Economista, Especialista em Economia e Meio Ambiente pela Universidade Federal do Paraná e Graduando em Estatística, também, pela Universidade Federal do Paraná.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Brasil tem superávit comercial de US$1,74 bi em novembro--Ministério

BRASÍLIA, 2 Dez (Reuters) - A balança comercial brasileira registrou superávit de 1,740 bilhão de dólares em novembro, levando o resultado acumulado no ano ao pior desempenho desde 2000, informou nesta segunda-feira o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

O desempenho positivo do mês decorreu, sobretudo, da exportação de duas plataformas de petróleo, no valor total de 1,8 bilhão de dólares. Tanto que o resultado da balança veio acima do esperado pela mediana de 16 especialistas consultados pela Reuters, com projeção de superávit de 300 milhões de dólares. O desempenho mensal é o melhor para o período desde 2007.

No mês passado, as exportações somaram 20,862 bilhões de dólares e as importações, 19,122 bilhões de dólares, ainda segundo o ministério.

No acumulado do ano, as vendas atingiram 221,333 bilhões de dólares, com queda de 1,1 por cento pela média diária das operações em comparação a igual período do ano passado. Já as importações estão em 221,422 bilhões de dólares, com alta de 7,2 por cento em comparação ao mesmo período do ano passado.

O saldo negativo nos 11 primeiros meses do ano ficou em 89 milhões de dólares e contrasta fortemente com o superávit de 17,154 bilhões de dólares obtido entre janeiro e novembro de 2012.

A balança comercial chega ao fim de 2013 com um dos piores desempenhos da história. As exportações foram duramente afetadas pela retração do comércio internacional e pela conta petróleo.

Fonte: Reuters Brasil

Reajuste e incerteza sobre fórmula derrubam ações da Petrobras

SÃO PAULO, 2 Dez (Reuters) - A frustração do mercado com o reajuste de combustíveis anunciado pela Petrobras e com a decisão de não divulgar detalhes sobre sua nova política de preços fez as ações da petroleira despencarem na Bovespa nesta segunda-feira.

Na noite de sexta-feira, a estatal divulgou reajuste de preços nas refinarias de 4 por cento na gasolina e de 8 por cento para o diesel, já refletindo uma nova metodologia, em um momento em que sofre com um caixa apertado e alto endividamento.

No entanto, a empresa disse que "por razões comerciais, os parâmetros da metodologia de precificação serão estritamente internos à companhia".

Analistas do Citi Research, que esperavam um aumento de 5 por cento para a gasolina e de 10 por cento para o diesel, rebaixaram a recomendação da empresa de "compra" para "neutra".

Analistas do Deutsche Bank também se mostraram insatisfeitos com o patamar do reajuste anunciado.

"O aumento está abaixo do que a Petrobras precisa para fechar o 'gap' com os preços internacionais e acabar com perdas, e o mercado deve temer que essa pode ser a última elevação de preços até a eleição presidencial de 2014", afirmou o analista Marcus Sequeira, do Deutsche Bank, em relatório.

Segundo o BTG Pactual, o reajuste anunciado cobre um terço da defasagem de preços de 12 por cento para a gasolina e 25 por cento para o diesel vistos no fechamento da sexta-feira. "Não sabemos se isso é um sinal do porte médio de futuros aumentos de preços", afirmaram os analistas Gustavo Gattass e Stefan Weskott em relatório.

Às 13h, as ações preferenciais da Petrobras despencavam 6,75 por cento, a 17,83 reais, e as ordinárias caíam 7,91 por cento, a 16,87 reais. Os papéis puxavam para baixo o Ibovespa, que caía 1 por cento.

Os preços dos combustíveis no Brasil têm sido mantidos abaixo do patamar do mercado internacional diante de preocupações com seu impacto na inflação.

Nesta segunda-feira, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que a inflação não pode ser colocada em segundo plano quando se fala de etanol e combustíveis, e acrescentou que, não se fosse a taxa de câmbio, haveria paridade nos preços de combustíveis com o mercado internacional.

FÓRMULA DE REAJUSTE

Além do aumento abaixo do esperado, participantes do mercado criticaram fortemente a falta de detalhes sobre a fórmula de reajustes, que, segundo a administração da estatal, deveria trazer mais previsibilidade à geração de caixa e uma redução dos índices de alavancagem.

Para analistas do Itaú BBA, "ninguém sabe exatamente quais são os indicadores ou quais são os gatilhos ou períodos para as revisões, deixando espaço para potenciais manobras nos preços".

