sexta-feira.

Fonte: Reuters Brasil

Dólar sobe a R$2,07, maior nível no ano, com dados dos EUA

SÃO PAULO, 28 Mai (Reuters) - O dólar encerrou no maior patamar frente ao real desde o fim de dezembro nesta terça-feira, após dados positivos dos Estados Unidos sugerirem que o banco central norte-americano poderá diminuir seu programa de estímulo monetário nos próximos meses, reduzindo a liquidez internacional.

Analistas destacavam, no entanto, que os investidores seguiam cautelosos antes da decisão do Banco Central brasileiro sobre a taxa básica de juros do país, devido a dúvidas quanto à intensidade do aperto monetário que deve vir na quarta-feira.

O dólar encerrou com alta de 0,87 por cento, cotado a 2,0741 reais na venda. É o maior nível no fechamento desde 24 de dezembro, quando a divisa norte-americana ficou em 2,0794 reais. No mês, acumula alta de 3,63 por cento.

Segundo dados da BM&F, o giro financeiro ficou em torno de 3 bilhões de dólares.

"O dólar está mais forte no mundo devido à expectativa de diminuição do programa de estímulo do Fed (banco central norte-americano)", afirmou o operador de um banco nacional, sob condição de anonimato.

"O dólar está se ajustando ao que está acontecendo lá fora. O real não acompanhou exatamente a piora lá fora porque teve fluxo, então nós podemos dizer que nossa moeda está um pouco atrasada em relação a outras", afirmou ele, referindo-se à entrada de recursos externos nos últimos dias.

Essa expectativa de menor liquidez mundial ganhou força nesta terça-feira após a confiança do consumidor dos Estados Unidos se fortalecer em maio para o maior nível em mais de cinco anos, saltando para 76,2, ante 69 em abril, e superando as expectativas de economistas, que previam leitura de 71.

"É um fortalecimento do dólar mundial, porque a economia norte-americana está se pondo de pé", disse o diretor-executivo da NGO Corretora, Sidnei Nehme. "É um sinal muito consistente a confiança do consumidor ser a maior em cinco anos. O consumidor é o grande fator de crescimento dos Estados Unidos".

Em relação a uma cesta de moedas, o dólar subia cerca de 0,55 por cento, enquanto o euro recuava 0,45 por cento frente à divisa dos Estados Unidos.

Analistas ponderavam, no entanto, que a cautela antes do Copom segurava alta mais expressiva do dólar no mercado doméstico.

"Se vier uma alta grande na taxa de juros, isso vai implicar na queda do dólar, porque abre a perspectiva de maior entrada de capital externo", afirmou o superintendente de câmbio da Intercam Corretora, Jaime Ferreira.

A curva de juros embute majoritariamente alta de 0,50 ponto percentual na Selic, atualmente em 7,50 por cento. Já o relatório Focus mostrou que economistas de instituições financeiras esperam elevação de 0,25 ponto percentual, enquanto uma pequena maioria dos economistas consultados pela Reuters espera alta de 0,50 ponto.

Embora muitos analistas acreditem que o BC poderá intervir no mercado para segurar a valorização do dólar e, assim, evitar pressões inflacionárias, a expectativa é de que a autoridade monetária primeiro defina os juros básicos antes de interferir na taxa de câmbio.

"Acho que o BC vai resolver o juros e depois, se for o caso, poderá sim atuar no câmbio", disse um operador de uma corretora internacional.

Fonte: Reuters Brasil

Produto Interno Bruto brasileiro não é obstáculo

O resultado do PIB do primeiro trimestre, que será divulgado nesta quarta-feira, deverá ter evolução satisfatória, entre 0,8% e 1%.

Não deve haver nenhum obstáculo visível na pista para o aumento da velocidade da taxa básica de juros.

A via parece desimpedida e sem buracos, caso contrário o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, não seria tão enfático na sinalização de uma alta de 0,50 ponto no Copom de quarta-feira (29/5).

Ele já deve ter sido informado, em descontraídas conversas telefônicas, que o PIB apresentou evolução satisfatória no primeiro trimestre, algo entre 0,8% e 1%.

O IBGE divulga oficialmente o resultado do PIB trimestral na manhã de quarta-feira. Poucas horas depois, no início da noite, o Copom revela se a Selic, hoje em 7,5%, subirá para 7,75% ou 8%.

A tempestiva vigilância monetária manifestada por Tombini sugere ao mercado futuro de juros da BM&F que o avanço do PIB estará mais perto de 1% do que de 0,8%.

Anualizado, esse crescimento trimestral indica uma expansão anual de 4%. É muita coisa, considerando-se que as instituições pesquisadas pelo BC para a confecção do boletim semanal Focus reduziram, na amostra divulgada ontem, a expectativa de alta do PIB em 2013 de 2,98% para 2,93%.

