quinta-feira, 2 de maio de 2013

Surgem mais sinais de desaquecimento da economia dos EUA


Indicadores importantes do setor manufatureiro e do mercado de trabalho dos Estados Unidos mostraram mais desaceleração em abril.

O Instituto para Gestão da Oferta dos EUA (ISM, na sigla em inglês) informou ontem que seu índice da atividade de manufatura caiu de 51,3 em março para 50,7 no mês passado, pouco acima de 50, a linha divisória entre expansão e contração. A pesquisa com gerentes de compra concluiu que os preços das matérias-primas e o emprego nas fábricas estagnaram. Mas as novas encomendas e a produção ganharam impulso, o que traz alguma esperança para os próximos meses.

"É definitivamente um momento de fraqueza" no setor, disse Bradley Holcomb, líder do comitê de pesquisa de manufatura do ISM. Mas os participantes ainda esperam que o segundo semestre seja melhor, disse ele, "então, não passa disso: uma fraqueza temporária".

Outro relatório sobre o emprego no setor privado, divulgado ontem, mostrou que o mercado de trabalho continua desacelerando. A processadora de contra-cheques Automatic Data Processing Inc. ADP +1.30% e a Moody's MCO -0.67% Analytics estimaram que os empregadores do setor privado adicionaram 119.000 postos de trabalho às suas folhas de pagamento em abril. O número ficou abaixo do aumento revisado de março, que foi de 131.000 vagas.

Os dados reforçaram os temores de uma desaceleração do crescimento do emprego, depois que, no mês passado, o relatório oficial do Departamento de Trabalho dos EUA mostrou um crescimento de apenas 88.000 empregos em março. Antes da divulgação dos dados da ADP, os previsores haviam estimado que o relatório do governo para abril, a ser divulgado na sexta-feira, vai mostrar um crescimento em torno de 150.000 empregos não-agrários.

Os dados disponíveis até agora para março e abril sugerem que a economia americana está se desaquecendo na primavera do hemisfério norte da mesma forma que nos últimos três anos. Alguns setores da economia, como o imobiliário e o de vendas de automóveis, continuam resistindo. Mas isso não parece suficiente para compensar o impacto causado pelos cortes no orçamento do governo e um crescimento menor dos outros países, que estão freando a economia dos EUA.

Um relatório sobre a atividade de construção em março divulgado ontem pelo Departamento de Comércio indicou uma queda de 1,7% nos gastos do setor em março. Uma redução das despesas de governos e empresas superou o aumento na construção de residências ligado à melhoria do mercado imobiliário.
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Muitas empresas continuam hesitando em alavancar seus planos de expansão muito rapidamente, dados os riscos da economia. O Departamento de Comércio informou na semana passada que o produto interno bruto dos EUA cresceu 2,5% no primeiro trimestre a uma taxa anualizada, menos que muitos analistas esperavam, em parte por causa dos cortes nos gastos governamentais.

"Enquanto o PIB e o emprego continuarem crescendo pouco, todo mundo vai naturalmente ficar nervoso e precavido, então ninguém vai querer comprar mais do que o absolutamente necessário", disse esta semana a investidores o diretor-presidente da siderúrgica U.S. Steel Corp., X -0.81% John Surma, depois que a companhia divulgou uma queda de 11% nas vendas do primeiro trimestre em relação ao mesmo período de 2012. Ele disse ainda que o mercado de residências "está se movendo na direção certa [...] mas o não-residencial ainda vai levar um tempo".

Os indicadores do ISM para o setor fabril ficaram estagnados em parte porque as empresas estão estocando menos matérias-primas à espera de que os preços caiam ainda mais com o desaquecimento do mercado mundial de commodities. Esses preços baixos poderiam ajudar os lucros das empresas nos próximos meses.

Na pesquisa do ISM, um certo número de fabricantes ainda registrou um crescimento estável ou até mesmo maior na demanda. O instituto disse que 14 entre 18 indústrias de manufatura relataram crescimento durante o mês, sendo que indústrias importantes ligadas aos setores de construção e automóveis permaneceram fortes. Os cortes nos gastos do governo parecem ter atingido os fabricantes de equipamentos eletrônicos e do setor de transporte, principalmente firmas do segmento de aviação de guerra.

Fonte: The Wall Street Journal

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