"Nós nos questionamos o que realmente mudou", disseram os analistas Paula Kovarsky e Diego Mendes, em nota a clientes no fim de semana.

Por sua vez, o Credit Suisse rebaixou, no domingo, a recomendação para as ações da empresa para "underperform" (abaixo da média do mercado). O preço alvo das ADRs está estimado pelo banco em 14 dólares.

"Aumentos tímidos nos preços e uma metodologia de precificação opaca deterioram a percepção sobre a governança corporativa, enfraquecem a posição de uma equipe de gestão forte e técnica, têm um significativo impacto nos lucros e na avaliação e deixam o balanço financeiro extremamente frágil em meio a um 2014 cheio de incertezas", disseram os analistas Vinicius Canheu e Andre Sobreira, do Credit Suisse, em relatório a clientes.

O lucro da Petrobras no terceiro trimestre veio bem abaixo da previsão de analistas, com queda de 39 por cento em relação ao mesmo período do ano passado, com impacto principalmente da importação elevada de derivados por um preço acima do praticado no Brasil.

Fonte: Reuters Brasil

PIB cresceu 2,5% no 3o tri frente ao 3o tri de 2012, diz Mantega

SÃO PAULO, 2 Dez (Reuters) - A economia brasileira deve registrar crescimento de 2,5 por cento no terceiro trimestre deste ano em comparação a igual período do ano passado, disse nesta segunda-feira o ministro da Fazenda, Guido Mantega.

"O crescimento do PIB no terceiro trimestre sobre o terceiro trimestre de 2012 está projetado em 2,5 por cento", disse o ministro.

Mantega, que participa na manhã desta segunda-feira do seminário "Brasil: uma visão de 10 anos", comentou ainda que a economia está se recuperando gradualmente e que o investimento tem ganhado vigor.

Fonte: Reuters Brasil

Por que a economia não é um jogo de soma zero

Apesar de toda a ampla literatura disponível, ainda há pessoas que genuinamente acreditam que a economia é um jogo de soma zero, isto é, que para algumas pessoas ganharem outras têm necessariamente de perder.  Tais pessoas acreditam que a economia seria uma espécie de bolo, cujo tamanho é fixo e representa toda a riqueza disponível.  Sendo assim, cada indivíduo que se apossa de uma fatia está na realidade retirando esta fatia da boca de outro indivíduo.  A verdade, no entanto, é que este bolo de riqueza não tem um tamanho fixo; ao contrário, ele cresce de maneira tal que há cada vez mais quantidade disponível para todos.
O fundador da Escola Austríaca de economia, Carl Menger, deixou claro que, para que uma coisa possa ser considerada um bem econômico, quatro circunstâncias devem ser observadas: 1) deve existir uma necessidade humana; 2) a coisa em questão deve ser capaz de satisfazer essa necessidade humana; 3) o indivíduo deve conhecer a adequabilidade da coisa em satisfazer sua necessidade; e 4) o indivíduo deve usufruir poder de disposição sobre esta coisa.

Tendo em mente estas quatro circunstâncias às quais o austríaco condicionou a existência de bens econômicos, podemos deduzir por que a economia não é um jogo de soma zero na qual toda a riqueza possível já se encontra dada de antemão.

Em primeiro lugar, a imensa maioria das coisas, na forma como se encontram em seu estado natural, não nos permite satisfazer nossas necessidades.  Por mais que toda a matéria já exista e esteja disponível na natureza, ela não nos foi dada de uma forma que nos permita satisfazermos nossas necessidades.  A matéria tem de ser trabalhada e transformada por meio do trabalho e de investimentos.  A madeira das árvores deve ser cortada e processada para a fabricação de abrigos dentro dos quais iremos morar; as terras têm de ser aradas e cultivadas para que possamos colher alimentos que irão saciar nossa fome; o ferro e o alumínio têm de ser extraídos das minas para que seja possível a fabricação de aviões que irão nos transportar de um ponto do globo a outro.  Só é possível criar riquezas quando transformamos coisas (que não satisfazem diretamente nossos desejos) em bens (que satisfazem).  É por isso que recursos minerais que estão no subsolo não configuram riqueza por si só.  Eles têm antes de ser transformados.  E isso só irá ocorrer com investimentos maciços, mão-de-obra capacitada e tecnologia avançada.

