Economista, Especialista em Economia e Meio Ambiente pela Universidade Federal do Paraná e Graduando em Estatística, também, pela Universidade Federal do Paraná.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Corte de metano e fuligem 'esfriaria' Terra

Uma ação abrangente para combater a emissão do gás metano e a poluição por fuligem reduziria o aquecimento global de 2,2ºC para 1,7ºC em 2050, indica um novo estudo liderado pela Nasa (agência espacial americana).
Quase todas as medidas necessárias para isso, dizem os cientistas, teriam seus custos compensados ao evitar gastos em saúde pública e na agricultura.
Segundo o trabalho, publicado na revista "Science", se o planeta adotar 14 medidas contra essas substâncias (leia mais abaixo), combateria a mudança climática, evitaria mortes por doenças respiratórias e aumentaria a produtividade agrícola.
O documento inclui propostas que vão desde a substituição de fornos a carvão --grande fonte de poluição em países pobres-- até o controle do vazamento de metano em poços de petróleo.
Combater a emissão desse gás, que também é subproduto da agropecuária, ajudaria os próprios produtores rurais, porque o metano estimula o surgimento de ozônio em baixas altitudes, prejudicando a respiração das plantas.
A produção mundial de alimentos teria um incremento de 30 milhões a 130 milhões de toneladas se o ozônio derivado da poluição fosse reduzido indiretamente por meio do combate ao metano.
"As colheitas seriam o fator do qual países como o Brasil mais se beneficiariam", disse à Folha Drew Shindell, do Instituto Goddard, da Nasa, que liderou o trabalho.
"Em países como China e Índia, o principal benefício seria na saúde pública, porque o problema de poluição por fuligem é muito maior lá."
DIPLOMACIA
Segundo Shindell, como a maior parte dos países que tendem a se beneficiar são também grandes emissores de fuligem e metano, uma política eficaz não iria requerer um acordo internacional como aquele que o planeta está buscando contra o CO2 (dióxido de carbono), principal vilão do aquecimento global.
"No caso do combate a essas outras substâncias, temos mais chance de progresso se ele for implementado por ações locais", diz o cientista.
"Iniciativas globais, porém, podem estimular ações locais, como o financiamento de bancos de desenvolvimento para alguns projetos."
Mesmo não tendo potencial de aquecimento no longo prazo, a fuligem contribui para a mudança climática, sobretudo quando se acumula sobre a neve e o gelo em regiões frias. De cor escura, ela atrapalha a capacidade da água congelada de refletir radiação para fora da Terra.
Já o metano é o gás-estufa mais forte, apesar de não ser o mais abundante.
O combate a esses dois poluentes, porém, não serviria como compensação para o atraso do planeta em reduzir as emissões de carbono.
"Se adiarmos mais o acordo do clima, mesmo acabando com todo o metano e a fuligem, veríamos um enorme aumento no aquecimento, causado só pelo CO2, na segunda metade do século."
CONTRA O METANO
1. Estender técnicas que evitam o vazamento de gás em minas de carvão
2. Eliminar as perdas e queimar o gás que hoje escapa de poços de petróleo
3. Reduzir vazamentos em gasodutos
4. Separar o lixo biodegradável para reciclagem, compostagem e uso da biomassa
5. Aprimorar o tratamento de esgoto para capturar o metano que escapa das estações
6. Controlar emissões da pecuária usando um tratamento especial para o esterco
7. Arejar as plantações de arroz para reduzir as emissões em plataformas alagadas
CONTRA A FULIGEM
1. Substituir a frota de veículos muito antigos que emitem poluição demais
2. Instalar filtros especiais nos veículos a diesel
3. Banir a queima de resíduos de agricultura ao ar livre
4. Substituir fornos a lenha por fornos a gás ou combustíveis de queima limpa
5. Levar aos países pobres a tecnologia de fornos por queima de biogás
6. Substituir tijolos de barro por vigas verticais ou por tijolos de fornos mais eficientes
7. Substituir fornos a queima de coque (subproduto do carvão) por fornos mais eficientes

