Economista, Especialista em Economia e Meio Ambiente pela Universidade Federal do Paraná e Graduando em Estatística, também, pela Universidade Federal do Paraná.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Descarte inadequado de pneus ainda representa grave problema ambiental no Brasil, diz pesquisador

Por Elaine Patricia CruzRepórter da Agência Brasil
São Paulo - O descarte inadequado de pneus ainda persiste como um grave problema ambiental no Brasil. Apesar de duas resoluções do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) obrigarem os fabricantes e importadores a dar uma destinação adequada para pneus que não servem mais, as regras não estão surtindo o efeito desejado. Essa é a conclusão do engenheiro mecânico Carlos Lagarinhos que defendeu uma tese de doutorado, na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), sobre o assunto.
“No Brasil, as atividades de reutilização [de pneus] não são regulamentadas e não existem incentivos para a reciclagem ou utilização de matéria-prima de pneus inservíveis [que não servem mais para rodar em automóveis, ônibus e caminhões]”, disse Lagarinhos à Agência Brasil.
Segundo Lagarinhos, de 2002 a abril de 2011, o descarte inadequado correspondeu a 2,1 milhões de toneladas do produto. Nesse período, os importadores de pneus novos cumpriram 97,03% das metas de descarte estabelecidas, os fabricantes, 47,3% e, os importadores de usados, 12,92%.
No país, é possível encontrar pneus jogados em lixões, rios, ruas e, até mesmo, no quintal das casas o que pode ocasionar problemas ambientais e, até mesmo, de saúde – o mosquito transmissor da dengue, por exemplo, se reproduz em água parada alojada, muitas vezes, em pneus velhos.
Lagarinhos observou que o alto custo da coleta e do transporte de pneus descartados é a principal dificuldade para a destinação correta desse material. Outro problema levantado pelo pesquisador é que há falta de conhecimento dos consumidores sobre o destino que deve ser dado aos pneus usados.
“Os fabricantes, importadores, revendas e distribuidores não divulgam programas de coleta e destinação dos pneus inservíveis para incentivar o descarte, após a troca, pela população”, disse Lagarinhos. Em São Paulo, por exemplo, ele cita que, apesar dos mais de 6,6 milhões de veículos licenciados, existem apenas quatro pontos de coleta de pneus.
Uma das saídas apontadas por Lagarinhos como solução para o problema seria o aproveitamento de pneus usados como componente para asfalto. “De 2001 a 2010, somente 4,9 mil quilômetros foram pavimentados com asfalto-borracha. Existe uma série de vantagens para a sua utilização como aumentar a vida útil do pavimento em 30%, retardar o aparecimento de trincas e selar as já existentes e aumentar o atrito entre o pneu e o asfalto, entre outros", explicou.
"Falta incentivo por parte dos governos federal, estaduais e municipais para a utilização do asfalto-borracha na pavimentação de ruas, estradas e rodovias”, ressaltou o pesquisador.

Fonte: Agência Brasil

Viver de maneira sustentável pode ser também mais econômico

Adquirir um estilo de vida mais saudável e sustentável é um item que está presente em muitas listas de promessas para o ano novo. Praticar exercícios físicos e atentar à alimentação é uma boa maneira de dar os primeiros passos em busca deste objetivo. O melhor é que as novas escolhas podem contribuir para a redução nos gastos mensais.
O ideal é optar pelo exercício ao ar livre. Deixar a academia de lado para caminhar no parque ou fazer uma corrida de rua são alternativas simples e baratas. Além disso, o contato com a natureza e com outras pessoas funciona como uma terapia, que é ainda mais prazerosa durante o verão. Outra opção para manter a forma de maneira sustentável são as pedaladas, que podem substituir o uso dos carros durante as atividades diárias.
Ir ao trabalho de bicicleta é uma saída para quem já tem uma rotina atarefada e não consegue tirar um tempo para a prática de esportes. Além disso, a pessoa impede que o CO2 resultante da queima de combustíveis fósseis seja lançado na atmosfera. Ao invés de planejar comprar um carro neste ano, prefira comprar uma bike, que além de ser mais barata, trará consigo diversos benefícios.
A estrutura direcionada especificamente para os ciclistas ainda é precária na maior parte das grandes cidades brasileiras. No entanto, este cenário começa a ter uma mudança, mesmo que pequena. Em São Paulo é possível pedalar na ciclovia às margens do rio Pinheiros, na ciclorrota que corta parte da região sul da cidade, e pela Ciclofaixa de lazer, que funciona aos domingos e feriados, e serviu como inspiração para um modelo aplicado em Curitiba. Mesmo assim, boa parte dos parques municipais possui pistas para caminhada, corrida e também ciclismo. No Rio de Janeiro o local preferido para um treino de bike ou corrida é a orla da praia e da lagoa Rodrigo de Freitas, ambas equipadas com pistas que as separam do trânsito de automóveis.


