Economista, Especialista em Economia e Meio Ambiente pela Universidade Federal do Paraná e Graduando em Estatística, também, pela Universidade Federal do Paraná.

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Cotação fica igual apesar de fluxo intenso de dólar


Intervenções do BC e incertezas externas devem manter moeda no patamar de R$ 2.

O Brasil vive um momento de expectativa na melhora das entradas de divisas, tanto por fatores externos como internos. O fluxo cambial parcial de abril (até o dia 26) de US$ 1,7 bilhão dá uma visão do que pode estar por vir.

Lá fora o incentivo vem do Japão e seus US$ 1,4 trilhão, dos Estados Unidos, com a decisão do Federal Reserve de manter o atual pacote com a injeção de US$ 85 bilhões por mês na economia e da Europa, cujo banco central, o BCE, anunciou ontem "portas abertas" a novos estímulos e corte histórico na taxa de juros para 0,5% ao ano.

Somam-se a isso as recentes ofertas iniciais de ações - da BB Seguridade e Smiles - que juntas somaram quase R$ 13 bilhões e que, segundo a BM&FBovespa, 60% deste total vem de capital estrangeiro.

Há, sem dúvida alguma, uma enxurrada de dólares no horizonte, pronta a invadir o país nos próximos meses. Mas, paradoxalmente, o dólar não deve sair da casa dos R$ 2,00.

A explicação, segundo especialistas ouvidos pelo Brasil Econômico são as frequentes intervenções da autoridade monetária no câmbio e o cenário externo ainda de incerteza, que segundo estimativas, deve perdurar ainda até o final do ano que vem.

"Os fundamentos estão descolados da realidade atual", resume Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating. "Lógico que era para o dólar estar mais fraco, mas os fatores subjetivos estão se sobrepondo aos fundamentais. Estão muito mais preocupados com incertezas do que olhando os fundamentos do país".

Para Felipe Salto, economista da Tendências Consultoria, além da questão externa, a disposição da equipe econômica brasileira em não deixar a moeda cair e nem subir muito é também um fator preponderante para que a entrada de divisas não altere a atual tendência do câmbio doméstico. Isso porque qualquer mudança na política cambial gera desconfiança por parte dos investidores.

"É difícil o governo deixar flutuar muito para baixo, a não ser que a inflação pressione. O câmbio passou a ser um mecanismo de política econômica e a disposição de apreciar é sempre menor, qualquer retomada de fluxo seria prontamente combatido", garante Salto.

Para João Medeiros, diretor da Pioneer Corretora, está claro que o patamar do dólar que interessa ao governo gira em torno da banda "psicológica" respeitada pelo mercado entre R$ 1,95 e R$ 2,05. "O próprio Aldo Mendes (diretor de Política Monetária do BC) disse que o câmbio abaixo de R$ 2 não interessa e não era bom para a indústria", lembra Medeiros, sobre o recado dado pelo BC - por meio do diretor- de que a autoridade monetária vai agir, se necessário. "Acima deste nível, o BC vai intervir", afirma.

No entanto, segundo Agostini, a intervenção do BC não será sustentável por muito tempo. "Na hora em que este sentimento de incerteza no exterior melhorar, o dólar vai continuar enfraquecendo. Quando o mercado quer levar (a moeda) para algum patamar o governo não vai ter e nem querer gastar bala."

Mas, caso o país assista uma grande entrada de dólares, Salto acredita que o BC deve se valer mesmo dos instrumentos que já utiliza, como as compras de dólar no mercado à vista ou leilões de swap no mercado futuro. "Se as pressões forem de apreciação por uma retomada de entrada mais forte, o que acho difícil, pode utilizar estas ferramentas."

Quanto à expectativa de alta da Selic que, segundo a maioria das apostas, deve encerrar o ano em 8,25%, pode ser uma atrativo, mas apenas no curto prazo. "O capital de curto prazo é atraído pelo diferenciado de juros, mais três altas de 0,25 ponto incentiva a entrada, mas não deve alterar a taxa cambial", diz Salto, da Tendências.

Fonte: Brasil Econômico

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