Em segundo lugar, a incapacidade dos objetos em seu estado natural em satisfazer diretamente nossas necessidades advém do fato de que nem sequer conhecemos todas as suas combinações e usos possíveis.  A tecnologia, que é a arte de combinar e ordenar a matéria para que ela gere o resultado desejado, também não nos vem dada; antes, ela deve ser descoberta por meio da investigação e da experimentação, duas atividades que, por sua vez, requerem o uso de outros bens econômicos.  Em outras palavras, dado que não somos oniscientes, não apenas temos de criar bens econômicos a partir das coisas que nos circundam, como também temos de descobrir informações acerca de como transformar essas coisas em bens econômicos — informações que, por si só, constituem uma nova fonte de riqueza.

Terceiro e último, por mais adequado que seja um bem em satisfazer nossas necessidades, ele será totalmente inútil se não o tivermos ao nosso alcance.  A natureza pode ter sido generosa em nos agraciar com rios caudalosos por todo o planeta; no entanto, estes rios não proporcionarão nenhum serviço àquele indivíduo que se encontra no meio do deserto.  Em outras palavras, não apenas temos de produzir os bens, como também temos de saber distribuí-los aos seus usuários finais. 

Em nossos sistemas econômicos, produção e distribuição andam de mãos dadas: com o intuito de maximizar nossa eficiência na fabricação de bens econômicos, cada um de nós se especializa em produzir um ou dois bens econômicos no máximo, mesmo que necessitemos de uma grande variedade deles para satisfazer nossas mais diversas necessidades — ou seja, somos produtores especializados e, ao mesmo tempo, consumidores generalizados.

Demandamos os mais amplos e variados bens econômicas e, em troca, podemos apenas ofertar nossa extremamente limitada e específica especialização.  E, ainda assim, as trocas ocorrem.  Portanto, a maneira de termos acesso aos mais diversos bens econômicos é oferecendo em troca nossa extremamente limitada oferta de bens.  E isso ocorre por meio das trocas comerciais.

O problema é que, desde Aristóteles, a humanidade acredita que as trocas comerciais ocorrem somente entre bens com igualdade de valor.  Se o bem A é trocado pelo bem B, então necessariamente o valor de A deveria ser igual ao valor de B.  Consequentemente, nenhuma troca comercial poderia gerar valor, e sim apenas redistribuí-lo.  A interpretação alternativa (a de que o valor de A seria superior ao de B, ou vice-versa) seria ainda mais desalentadora, pois implicaria que, em toda e qualquer transação, um lado ganharia à custa do outro (ele entregaria algo com um valor objetivo maior em troca de algo com um valor objetivo menor).

No entanto, graças a Carl Menger, que popularizou a descoberta de que o valor dos bens não é objetivo mas sim subjetivo, a realidade se comprova totalmente distinta: em toda e qualquer transação comercial, cada lado atribui àquele bem que está recebendo um valor subjetivo maior do que àquele bem que está dando em troca.  Afinal, se não fosse assim — se você não valorizasse mais aquilo que está recebendo do que aquilo que está dando em troca —, a transação simplesmente não ocorreria.  Em decorrência deste fato, conclui-se que os indivíduos geram riqueza ao simplesmente trocarem bens econômicos.  Ao fazerem isso, eles estão recorrendo a um meio (trocas comerciais) para chegar àqueles fins que lhes são mais valiosos.

Em definitivo, a economia não é um jogo de soma zero, uma vez que durante todo o processo de produção de bens e serviços estamos gerando riqueza: seja quando investigamos como converter coisas em bens, quando de fato convertemos as coisas em bens, e quando distribuímos os bens por meio das trocas comerciais.

Ao contrário do que supõem os socialistas — que toda a riqueza já está criada e dada, e que é necessário apenas redistribuí-la —, o livre mercado é o único arranjo no qual os indivíduos podem se organizar de modo a incrementar ao máximo possível a oferta de bens e serviços, os quais iremos utilizar para satisfazer de maneira contínua nossos mais variados fins.

A economia, portanto, não é um jogo de soma zero, mas sim um jogo de saldo positivo e expansivo — a menos que o estado entre em cena e se aposse destes ganhos. 

O bolo não está dado e não possui tamanho fixo.  Ao contrário, ele cresce e permite fatias cada vez maiores para todos — exceto se o estado entrar em cena e gulosamente abocanhar uma grande fatia.

Fonte: Instituto Mises Brasil

Analistas apontam "falta de transparência" em metodologia da Petrobras

SÃO PAULO (Reuters) - Analistas criticaram a decisão da Petrobras na sexta-feira de não divulgar detalhes sobre a nova metodologia de reajustes de combustíveis, dizendo que a falta de clareza sobre os critérios mantém incertezas para o mercado, em um momento em que a empresa enfrenta defasagem dos preços domésticos na comparação com os internacionais.