Fonte: Folha de São Paulo

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Biocombustíveis e a ‘energia verde’ que vem da mandioca,


Foto: Divulgação
MANAUS - O Amazonas deve se tornar referência na produção de biocombustíveis para a geração de energia elétrica na região. Uma parceria firmada entre a Eletrobras Amazonas Energia, Instituto Energia e Desenvolvimento Sustentável (Inedes), Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e a Vale Soluções em Energia (VSE) permitirá a produção de energia elétrica por meio do etanol extraído da mandioca.
A tecnologia de geração de energia elétrica, por meio do etanol produzido a partir da mandioca, segue o mesmo princípio de extração de etanol de cana-de-açúcar, como ocorre no Sudeste do País. “Os motores ainda estão em fase de testes na VSE. Ao todo, foram plantados quatro hectares de quatro espécies de mandioca na fazenda experimental. Também estamos trabalhando na montagem da infraestrutura da subestação para receber os motores geradores”, revelou o coordenador do projeto no Amazonas, o engenheiro Benjamin Cordeiro Júnior. Segundo ele, a previsão é de que o projeto, com duração de 27 meses, esteja em plena execução até fevereiro de 2012.
Por enquanto, a pesquisa ainda não tem data confirmada para ser concluída. O experimento está em fase de licitação para que seja reformada a subestação de Lindoia, localizada no município de Itacoatiara (a 278 quilômetros a leste de Manaus), e para que possa receber os grupos geradores que serão adaptados com tecnologia genuinamente brasileira. A mandioca será cultivada na fazenda/laboratório da Ufam, localizada na BR-174 (Manaus – Boa Vista).
Os parceiros esperam poder utilizar a nova tecnologia em pequenas comunidades isoladas no Amazonas. As áreas degradadas pelo homem serão utilizadas para o plantio da mandioca e posterior produção do etanol, bem como para a agricultura familiar. Além de utilizar energia renovável, também quer gerar oportunidades de trabalho para comunidades que sobrevivam com o cultivo da mandioca.
Frutos do Babaçu
Outro projeto desenvolvido pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI), com recursos da Fapeam e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), no âmbito do Programa de Apoio ao Desenvolvimento de Tecnologias para a Produção de Biocombustíveis no Estado do Amazonas (Biocom), também visa aumentar as opções de combustíveis alternativos no Estado.
Coordenado pelo pesquisador doutor em Microbiologia do Solo pela Universidade de Minnesota (EUA), Luiz Antônio Oliveira, o projeto pretende avaliar o potencial dos frutos de babaçu na produção de óleo. A iniciativa é desenvolvida no município de Barreirinha (a 331 quilômetros de Manaus) e os pesquisadores pretendem substituir o diesel, por exemplo.
O babaçu é uma palmeira que pode atingir até 20 metros de altura. Rica da raiz às folhas, cada palmeira pode apresentar até seis cachos de frutos ovais e alongados. Sua polpa é farinácea e oleosa, envolvendo de três a quatro sementes oleaginosas. Suas folhas servem de matéria-prima para a fabricação de utilitários como cestos, abanos, peneiras, janelas, portas, armadilhas, gaiolas, entre outros. Durante a seca, essas mesmas folhas servem de alimento para animais.
Gordura do cupuaçu
Embora as amêndoas do cupuaçu (Theobroma grandiflorum) constituam cerca de 20% do peso do fruto e apresentem altos teores de proteína e gordura, segundo dados de pesquisas, elas são descartadas após o uso ou empregadas somente na fabricação de ração. No intuito de aproveitar a gordura das amêndoas, a pesquisadora e doutora em Química Ivoneide de Carvalho Lopes Barros desenvolveu o projeto ‘Estudo de aproveitamento do resíduo da gordura de cupuaçu para a produção do biodiesel’.
A finalidade de produzir combustível alternativo para ser usado puro ou misturado com algum derivado de petróleo. “O foco da pesquisa é mostrar que os resíduos gordurosos descartados serão objeto de solução para a produção de biodiesel, contribuindo para uma exploração mais eficiente da cadeia produtiva, não somente do cupuaçu, mas também de outras oleaginosas nativas dessa região”, afirmou a pesquisadora.

