A aproximação ideológica e os interesses comerciais teriam levado o presidente Rafael Correa a abrir petição oficial para ingressar no mais atraente bloco sul-americano.
A decisão de Rafael Correa, presidente do Equador, de notificar o Mercosul sobre o interesse do país em fazer parte do bloco econômico gerou burburinhos entre os mercados da América do Sul. Com o posicionamento, o mandatário equatoriano escancarou a insatisfação que vinha nutrindo pelos companheiros da Comunidade Andina, principalmente Colômbia e Peru.
O Equador já não estaria disposto a ser conivente com a política de boa vizinhança com os Estados Unidos, adotada por peruanos e colombianos. É o que avalia a professora de relações internacionais das Faculdades Rio Branco, Regiane Bressan. "O país não está mais satisfeito com as políticas da Comunidade Andina. Nos últimos anos, Peru e Colômbia assinaram um acordo de abertura comercial com os Estados Unidos. O movimento já havia sido realizado pelo Equador há alguns anos. A estreita amizade com Hugo Chávez tornou este acordo pouco explorado", explica.
Outro fator que teria contribuído para a movimentação protagonizada por Correa no último final de semana seria a aproximação ideológica do presidente com os principais líderes do Mercosul. Mesmo sem muitas mudanças nas relações comerciais, o Equador também estaria interessado em mudar de parceiros. "O Mercosul nunca esteve tão amarrado e atrativo aos outros países da região. O perfil neopopulista dos líderes do bloco é compartilhado por Corre, o que também pode tê-lo motivado a mudar de ares", considera Maria do Socorro Souza Braga, cientista política da UFSCar.
Com o ingresso equatoriano, tanto o bloco quanto o país ganhariam no âmbito comercial. O Mercosul passaria a ter mais força e influência, além de reforçar seu ideal sul-americano. Por sua vez, o Equador se vê apoiado nesses países, algo que já não acontecia com os parceiros andinos.
Vale lembrar que a Bolívia também pode estar próxima de oficializar o interesse em ingressar no bloco. É possível que se estabeleça o desfalecimento da Comunidade Andina e o Mercosul acabaria sendo o contraponto.
"Para o Brasil particularmente é muito interessante se tornar líder de um bloco ainda maior. Com isso, teria mais chances de exercer uma liderança ainda que não esteja disposto a arcar com os custos de integração", finaliza a especialista da Rio Branco.
A estratégia de Maduro
Surfando na onda da solicitação formal de Correa, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, foi contundente ao afirmar que o Mercosul deve buscar integração mais sólida e se firmar como maior bloco econômico da América Latina por meio da adesão de novos países.
Com esse discurso, o sucessor de Chávez busca ratificar a "petrodiplomacia" de seu líder político, que consiste na venda de petróleo com baixo custo financeiro aos outros países latino-americanos. A retribuição viria através da compra de alimentos e outros produtos escassos na Venezuela a preços mais modestos.
Este tipo de aliança foi firmado nesta terça-feira (7/5) entre o presidente venezuelano e seu homólogo uruguaio, José Mujica. Ao que tudo indica, o presidente mais questionado da região está consolidando uma estratégia bastante perspicaz.
Fonte: Brasil Econômico
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