Na noite de sexta-feira, a estatal anunciou o reajuste de preços nas refinarias de 4 por cento na gasolina e de 8 por cento para o diesel, já como consequência de uma nova política de preços. No entanto, a empresa disse que "por razões comerciais, os parâmetros da metodologia de precificação serão estritamente internos à companhia".

Para analistas do Itaú BBA, "a falta de transparência causará frustração no mercado. Ninguém sabe exatamente quais são os indicadores ou quais são os gatilhos ou períodos para as revisões, deixando espaço para potenciais manobras nos preços".

"Nós nos questionamos o que realmente mudou", disseram os analistas Paula Kovarsky e Diego Mendes, em nota a clientes no fim de semana.

O Credit Suisse rebaixou, no domingo, a recomendação para as ações da empresa para "underperform" (abaixo da média do mercado). O preço alvo das ADRs está estimado pelo banco em 14 dólares.

"Aumentos tímidos nos preços e uma metodologia de precificação opaca deterioram a percepção sobre a governança corporativa, enfraquecem a posição de uma equipe de gestão forte e técnica, têm um significativo impacto nos lucros e na avaliação e deixam o balanço financeiro extremamente frágil em meio a um 2014 cheio de incertezas", disseram os analistas Vinicius Canheu e Andre Sobreira, do Credit Suisse, em relatório a clientes.

Fonte: Reuters Brasil

Crescimento da indústria da China em novembro destaca resiliência econômica

PEQUIM, 2 Dez (Reuters) - O crescimento do setor industrial da China se estabilizou em novembro com a ajuda de uma demanda firme, mostraram pesquisas Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês), um sinal de resiliência da segunda maior economia mundo.

O PMI final do HSBC/Markit atingiu 50,8 em novembro de acordo com os dados divulgados nesta segunda-feira, pouco abaixo dos 50,9 de outubro mas acima da leitura preliminar de 50,4.

A leitura ecoa o bom resultado do PMI oficial, que manteve-se na máxima de 51,4 em novembro, acima das expectativas do mercado.

Qu Hongbin, economista do HSBC, afirmou que o PMI final do HSBC foi revisado para cima ante a leitura preliminar depois que as empresas reportaram mais negócios, mas afirmou que pontos de fraqueza no PMI devem impedir que a China aperte a política monetária.

"A renovada contração do emprego e o ritmo mais lento da atividade de reabastecimento dos estoques pedem a continuidade da política expansionista", disse ele.

O subíndice de novas encomendas, medida da demanda doméstica e externa, atingiu a máxima de oito meses de 51,7 em novembro no PMI final do HSBC.

As novas encomendas de exportação não foram tão bem e caíram para mínima de três meses, mas permaneceram acima da marca de 50 que separa crescimento de contração.

Fonte: Reuters Brasil

Após 14 anos de fracassos, acordo Mercosul-UE ganha novos impulsos

Técnicos de Brasil, Uruguai e Argentina estão trabalhando neste mês em uma proposta para tentar destravar uma negociação que vem fracassando há 14 anos: um tratado de livre comércio entre Mercosul e União Europeia (UE).
Até o dia 20, o Brasil pretende reunir ofertas feitas individualmente de quanto cada país do Mercosul está disposto a abrir seus mercados.
No final do mês, políticos do bloco sul-americano e da União Europeia devem se reunir para trocar as ofertas e começar a negociar um acordo cujo objetivo é reduzir em, no mínimo, 90% as barreiras de comércio entre os dois blocos ao longo de dez anos.
Paraguai e Venezuela não participam oficialmente das discussões, mas estão acompanhando o processo – o Paraguai por ainda estar suspenso dentro do bloco e a Venezuela por ter ingressado no Mercosul após a retomada, em 2010, das negociações.
As duas principais partes que lideram a negociação – o ministério brasileiro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e o Comissariado Europeu de Comércio – falaram à BBC Brasil sobre os fracassos do passado e os motivos pelos quais acreditam que desta vez um acordo poderá ser bem-sucedido.