A sustentabilidade também está ligada aos cuidados com a saúde e alimentação. Por isso, além de optar por ingredientes saudáveis e naturais uma boa escolha é consumir alimentos orgânicos, que são livres de agrotóxicos. Outro fator a se considerar é que boa parte dos orgânicos é proveniente de pequenos produtores, portanto este consumo incentiva o desenvolvimento local e até mesmo a inclusão social.
Ter uma vida mais saudável inclui deixar de lado alguns vícios que prejudicam a saúde. O tabagismo é um dos elementos que lideram a lista e estão entre os mais difíceis de se livrar. O esporte pode servir como uma válvula de escape para quem luta contra o cigarro. Porém, às vezes é necessário contar com acompanhamento médico especializado. Em 2011 o Ministério da Saúde aumentou em 63% os recursos para quem quer parar de fumar e boa parte dos tratamentos estão disponíveis na rede pública, através do Sistema Único de Saúde (SUS).
Pensar em melhorias na saúde e qualidade de vida tornam a vida mais sustentável e prazerosa. Por isso, as ideias não devem apenas figurar entre os votos de ano novo, mas devem ser constantes durante todo o ano, sendo apenas renovadas no início do próximo ciclo anual.

Fonte: Jornal do Meio Ambiente

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Eletricidade ajuda na sobrevivência dos corais de Bali


Foto: Divulgação/biorock.net
Nestas fotos de 2004, é possível ver como as estruturas incentivaram o crescimento de novos corais
Os corais da baía indonésia de Pemuteran estavam condenados, até que uma mergulhadora tomou a iniciativa de ligá-los a uma corrente elétrica. Hoje, o recife está florido e o método vem sendo copiado em todo o mundo.

O cabo revestido de plástico preto corre sob a areia para reaparecer, um pouco mais longe sob as águas turquesas da lagoa. Repousando no fundo marinho, termina a corrida dez metros depois, ligado a um dispositivo metálico submarino onde foram dispostos os "bebês corais", de alguns centímetros apenas.

A estrutura foi instalada há alguns meses, mas as barras de ferro já estão cobertas de calcário, base essencial de cultura de um recife de coral. Não longe dali, uma estrutura semelhante apresenta-se inteiramente coberta de corais gigantescos com cores cintilantes, fazendo, também, a felicidade de centenas de peixes que aí instalaram seu viveiro. Distingue-se, aí, uma gaiola metálica que sustenta o conjunto e que foi imersa há onze anos.

"É extraordinário, não?", comenta orgulhosamente Rani Morrow-Wuigk, 60 anos. A australiana, de origem alemã, mergulhou pela primeira vez em 1992 na baía de Pemuteran, no norte da ilha indonésia de Bali, e ficou maravilhada com a beleza de seus corais. Mas, no final dos anos 90, um aquecimento das águas acarretou o quase desaparecimento do recife, já agredido pela pesca com o uso de cianureto e dinamite.

"Os corais estavam praticamente mortos, tornando-se um amontoado de saibro e areia", lembra-se Rani. A mergulhadora encontrou, então, o arquiteto alemão Wolf Hilbertz que lhe falou de uma descoberta feita por ele nos anos 70: um procedimento que permitia, literalmente, "fazer crescer" materiais dentro do mar.

Assim, ele afundou uma estrutura metálica e a ligou a uma corrente elétrica de voltagem fraca, portanto inofensiva, o que produziu eletrólise, provocando o acúmulo de calcário, numa espécie de construção espontânea.

Mas, ao testar sua invenção ao largo da Louisiana, Wolf Hilbertz percebeu que sua estrutura, ao final de alguns meses, tinha sido recoberta de ostras, que colonizaram o calcário acumulado.

