Economista, Especialista em Economia e Meio Ambiente pela Universidade Federal do Paraná e Graduando em Estatística, também, pela Universidade Federal do Paraná.

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Produção industrial no Brasil sobe 0,7% em março, abaixo do esperado


RIO DE JANEIRO/SÃO PAULO, 3 Mai (Reuters) - A produção industrial brasileira mostrou recuperação em março, ao subir 0,7 por cento frente a fevereiro, mas o número veio bem abaixo do esperado pelo mercado e indicando que a recuperação da economia brasileira continuava tímida e frágil.

Na comparação com março de 2012, a produção industrial mostrou contração de 3,3 por cento, segundo informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira. Isso significou que, no trimestre passado, o setor industrial recuou 0,5 por cento sobre igual período de 2012, mas avançou 0,8 por cento na comparação com o trimestre anterior.

"O que se vê é uma recuperação da indústria no começo do ano em relação ao fim do ano passado, mas não quer dizer que a industria vai muito bem", afirmou o economista do IBGE André Macedo, acrescentando que março teve dois dias úteis a menos do que um ano antes, o que também explica a queda anual mais forte.

Se o cálculo fosse feito sem a influência do calendário, o resultado da produção industrial, segundo ele, seria com alta de 1,1 por cento. Mesmo assim, analistas consideram que o cenário desenhado para a indústria ainda é preocupante.

"O resultado mostra que a recuperação da atividade, especialmente na indústria, é muito fraca. Isso deve levar a estimativas menores de crescimento para a economia brasileira no primeiro trimestre, e mesmo para o ano", avaliou o economista da Saga Capital Gustavo Mendonça.

De acordo com pesquisa da Reuters, a expectativa dos agentes econômicos era de que a produção industrial subisse 1,3 por cento em março ante fevereiro, enquanto que na comparação anual, a estimativa era de recuo de 2,1 por cento.

O IBGE ainda revisou ligeiramente o dado mensal de fevereiro, que passou a mostrar queda de 2,4 por cento, ante 2,5 por cento divulgado anteriormente. Em janeiro houve expansão de 2,7 por cento.

CONSUMO

Segundo o IBGE, a categoria de Bens de consumo foi a que apresentou maior variação mensal em março, com alta de 1,4 por cento. No segmento de bens duráveis, a alta foi de 4,7 por cento, mas no de semiduráveis e não duráveis houve contração de 0,5 por cento.

"A produção de bens de consumo não duráveis contraiu pelo segundo mês seguido, o que pode refletir a erosão da receita real disponível devido à aceleração da inflação", destacou o diretor de pesquisa econômica do Goldman Sachs, Alberto Ramos, em nota.

Para ele, embora a expectativa seja de leve recuperação em 2013 devido aos estímulos fiscais do governo, a indústria ainda deve apresentar desempenho mais fraco do que outros setores, particularmente de serviços, devido à fraca demanda externa.

O IBGE informou ainda que a categoria de Bens de capital, ainda na variação mensal, mostrou expansão de 0,7 por cento, enquanto que a de Bens intermediários, de 0,8 por cento.

Mesmo beneficiada por várias medidas de estímulo do governo, a indústria brasileira vem mostrando desempenho errático neste início de ano, destacando a fragilidade da recuperação econômica.

Uma das atividades mais favorecidas é a de automóveis, com desonerações fiscais, mostrando um dos melhores desempenhos em março. Segundo o IBGE, o segmento de veículos automotores mostrou crescimento de 5,1 por cento no mês, "eliminando assim parte da queda de 8,1 por cento verificada em fevereiro último".

CAMINHÕES

No acumulado até março, segundo o IBGE, houve quedas nas produções de Bens de consumo e Bens intermediários, respectivamente de 2,8 por cento e 0,8 por cento, mas o destaque ficou para a alta de 9,8 por cento em bens de capital, que refletem o comportamento dos investimentos.

Analistas consideram, por outro lado, que esse nível não deve se sustentar por muito tempo.

"Foi um efeito bastante concentrado na produção de caminhões, para repor estoques. Então, dificilmente bens de capital vão sustentar essa alta nos próximos trimestres", avaliou o economista da XP Investimentos Daniel Cunha, adiantando que pode reduzir sua estimativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano, de 3,1 por cento.

Segundo o IBGE, a recuperação industrial também não é mais robusta porque setor importantes como os de produção de petróleo, minério e metalurgia permanecem com desempenhos negativos devidos a paradas em plataformas da Petrobras e menor demanda global.

Isso sem contar o desempenho da indústria de alimentos, principal pressão negativa sobre a média global da indústria, com queda mensal de 2,7 por cento.

Para Cunha, da XP Investimentos, esse quadro corrobora o tom de cautela adotado pelo Banco Central na condução da política monetária. Diante das persistentes pressões inflacionárias, mas com a fraqueza econômica pesando de outro lado, o BC deu início a um ciclo de aperto em abril, ao elevar a Selic a 7,50 por cento, destacando que o conduzirá com cautela.

De modo geral, os economistas acreditam que a taxa básica de juros irá a 8,25 por cento neste ano.

Para ver a nota completa do IBGE, acesse aqui.

Fonte: Reuters Brasil

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