Fonte: Jornal do Meio Ambiente

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Estudo diz que é possível produzir mais sem destruir floresta

Um novo estudo sugere que é falso dizer que para produzir mais é preciso desmatar novas áreas. Uma análise do uso de solo de Mato Grosso por uma década mostrou que aconteceu tanto uma diminuição da devastação da floresta como um aumento da produção agrícola.
Bastou saber usar bem o que existe, graças a políticas públicas e de mercado.
A pesquisa publicada na "PNAS" indica que o desmate em Mato Grosso diminuiu 30% entre 2006 e 2010 da sua média histórica recente (entre 1996-2005), apesar do aumento da produção agrícola.
O Estado é o principal produtor de soja (31% do total brasileiro). Mas também foi o campeão em destruição de floresta de 2000 a 2005.
O aumento da produção de soja entre 2001 e 2005, foi sobretudo pela expansão da cultura em áreas desmatadas e que eram pasto (74%) ou diretamente em florestas (26%).
Já de 2006 a 2010, o aumento ocorreu em 91% dos casos em áreas já desmatadas.
O estudo conclui que a queda mais acentuada no desmate coincidiu com um colapso das commodities e a implementação de políticas para reduzir o corte da mata.
"A lucratividade da soja desde então aumentou para os níveis pré-2006, enquanto o desmatamento continuou a declinar, sugerindo que as medidas antidesflorestamento podem ter influenciado o setor agrícola", diz o texto.

Fonte: Folha de São Paulo

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Nova lei moderniza regulação da mobilidade urbana

Comunicado aborda os avanços e desafios da Lei de Diretrizes da Política Nacional de Mobilidade Urbana
“A nova Lei não é contra a posse do automóvel, apenas pretende que o seu uso seja feito de forma sustentável”, destacou o diretor de Estudos e Políticas do Estado, das Instituições e da Democracia (Diest), Alexandre de Ávila Gomide, durante a apresentação do Comunicado do Ipea nº 128 – A Nova Lei de Diretrizes da Política Nacional de Mobilidade Urbana, nesta quinta-feira, 6. Sancionada no último dia 3 de janeiro, a lei fundamenta-se no artigo 21, da Constituição Federal de 1988, que atribuem à União a responsabilidade de instruir as diretrizes da política de desenvolvimento urbano e para os transportes urbanos.
A nova regulamentação visa à modernização do marco regulatório dos serviços de transportes públicos e a defesa dos interesses dos usuários dos serviços de transporte coletivo. Ela traz, entre suas principais medidas, a exigência que todos os municípios acima de 20 mil habitantes elaborem seus planos de mobilidade urbana. Além disso, ficam obrigados a divulgarem os impactos, no valor final das tarifas, dos benefícios tarifários concedidos.
A Lei também prevê a mudança do regime econômico e financeiro das concessões de transporte coletivo e a disponibilização de instrumentos de racionalização do uso dos automóveis, como a restrição e controle de acesso e circulação em locais e horários predeterminados.
A fixação apenas dos valores máximos das tarifas de táxi é outro ponto que chama a atenção na lei. Os motoristas desse tipo de transporte podem, a partir de agora, estabelecer o desconto que desejarem aos seus clientes e não somente o determinado pelo Poder Público, como por exemplo, os 30% praticados atualmente no Distrito Federal.
Desafios
Alexandre Gomide citou alguns desafios para a efetivação da lei. “A lei também deixou de falar em quem vai financiar a gratuidade dos benefícios”, disse o pesquisador, ressaltando que da forma que está, com raras exceções, a operação do transporte público continuará a ser inteiramente financiada pelos recursos arrecadados na cobrança de tarifas.
Embora admitindo avanços, com o reconhecimento da existência de desigualdades no uso do espaço público e da geração de externalidades negativas por determinados modalidades de transporte, Gomide alerta para o fato de que a lei não é suficiente para garantir a sustentabilidade das cidades. “É necessário engajamento político dos atores sociais e a capacitação do Poder Público, sobretudo do municipal, que terá que adequar e implementar as diretrizes e instrumentos da lei à realidade de suas cidades, para fazer a lei pegar”.