Experiências foram praticadas e o mesmo fenômeno se confirmou, também, para os corais. "Os corais se desenvolvem duas a seis vezes mais rapidamente. Chegamos a fazer crescer recifes em alguns anos", disse à AFP Thomas J. Goreau, um jamaicano que, com a morte de Hilbertz, patenteou o procedimento com o nome de "Biorock".

Com isso, Rani viu uma oportunidade de salvar "sua" baía. Desde o ano 2000, ela instalou estruturas, primeiro com suas próprias economias, depois com a ajuda de Taman Sari, um centro de turismo situado em frente aos corais.

São, agora, 60 "gaiolas" na baía de Pemuteran, estendendo-se numa superfície de dois hectares. Não apenas o recife ressuscitou, mas está ainda "melhor do que antes", se entusiasma Rani.

A comunidade local também passou a se interessar. "No começo, os pescadores não queriam: 'é meu oceano', diziam eles", como se lembra Komang Astika, instrutor de mergulho. "Mas, agora, veem que os peixes voltaram e que o turismo se desenvolveu", acrescenta Komang, que administra o centro Biorock instalado em Pemuteran através de um programa de custeio chamado "Patrocine um bebê coral" (
biorockbali.webs.com/).

Após o sucesso em Pemuteran, o projeto Biorock foi levado a cerca de 20 países, localizados no Pacífico, no Índico e no Mediterrâneo.

Na verdade, não apenas ressuscita os corais, mas torna-os mais resistentes, em particular contra o embranquecimento, devido ao aquecimento climático. "A taxa de sobrevivência é de entre 16 e 50 vezes superior", explica Thomas Goreau.

Em Pemuteran, Rani Morrow-Wuigk aquiesce: "a temperatura da água subiu a 34 graus nos últimos dois anos, contra 30 normalmente. Apenas 2% dos corais morreram. Em 1998, eles morreram quase todos".

Fonte: Jornal do Meio Ambiente

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Heineken Brasil quer ser a cervejaria mais verde do mundo até 2020

Consciente de seu papel em relação à sustentabilidade, a Cervejaria Heineken quer atingir sua ambição de ser a cervejaria mais verde do mundo até 2020 por meio da melhoria contínua de suas atividades.
 
A plataforma criada pela empresa possui três objetivos estratégicos: melhorar o impacto ambiental das marcas e negócios da Heineken, capacitar as pessoas e as comunidades em que a empresa opera e impactar positivamente o papel da cerveja na sociedade.  
 
As metas foram lançadas no Brasil no ano passado, quando a cervejaria se consolidou no país com a aquisição da divisão de cervejas da FEMSA. A companhia implementou o seu programa em suas oito fábricas no Brasil: Jacareí (SP), Araraquara (SP), Gravataí (RS), Ponta Grossa (PR), Cuiabá (MT), Feira de Santana (BA), Pacatuba (CE) e Manaus (AM).
 
No Brasil, a cervejaria já implantou algumas ações que vêm cooperando para tornar a empresa a mais “verde” do mundo. Uma delas é o Comitê de Bacias hidrográficas, focado na preocupação da escassez de água nos rios. A metodologia aborda o controle do uso da água nas comunidades, indústrias, agropecuária e outros setores e da qualidade do efluente devolvido nos rios.
 
Outra preocupação da empresa é a redução de consumo de água nas cervejarias. O programa existente no Brasil já economiza o equivalente a 38 piscinas olímpicas cheias por ano. Comparando-se com a referência internacional de 6l de água/l de cerveja, o consumo médio da empresa é de 4,9 l de água/l de cerveja, o que significou, em 2009, uma economia de mais de 112 milhões de litros de água. 
 
Quanto ao consumo energético, a utilização de energia própria gerada por meio de biocombustível, biomassa e co-geração (que utiliza vapor) produz energia suficiente para abastecer por um mês mais de 230 mil residências com quatro pessoas que consumam a média de 200 KWh/mês, por um ano.
 
A Heineken Brasil tem seu índice de reciclagem superior a 98% dos resíduos da produção e permanece trabalhando para a melhoria contínua deste processo. Vale ressaltar que os resíduos de fermentação são utilizados tanto para a produção de ração animal como para elaboração de adubo.
 