Mercosul e União Europeia

  • União Europeia é o maior parceiro comercial do Mercosul; já o Mercosul é o 8° maior parceiro da UE
  • Volume total de comércio em 2012 foi de 110 bilhões euros
  • No ano passado, o Mercosul exportou 53 bilhões de euros à UE e importou 56 bilhões de euros. Pela primeira vez em mais de dez anos, osuperávit da transação foi europeu
  • Principais exportações do Mercosul: alimentos e produtos minerais
  • Principais exportações da UE: máquinas e produtos químicos

Fim de privilégios
No passado, as negociações fracassaram por falta de disposição dos dois blocos de abrir partes de seus mercados consideradas estratégicas. A União Europeia não ofereceu extinção de alíquotas e subsídios no setor de agricultura, e o Mercosul não esteve disposto a facilitar o acesso a produtos industriais.
As propostas atualmente em estudo são mantidas em sigilo, e ainda não se sabe o que e quanto cada bloco oferecerá de seus mercados ao outro. Muitos dos obstáculos das negociações passadas permanecem os mesmos. Mas ambos os lados dizem ver novos impulsos agora para destravar as negociações que não existiam antes.
"Há um interesse maior da nossa parte, da parte dos demais países do Mercosul e acredito que vá haver também uma disposição maior da União Europeia de fechar um acordo comercial", diz o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior , Fernando Pimentel.
"Recebemos sinais ao longo deste ano e do ano passado de diversos ministros da União Europeia no sentido de que haveria uma oferta interessante e flexível [por parte deles]."
Do lado do Mercosul, dois fatores deram peso à necessidade por um acordo com a UE. Argentina, Brasil e Uruguai estão prestes a perder uma série de preferências tarifárias das quais gozavam historicamente no bloco europeu.
A partir do dia 1º do próximo mês, os três países deixam o Sistema Geral de Preferências da Europa e passam a ser classificados como países de média ou alta renda, perdendo o direito a vantagens oferecidas a nações em desenvolvimento.
O outro fator é a atual conjuntura de crescimento baixo, que realça a importância do comércio. Para o porta-voz do Comissário Europeu de Comércio, John Clancy, o Mercosul estaria mais disposto a negociar agora por causa da decepção com o ritmo de crescimento econômico recente.
"Nos últimos anos no Brasil, o crescimento não foi tão grande quanto o país esperava. Então eles têm esse mesmo incentivo para usar a política comercial para incrementar o crescimento, e isso se traduz em sinais de apoio em setores brasileiros – como indústria, agricultura e também serviços – para negociar com a União Europeia, e não depender exclusivamente no mercado interno do Mercosul", disse o porta-voz à BBC Brasil.

Crise europeia e novos acordos
A decepção com o crescimento econômico é o mesmo motivo que estimula os negociadores europeus. Desde 2008, a União Europeia atravessa turbulências econômicas. Para os políticos europeus, a saída para voltar a crescer é o comércio com o resto do mundo. A lista de novos acordos em negociação é grande e de peso: Japão, Estados Unidos, Asean (bloco de países do sudeste asiático), Índia e Canadá.
Com o Canadá – que como o Mercosul, é um grande exportador agrícola – a União Europeia anunciou em outubro que houve concordância de ambas partes de reduzir em 99% as barreiras tarifárias ao longo da próxima década. Com os Estados Unidos, as negociações foram abertas em fevereiro deste ano, e o bloco europeu acredita que é possível chegar a ganhos de US$ 161 bilhões no incremento do comércio.
A União Europeia vê no comércio a salvação para os problemas econômicos. Um estudo do bloco afirma que se a Europa completar todos os acordos atualmente em negociação, o PIB da região pode crescer 2,2% – o equivalente a toda a economia de um país como Áustria ou Dinamarca.
Mesmo sem um acordo de livre comércio, as transações entre Mercosul e União Europeia continuam crescendo em um ritmo forte. De 2002 a 2012, houve um incremento de 124% nas transações comerciais entre os blocos. A União Europeia é o maior importador de produtos do Mercosul e maior exportador para a região, com 110 milhões de euros em transações (19,9% do volume de comércio do Mercosul com o resto do mundo).
No ranking de parceiros, a situação continua inalterada - a União Europeia é o maior parceiro comercial do Mercosul, e o bloco sul-americano segue como oitavo maior parceiro dos europeus.
Mas como os blocos vêm negociando tratados de livre comércio com outras partes do mundo, essa relevância pode cair caso um acordo não seja firmado.
Além disso, desde 1999, quando Mercosul e União Europeia começaram a negociar, houve uma mudança no cenário internacional: uma descrença geral em grandes acordos multilaterais de comércio, como a Rodada Doha, que busca reduzir simultaneamente as barreiras em todos os países do mundo.
"A falta de progresso no nível multilateral na Organização Mundial do Comércio deixou claro para o Mercosul que caso eles queiram ganhar novos mercados, eles terão que buscar o caminho bilateral, além do multilateral. Isso é uma coincidência de como nós vemos o cenário", diz Clancy.

Fonte: BBC Brasil