Fonte: IPEA

Produção agrícola cresce com queda no desmatamento

Pesquisadores analisaram tendências de uso da terra na floresta amazônica em Mato Grosso

Não há nenhuma contradição entre diminuir o desmatamento e aumentar a produtividade agrícola. É o que mostra um estudo publicado na última edição da revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS).
Os pesquisadores analisaram as tendências de uso da terra na floresta amazônica do Estado de Mato Grosso.
Entre 2006 e 2010, o desmatamento na região caiu para 30% da média histórica de 1996 a 2005. Ao mesmo tempo, a produtividade agrícola atingiu o ápice do período estudado.
De 2001 a 2005, o aumento da produtividade da soja pode ser explicado exclusivamente pelo aumento da área plantada, principalmente pastos convertidos em lavouras (74%) e florestas desmatadas (26%). Na segunda metade da década, a produtividade da soja cresceu 78%. Quase um terço desse porcentual pode ser explicado pelo aumento de produtividade das lavouras já existentes.
Além disso, a maior parte da expansão das fronteiras agrícolas da soja (91%) ocorreu em regiões já desmatadas. As razões apontadas para a mudança são políticas eficazes para estimular o uso sustentável da terra.

Fonte: O Estado de São Paulo

Governo debate normas para o tratamento dos resíduos

O Ministério do Meio Ambiente estima que os primeiros editais para estabelecimento de acordos setoriais de logística reversa sejam publicados nos primeiros meses deste ano. O setor de lâmpadas, entretanto, aguarda a publicação para os primeiros 15 dias do ano. Essa cadeia produtiva e a de óleos lubrificantes devem ser as primeiras a definir seus modelos de recolhimento e reciclagem de embalagens e produtos usados.
A determinação para que as indústrias e empresas importadoras assumam a responsabilidade pela destinação final dos produtos é um dos pilares da Política Nacional de Resíduos Sólidos, Lei 12.305, publicada em agosto de 2010. A lei diz, ainda, que a responsabilidade pelo manejo adequado é compartilhada também por distribuidores, comerciantes, consumidores e titulares dos serviços públicos de limpeza urbana.
O governo vem reunindo periodicamente fabricantes, importadores e especialistas em reciclagem para lançar as bases do edital e construir os modelos que devem ser apresentados. A proposta é que todas as cadeias produtivas tenham definidos seus modelos de recolhimento, descontaminação e reciclagem, mas a implantação deve começar por cinco indústrias: embalagens de óleos lubrificantes e seus resíduos; lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio e mercúrio de luz mista; medicamentos; embalagens em geral e eletroeletrônicos.
Os editais farão a convocação para que as empresas e entidades setoriais apresentem propostas de logística reversa, ou seja, de como o produto voltará do consumidor final para a indústria ou distribuidora para uma destinação adequada. O ministério do Meio Ambiente, porém, não revela um calendário para a publicação dos editais. Afirma que eles serão divulgados “assim que os estudos de viabilidade técnica e econômica, além de subsídios para elaborar as propostas de modelagem da Logística Reversa para o Edital de chamamento forem suficientes”. Cada acordo setorial deverá prever um cronograma específico e metas numéricas de reciclagem.
Maurício Bisordi, conselheiro da Associação Brasileira de Resíduos Sólidos e Limpeza Pública (ABLP), explica que a dificuldade de estabelecer as políticas reside nas particularidades de cada cadeia produtiva. Ele exemplifica, comparando o recolhimento de embalagens de agrotóxicos (onde a logística reversa funciona há bastante tempo e é facilitada por ter uma cadeia de comércio bem definida, com poucos elos) e o de embalagens de iogurte.
“Agrotóxico pode conter resíduo de material perigoso, tipo 1. Toda a distribuição está mapeada. Já o iogurte é resíduo comum, domiciliar e o consumo está pulverizado. Então a separação envolve o responsável pela coleta de lixo doméstico. No planejamento do governo, essas particularidades foram separadas para que a implantação fosse mais rápida e, por isso, não temos uma diretriz única.”
Para ele, o funcionamento da logística reversa depende de dois fatores: a conscientização do consumidor e o preparo da cadeia para recolher e dar destino ao material descartado. Os desdobramentos, entretanto, são vários. Se as pesquisas apontam a boa vontade dos cidadãos (99% dizem que separariam o lixo se tivesse um sistema de reciclagem eficiente), é preciso intensificar as campanhas educacionais sobre a separação nos domicílios e pontos de consumo.