Outras questões como tratamento de efluente e consumo responsável também são preocupações da empresa para que atinjam a marca de cervejaria mais verde em 2020.
A plataforma criada pela empresa possui três objetivos estratégicos: melhorar o impacto ambiental das marcas e negócios da Heineken, capacitar as pessoas e as comunidades em que a empresa opera e impactar positivamente o papel da cerveja na sociedade.  
 
As metas foram lançadas no Brasil no ano passado, quando a cervejaria se consolidou no país com a aquisição da divisão de cervejas da FEMSA. A companhia implementou o seu programa em suas oito fábricas no Brasil: Jacareí (SP), Araraquara (SP), Gravataí (RS), Ponta Grossa (PR), Cuiabá (MT), Feira de Santana (BA), Pacatuba (CE) e Manaus (AM).
 
No Brasil, a cervejaria já implantou algumas ações que vêm cooperando para tornar a empresa a mais “verde” do mundo. Uma delas é o Comitê de Bacias hidrográficas, focado na preocupação da escassez de água nos rios. A metodologia aborda o controle do uso da água nas comunidades, indústrias, agropecuária e outros setores e da qualidade do efluente devolvido nos rios.
 
Outra preocupação da empresa é a redução de consumo de água nas cervejarias. O programa existente no Brasil já economiza o equivalente a 38 piscinas olímpicas cheias por ano. Comparando-se com a referência internacional de 6l de água/l de cerveja, o consumo médio da empresa é de 4,9 l de água/l de cerveja, o que significou, em 2009, uma economia de mais de 112 milhões de litros de água. 
 
Quanto ao consumo energético, a utilização de energia própria gerada por meio de biocombustível, biomassa e co-geração (que utiliza vapor) produz energia suficiente para abastecer por um mês mais de 230 mil residências com quatro pessoas que consumam a média de 200 KWh/mês, por um ano.
 
A Heineken Brasil tem seu índice de reciclagem superior a 98% dos resíduos da produção e permanece trabalhando para a melhoria contínua deste processo. Vale ressaltar que os resíduos de fermentação são utilizados tanto para a produção de ração animal como para elaboração de adubo.
 
Outras questões como tratamento de efluente e consumo responsável também são preocupações da empresa para que atinjam a marca de cervejaria mais verde em 2020.
 
Fonte: Jornal do Meio Ambiente

Para ambiente, 1º ano de Dilma é pior que o de Collor

Presidente da conferência Rio +20, Dilma Rousseff teve uma atuação apagada na área ambiental em seu primeiro ano de governo. Sob alguns aspectos, pior que a de Fernando Collor, em cujo governo aconteceu a Eco-92.
Dilma não criou nenhuma unidade de conservação em 2011; em 1990, seu primeiro ano de mandato, Collor criou 15.
O desmatamento em 1990 caiu 22% em relação ao ano anterior, o dobro da queda estimada para 2011 --embora Dilma esteja melhor nos números absolutos de desmate.
Diante da repercussão internacional da polêmica obra da usina hidrelétrica de Cararaô, no rio Xingu, Collor engavetou o projeto.
Dilma o ressuscitou, sob o nome de Belo Monte, concedendo-lhe a licença de instalação mesmo sem o cumprimento de todas as condicionantes impostas pelo Ibama.
Unidades de conservação e terras indígenas são indicadores importantes do desempenho ambiental de um governo, pois elas mexem na estrutura fundiária e em interesses econômicos nas regiões onde são criadas.
Enquanto ministra da Casa Civil do governo Lula, Dilma represou a criação de novas unidades, especialmente na Amazônia, submetendo-as ao crivo do MME (Ministério de Minas e Energia).
Na Presidência, manteve o ritmo. Seu governo é o primeiro desde FHC-1 (1995-1998) a não criar áreas protegidas no primeiro ano de mandato.
Um refúgio da vida selvagem no Médio Tocantins, por exemplo, está com sua proposta de criação parada no MME, que tem interesse em construir na região a hidrelétrica de Ipueiras --um projeto que o Ibama já havia considerado inviável do ponto de vista ambiental.
O governo também cortou 30% do orçamento do Instituto Chico Mendes, órgão gestor das unidades.
SEM CLIMA
O primeiro ano de Dilma passou sem avanços na agenda de mudança climática.
Conforme a Folha mostrou, o governo não fez quase nada para implementar em 2011 a meta brasileira de cortar até 39% das emissões de gás carbônico em 2020 em relação à tendência de crescimento atual dos gases.
"O pacote de mudança climática ela recebeu pronto do governo Lula. Não avançou nem regrediu", disse Nilo Dávila, do Greenpeace. "Em outras coisas, ela deu continuidade para o mal."
Ele se refere ao maior retrocesso legislativo na área ambiental: a Lei Complementar 140, que reduz o poder de fiscalização do Ibama.
Pelo texto aprovado no Senado em outubro, a competência de multar crimes ambientais é do ente federativo (União, Estado ou município) que licencia. Como desmatamentos são sempre licenciados pelos Estados, autuações feitas pelo Ibama poderão ser anuladas pelas secretarias de Meio Ambiente estaduais.
Em 2009, durante a cúpula do clima de Copenhague, quando o enfraquecimento do Ibama foi inserido no projeto durante sua votação na Câmara, o presidente Lula se comprometeu a vetá-lo.
Dilma concordou com a promessa. Mas, no dia 8 deste mês, durante outra cúpula do clima, em Durban, a presidente sancionou o texto.
Questionado pela Folha, o Planalto deferiu a resposta ao Ministério do Meio Ambiente. Este disse que, "na prática, o Ibama continua atuando normalmente".
Sobre a falta de criação de unidades de conservação, o ministério afirmou que está revendo a Estratégia Nacional de Conservação da Biodiversidade, com a definição de critérios para a proposição de novas áreas protegidas.