Para que o PIB acumule 2,93% este ano, precisa crescer pelo menos 0,73% a cada trimestre. Mas se a alta do PIB de janeiro a março foi inferior a 0,8%, Tombini e o Copom estarão em maus lençóis.

Tombini passará ao mercado a incômoda sensação de estar mal informado e de que, sem elementos consistentes para justificar seus discursos enérgicos, pretende operar a política monetária mais por meio de falas enfáticas do que por atos efetivos.

De sua parte, o Copom terá poucos argumentos para justificar, diante das prioridades econômicas e políticas do Planalto, uma intensificação do aperto monetário.

O pregão de juros futuros da BM&F não se deixou ontem influenciar pela opinião dos analistas ouvidos pelo Focus. Os economistas das instituições sustentam que o Copom manterá nessa reunião de maio o diapasão de 0,25 ponto utilizado para descongelar a Selic no encontro do mês passado.

Pela sexta semana consecutiva, no boletim de ontem continuaram projetando taxa de 7,75% no final do mês. Já o mercado de DI futuro persistiu ajustando as projeções para cima. A taxa implícita no contrato mais negociado, com vencimento em junho, avançou de 7,308% para 7,315%.

Sem os seus principais mercados de referência externa - tanto Nova York quanto Londres não operaram por causa de feriados -, a Bovespa não teve fôlego nem disposição para exibir conduta autossuficiente.

Com modesto volume de R$ 2,53 bilhões - o menor desde 26 de dezembro de 2011 -, fechou em baixa de 0,02%, a 56.395,94 pontos. Não há sinais de mudança no comportamento do investidor que é o fiel da balança da Bovespa. O investidor estrangeiro está bem desanimado com o Brasil.

Nesses primeiros cinco meses do ano prevalece o sentimento de que o país patina: baixo crescimento, inflação alta, investimento insuficiente para as necessidades, rebelião empresarial contra o excesso de intervenções governamentais e frouxidão fiscal.

Responsável hoje por 43,2% do volume negociado na Bolsa, o aplicador externo vem a cada novo mês investindo menos.

Em janeiro, o saldo do investimento externo foi de R$ 4,58 bilhões, caiu para R$ 2,37 bilhões em fevereiro, para R$ 1,69 bilhão em março e para R$ 920,7 milhões em abril. Até o dia 23 de maio, a aplicação atinge irrisórios R$ 45,1 milhões.

Se o capital estrangeiro estivesse na posição de compra, menos pior. Acontece que o investidor de fora manifesta seu desagrado com os rumos da política econômica de uma forma coerente, posicionando-se justamente no lado da venda.

Pela última posição conhecida, relativa ao pregão do dia 24, os estrangeiros estão "vendidos" em Ibovespa futuro - ou seja, eles ganham se a Bolsa cair à vista - em 142.883 contratos, o equivalente a um pouco mais de R$ 8 bilhões.

Do ponto de vista da operação, trata-se de posição muito atilada e lucrativa, afinal o índice Bovespa desvalorizou-se em todos os meses de 2013. A baixa foi de 1,95% em janeiro, 3,91% em fevereiro, 1,87% em março e 0,78% em abril.

Em maio, até ontem, a Bovespa acumula avanço de 0,87%. A pergunta que não quer calar: os estrangeiros estão "vendidos" porque a Bolsa está caindo ou ela está em baixa porque os investidores externos estão "vendidos"?

No mercado de câmbio, o dólar permaneceu ontem acima do preço de R$ 2,05 que, ainda supõe o mercado, seja o teto da banda informal de flutuação do câmbio.

O Banco Central tende a agir, por meio da colocação de contratos de swaps cambiais, para defender um patamar de taxa de câmbio que seja favorável ao controle da inflação.

E o mercado acredita que esses R$ 2,50 são o divisor de águas. Mas ontem, sem inibidores oficiais, o dólar subiu mais um pouco. Fechou cotado a R$ 2,056, com avanço de 0,15%. E nada de o BC aparecer com seus leilões de swaps.

As razões do sumiço são que até a semana que vem o mercado será irrigado por cerca de US$ 9 bilhões. A maior parte virá da captação externa feita dia 13 pela Petrobras.

Do total arrecadado de US$ 11 bilhões, cerca de US$ 6 bilhões devem ficar lá fora para pagamento de compromissos externos da estatal. Mas US$ 5 bilhões ingressarão no país via mercado de câmbio. 

Outros US$ 4 bilhões aportarão sob a forma de títulos cambiais. Trata-se do valor das 3,59 milhões de NTN-Série A3, pertencentes à carteira do extinto Banco Econômico, que irão à leilão no dia 4 de junho.