Na cadeia logística, um dos grandes gargalos apontados pela ABLP é o controle do produto distribuído no mercado e o cruzamento desses dados com a coleta das embalagens. Bisordi, que é sócio da MB Engenharia e Meio Ambiente, conta que a cadeia de óleos lubrificantes, onde atua, está desenvolvendo um software com essa função. Criado pelo Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes (Sindicon), o programa dá acesso a indústrias, geradores (postos de gasolina e empresas de serviços automotivos) e órgãos ambientais aos dados de comercialização e devolução de embalagens.
Outra questão polêmica é a cobrança de tributos sobre as cargas de material reciclável. “Há entre os estados uma diferença de alíquotas. O Rio Grande do Sul isenta de ICMS a circulação de resíduos coletados, mas é preciso pagar o tributo para levar a carga para a indústria de reciclagem no Paraná. Deveria haver harmonização na isenção, o que daria incentivo à reciclagem e melhoraria a remuneração da cadeia. ”
Em seis meses de atividades, o projeto-piloto de logística reversa de lâmpadas fluorescentes implantado em Caxias do Sul recolheu 80 mil unidades. Essa experiência deverá ser a base para a proposta de acordo setorial que a Associação Brasileira de Importadores de Produtos de Iluminação (Abilume) irá apresentar em resposta ao chamamento que o Ministério do Meio Ambiente deve fazer via edital.
Segundo o empresário Mário Guilherme Sebben, presidente da Apliquim Brasil Recicle (empresa de descontaminação de lâmpadas fluorescentes responsável pelo projeto-piloto), a proposta cria um comitê gestor e incorpora as práticas que vêm sendo adotadas pelo mercado até o momento. Dessa forma, grandes geradores (como as indústrias e centros comerciais) são responsáveis pelo custeio da coleta de seus produtos, enquanto consumidores residenciais são incentivados a recolher os produtos queimados aos pontos de venda.
“Há um custo unitário pela coleta e descontaminação, que pode variar de R$ 1,00 a R$ 2,50, dependendo da quantidade de lâmpadas e da distância a ser percorrida. Nesse projeto, implantado em junho, o consumidor não paga se for cliente da loja usada como ponto de descarte. O estabelecimento arca com esse custo”, descreve Sebben. O empresário estima que, se adotado esse modelo, o preço do descarte deverá ser coberto pelo comércio varejista que, por sua vez, acabaria cobrando de seus fornecedores.
Isso porque, afirma Sebben, apenas 20% dos consumidores têm consciência da importância de dar um descarte adequado às lâmpadas fluorescentes e estariam dispostos a arcar com o custo. Metade dos 80% restantes sequer tem noção de que os produtos levam mercúrio (que é altamente tóxico) e joga as lâmpadas no lixo comum. Os outros 40%, apesar da saberem do risco, não se dispõem a encaminhar o produto usado para a descontaminação – 20% acumulam as lâmpadas queimadas em casa, mas não levam a um ponto de coleta e 20% se negam a ter qualquer despesa com o descarte.
“Em 2012 queremos começar uma nova fase na campanha de coleta de lâmpadas em Caxias do Sul. Vamos reforçar as campanhas de conscientização”, apontou o empresário, que mantém uma unidade industrial na Serra, mas encaminha as lâmpadas para descontaminação nas unidades de Indaial (SC) ou Paulínia (SP). Segundo ele, a empresa é a maior no segmento de reciclagem de lâmpadas fluorescentes no Brasil, por processar 8,5 milhões de lâmpadas ao ano, num universo de até 14 milhões recicladas no País. Entretanto, o volume que fica sem destinação correta é de aproximadamente 96% do total de 220 milhões de lâmpadas consumidas.
Sebben indica que os trabalhos desenvolvidos pelo Grupo Técnico Temático das lâmpadas devem resultar, também, numa segunda proposta de acordo setorial, que será apresentada pela Associação Brasileira da Indústria de Iluminação (Abilux). Inspirado na experiência europeia, o modelo determina que seja criada uma entidade gestora para estruturar, organizar e executar a logística reversa. A entidade seria financiada pelas empresas fabricantes e importadoras. Essas, para receberem a licença de importação, teriam que apresentar um certificado concedido mediante o pagamento dos recursos necessários para reciclar o volume de lâmpadas que se pretende importar. O entrave, aponta o empresário, está no entendimento de que a taxa representaria a criação de uma barreira não tarifária, cuja viabilização dependeria de negociações com a Organização Mundial do Comércio (OMC).