Fonte: Jornal do Meio Ambiente

domingo, 1 de janeiro de 2012

Brasil é líder mundial na área de agroenergia

A agroenergia responde por cerca de 32% da energia ofertada no Brasil, o que coloca o País na liderança mundial do setor. Quase 48% do total de energia ofertada é obtida de fontes renováveis, como a biomassa, a energia hidroelétrica e os biocombustíveis. A situação brasileira destaca-se no cenário internacional, pois 85% da energia consumida no mundo vem de fontes não-renováveis, que se encontram na natureza em quantidades limitadas e se extinguem com a utilização.

Os biocombustíveis são derivados de biomassa renovável que podem substituir, parcial ou totalmente, combustíveis derivados de petróleo e gás natural em motores a combustão ou em outro tipo de geração de energia. Os dois principais biocombustíveis líquidos usados no Brasil são o etanol, extraído de cana-de-açúcar, e o biodiesel, produzido a partir de óleos vegetais ou de gorduras animais e adicionado ao diesel de petróleo em proporções variáveis

Fonte: Jornal do Meio Ambiente

Empresa de energia lucra com preservação do meio ambiente


Editora Globo
A Usina São Francisco e sua vizinha Santo Antônio, em Sertãozinho (SP), se abastecem de energia limpa gerada na indústria
Não é tão distante o tempo em que o bagaço e a palha da cana-de-açúcar não passavam de estorvo nas usinas. O primeiro resíduo costumava ser usado como ração animal ou apodrecia no canavial, e apenas parte da palhada era reaproveitada para proteger o solo no plantio direto, técnica que reveste a terra para ela não ficar exposta à erosão e à perda de nutrientes. Mas, há 24 anos, as usinas Santo Antônio e São Francisco, em Sertãozinho, no nordeste de São Paulo, foram pioneiras ao mostrar para o país que esses renegados materiais tinham muito valor, especialmente o bagaço. Cerca de 900 mil toneladas dele permitem que as propriedades sejam autossuficientes em energia, com a geração de 50 mil quilowatts-hora. O diretor industrial Jairo Balbo trabalhava há oito anos na empresa – tempos depois, transformada em Organização Balbo – quando a família decidiu parar de desperdiçar tamanho potencial. “Nunca foi segredo que essa biomassa é uma poderosa fonte de energia”, comenta.

