segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Cenário de incerteza e volatilidade abre novas oportunidades de investimentos

Fundos de Ação Livre, Long and Short e Off-shore estão entre as aplicações pouco conhecidas que oferecem retorno em tempos instáveis.

Quem espera dias mais tranquilos para investir vai se decepcionar. A volatilidade que se instalou no mercado tende a se estender pelo próximo ano. "Existe a percepção de que a situação macroeconômica tem piorado. As incertezas no mercado e a volatilidade devem continuar no próximo ano", disse o diretor da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), Luiz Sorge.

O cenário de incerteza, porém, não deve ser encarrado como um problema, pois abre espaço para novas opções, principalmente para quem assume um pouco mais de risco e não tem pressa para usar o dinheiro.

De acordo com Sorge, um produto interessante para os tempos marcados por incertezas são os fundos Long and Short. A estratégia desse tipo de investimento está no nome: os fundos ficam comprados (long, em inglês) e vendidos (short) ao mesmo tempo. O ganha vem do retorno gerado pela diferença entre as rentabilidades das ações compradas e vendidas.

Esses fundos reduzem e, em alguns casos, chegam a anular os impactos das altas e baixas do mercado sobre a carteira de investimento. No ano, esses fundos são os destaque. O Long and Short Neutro tem ganho de 9,39% e o Long and Short Direcional, de 9,77%.

Segundo Sorge, o investidor que precisa de recursos no curto prazo, nesse momento mais instável, deve optar por investimentos menos arriscados. Quem suporta mais risco, por sua vez, deve ter uma visão de um prazo mais longo e não retirar o capital aplicado diante de perdas mais imediatas.

"Para o investidor com uma tolerância maior ao risco, há estratégias ganhadoras", disse. O diretor da Anbima sublinhou, por exemplo, a rentabilidade acumulada de 12 meses dos fundos Ações Livre (em que o gestor tem liberdade para escolher papéis que não estão entre os mais negociados da Bolsa), com 10,83% no período.

É preciso cautela também com investimentos que parecem certeiros, como fundos que acompanham a taxa de juro. Sorge destacou que, com o retorno da Selic ao aos dois dígitos, os fundos referenciados ao CDI e DI se tornaram mais atrativos, mas é preciso ver se a inflação se manterá sob controle,

Ele lembrou ainda que diante da volatilidade e maior diversificação das carteiras, uma outra alternativa são os fundos offshore ( constituído fora do território brasileiro, mas cujo gestor localiza-se no Brasil). Esse tipo de aplicação tem crescido porque os gestores buscam maior rentabilidade no exterior à medida que o cenário fica mais difícil no Brasil.

Sorge disse ainda que essa modalidade poderá apresentar um crescimento maior caso os pleitos da Anbima com a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) sejam acolhidos. O diretor da Anbima explicou que atualmente o investidor individual tem de realizar um investimento mínimo de R$ 1 milhão nesses fundos. A Anbima acredita que faria mais sentido selecionar o investidor não pelo volume de investimento, mas pela análise do seu perfil.

Outra questão que a entidade discute com a CVM é a liberação dos investidores institucionais (como seguradoras, clube de investimentos) para que possam ter apenas uma participação de 25% em cada fundo dessa categoria. "Assim, é preciso ao menos quatro entrando ao mesmo tempo e com a mesma estratégia", disse, destacando que a entidade aguarda alguma novidade nesse sentido para 2014.

Ano promissor
Para Marcio Guedes, também diretor Anbima, os investimentos em infraestrutura, não só motivados pelas concessões, influenciarão positivamente as captações de renda fixa em 2014.

Guedes disse estar otimista com o ano que vem. Segundo ele, as eleições no Brasil não devem influenciar de modo importante o mercado de capitais e a perspectiva de o Fed (banco central dos Estados Unidos) iniciar a retirada dos estímulos à economia não deve ser "o fim do mundo". "Oportunidades continuarão existindo no Brasil para atrair investidores."

Guedes não acredita que a alta do juro americano no mercado secundário, referência para as captações externas, seja fator que limitará as empresas a fazer captações lá fora. Para ele, o prêmio pago pelas companhias brasileiras além do juro norte-americano ainda é bastante baixo e o fato de juro do Treasury (título público dos Estados Unidos cujo o retorno baliza os juros em nível global) subir irá, sim, elevar o custo total das captações, mas não a ponto de evitar o acesso das empresas que realmente desejam fazê-lo.

Guedes observou que o risco cambial, esse sim, pode fazer com que as empresas optem por captar no Brasil, mas dependendo se estão com receitas em reais ou dólares.

Fonte: O Estado de S. Paulo

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