“A questão está em que o Ministério do Desenvolvimento, Comércio e Indústria tem registro de 585 empresas importadoras de lâmpadas. Muitas são institucionais, como empreiteiras que fazem a importação para uso específico em determinada obra, e outras são pequenas importadoras, que nem sempre são continuidade à importação das lâmpadas. A questão está em encontrar a forma mais adequada de fazer com que essas importadoras institucionais e as pequenas importadoras deem a sua contribuição para manter o sistema de logística reversa”, disse ele.
Fiergs vê plano como incentivo ao empreendedorismo
O presidente do Banco de Resíduos da Fiergs, Tito Lívio Goron, aponta que a implantação da Política Nacional de Resíduos Sólidos abrirá uma série de oportunidades para o empreendedorismo. “É uma oportunidade extraordinária. Temos pregado isso no ambiente da Fiergs, dos sindicatos industriais. Temos que identificar o produto, melhorar os usos dos resíduos e superar o problema da logística, que é complexo. É preciso capitar o resíduo para ser reprocessado e depois buscar mercado e clientes para isso. Há óbices de natureza tributária, que às vezes tornam a matéria-prima reciclada mais cara que o produto virgem, mas nosso trabalho é viabilizar o uso do reciclado”, indicou.
Segundo ele, a entidade negocia com o Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (Brde) o financiamento de uma pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) que, em conjunto com a Fiergs, pretende mapear a geração de resíduos no Estado. “Cadeias como a do alumínio e do agrotóxico se encaminham bem, mas outros casos são mais complicados, é um trabalho permanente identificar o mercado, a melhor forma de ação e buscar a tecnologia adequada”, explica Goron.
Para o conselheiro da Associação Brasileira de Resíduos Sólidos e Limpeza Urbana (ABLP), Maurício Bisordi, a consolidação dos princípios da logística reversa depende de um mercado que demande o produto da reciclagem, como acontece hoje com as latas de alumínio – o produto mais reciclado do País. Para ele, esse mercado será gerado a partir da organização da indústria recicladora. “Embora faltem dados exatos, é crescente a reciclagem de plásticos PET e PEAD, de metais e de papel. Ao definir as formas de coleta dos produtos recicláveis, o governo estabelece uma oferta mais contínua de matéria-prima e torna mais fácil a adoção desses recursos pelas indústrias”, afirmou.
Segundo ele, a intensificação da reciclagem beneficia toda a economia porque reduz custos (matérias-primas recicladas custam menos), diminui o impacto ao ambiente e gera emprego e renda, a partir da organização dos catadores em cooperativas. “No caso do alumínio, o que tem impulsionado a reciclagem é o alto valor do material reciclado. Nos plásticos, a própria característica do material, que permite a volta ao mercado com características semelhantes às originais, torna a reciclagem atrativa. Sem contar que, como é derivado de petróleo, quando a cotação do barril sobe, aumenta a procura por plástico reciclado. Com a indústria recicladora organizada, haverá demanda pelo material recolhido.”
A consolidação desse mercado no País foi apontada como um dos objetivos do anúncio, feito em 21 de novembro, pelo governo federal. Empresas que adquirirem resíduos sólidos como matéria-prima ou utilizarem material intermediário na fabricação de produtos terão crédito presumido do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). O crédito permite o ressarcimento das contribuições para o PIS/Pasep e Cofins. A medida está regulamentada pelo Decreto nº 7.619, de 21 de novembro de 2011.
O incentivo fiscal foi anunciado pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS). Para se beneficiar, a empresa deve comprar os resíduos sólidos diretamente de cooperativas de catadores de materiais recicláveis, constituídas por no mínimo por 20 pessoas físicas. A medida é válida até 31 de dezembro de 2014. Os créditos podem variar de 10% a 50% sobre o valor do resíduo sólido. E a compra deverá ser comprovada na nota fiscal de entrada emitida pelo estabelecimento industrial que adquiriu os resíduos sólidos.
Fonte: Jornal do Meio Ambiente