Pode não haver mistério, mas o rico subproduto da cana ainda está longe de alcançar nobre utilização. Apenas 129 usinas das 432 instaladas no país empregam tal tecnologia. Segundo Suleiman José Hassuani, pesquisador do Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), em Piracicaba (SP), os principais entraves estão no investimento para a troca das caldeiras de 20 bar (medida de pressão) para as de 65 bar, eficientes para esse tipo de produção por conta da alta pressão do equipamento; e no preço pago pelos leilões do governo federal (o mais recente foi de R$ 100 por megawatt-hora), distantes dos R$ 200 do custo de produção bancados pelo agricultor. Conforme dados da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), apenas 2% do consumo nacional de energia é suprido pela bioeletricidade. Porém, a entidade não perde o otimismo ao projetar o aumento desse percentual para 15% até 2020, equivalente ao potencial de três usinas de Belo Monte.
Editora Globo
Jairo Balbo, diretor, participa das inovações nas usinas. A cogeração de energia foi uma das primeiras inovações
Jairo Balbo comenta que tais desvantagens iniciais nunca impediram que a empresa, fundada em 1946, financiasse suas próprias mudanças. Segundo ele, o pai, Menesis, falecido há quatro anos, era o grande incentivador de novos projetos, porque nunca acreditou que somente a cana pudesse ser extraída de um canavial. “A filosofia dele era sempre agregar valor”, relembra. Talvez seja por isso que, em 1958, a família começou a fabricar etanol, quase 20 anos antes do lançamento do programa Pró-Álcool, e, em 1987, se enveredou pela produção de energia com venda de excedente (atuais 34 mil quilowatts- hora) para a distribuidora Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL), capaz de atender a uma cidade de 500 mil habitantes – do tamanho de Ribeirão Preto –, excluindo o horário de pico, das 18h às 21h. “Não havia sequer legislação na época que regulamentasse esse tipo de fornecimento”, lembra Jairo. A eficiência das duas usinas implicou na fundação da Bioenergia Cogeradora S/A, empresa do grupo para administrar esse ramo de atividade.

O uso da energia que não polui o meio ambiente fez com que mais uma vez a família fosse líder em inovação. A Bioenergia já vendeu R$ 5 milhões em créditos de carbono para a União Europeia. Esse mercado nasceu com o Protocolo de Kyoto, tratado internacional que permite que países desenvolvidos compensem suas emissões de gases de efeito estufa por meio de projetos elaborados por nações em desenvolvimento, desde que todos eles sejam signatários do acordo. Além da eletricidade, a avaliação das atividades nas usinas como um todo pesaram na aprovação desse projeto pelo Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), ligado às Organizações das Nações Unidas (ONU). A liberação de gás carbônico (CO2), resultado da movimentação de máquinas agrícolas e da indústria, é praticamente nula. Os canaviais sorvem cerca de 30 mil toneladas desse gás de efeito estufa.
Editora Globo
Passarada, macacos e uma riqueza de insetos amigos da plantação foram identificados por um projeto que rastreou a biodiversidade da plantação
A conciliação entre natureza e agronegócio se estende por 14 mil hectares de cana-de-açúcar orgânico, considerado o maior plantio do gênero no mundo. Batizado de Projeto Cana Verde, com início em 1986, o grupo tornou-se o maior exportador desse tipo de açúcar (recebeu o nome de Native), com produção de 65 mil toneladas e presença em 65 países. Segundo Jairo, a revolução na empresa teve mais uma vez o apoio incondicional do pai e a dedicação apaixonada do primo, Leontino Balbo, responsável pela área. “A mudança valorizou nosso negócio”, diz. Jairo não se esquece da década de 1980, marcada pelos baixos preços do açúcar, alta dos insumos agrícolas e oscilações no mercado internacional. “Foram os piores anos de resultados para a empresa”, diz. Quem vê hoje a Native na lista dos 29 negócios considerados inspiradores para a economia verde, segundo a ONU, não pode supor a infinidade de desafios enfrentados em uma época em que a sustentabilidade não passava de ideal de comunidades hippies.