Esses ingressos devem permitir um recuo das cotações. É nisso que apostam os grandes investidores "vendidos" nos pregões de derivativos cambiais da BM&F. Apesar de a moeda americana ter subido 2,28% nos últimos 11 pregões, cresceram as posições vendidas tanto dos investidores estrangeiros quanto dos bancos nacionais.

Pela posição do dia 24, os dois grupos de participantes carregavam saldo líquido de US$ 16,54 bilhões negativos, sendo US$ 9,77 bilhões por parte dos bancos e US$ 6,77 bilhões pelos estrangeiros. No dia 21, a posição era "vendida" em US$ 16,3 bilhões e no final de abril em US$ 15,93 bilhões.

Fonte: Brasil Econômico

Mesmo com dólar em R$ 2,07, BC não deve intervir

Caso a autoridade monetária opte por uma alta de 0,50 ponto percentual, a medida pode ajudar no controle cambial.

Dados positivos nos Estados Unidos levam investidores às compras na Bolsa da maior economia do globo, e voltam a reforçar a percepção de que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) pode reduzir a compra de ativos que tem realizado para estimular a atividade do país.

Os dois fatores em conjunto promovem uma valorização global do dólar nesta terça-feira (28/5).

No caso doméstico, a alta da moeda americana prossegue pelo terceiro pregão seguido frente ao Real, e já alcança o patamar de R$ 2,07.

Há pouco a moeda americana valorizava 0,82% frente à moeda brasileira, e era negociada a R$ 2,073 para venda.

O movimento está alinhado à tendência que prevalece no exterior - o dólar subia 0,51% ante o euro, a US$ 1,2865.

Os pares emergentes também vão na mesma direção, com apreciação da divisa dos Estados Unidos de 0,62% contra o peso mexicano, de 0,45% ante o rublo russo, e de 1,62% frente ao rand sul africano.

A confiança dos consumidores dos Estados Unidos subiu de 68,1 pontos em abril para 76,2 em maio, e superou os 72,5 esperados pelo mercado. No mercado imobiliário, os preços dos imóveis cresceram 10,9% em março, após a alta de 9,3% de fevereiro, e ante a estimativa em 10,1%. Com isso, o Dow Jones subia 0,93%, e o S&P 500 ganhava 0,98%.

Como a recente apreciação na taxa do dólar - acumula alta de 2,74% em maio - tem relação com a melhora da economia americana, e tem gerado uma alta da moeda ante todas as divisas, e não apenas contra o Real, o Banco Central (BC) não deve intervir neste momento, avalia Ures Folchini, vice-presidente de tesouraria do Banco WestLB.

"O Bacen não tem muito o que fazer, o movimento externo está contra ele. A autoridade pode vir a intervir no dólar, mas em um outro momento", pontua o especialista.

No boletim Focus, os economistas elevaram nas últimas três semanas sua projeção para a cotação do dólar ao final de 2013, agora em R$ 2,03, contra os R$ 2,00 que prevaleceram por dez semanas antes do início das revisões.

Caso o Copom, que inicia hoje o encontro que define em qual magnitude será elevada a Selic, opte pela alta de 0,50 ponto percentual, a moeda americana pode responder com uma devolução dos ganhos recentes, com os estrangeiros atraídos ao país em busca de ganhos com a maior rentabilidade da taxa de juros.

"Se subirem 0,50 ponto, a estratégia pode ajudar no controle do dólar e na inflação", diz Folchini. Ainda assim, o WestLB mantém a aposta de que o Copom irá decidir por uma elevação de 0,25 ponto, e trazer a Selic para 7,75% ao ano.

O ritmo ainda tímido de recuperação do nível da atividade doméstica trabalha a favor dos que esperam que o colegiado mantenha o ritmo do ciclo de aperto monetário iniciado no mês passado.

Juros

No mercado de juros futuros da BM&F, os agentes operam em compasso de espera, no aguardo da resposta do Copom.

O contrato com vencimento em julho próximo passou a ser o mais negociado nos últimos pregões - com giro de R$ 99,843 bilhões, o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) subia de 7,573% para 7,579%.

Já o para janeiro de 2014 recuava de 8,15% para 8,14%, enquanto o para janeiro de 2015 avançava de 8,61% para 8,63%.

Quando a aposta quanto à decisão do Copom não gera maiores dúvidas, explica o executivo do WestLB, geralmente não temos essa mesma liquidez acima da média nos contratos de vencimento mais curto.

Como as opiniões estão bastante dividas, os agentes seguem com alterações de última hora, com a predominância dos que entendem que o Copom irá optar por elevar a Selic em 8% ao ano, conclui Folchini.

Fonte: Brasil Econômico