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Aporte de R$ 40 mi para proteção da biodiversidade

Foto: Reprodução/Amazon Sat
MANAUS - Amazonas, Acre, Rondônia e Pará receberão R$ 40 milhões em investimentos para a geração de novos meios de manejo e produção sustentável na Amazônia. O aporte faz parte de acordo assinado pelo Banco Alemão de Desenvolvimento (KfW Bankengruppe) e pelo Instituto Chico Mendes (ICMBio), a serem aplicados em quatro anos.
A ação tem como objetivo proteger a vegetação  dos quatro estados que compõem a  região Norte.  Para conter o desmatamento ilegal o Serviço Florestal Brasileiro será beneficiado com o acordo, uma vez que os fiscais auxiliam e divulgam a exploração sustentável na rodovia BR-163, que liga o estado de Mato Grosso com o Pará.
Serão beneficiadas pelo projeto as flonas de Humaitá, Jacundá e Bom Futuro (Porto Velho/RO),  Balata-Tufari e Jatuarana (Humaitá/AM), Iquiri (Lábrea/AM), Macauã/São Francisco (Sena Madureira/AC), Mapiá-Inauini e Purus (Boca do Acre/AM). Também serão beneficiadas as florestas nacionais de  Trairão, Crepori, Amaná, Itaituba I e II (Itaituba/PA), Caxiuanã (Breves/PA), Jamanxin e  a flona de  Altamira (Santarém/PA)
Novos caminhos
Para o presidente do ICMBio Rômulo Mello a existência das florestas nacionais visa compreender novas tecnologias de forma sustentável. Ele informou também que a concessão florestal possibilita às madereiras concessionárias a exploração de florestas públicas no período de 40 anos, sendo esse manejo considerado de baixo impacto. Dessa forma, as fábricas depositariam royalties ao governo.
Segundo Rômullo Mello, uma floresta nacional não é criada apenas para a conservação daquela área, mas sim com a perspectiva de desenvolver tecnologias de produção sustentável. “Produzir madeira e pesquisas sobre a floresta são os principais focos”, afirma.

Fonte: Jornal do Meio Ambiente