A primeira transformação foi implantar a colheita mecanizada no lugar da queima. Naquela época, eliminar o fogo do canavial era considerado um ato de insensatez, já que não havia sequer colheitadeiras apropriadas. O primo de Jairo deu um jeito e adaptou uma máquina tradicional para ela cortar, aspirar e depositar a cana no caminhão. Tempos depois, o protótipo criado na Usina São Francisco deu origem à primeira colheitadeira brasileira de cana verde. A ausência da queimada logo criou um ambiente fértil para a proliferação de insetos, que se alimentavam da cana com fome de leão. O contra-ataque veio por meio do emprego de uma das práticas do manejo integrado de pragas (MIP), com a liberação no ambiente da vespa Cotesia flavipes, que se alimenta da broca, larva que roe a cana.
Editora Globo
O potencial energético do bagaço da cana começou a ser testado pelo Grupo Balbo há mais de duas décadas
Para José Roberto Parra, que coordena o laboratório de MIP da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), em Piracicaba (SP), o manejo implantado no país há 40 anos foi uma resposta da comunidade científica ao uso indiscriminado de agrotóxicos, que tornam os insetos mais resistentes, contaminam alimentos e o lençol freático. “Quando 3% da lavoura de cana estiver infestada pela broca, o produtor solta 6 mil dessas vespinhas por hectare. Aí é esperar que elas façam o serviço”, explica. O eficiente inseto foi capaz de reduzir as perdas nas lavouras de todo o país – que, na década de 1980, chegavam a US$ 100 milhões por ano e agora não passam de US$ 20 milhões. O Brasil conta hoje com 80 laboratórios, que produzem um exército de 60 bilhões de vespas, liberadas anualmente em 3,5 milhões de hectares, quase metade da área total de canaviais.

As práticas agrícolas do Projeto Cana Verde se associam a outras parcerias com o meio ambiente. A rotação de culturas com crotalária controla os nematoides. O solo vivo é alimento para os milhões de minhocas que o tornam mais fértil, aerado e bem estruturado. E há ainda a fixação biológica de nitrogênio, comum também na sojicultura. Conforme o pesquisador Gustavo Xavier, da Embrapa Agrobiologia, em Seropédica (RJ), as bactérias da família Rhizobiaceae presentes naturalmente nessas lavouras são potenciais fixadoras desse elemento, que atua em todas as fases da planta – crescimento, floração e frutificação – e as fortalece contra pragas e doenças. Elas também podem ser aplicadas na forma de inoculantes (ou sementes inoculadas), para aumentar a produtividade no campo. O uso dessa técnica proporcionou economia de US$ 6 bilhões por ano com fertilizantes nitrogenados ao país. O produto foi um dos pilares da Revolução Verde, que deu à agricultura escala industrial no século passado, mas pouco se comenta sobre o problema ambiental que causa ao se infiltrar invisivelmente no solo, na água e no ar todos os dias.

Jairo Balbo comenta sobre outros exemplos adotados em favor da sustentabilidade nas usinas. A vinhaça é usada na fertirrigação das lavouras – no passado, o setor canavieiro costumava lançá-la como efluente nos rios, o que poluiu águas e atingiu o lençol freático em algumas regiões – e a água utilizada para lavar pisos, equipamentos, etc. é proveniente de reúso. Segundo André Elias Neto, pesquisador do CTC, esse reaproveitamento é feito em quase todo o segmento e representa um avanço e tanto se comparado os atuais um a dois metros cúbicos de água gastos, por tonelada, de cana processada com os 20 metros cúbicos de 40 anos atrás. Ele destaca, ainda, o uso de outro importante resíduo nos plantios de cana-de-açúcar: a torta de filtro, rica em cálcio e fósforo, tornou-se um importante recurso para a adubação junto com a foligem obtida por meio da lavagem das caldeiras.

Apesar de Jairo Balbo estar ligado à produção industrial das usinas, ele não perde o encanto pela agricultura – afinal, é engenheiro agrônomo de formação. Ele esteve ao lado da decisão do grupo quando o a empresa quis dimensionar o tamanho da biodiversidade dos canaviais. Um programa feito com a Embrapa Monitoramento por Satélite, em Campinas (SP), implantou o rastreamento da fauna nas usinas. Os satélites radiografaram os animais que adotaram as lavouras de cana-de-açúcar como moradia fixa ou temporária. Os resultados apontaram a presença de 340 espécies (entre anfíbios, répteis e mamíferos) e cerca de 70% delas são raras, como o tamanduá-bandeira, o mão-pelada e o veado-catingueiro. A vida delas é assegurada por conta dos corredores ecológicos (áreas que unem os remanescentes florestais), da preservação de rios e nascentes e do plantio de 1,2 milhão de mudas de árvores. Para ele, é a comprovação derradeira de que a natureza pode triunfar em plena área agrícola.

Fonte: JMA-Jornal Meio Ambiente do Globo Rural por Texto Janice Kiss | Fotos Ernesto de Souza e Manoel Marques